ANO C

Lc 6,39-42
Comentário do
Evangelho
Ver o outro com os olhos de misericórdia de Jesus.
Nós não temos acesso, ou muito dificilmente o
temos, do lugar original das parábolas contadas por Jesus.
A parábola de nossa perícope de hoje pode se
referir às exigências precedentes. Quem é o “guia cego” de que fala a parábola?
(v. 39). Parece ser o discípulo que não se submete ao seu Mestre, ou que não vê os outros com os olhos de
misericórdia de Jesus; é o que resiste à identificação com o seu Senhor: “...
todo discípulo bem formado será como o mestre” (v. 40).
A parábola da palha e da trave (vv. 41-42) apela
para a necessidade de autocrítica e misericórdia: “Como podes dizer a teu
irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho’, quando não percebes a trave
que está no teu próprio olho?’” (v. 42). A trave não permite enxergar bem; ela
distorce ou diminui a visão. A trave no olho equivale à cegueira ou estreiteza
de visão e impossibilita a não importa quem se arrogar o direito de ser juiz de
seu semelhante.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, concede-me suficiente autocrítica que me
predisponha a corrigir meu semelhante, sem incorrer na malícia dos hipócritas.
Fonte: Paulinas em 13/09/2013
Vivendo a Palavra
Viver o discipulado de Jesus é reconhecer que
somos limitados e imperfeitos; é procurar nos conscientizarmos que precisamos
combater nossos pecados e nos colocarmos a serviço dos companheiros de
caminhada como quem quer aprender e não como quem deseja ensinar. É a sabedoria
que buscamos.
Fonte: Arquidiocese BH em 13/09/2013
Vivendo a PalavrA
Viver o discipulado de Jesus é reconhecer que
somos limitados e imperfeitos; é tomar consciência de que precisamos combater
nossos pecados e vencer preconceitos, colocando-nos a serviço dos companheiros
de caminhada com o desejo de aprender com eles e não com a pretensão de
ensinar. É a humilde sabedoria que buscamos, cheios da esperança de alcançá-la.
Reflexão
A nossa vida espiritual deve ser marcada por um
constante aprendizado, de modo que sejamos, ao mesmo tempo, evangelizadores e
evangelizados, e o crescimento na fé realize-se principalmente na experiência
da vida comunitária, na troca de experiência e na valorização de tudo o que os
outros podem nos oferecer, sem ficar vendo apenas as dificuldades, os problemas
e os erros das pessoas que estão ao nosso lado. Mas tudo isso deve ser
iluminado por uma mística: devemos ser dóceis ao Espírito Santo, nos deixar ser
conduzidos por ele, já que não somos os donos da verdade e ele é o Espírito da
Verdade, que nos conduzirá à plena verdade. Somente agindo assim é que não
seremos os cegos que guiam outros cegos, mas sim todos guiados pelo próprio
Deus.
Fonte: CNBB em 13/09/2013
Reflexão
Tendência
habitual do ser humano é apontar os defeitos alheios. Os fariseus, algumas
vezes, foram chamados de cegos por Jesus. Por se acharem melhores que os
outros, pensavam ter as credenciais para criticar o próximo. Muitas vezes
censuraram o comportamento de Jesus e de seus discípulos. Jesus quer melhorar
na vida comunitária o nível do relacionamento humano. Madre Teresa de Calcutá
dizia: “Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las”. Então, sigamos os
conselhos do Mestre: ninguém é tão perfeito que tenha condições de remexer a
vida dos outros. Cuidado! A ânsia de corrigir um pequeno defeito do próximo
pode significar que temos o mesmo defeito em grau bem maior! Olhemos, portanto,
nossos irmãos e irmãs com o olhar puro e misericordioso do Pai celeste.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
Existe o risco de alguém não saber nada e querer
ensinar? - E o que dizer de quem quer se colocar como exemplo? - É fácil
reconhecer os próprios erros e defeitos? - Será que estamos dispostos e atentos
para aprender? - Você se esforça para conhecer cada vez mais a Palavra de Deus?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 13/09/2013
Meditando o evangelho
CUIDADO COM OS FALSOS LÍDERES
Jesus criticava a postura dos fariseus, mas também se preocupava com a
mentalidade corrente entre os seus discípulos. Os fariseus pretendiam ser um
exemplo consumado de piedade, só porque davam mostras de ser zelosos no
cumprimento da Lei.
Muitos ficavam bem impressionados com o testemunho de fidelidade a Deus,
que eles davam. Jesus, porém, não se deixava enganar, pois conhecia a falta de
solidez do estilo de vida dos fariseus. Pouca coisa restava além de
exibicionismo. Portanto, era loucura deixar-se encantar por um testemunho de
vida desse quilate. Seria como se um cego pretendesse ser guiado, com
segurança, por outro cego.
Entre os discípulos, difundia-se, também, uma perigosa mentalidade.
Havia os que se mostravam severos com o irmão, censurando-lhe as mínimas
faltas, sem estarem dispostos a corrigir as próprias faltas pessoais, muito
mais graves. Eram hábeis para perceber um cisquinho no olho alheio, mas
incapazes de dar-se conta da trave que tinham no próprio olho.
Jesus não podia suportar tal hipocrisia. Para estar em condições de
censurar o próximo, era preciso dispor-se a corrigir as próprias faltas. Neste
caso, a severidade daria lugar à benevolência, e a impaciência, à compreensão.
A atitude de juiz dos pecados alheios seria substituída pela solidariedade com
a fraqueza humana.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado
no Portal Dom Total).
Oração
Espírito de benevolente compreensão, dá-me um coração que saiba
solidarizar-se com as fraquezas do próximo, sem cair na tentação de tornar-me
seu juiz.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Roto falando do rasgado...
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP)
Há um ditado ou dístico popular que se aplica perfeitamente bem
aos ensinamentos desse evangelho “Não apontes os meus erros com o seu dedo
sujo”
Não é proibido corrigir alguém que cometeu um erro, ao
contrário, a correção fraterna é uma das práticas que Jesus recomenda á
comunidade. O problema aqui é outro...
É quando a pessoa se insinua ou se apresenta como modelo e
referência na comunidade. Claro que ninguém vai dizer aos outros “Olha, siga o
meu exemplo, veja como sou bom...”. Mas é a postura que assumimos diante do
outro, que nos coloca em evidência.
Principalmente do outro que errou, pecou, e tem uma conduta
moral não muito recomendável. O Guia cego relatado no evangelho, é aquele que
olha para essa pessoa de cima para baixo, com ares de superioridade, ás vezes
até se passando por conselheiro, mas na verdade está dando uma “raspança” no
coitado, querendo urgenciará sua conversão. É esse o Guia cego que cresce prá
cima do outro, colocando em evidência suas “virtudes” diante do erro daquele
pecador.
O Evangelho também diz claramente que somente Jesus Cristo é a
referência para todos os discípulos, e que nenhum discípulo é superior ao
Mestre. Em nossas relações de comunidade, às vezes até verbalizamos o anúncio
de Jesus, quando na verdade estamos anunciando a nós mesmos. Aí é que está o
perigo de sermos “Guias Cegos”, com a trave no olho, querendo limpar os olhos
do outro.
Quando se fala de Jesus a quem errou, a quem é pecador, basta
falar da Misericórdia Divina, do Amor infinito sempre aberto a quem errou, da
Paciência e bondade suprema do Pai manifestada em Jesus. Fala-se tudo isso com
palavras doces, com um sorriso acolhedor, dando ao outro coragem para recomeçar
e ânimo para retomar a caminhada. Essa pessoa, voltará outras vezes, já com o
coração aberto para acolher a Palavra de Deus manifestada em Jesus. Mas quando
falamos de nós mesmos, e de como nos convertemos e nos tornamos um cristão
exemplar, estamos incorrendo nesse erro grotesco de sermos cego guiando outro
cego, fatalmente os dois cairão no buraco....em uma cena cômica e trágica ao
mesmo tempo.
2. Pode um cego guiar outro?
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’,
Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
O discípulo não está acima do mestre, mas pode superá-lo. O
próprio Jesus disse no Evangelho de João: “Quem crê em mim fará as obras que eu
faço e fará até maiores do que elas”. As obras podem ser maiores, não o
discípulo. O mestre será sempre o mestre. O discípulo bem formado poderá ser
como ele. Hillel, o grande mestre do judaísmo, dizia que “o aluno tímido que
não sabe perguntar não aprende nada, e o mestre irascível ensina mal”, ou “o
tímido não aprende, o irascível não pode ensinar”. O discípulo deve saber
perguntar, enquanto o mestre verdadeiro será manso e humilde de coração. Assim
ouvimos de Jesus, no Evangelho de São Mateus: “Aprendei de mim porque sou manso
e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas”. O mestre é
Jesus e o discípulo sou eu. Qual é a lição de hoje? Ele me ensina a deixar a
vida dos outros em paz. A não criticar o irmão por ter um cisco no olho, quando
eu mesmo tenho uma trave no meu. Isto é hipocrisia, mas pode não ser se nossa
ação for positiva. A correção fraterna será obra de amizade e caridade. Já se
disse que “alguns não conseguem afrouxar suas próprias cadeias e, não obstante,
conseguem libertar seus amigos”.
Liturgia comentada
A minha parte da herança... (Salmo 16 [15])
Quando faltaram as forças a Jacó, pressentindo a
morte próxima, ele disse a José: “Quanto aos dois filhos que tiveste no Egito,
antes de vir para junto de ti, eles serão meus. Efraim e Manassés serão meus
como Rúben e Simeão. Os que te nascerem depois deles serão teus e em nome de
seus irmãos receberão a herança”. (Gn 48,5-6)
Como se vê, a herança é para os filhos. É um
legado que o pai acumulou em sua vida e transfere a seus descendentes. Este
miktam (poema) de Davi chega a ser profético quando concentra no próprio Deus a
“herança” que lhe cabe. Mas certamente o rei-cantor não podia imaginar que, no
futuro, o Filho de Deus nasceria de Mulher para que, nele, o Pai nos adotasse
como filhos. Afinal, a herança não é para o escravo da casa...
Cabe aqui uma reflexão? Que é que nós esperamos
de Deus, nosso Pai? Saúde para trabalhar? Um bom emprego para o marido? A
aprovação do filho no vestibular? Um pé-de-meia para garantir a velhice? Uma
vida feliz e tranquila? A morte de nossos inimigos? Ou seremos mais exigentes?
Santo Agostinho comenta: “O Senhor é a porção de
minha herança e de meu cálice. Comigo eles possuirão a herança, o próprio
Senhor. Outros escolham para sua fruição, porções terrenas e temporais; a
porção dos santos é o Senhor, que é eterno. Bebam os outros mortíferos
prazeres; a porção de meu cálice é o Senhor”.
No Evangelho de Marcos (10,17), um jovem chega
correndo para perguntar a Jesus: “Mestre, que devo fazer para herdar a vida
eterna?” Jesus poderia ter respondido: “Seja filho. Viva como filho e, em consequência,
terá direito à herança...”
Tão simples, e complicamos tanto! Se Deus é nosso
Pai e nós vivemos como filhos, imersos no amor e praticando a obediência, nada
e ninguém poderá impedir que a herança nos seja dada. E mais: ao contrário do
que afirmam certas filosofias, não é uma questão de mérito, é uma questão de
amor. O pai nos ama e isto o impele a se entregar a nós, à imagem de seu Filho,
“que nos amou e se entregou por nós”. (Ef 5,2)
Pregando o Evangelho aos gentios, em uma
sociedade marcada pela indiferença dos deuses do Olimpo, Paulo precisou
insistir na filiação que brotava da fé: “Sabei, pois: só os que têm fé é que
são filhos de Abraão. [...] Assim a bênção de Abraão se estende aos gentios, em
Cristo Jesus, e pela fé recebemos o Espírito prometido”. (Gl 3,7.14) E ainda:
“A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de
seu Filho, que clama: ‘Abbá! Pai!’ Portanto, já não és escravo, mas filho,
então também herdeiro por Deus”. (Gl 4,6-7)
Orai sem cessar: “Tu és meu Pai, meu Deus!” (Sl 89,27)
Texto de Antônio
Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Fonte: NS Rainha em 13/09/2013
HOMILIA
DIÁRIA
Olhe primeiro para dentro de você
Olhe para a sua vida, repare
na tua casa, olhe primeiro para dentro de você.
“Tira primeiro a trave do teu olho, e então
poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão” (Lc 6,42).
Meus irmãos, às vezes uma cegueira envolve os
nossos olhos, e a pior delas é aquela quando não enxergamos a nós mesmos. Nós
enxergamos tanta coisa, mas o essencial não; enxergamos os problemas dos
outros, os defeitos, as maldades deles, mas não conseguimos ver os nossos
defeitos, os nossos limites, nós não conseguimos enxergar aquilo que em nós
está errado.
É terrível, porque quando isso acontece, estamos
criticando, estamos vendo defeitos, problemas. Reparamos e falamos da vida dos
outros.
É como a história da mulher que sabe e fala dos
filhos de todo mundo, está vendo a casa de todo mundo cair e não repara que a
dela já caiu há muito tempo.
Olhe para a sua vida, repare na tua casa, olhe
primeiro para dentro de você. Não queira corrigir, orientar, direcionar
ninguém; quando você não consegue orientar, direcionar nem a sua própria vida.
Enxergue-se primeiro!
Peçamos, hoje, ao Senhor que abra os nossos olhos
e nos ajude a perceber aquilo que está dentro de nós, que está obscuro. Os
nossos defeitos que, muitas vezes, incomoda tantas pessoas; os nossos limites
que nós, muitas vezes, não procuramos corrigir; o nosso jeito que desagrada,
não une, não faz bem.
Eu quero me enxergar, Senhor, quero me ver; quero
olhar para mim e ser conhecido do jeito que sou.
São Luís Grignion de Montfort, com o tratado da
verdadeira devoção a Nossa Senhora, diz: “Quando nós conhecermos o fundo
sujo e podre que cada um de nós somos, não julgamos mais ninguém. Se nós ainda
julgamos, condenamos, é porque ainda não nos conhecemos como deveríamos ser
conhecidos”.
Que, hoje, Deus abra os nossos olhos para que
enxerguemos do jeito que realmente somos; que Ele abra o nosso interior para
que possamos compreender a nossa alma e, assim, sermos lavados pela
misericórdia do Senhor e ajudemos os outros a caminhar melhor.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote
da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 13/09/2013
Oração Final
Pai Santo, livra-nos da pretensão de saber muitas
coisas, de nos tornarmos mestres diante dos irmãos. Faze-nos humildes de
coração e abertos para acolher as lições que a Vida nos ensina, capazes de
descobrir a tua presença na História através dos sinais dos tempos que vivemos.
Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 13/09/2013
Oração FinaL
Pai Santo, livra-nos da vaidade de saber muitas
coisas, de nos colocarmos como mestres diante dos irmãos. Faze-nos humildes de
coração e abertos para acolher as lições que a Vida nos ensina; capazes de
descobrir a tua Presença em nós, nos irmãos e na História, através dos sinais
dos tempos que vivemos. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade
do Espírito Santo.

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