ANO C

25º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ano C – Verde
“Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.”
Lc 16,1-13
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O Senhor exige de seus discípulos autêntica liberdade frente a tudo o
que possa comprometer o bom êxito da missão. Nesta santa missa, renovemos nosso
comprisso com o verdadeiro Senhor da messe, pedindo que o Divino Espírito
conceda- -nos a graça da fidelidade à Deus e ao seu reino.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, aqui nos encontramos para celebrar nossa páscoa
dominical com o Senhor. Queremos ouvir o anúncio do seu Reino e deixar-nos
contagiar por ele. Queremos nos comprometer a buscar sempre o Reino de Deus e
sua justiça, proclamando um novo mundo, onde todos possam viver com dignidade e
que nenhum filho ou filha de Deus seja excluído ou descartado.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O mundo está geralmente dividido em
ricos e pobres. A contestação, a luta de classes parece baseada no princípio de
que não há possibilidade de acordo senão pela eliminação de uma das partes. O
anúncio do reino de Deus, do seu amor que salva, é feito num mundo dividido
entre ricos e pobres. É um anúncio que, revolucionando o íntimo do homem,
revoluciona também certo tipo de ordem social.
MUDANÇA DE ATITUDES
Administrar é um ofício que a humanidade foi aprendendo, e veio pela
necessidade de guardar para usar quando necessário. Não era suficiente uma boa
colheita ou uma caça abundante, era preciso guardar para consumir no tempo
certo. Daí, a necessidade de armazenar, controlar e distribuir de acordo com a
necessidade. Um bom exemplo da administração é a história de José no Egito,
quando ele foi encarregado de armazenar e distribuir as colheitas do faraó. A
prática da administração tornou-se uma ciência a ser estudada, e por fim uma profissão.
Mas como as atividades humanas foram contaminadas pelo pecado, junto com a
administração veio a corrupção, que acontece quanto se procura um benefício
próprio, levando prejuízo a outros.
A corrupção não aparece apenas nas grandes coisas ou nas denúncias
feitas pelos meios de comunicação, ela também não é um ato ilícito praticado
apenas por políticos. Pensar dessa forma é um grande engano que impede ver os
próprios erros. Atos como sonegar impostos, mentir para ganhar alguma coisa ou
dar um “jeitinho”, furar uma fila de banco e outras tantas coisas, são nada
mais que corrupção. O problema é que as vezes nem pensamos nisso, e então
parece que a palavra do Evangelho e o convite à conversão seja para os outros.
Será que entendemos que a fé precisa iluminar os atos e a conduta moral de
todos nós?
Uma parábola muito conhecida do Evangelho é aquela que conta a história
do administrador desonesto. Aquele homem fraudava o patrão, cobrando taxas
muito altas e desviando o lucro. Quando a verdade apareceu, ele ficou numa
situação difícil e incapaz de esconder a sua mentira. Foi então que ele assumiu
a sua culpa, isso é o princípio da conversão. Renegociar as dívidas não foi
apenas um pedido de desculpas, foi antes de tudo uma mudança de atitudes. Esse
foi o ato de quem não culpa os outros e nem busca desculpas ou justificativas
esfarrapadas, a própria corrupção. Uma vida de fé que não tem correspondência
com a moral e com a ética, é uma farsa, uma mentira. O ensinamento do Evangelho
é para todos.
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo auxiliar de São Paulo
Comentário do Evangelho
É preciso sair do comodismo; o Reino de Deus exige
empenho, inteligência, discernimento.
Esta parábola do início do capítulo 16 de Lucas
dá continuidade ao capítulo precedente. Em que consiste esta conexão entre os
capítulos 15 e 16? É o que podemos chamar de “elemento destoante”. O filho mais
jovem admite a seu pai que ele pecou (vv. 18.21) e reconhece não ser mais digno
de ser chamado “seu filho” (vv. 19.21). No entanto, sua motivação para voltar
para a casa do pai é o desejo da própria preservação. Sua motivação não é estar
de novo com o seu pai, mas ter o pão dos empregados do seu pai (cf. v. 17). O
capítulo 16 continua o discurso do capítulo 15, mas o auditório é outro; agora
se trata dos discípulos (cf. v. 1).
É outra história, a do “administrador injusto ou
desonesto” (cf. v. 8). É preciso cuidado para interpretar bem o que a parábola
diz, do contrário poderia induzir a erro, considerando que Jesus elogia a
desonestidade do administrador. O que é louvada nesta parábola é a habilidade
de uma pessoa de empregar meios para alcançar determinado fim; ele utiliza sua
inteligência para encontrar o meio de assegurar sua felicidade.
O que preocupa Jesus são os meios para entrar no
Reino de Deus – é exatamente isso que a parábola enfatiza. Não quaisquer meios,
pois é preciso entrar pela “porta estreita”. A porta que dá acesso ao Reino de
Deus é o próprio Jesus. Jesus urge para os discípulos deixarem a passividade e
empreenderem tal “sabedoria” a fim de alcançar o seu objetivo, a saber, entrar
no Reino de Deus. Assim como o filho mais novo da parábola do pai
misericordioso escolhe os meios para salvar a própria vida, da mesma forma o administrador
desonesto é louvado por ter-se aplicado em encontrar os meios pelos quais
poderia ter a sua vida salva. Não é, reiteramos, elogio à desonestidade, mas ao
esforço de buscar os meios para ter a vida salva. Esta é a lição dada aos
discípulos e ao leitor do evangelho: é preciso sair do comodismo; o Reino de
Deus exige empenho, inteligência, discernimento. A máxima de Santo Inácio de
Loyola nos parece bem adequada aqui: “Fazei tudo como se tudo dependesse de nós
e espera tudo como se tudo dependesse de Deus.
Fonte: Paulinas em 22/09/2013
Vivendo a Palavra
A qual dos senhores eu sirvo? A Deus ou ao mundo?
O que tenho feito com as pequenas coisas – os dons e bens que recebi do Pai –
mostra a minha fidelidade a Deus e aos Irmãos, ou estou ajuntando tesouros que
a traça rói e a ferrugem consome? A resposta não está nas nossas palavras, mas
no nosso jeito de viver.
Fonte: Arquidiocese BH em 22/09/2013
Vivendo a PalavrA
A qual dos senhores eu sirvo? A Deus ou ao
mundo? O que tenho feito com as pequenas coisas da vida – os dons e os bens que
a misericórdia do Pai me empresta – mostra minha fidelidade a Deus e aos
Irmãos, ou estou ajuntando tesouros que os ladrões roubam, a traça rói e a
ferrugem consome? A resposta não está nas nossas palavras, mas no nosso jeito
de viver e conviver.
Reflexão
“Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro”
As palavras do profeta Amós (I leitura) e as de
Jesus convidam-nos a refletir sobre a amarga realidade das coisas que hoje em
dia é muito difícil poder fugir e na qual nos encontramos continuamente lutando
contra todo tipo de manifestação sua: a realidade da injustiça, da maldade, da
corrupção, da desonestidade. Ora, se a própria Bíblia cita, em vários livros,
episódios de opressão, de exploração, é porque estes sempre foram uma constante
na história da humanidade e não é de admirar que ainda hoje experimentemos algo
igual.
Estranhamente, no Evangelho de hoje, Jesus fala
de uma pessoa corrupta para ensinar algo útil para a nossa vida de cristãos.
Mas como é possível elogiar um homem que se apropria indevidamente de bens
alheios e faz amigos à custa do patrão?
“Havia um homem rico que tinha um
administrador, e este foi acusado...”: é assim que começa a parábola do
Evangelho deste domingo, o relato de um administrador que, durante anos,
cometia fraudes contra o seu patrão, até que não conseguiu mais. É uma história
que se repete desde há muito tempo até hoje, semelhante a tantas histórias dos nossos
dias que continuamente lemos nos jornais e escutamos nos telejornais: histórias
de fraudes e furtos, arquitetadas com perfeição, por pessoas, talvez muito
notáveis, que roubam grandes quantias de dinheiro, prejudicando grandes e
pequenos. Não é uma novidade, e digamos logo, nem mesmo é raro: é cada vez mais
comum ouvir e ver casos assim; mas sempre chega o momento da verdade, quando
são descobertas as fraudes. Começa a caça ao ladrão, que obviamente, nunca está
sozinho e faz de tudo para escapar. Desonestidade, engano, fraude: é a lógica
do “mundo”, a lógica dos espertalhões que não têm escrúpulos em enriquecer às
custas dos mais pobres; contra essa lógica, só aparentemente vencedora, a
liturgia repropõe as palavras duras do profeta Amós, o “pastor, cultivador de
sicómoros” chamado por Deus a admoestar todos, pertencentes às altas classes da
cidade da Samaria que exploravam os pobres e oprimiam os fracos.
A parábola fala precisamente de um homem rico
que soube que seu empregado o estava roubando, e, por isso, ele exige uma
prestação de contas antes de demitir tal empregado; este, por sua vez, com
muita esperteza, raciocina: ‘vou ser demitido, não tenho como me defender. Como
vou me sustentar? Não posso encarar um trabalho braçal e tenho vergonha de pedir
esmolas. Já sei o que vou fazer. Vou diminuir as dívidas que as pessoas têm com
meu patrão; assim, elas ficam-me devendo este favor e por isso, vão- me ajudar
com algo enquanto eu estiver desempregado’.
Muito espertinho o empregado! Na época, a
cobrança de juros era proibida pela Lei, assim, para obter o máximo dos outros,
os vendedores diminuíam medidas para ganhar mais, aumentavam pesos quando
vendiam, adulteravam balanças, compravam os pobres com um par de sandálias (ou
hoje com uma prótese dentária ou um exame de vista), nada diferente do que
existe por aí em todos os âmbitos da sociedade. Então, aquele empregado resolve
reduzir as contas devidas ao seu valor real, perdendo os juros para o patrão e
fazendo amigos para si mesmo. Usou o presente para providenciar o futuro.
Jesus com esta parábola constata: “realmente,
os filhos 'deste mundo' são mais espertos em seus negócios do que os filhos da
luz”. Somo filhos da luz, seguimos a luz do mundo que é Jesus; mas, muitas
vezes, como cristãos, faltam-nos a prontidão e o zelo daquele administrador da
parábola em vez de ficarmos lamentando e reclamando.
Por isso, Jesus com base nessa verdade, dá três
orientações com relação ao uso do dinheiro. Primeiramente, que devemos usar o
dinheiro em favor do nosso próximo. Os bens que Deus confia a nossa
administração não devem ser gastos de maneira egoísta em vista de uma “boa
vida”, mas devem ser usados conforme à vontade de Deus. Ou seja, sendo uma
bênção para o outro. Jesus fala de dinheiro, mas aí devemos incluir tudo o que
é bem terreno: as nossas capacidades, talentos, educação recebida etc. Tudo
deve ser administrado fielmente e não pode ser esbanjado para nos engrandecer e
para o bem da nossa pessoa. A maneira como nos relacionarmos com o dinheiro
contará muito para o nosso bem espiritual.
Em segundo lugar, ele nos ensina que em tudo o
que fizermos devemos ter bem claro na mente a honestidade: quem é fiel, quem é
honesto no pouco, será no grande. Quem é desonesto nas pequenas coisas, também
o será nas grandes; não podemos nos enganar e pensar que nas grandes coisas nos
comportaremos de modo diferente. Até mesmo nas mínimas coisas da nossa vida,
devemos ser honestos, principalmente com Deus.
Por fim, Jesus nos alerta para o perigo do
dinheiro atrapalhar a nossa relação com Deus. Pois, estando envolvidos somente
com o lucro, corremos o risco de o colocarmos no lugar de Deus, já que não se
pode servir ao mesmo tempo a dois senhores.
Às vezes, pensamos que ser cristãos significa
ser ingénuos; que o cristão deve rejeitar as espertezas do mundo, deve opor-se
aos compromissos do mundo e às astúcias da sociedade, deve evitar a ambiguidade
e a vida dupla dos prepotentes: numa palavra deve ser simples. É! Mas devemos
entender que não podemos ser ingénuos. Jesus não elogia quem age de maneira
desonesta, mas ele nos convida a usarmos da esperteza como aquele empregado
desonesto que viu que aqueles bens estavam prestes a acabar e descobriu que com
eles poderia buscar valores mais duradouros, como os amigos que fazemos quando
praticamos o amor ao próximo.
Não podemos servir absolutamente a dois
senhores, devemos escolher: ou Cristo ou o dinheiro; e é uma escolha radical,
uma escolha urgente, ontem e hoje mais do que ontem, exatamente porque no nosso
tempo, prevalece a cultura do ter e a mentalidade que vale mais quem tem.
Portanto, o ser discípulo de Cristo, não admite compromissos nem acomodações; e
se, como filhos da luz, escolhemos segui-lo, como Ele devemos fazer-nos dom de
amor ao próximo, aquele próximo que um dia nos acolherá nas moradas eternas.
Pe. Ulrish pais
Sacerdote de Lisboa
Fonte: Google+ em 22/09/2013
Reflexão
DEUS OU O DINHEIRO?
A história do administrador desonesto não foi
contada por Jesus como elogio à desonestidade. O que Jesus elogiou foi a
decisão do administrador de fazer amigos.
O versículo 13 dá a chave para compreender a
parábola: não é possível servir igualmente a dois senhores, não é possível
servir a Deus e ao dinheiro. E então entendemos o elogio de Jesus àquele homem
que por meios até discutíveis, toma o partido dos que estão endividados.
A riqueza, bem sabemos, está na raiz de tantas
divisões e guerras. Acumulada nas mãos de poucos, representa a miséria de
multidões. Jesus, porém, fala da sabedoria de fazer amigos com a riqueza, de
criar relações de fraternidade onde a lógica egoísta do acúmulo cria divisão.
A atitude daquele administrador é louvável, pois
representa a atitude de quem reconhece que toda e qualquer riqueza pertence a
Deus e só a ele se deve servir.
Fala-se muito hoje num mundo ecologicamente
sustentável, em que os efeitos da ganância não releguem aos lixões tantas vidas
humanas. Um mundo ecologicamente sustentável é o mundo de amigos que se querem
bem, que se respeitam, que vivem com sobriedade e sem a ganância desenfreada
de, a todo custo, ter sempre mais.
Somos apenas administradores dos bens do criador
e deste mundo nada de material levaremos. A questão então é sempre a mesma para
cada um de nós: como administradores, estamos servindo a quem? À riqueza, aos
interesses de quem faz dinheiro desonesto, ou a Deus, solidários com seus filhos
necessitados e endividados?
Lutemos por um mundo sustentável, pela beleza da
criação de nosso Deus. Alarguemos nossas redes de amigos, compartilhando os
bens que são de Deus, vivendo com simplicidade. Para não acontecer, como disse
são Basílio, que, enterrando nosso ouro, acabemos por enterrar nosso próprio
coração.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 22/09/2013
Reflexão
A ORAÇÃO LEVA AO COMPROMISSO
A Palavra de Deus é vida e não deve servir para aprisionar
as pessoas e aliená-las da realidade à qual pertencem. Jesus afirma
categoricamente que, se conhecermos a verdade, ela nos libertará (cf. Jo 8,32).
Em setembro celebramos o mês da Bíblia – para
nós, cristãos, fonte de vida e libertação. A Palavra inspirada por Deus, seja
do Antigo ou do Novo Testamento, encoraja-nos e nos fortalece nas lutas
existenciais do cotidiano.
Em sua primeira carta a Timóteo, o apóstolo Paulo
nos ensina que rezar é adentrar no íntimo de Deus e do seu projeto, cujo
principal objetivo é salvar a todos os seres humanos. Para o apóstolo dos
gentios, rezar não é refugiar-se das responsabilidades do dia a dia, mas sair
de si mesmo a fim de atuar com força e de maneira impactante na realidade.
Sabemos que em nossas comunidades há aqueles e
aquelas que dispõem de tempo para realizar a sua meditação pessoal, tendo como
ponto de partida a Palavra de Deus. Outros a realizam comunitariamente ou ainda
em grandes grupos – reza do terço, Apostolado da Oração –, vivendo experiências
de oração que têm grande valor para a Igreja e nossas comunidades. Mas o
importante é ter consciência de que esses momentos nos ajudam a abastecer as
energias para podermos nos empenhar em pôr em prática a Palavra de Deus na
caminhada cotidiana.
São Paulo, na leitura de hoje, de forma breve,
apresenta-nos o fundamento, o modo e a finalidade da oração. E se meditarmos
cada um desses aspectos, verificaremos que a oração tem dimensão política e
social e é, acima de tudo, compromisso com a construção do reino de Deus. Reino
onde é da vontade do Pai que todos sejam incluídos na possibilidade de vida
digna.
Por meio da oração, somos convidados a construir
nova terra, alicerçada na amizade e na fraternidade, onde se estabeleça a
justiça e a paz; onde não nos será pesado rezar por todos os cristãos,
principalmente pelos que ocupam altos cargos na sociedade. Por meio da oração,
o Senhor nos ensina que “ser Igreja no mundo é testemunhar que o projeto de
Deus está aberto a todos”. Roguemos a Deus seja feita a sua vontade, assim na
terra como no céu.
Jorge Alves Luiz,ssp
Fonte: Paulus em 22/09/2013
Reflexão
DEUS OU O DINHEIRO?
Teria Jesus contado a história do administrador desonesto para
simplesmente elogiar a desonestidade? A chave para compreender a parábola de
Jesus está no versículo 13: não é possível servir igualmente a dois senhores,
não é possível servir a Deus e ao dinheiro. E então entendemos o elogio de
Jesus àquele homem que deseja fazer amigos e que, por meios até discutíveis,
toma o partido dos que estão endividados.
Bem sabemos que a riqueza está na raiz de tantas divisões e guerras.
Acumulada nas mãos de poucos, representa a miséria de multidões. Jesus, porém,
elogia a sabedoria de fazer amigos com a riqueza, de criar relações de
fraternidade onde a lógica egoísta do acúmulo gera divisão.
A atitude daquele administrador é louvável, pois representa a atitude de
quem reconhece que toda e qualquer riqueza pertence a Deus e que só a Deus se
deve servir.
Hoje muito se fala num mundo ecologicamente sustentável, em que a
ganância não relegue aos lixões tantas vidas humanas. Um mundo de amigos que se
queiram bem, que se respeitem, que vivam com sobriedade e sem a ganância
desenfreada de, a todo custo, ter sempre mais.
Somos apenas administradores dos bens do Criador e, deste mundo, nada de
material levaremos. A questão então é sempre a mesma para cada um de nós: como
administradores, estamos servindo a quem? À riqueza, aos interesses de quem faz
dinheiro desonesto, ou a Deus, solidários com seus filhos necessitados e
endividados?
“Aqueles que não compartilham o que receberam causam cruelmente a morte
de seus próximos, porque todos os dias matam todos os que morrem de pobreza,
negando-lhes socorro e apenas acumulando riquezas para si próprios. Quando
damos aos pobres algo de que necessitam, não estamos dando o que é nosso, mas
estamos devolvendo o que lhes pertence. Estamos pagando uma dívida de justiça,
e não realizando uma obra de misericórdia” (são Gregório Magno, Regra Pastoral).
Pe.
Paulo Bazaglia, ssp
Reflexão
PROPOSTA DO REINO: VIDA DIGNA PARA TODOS
Quem tem muito dinheiro não se contenta com o que tem, mas busca meios
de aumentar ainda mais seus lucros. Para atingir seus propósitos, facilmente o
rico deixa de lado os princípios básicos da honestidade. Pouco lhe importa se
usa o caminho da exploração, da mentira, da falsificação. Seu objetivo é um só:
aumentar suas posses a qualquer custo.
Por isso, escrevendo a Timóteo, são Paulo afirma: “A raiz de todos os
males é o apego ao dinheiro” (1Tm 6,10). Quem ingressa no mundo das riquezas
parece ser tomado pela cegueira. Não vê seu semelhante como um irmão a quem
ajudar, mas como alguém a explorar. Dizia são Basílio Magno: “Não és acaso um
ladrão, tu que te apossas das riquezas cuja gestão recebeste?… Ao faminto
pertence o pão que conservas; ao homem nu, o manto que manténs guardado; ao
descalço, os sapatos que estão se estragando em tua casa; ao necessitado, o
dinheiro que escondeste. Cometes assim tantas injustiças quantos são aqueles a
quem poderias dar”.
O próprio Jesus, conhecendo os desvios que a riqueza pode provocar,
dizia: “Um rico dificilmente entrará no reino dos céus”. É difícil para o rico
entrar, porque a proposta do Reino caminha na direção contrária. O Reino propõe
a partilha dos bens, o desapego das riquezas e vida digna para todos. Com isso,
estamos de acordo que o dinheiro é necessário para nossa subsistência.
Importante é não nos tornarmos escravos do dinheiro. Não podemos permitir que a
ganância pelo dinheiro amorteça nossa consciência e nos deixe insensíveis aos
pobres e sofredores deste mundo.
Com relação à parábola, a biblista Aíla Luzia Pinheiro de Andrade nos
ilumina: “Jesus não elogia a atitude do administrador. Obviamente, não contou
essa parábola para incentivar a desonestidade, mas para chamar a atenção para a
visão do administrador. É com tristeza que constata a desonestidade no ser
humano e o uso da criatividade para garantir interesses pessoais e materiais. É
pena que os cristãos não sejam tão criativos e empenhados na construção do
Reino de Deus aqui na terra. Os empresários são experientes; as pessoas
religiosas tendem a ser tímidas em investir no Reino de Deus” (Palavra viva e eficaz – Roteiros homiléticos – Ano C).
Pe.
Luiz Miguel Duarte, ssp
Reflexão
A
parábola de hoje nos lembra algo muito atual e próximo de nós. À primeira
vista, ela desconcerta qualquer cristão sério. Será que Jesus elogia a
desonestidade, a corrupção e a trapaça? É a dúvida que pode pairar sobre nossa
cabeça. Jesus conta uma parábola que elogia a criatividade de alguém que pensa
no seu sustento futuro, após ficar desempregado. No tempo de Jesus e também
hoje, os grandes fazendeiros têm seus capatazes que trabalham por eles. Esses
capatazes nem sempre são honestos e sinceros. Quando se veem em risco de perder
o emprego, usam da criatividade para fazer seu “pé de meia”, ou seja, garantir
o próprio futuro. Os três principais meios de ganhar dinheiro são: trabalhar,
mendigar ou roubar. A parábola, além da corrupção e da desonestidade, questiona
também a sociedade em tempos de altos desempregos. Quem está desempregado como
pode viver de forma honesta? Principalmente nas grandes cidades, o dinheiro é
fundamental para viver. O Evangelho questiona como é usado o dinheiro, os bens
que cada um tem. O cristão não pode entrar na lógica do mundo: lucro, acúmulo e
exploração. A lógica do Reino é usar o dinheiro para criar amizade, ou seja, o
dinheiro e bens partilhados em favor dos outros, principalmente dos pobres, e
criar “amigos”. Na vida há uma escolha: permanecer na lógica do mundo, servindo
ao dinheiro, ou entrar na lógica do Reino, partilhando o dinheiro.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
Você se considera uma pessoa rica? - Em que
consiste sua riqueza? - Qual é a maior riqueza que você possui? - Você tem
responsabilidade na administração de bens de outros? - Como se comporta?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 -
Santuário Nacional em 22/09/2013
Meditando o evangelho
UMA ESTRANHA COMPARAÇÃO
A parábola evangélica pode soar estranha aos nossos ouvidos. Partindo da
esperteza de um administrador claramente desonesto, Jesus tira lições de vida
para o discípulo do Reino. Afinal, a comparação tem sua razão de ser.
O administrador age como um capitalista de nossos tempos. Conhece a
maneira de garantir sua fonte de lucro e, prevendo dificuldades futuras, toma
as providências necessárias para evitar o fracasso. Suas estratégias são
eficientes, por serem bem estudadas. Seria arriscado dar um passo em falso e
colocar tudo a perder. Pouco lhe importa considerações de caráter ético. Se é
preciso ser desonesto e cometer injustiça para atingir o objetivo, não lhe
interessa! Os meios justificam-se pelo fim a ser alcançado.
Jesus quer inculcar nos discípulos esta mesma disposição, em se tratando
de dispor-se para alcançar o Reino. Evidentemente, os elementos de
desonestidade ficam fora de cogitação. O ponto focalizado, na atitude do
administrador, é sua decisão inabalável, sua capacidade de encontrar a forma
adequada de ver concretizado seu intento, a coragem de enfrentar os riscos, o
otimismo que não permite pôr em dúvida o seu projeto.
Jesus constata que os filhos deste mundo são muito mais espertos do que
os filhos da luz. Aqueles têm muito a ensinar a estes últimos, pois lhes falta
determinação na busca de seus objetivos.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Espírito de determinação, afasta de mim toda tentação de acomodar-me,
pouco me empenhando em vivenciar o que o Reino exige de mim.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Administrar Bem...
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP)
Se quisermos atualizar a parábola, vamos dizer que um governante
foi acusado de corrupção, isso é, de ter dissipado os bens do patrimônio
público agindo de maneira desonesta. Certamente hoje Jesus contaria a parábola
desse jeito, exaltando a esperteza de muitos homens públicos que conseguem
fazer “conchavos” com tudo que é partido político e no final nunca fica sem
guarida. Nesses casos, quando vemos algum homem público em nossos dias, abrir
mão de algum benefício ou regalia, não se iludam, ele está perdendo agora para
ganhar em dobro depois, pois como se diz na gíria, essa raça nunca dá ponto sem
nó.
E o leitor poderá então perguntar admirado: Parece que Jesus
elogia o Administrador infiel, ou o Político corrupto de nossos dias, como pode
uma coisa assim? E como é que fica quem é honesto na administração pública?
Claro que essa compreensão é falsa, gerada por uma leitura
superficial do texto, imaginem que Jesus, Nosso Deus e Senhor, o Mestre da
Justiça, iria compactuar com uma ação desonesta... O que está em jogo nessa
parábola é a habilidade do Administrador Infiel em tomar rapidamente uma
decisão certeira, e colocar o plano em prática em caráter de urgência.
Portanto, o elogio é para o modo como ele fez, e não para o que fez. Bem
diferente da impressão que temos no primeiro momento.
O Administrador Infiel, quando viu que fora exonerado pelo seu
Senhor, abriu mão da sua gorda comissão sobre a venda dos produtos, e
começou imediatamente e renegociar a dívida. Imaginem os Credores chamar os
devedores para renegociar a dívida do financiamento, de um carro ou de um
imóvel, por exemplo, e baixar sensivelmente o valor a ser pago, que no caso do
azeite, foi de cinquenta por cento. O Governo poderia fazer assim na questão
dos juros e taxas de serviços, o povão agradeceria de coração. Mas é melhor não
sonhar com isso, vamos acabar caindo da cama. Os Poderosos da economia querem
sempre taxas mais altas para garantir seus “gordos” lucros.
Mas vamos nos inserir dentro dessa parábola. Nós batizados,
membros da Igreja de Cristo, somos privilegiados pois Deus investe em nós todos
os dias, dando-nos a sua Graça Santificante e Operante, temos a Santa Palavra,
os Sacramentos, que são um Patrimônio de incomparável valor na Tradição da
Igreja. Deus acredita em nosso potencial e nos faculta sermos sim, administradores
da sua Graça. Tudo o que somos e temos provém de Deus, nada nos pertence nesta
vida.
Como o Administrador infiel, muitas vezes somos maus gestores da
Graça de Deus, quando queremos ser os únicos beneficiários dela, esquecendo-nos
de que ela deve ser usada para o bem do outro, nos carismas, dons e talentos
que o Senhor nos concedeu. A Habilidade do Administrador infiel, elogiado por
Jesus, está no fato de ter aceito “Perder” para garantir um abrigo no futuro.,
o mesmo devemos fazer como Cristãos, sabermos “Perder” e abrir mão hoje de
muitas coisas, para garantirmos um abrigo eterno junto a Deus um dia, na Vida
Futura.
Sempre temos um olhar crítico aos que administram, até na Igreja
é assim, mas este evangelho nos convida a nos olharmos enquanto administradores
da Graça de Deus que nos foi confiada. Temos a mesma habilidade e esperteza
desse Administrador, ou somos maus Gestores? Um dia iremos todos prestar
contas... Estejamos preparados!
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim
– SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
2. Não pode servir dois senhores
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’,
Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Para que seus discípulos tenham ideias claras sobre o uso do
dinheiro, Jesus lhes conta a parábola do administrador infiel, que tinha
perdido o emprego. Ele desviou para si mesmo muitos bens de seu patrão. Pego,
foi mandado embora. Antes de sair, ele diminuiu a dívida de várias pessoas. Uma
pessoa devia 100, mas tinha que pagar 80. Vinte ficavam com ele. Renunciou a
sua parte e fez assim muitos amigos. Seu interesse era ter alguém que o
acolhesse depois de despedido. O patrão elogiou a esperteza do administrador.
E Jesus acrescentou: “Os filhos deste mundo são mais espertos em
seus negócios do que os filhos da luz”. Por que os bons não são tão espertos em
seus assuntos como são as pessoas do mundo em seus negócios? Por que não fazer
amigos com o dinheiro deste mundo? Esses amigos nos receberão nas moradas
eternas, isto é, no céu, diz Jesus, referindo-se às pessoas que socorremos com
o dinheiro de que dispomos. Elas abrirão para nós as portas do céu. Por “dinheiro
injusto” entendemos o dinheiro que circula entre nós. Ser fiel ao dinheiro
injusto significa usá-lo de forma honesta, sem se deixar dominar por ele.
Em nossas mãos, ele não será resultado de roubo ou de exploração
nem será empregado para prejudicar os outros. Não nos deixaremos dominar pela
ganância. Não seremos escravos do dinheiro.
O profeta Amós levanta-se contra os exploradores dos humildes,
os que são causa do empobrecimento e da marginalização de muitos. Não há efeito
sem causa. “Nunca mais esquecerei o que eles fizeram”, jura o Senhor, que
levanta da poeira o indigente e tira o pobrezinho do monte de lixo.
Recomendando a Timóteo que se façam orações por todas as
necessidades do mundo, Paulo afirma que tudo pode naquele que lhe dá forças,
Jesus Cristo, o mediador entre Deus e os homens. Ninguém e nenhum bem deste
mundo devem ser colocados acima de Jesus. É possível usar com liberdade os bens
deste mundo, sem depender deles. Ninguém pode servir a dois senhores. Há um só
Deus, e esse Deus não é o dinheiro.
No entanto, não podemos viver sem o dinheiro. Os “mundanos” são
espertos em seus negócios. Devemos também ser espertos nos negócios de Deus.
Use o dinheiro deste mundo para fazer amigos entre os pobres. Eles abrirão as
portas do céu para você.
Liturgia comentada
Presta contas! (Lc 16, 1-13)
Esta parábola do administrador desonesto costuma
escandalizar muita gente. De fato, uma leitura superficial parece dar a
entender que o Mestre faz elogios a um safado. Claro que não! A falta de ética
do corrupto – para usar termos bem atuais – era (e é) execrável. Mentira e
falsidade jamais receberiam elogios do Mestre da Verdade!
O que Jesus quer ensinar é bem outra coisa: se os
fiéis dedicassem por sua salvação (e pela salvação dos outros!) o mesmo empenho
e a mesma inteligência que os homens do mundo dedicam a seus negócios escusos e
duvidosos, pouca gente se perderia.
Mas não é sobre isto que eu quero refletir hoje.
Claro que devemos prestar contas de nossa vida ao seu término. Mas não devemos
cair na ilusão de que seremos capazes de acumular tantos méritos, a ponto de
podermos apresentar a Deus uma fatura e dele cobrar nosso direito ao céu. A
salvação é sempre graça, grátis, dom. Antes, será com trajes de mendigo que nos
apresentaremos ao Senhor.
É exatamente disso que falo – um tema tipicamente
teresiano - em meu soneto “Balanço”:
Quando chegar ao fim a minha vida,
Toda cheia de curvas e de dobras,
Ah! não contes, Senhor, as minhas obras
A ver se a recompensa é merecida!
Minha justiça é logo corrompida...
Minhas boas ações, apenas sobras...
Eu fui um fariseu: minhas manobras
São ruínas em pó, massa falida...
Quando chegar ao fim destes meus dias,
Sei que terei as minhas mãos vazias
E a túnica bem rota de um mendigo!
E, por saber que tudo logo passa,
Eu me abandono inteiro à tua graça,
Pois só o Amor eu levarei comigo...
Orai sem cessar: “Deus tenha piedade de nós e nos abençoe!” (Sl
67 [66], 1)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Fonte: NS Rainha em 22/09/2013
Comentário
Deus ou Dinheiro? - O BOM USO DAS RIQUEZAS: DESAPEGO
I. INTRODUÇÃO GERAL
Num tempo de esbanjamento desbragado; num tempo
em que se pretende resolver o desequilíbrio social estimulando o consumo de
produtos que mais complicam que ajudam e, além disso, ameaçam o ambiente
natural; num tempo de narcisismo alimentado pela insaciável febre de compras e
pela alienação induzida pelas mídias individuais, alcançam-nos, oportunamente,
as severas advertências do profeta-agricultor Amós e do profeta-carpinteiro
Jesus a respeito das riquezas.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (Am 8,4-7)Amós denuncia a injustiça institucionalizada no
reino do Norte
(Israel). Sua atuação se situa no momento em que já começava a
declinar o “século do ouro” de Israel, no tempo de Jeroboão II (por
volta de 750 a.C.). Faltavam poucos anos para o reino ser invadido, e o
povo, deportado pelos assírios (722 a.C.). Entretanto, porém, reinava a riqueza
injusta, fonte de opressão, uns poucos tendo tudo e quase todos tendo quase
nada.
O pecado dos “poucos” não é contra tal ou tal
mandamento; inclusive, eles observam as festas religiosas – mas com que
espírito (cf. Am 8,5)! Pecaminosa é sua atitude global,
caricatura da justiça e misericórdia que Deus espera de seu povo. Assim, Amós
8,4-6 é uma censura eloquente, denunciando que os ricos se tornam sempre mais
ricos e os pobres, sempre mais pobres. No v. 7 ressoa a ameaça do juízo.
2. Evangelho (Lc 16,1-13)
O evangelho parece ir na
direção oposta da leitura do profeta Amós. Traz o texto conhecido
como a “parábola do administrador desonesto”, na qual o dono da fazendo louva a
ação pouco escrupulosa de seu administrador! É uma parábola que escandaliza, e
é isso que Jesus quer, pois se contasse só coisas com que todo mundo está de
acordo ninguém prestaria atenção! Ora, entenda-se bem: Jesus não propõe como
modelo tudo o que esse administrador andou fazendo! Só quer ressaltar a sua
“prudência” (= previdência), o resto não!
Jesus quer ensinar que a inteligência no uso dos
bens deste mundo faz parte do Reino de Deus, em dois sentidos: 1) utilizá-los
prevendo a crise (juízo); 2) utilizá-los para fazer amigos para a eternidade
(caridade). Inteligente é quem sabe escolher de quem ele será amigo, enquanto
ainda tem oportunidade.
Vejamos o texto de perto. Diante da iminente
demissão por causa de má administração da fazenda, o administrador comete umas
fraudes em favor dos devedores do patrão, para poder contar com o apoio deles
na hora em que for posto para a rua. Será um exemplo? Num certo sentido, sim:
era um homem que enxergava mais longe que seu nariz. Porém, não o devemos
imitar na sua injustiça, mas na sua previdência. Não vem ao caso argumentar que
os administradores costumavam definir pessoalmente sua “comissão” dos bens do
patrão e que, portanto, esse administrador não foi propriamente injusto, mas
apenas desistiu de sua comissão. Jesus mesmo o chama de administrador injusto
(16,8). Mas mereceu elogios, até do patrão prejudicado, porque agiu com
previdência. Sabia – melhor que aquele fazendeiro estúpido descrito
em Lc 12,16-21 – que sua posição era precária, e tomou providências.
Sem esconder a imoralidade desse homem, Jesus observa que os “filhos das
trevas” são geralmente mais espertos, nos seus negócios, que os filhos da luz.
Ter consciência da precariedade das riquezas e utilizar as últimas chances para
ganhar amigos para o futuro, eis o que Jesus quis ensinar.
O grande amigo que devemos ganhar para o futuro é
Deus mesmo (“ser rico perante Deus”, Lc 12,21). Ganhamo-lo através
dos pequenos amigos: seus filhos. A iminência do juízo (Lucas tomava isso
bastante literalmente) nos deve levar à prática da caridade. Entenda-se bem:
não se trata de fazer caridade para “comprar o céu”, mas para – com os olhos
fitos na realidade definitiva que é Deus, Pai de bondade – transformar nossa
vida numa prática que combine com ele. Já que sabemos o que é definitivo,
ajamos em conformidade: sejamos misericordiosos como Deus é misericordioso
(cf. Lc 6,35b-36).
O encontro com os amigos das “moradas eternas”
inclui os coxos, cegos, estropiados, os pobres em geral, os que são convidados
para o banquete eterno (cf. Lc 14,12-14.15-24). Temos amplas
oportunidades de usar o “vil dinheiro” para conquistar esses amigos. Será que o
dinheiro é vil? Não há dúvida. Não há um dólar que não seja manchado de
opressão e exploração. Através dos bancos que investem minha aplicação
compulsória do Imposto de Renda, estou investindo em indústria bélica, em
projetos que acabam com o meio ambiente e assim adiante…
O dinheiro participa do sistema que o gera. O
fato de eu poder “comer como um padre” participa de uma estrutura em que muitos
não podem fazer isso. Então, alimentado como um padre, devo pelo menos fazer
tudo o que posso para que os outros possam alimentar-se assim também. Ou estar
disposto a não mais comer como um padre, pois esta não é a realidade
definitiva. A caridade, pelo contrário, é definitiva e não perece nunca (cf.
1Cor 13).
3. II leitura (1Tm
2,1-8)
A 2ª leitura, extraída da leitura contínua das
cartas de Paulo, trata de um tema diferente das outras. Paulo continua a reflexão
em torno do anúncio da reconciliação que ele deve proclamar entre os gentios
(cf. domingo passado). Nesse espírito, insiste na oração da
comunidade, oração de agradecimento e intercessão por todos os homens (cf.
também 17º domingo comum). O foco está na comunidade orante, no culto
da comunidade, que comporta aspectos de petição, de adoração, de intercessão e
de ação de graças. Todos precisam suplicar e devem agradecer, pois Jesus salvou
a todos, sendo mediador único, dado em resgate por nós. Essa é a
verdade que salva. A comunidade está diante de Deus rezando e agradecendo por
todos, elevando suas mãos, purificadas pela prática da caridade, como as mãos
do Crucificado.
Nós devemos traduzir nossa busca de unidade e
reconciliação no fato de tornar-nos mediadores de todos, assim como Cristo
reconciliou a todos, tornando-se mediador, por sua morte salvadora. A última
frase (2,8) pode servir de motivação para que a comunidade reze, por exemplo, o
Pai-Nosso, com as mãos elevadas ao céu, “sem ira nem rancor”.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
A riqueza bem utilizada: nesta e na
próxima semana, a liturgia dominical está usando os textos de Amós como
“aperitivo” para, depois, se alimentar com as palavras de Jesus. Hoje ouvimos
na 1ª leitura uma crítica inflamada de Amós contra os que “compram os pobres
por dinheiro”. Mas no evangelho, Jesus conta uma parábola que parece louvar o
suborno que um administrador de fazenda comete para “comprar” amigos para o dia
em que ele for despachado do seu serviço. Admiramos que Jesus
escolheu esse exemplo para explicar que ninguém pode servir a dois
senhores: Deus e o dinheiro.
Ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro
(cf. Lc 16,13). Há pessoas que observam as prescrições do culto, mas
interiormente estão longe de Deus (cf. Is 29,13). Observam o sábado e
a “lua nova” – festa religiosa tradicional no antigo Israel –, mas
interiormente pensam em como explorar, logo depois, os pobres e os oprimidos
com uma avareza sem fim: convertem em lucro até o refugo do trigo (Am 8,6;
1ª leitura). Para nada servem seus cultos e orações: Deus não os esquecerá
(Am 8,7)! E, quanto aos oprimidos, Deus os levantará
(salmo responsorial). As palavras de Amós nos advertem a respeito do vazio
da riqueza procurada por si mesma. A riqueza não apenas não nos acompanha
(cf. Lc 13,16-21), ela pode tornar-se causa de nossa condenação. Que
dizer, então, de uma sociedade que coloca tudo a serviço do lucro?
Aí está a fineza de Jesus. Mostra que nem mesmo
um administrador inescrupuloso alveja somente o dinheiro. Esse “filho das
trevas” é previdente, larga peixe pequeno para apanhar grande. Diminui o débito
dos devedores para lograr a amizade das pessoas, que vai lhe ser muito mais
útil que o dinheiro.
A lição para nós é: dar preferência àquilo que
combina com Deus e o seu projeto, acima da riqueza material. E o projeto de
Deus é: justiça e amor para com os seus filhos, em primeiro lugar os pobres.
A riqueza de nossa sociedade deve ser usada para
estarmos bem com os pobres. A riqueza é passageira. Se vivermos em função dela,
estaremos algum dia com a calça na mão. Mas se a tivermos investido num projeto
de justiça e fraternidade para com os mais pobres, teremos ganho a amizade
deles e de Deus, para sempre.
Observe-se que Jesus declara o dinheiro injusto –
todo e qualquer dinheiro. Pois, de fato, o dinheiro é o suor do operário
acumulado nas mãos daqueles que se enriquecem com o trabalho dele. Todo o
dinheiro tem cheiro de exploração, de capital não invertido em bens para os que
trabalham. Mas já que a sociedade, por enquanto, funciona com este recurso
injusto, pelo menos usemo-lo para a única coisa que supera a caducidade de todo
esse sistema: o amor e a fraternidade para com os outros filhos de Deus,
especialmente os mais deserdados e explorados. Assim corresponderemos à nossa
vocação de filhos de Deus. Não serviremos ao dinheiro, mas o usaremos para
servir ao único Senhor.
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no
Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e licenciado em Filosofia
e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Leuven (Lovaina).
Atualmente, é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Entre
outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se
fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A
- B - C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas
suas origens e hoje.
E-mail: konings@faculdadejesuita.edu.
Fonte: Vida Pastoral em 22/09/2013
REFLEXÕES
DE HOJE
22 DE SETEMBRO-DOMINGO
HOMILIA
DIÁRIA
Aprenda a fazer bom uso do dinheiro que você
possui
Trabalhamos honestamente para
ganhar um dinheiro injusto, então, façamos bom uso dele para reparar as injustiças
que esse mundo comete.
“Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou
odiará um e amará o outro ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não
podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16,13).
Deus, olhando para nossa condição de seres humanos
necessitados dos bens materiais para sobreviver e sabendo que o dinheiro é o
meio pelo qual adquirimos esses meios de subsistência na nossa vida humana,
está nos mostrando que não podemos servir a Ele e ao dinheiro ao mesmo tempo.
O Evangelho ainda nos chama a atenção: “Se
vocês não são fiéis ao uso do dinheiro injusto, quem é que vos confiará o
verdadeiro tesouro?”. Primeiro, que o dinheiro é uma coisa suja; você pega uma
nota e vê que ele suja as mãos. Eu sei que o dinheiro que a maioria de nós ganha
é fruto do suor, do trabalho, da luta, mas até mesmo esse dinheiro é injusto,
porque a um se paga bem demais e a outro se paga mal demais.
Alguns ganham bastante dinheiro para não fazer
nada, enquanto outros ganham pouquíssimo para fazer quase tudo. O dinheiro é o
maior símbolo da injustiça humana, é ele que provoca as injustiças sociais,
coloca muitas pessoas no banco da miséria, da fome; é ele que gera as
injustiças no mundo. Por este motivo, ninguém pode se vangloriar por tê-lo.
Uma vez que precisamos de dinheiro, precisamos
ser justos na administração do que possuímos e não podemos ser amigo dele,
escravos, nem podemos ser dominado por ele. Porque é isso que manda a lei do
mercado, e as pessoas se sentem melhores do que as outras, porque têm mais dinheiro,
porque conquistaram mais bens ou fortunas nesta Terra.
Uma vez que o seu coração se deixa escravizar
pela necessidade de ter, de possuir, de ter mais e mais, o seu coração não
consegue seguir o Senhor com liberdade, o seu coração só dá a Ele as migalhas,
não consegue ser inteiro de Deus.
Meus irmãos, trabalhamos honestamente para
ganhar um dinheiro injusto, então, façamos bom uso dele para reparar as
injustiças que esse mundo comete.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e
colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 22/09/2013
Oração Final
Pai Santo, dá-nos uma alma grande para
administrarmos os bens que nos emprestas em beneficio dos irmãos. Que não os
usemos de forma egoística em proveito próprio; que sejamos generosos,
gratuitos, e sirvamos a todos sem discriminações de qualquer espécie. Pelo
Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 22/09/2013
Oração FinaL
Pai Santo, dá-nos uma alma grande para
administrar os talentos que nos emprestas, em benefício dos irmãos. Que não nos
fechemos no egoísmo, usando os teus dons em proveito próprio, mas sejamos
generosos e gratuitos, servindo a todos sem discriminações de quaisquer
espécies. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito
Santo.

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