segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 20/01/2019

ANO C


2º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano C - Verde

“Em Caná Jesus manifestou sua glória.”

Jo 2,1-11

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A celebração de hoje continua sendo iluminada pela Epifania do Senhor. Com o milagre em Caná da Galiléia, Jesus começou a manifestar sua glória e a despertar a fé em seus seguidores. Depois desta manifestação divina, os discípulos são convidados a crescer na fé e participar da nova comunidade. Celebremos, alegremente.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, após termos celebrado solenemente a epifania em que o Senhor se manifestou a todos os povos e nações pelo brilho da estrela; após termos celebrado festivamente o Batismo do Senhor em que o Pai manifestou seu Filho, ungindo-o com Espírito Santo para a missão; eis que neste domingo, em clima ainda de manifestação, o Cristo Senhor manifesta sua glória transformando água em vinho, oferecendo o vinho novo da Aliança selada por sua presença no meio de nós. Acolhamos, pois, o Senhor que se nos manifesta neste dia a Ele dedicado.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Jesus é homem como nós; tem amigos e aceita o convite para um casamento, com sua mãe e seus primeiros discípulos. Esta semelhança torna-o "acessível", "conhecível" a nós. Mas Cristo é também "mistério", se ele não se revela, se não se manifesta sua identidade. Revelação que fará pouco a pouco, com sábia pedagogia. Cristo começa a revelar sua identidade não de modo verbal, explícito, como uma fórmula dogmática, mas faz isso através de uma linguagem de gestos. O sinal de Caná revela a glória de Jesus e desvela seu ser divino, através do pedido e da bondade de sua mãe ao interceder pelos noivos e a fé de Maria leva Jesus a "manifestar-se". Os discípulos crêem em Jesus; chegam de certo modo, até a fé de Maria. Não é esta também a missão da Igreja hoje, a missão de cada cristão, comunicar a fé?

E SEUS DISCÍPULOS CRERAM N’ELE...

A primeira leitura contém um poema da terceira parte do livro do profeta Isaías. O exílio, interpretado pela literatura profética como consequência da infidelidade do povo, ficou no passado e o povo precisa reconstruir a vida. A retomada não é fácil, mas as palavras de hoje revelam que Deus, apesar de tudo, continua nutrindo um olhar amoroso sobre seu povo. Jerusalém é retratada como uma jovem a ser desposada pelo noivo que encontra nela todo seu prazer. A imagem esponsal ajuda na compreensão de que o amor do Senhor supera a infidelidade do passado. A aliança entre Deus e Israel é renovada e as promessas de Deus apontam para um novo tempo onde a glória de Jerusalém será restituída.
No Evangelho, João apresenta o primeiro “sinal” realizado por Jesus. Estes tem como objetivo suscitar a fé dos discípulos uma vez que funcionam como símbolos históricos que manifestam o mistério da Pessoa de Jesus e sua missão. O contexto é de núpcias. O casamento é símbolo da aliança entre Deus e a humanidade. Jesus é o grande noivo e o vinho novo, melhor que o anterior, representa a Nova Aliança. A narrativa fala também da presença de Maria, referindo-se a ela como a “Mãe de Jesus”. O tema da intercessão de Maria aparece forte. Ela alcança a graça necessitada pela sua proximidade com o Filho e indica, com palavras fortemente assertivas, o caminho do discipulado: “Fazei o que ele vos disser”.
A segunda leitura deste final de semana traz um texto muito caro à teologia, tanto do ponto de vista pneumatológico como eclesiológico. É uma lista exemplificativa de vários carismas suscitados pelo Espírito. Apesar da diversidade a fonte dos carismas é a mesma: o Espírito/Senhor/Deus (formula que revela a fé trinitária). Paulo esclarece que toda esta diversidade carismática só tem sentido na perspectiva comunitária: “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum”. A comunidade é o campo de ação onde o Espírito dá seus frutos. Superar o individualismo é, portanto, abrir caminho para que a força da Trindade se manifeste cada vez mais contundente no seio da Igreja.
Texto: Equipe Diocesana - Diocese de Apucarana - PR

AS BODAS DE CANÁ

Hoje nos concentramos sobre o primeiro dos milagres de Jesus, que o evangelista João chama de “sinais”, porque Jesus não os fez para suscitar maravilhas, mas para revelar o amor do Pai. O primeiro destes sinais prodigiosos é relatado justamente por João (2, 1-11) e se realiza em Caná da Galileia. Trata-se de uma espécie de “portal de ingresso”, em que são esculpidas palavras e expressões que iluminam todo o mistério de Cristo e abrem o coração dos discípulos. Vejamos algumas.
Na introdução encontramos a expressão “Jesus com os seus discípulos” (v. 2). Aqueles que Jesus chamou para segui-Lo ligou-os a si em uma comunidade e, agora, como uma única família, são convidados todos para as bodas. Dando início ao seu ministério público nas bodas de Caná, Jesus se manifesta como o esposo do povo de Deus, anunciado pelos profetas, e nos revela a profundidade da relação que nos une a Ele: é uma nova Aliança de amor. O que há no fundamento da nossa fé? Um ato de misericórdia com o qual Jesus nos ligou a si. E a vida cristã é a resposta a esse amor, é como a história de dois apaixonados. Deus e o homem se encontram, se buscam, se encontram, se celebram e se amam: justamente como o amado e a amada no Cântico dos Cânticos. Todo o resto é consequência dessa relação. A Igreja é a família de Jesus em que se derrama o seu amor; é este amor que a Igreja protege e quer dar a todos.
No contexto da Aliança, compreende- se também a observação de Nossa Senhora: “Não tem vinho” (v. 3). Como é possível celebrar as núpcias e fazer festa se falta aquilo que os profetas indicavam como um elemento típico do banquete messiânico (cfr Am 9, 13-14; Gl 2, 24; Is 25, 6)? A água é necessária para viver, mas o vinho exprime a abundância do banquete e a alegria da festa. É uma festa de bodas na qual falta o vinho; os recém-casados se envergonham disso. Imaginem vocês terminar uma festa de casamento bebendo chá, seria uma vergonha. O vinho é necessário para a festa. Transformando em vinho a água das ânforas utilizadas “para a purificação ritual dos judeus” (v. 6), Jesus realiza um sinal eloquente: transforma a Lei de Moisés no Evangelho, portador de alegria. Como diz João: “A Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (1, 17).
As palavras que Maria dirige aos empregados vêm coroar o quadro esponsal de Caná: “Façam o que Ele vos disser” (v. 5). É curioso: são as últimas suas palavras reportadas nos Evangelhos: são a sua herança que entrega a todos nós. Também hoje Nossa Senhora diz a todos nós: “Façam o que Ele vos disser”. É a herança que nos deixou: é belo! Trata-se de uma expressão que retoma a fórmula de fé utilizada pelo povo de Israel no Sinai em resposta às promessas da aliança: “Quanto o Senhor disse, nós o faremos!” (Es 19, 8). E de fato em Caná os empregados obedecem. “Jesus disse a eles: encham de água as ânforas. E os encham até a borda. Disse a eles de novo: agora peguem e levem àquele que dirige o banquete.
E eles levaram” (vv. 7-8). Nestas bodas, de fato é estipulada uma Nova Aliança e aos servos do Senhor, isso é, a toda a Igreja, é confiada uma nova missão: “Qualquer coisa que vos diga, faça!”. Servir o Senhor significa ouvir e colocar em prática a sua Palavra. É a recomendação simples, mas essencial da Mãe de Jesus e é o programa de vida do cristão. Para cada um de nós, encher a ânfora equivale a confiar-se à Palavra de Deus para experimentar a sua eficácia na vida. Então, junto ao chefe do banquete que provou a água transformada em vinho, também nós podemos exclamar: “Tu guardastes a parte boa do vinho até agora” (v. 10). Sim, o Senhor continua a reservar aquele vinho bom para a nossa salvação, assim como continua a jorrar do lado transpassado do Senhor.
A conclusão do relato soa como uma sentença: “Isso, em Caná da Galileia, foi o início dos sinais realizados por Jesus; Ele manifestou a sua glória e os seus discípulos acreditaram Nele” (v. 11). As bodas de Caná são muito mais que o simples relato do primeiro milagre de Jesus. Como uma arca do tesouro, Ele protege o segredo da sua pessoa e o da sua vinda: o esperado Esposo dá início às bodas que se cumprem no Mistério pascal. Nestas bodas Jesus liga a si os seus discípulos com uma Aliança nova e definitiva. Em Caná os discípulos se tornam a sua família e em Caná nasce a fé da Igreja. Àquela boda todos nós somos convidados, porque o vinho não vem mais a faltar!
Papa Francisco
Catequese junho/2016

Comentário do Evangelho

O princípio dos "sinais" de Jesus

O capítulo 62 do profeta Isaías faz parte do que se convencionou chamar, na exegese, trito-Isaías. Escrito no período pós-exílico, o texto apresenta a cidade como esposa, depositária de uma promessa de salvação. O evangelho de João deste domingo está situado na parte do quarto evangelho denominada "livro dos sinais". O nosso relato é, no dizer do narrador, o "princípio" dos sinais (v. 11), o que nos leva a compreender que o sinal de Caná é um evento fundador. Trata-se de uma narração simbólica: ela torna presente algo diferente do que é imediatamente dito e que lhe serve de expressão. Aqui, o símbolo é mais importante que a materialidade dos fatos. O tema geral é o cumprimento por Jesus da promessa do Antigo Testamento de abundância de vinho nos tempos messiânicos (Gn 49,10-11; Am 9,13-14). Jesus e seus discípulos são convidados para uma festa de casamento. A mãe de Jesus também estava lá. Falar de festa de bodas é evocar não só a Aliança passada (Noé, Abraão, Moisés), mas a nova, em Jesus, de cuja plenitude todos receberam graça no lugar de graça (cf. Jo 1,16). A festa humana das bodas serve na tradição bíblica de metáfora para a Aliança de Deus com o seu povo (Os 2,18-21; Ez 16,8; Is 62,3-5). O vinho é dom de Deus para a alegria das pessoas, e sinal de prosperidade (Sl 104[103],15; cf. Jz 9,13; Eclo 31,27-28; Zc 10,7). É por essa razão que ele será abundante nas "bodas escatológicas" (Am 9,13; Is 25,6). Em Caná, o vinho oferecido por Jesus é superior ao vinho servido primeiro. Graças à ação de Jesus, a Aliança atinge a perfeição. Por trás das palavras da mãe de Jesus está Israel, que confia na intervenção divina, espera e vê a promessa de salvação realizada. O termo "mulher" evoca Sião, representada na Bíblia com traços de uma mulher, de uma mãe (Is 49,20-22; 54,1; 66,7-11; Jo 16,21). Como em nosso relato a noiva não aparece, é a mãe de Jesus que representa Sião, cujo esposo é Deus. Em razão de sua cor, o vinho era tido como o sangue da vinha. Daí ele ter se tornado, como o sangue, símbolo da vida. "Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância", diz o Senhor (Jo 10,10). A nós, a tarefa de distribuir este vinho da alegria e de oferecer esta vida que é dom.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Senhor Jesus, que Maria me conduza sempre a ti e me leve a descobrir em ti o caminho da salvação que o Pai nos ofereceu.
Fonte: Paulinas em 20/01/2013

Vivendo a Palavra

A presença de Jesus alegra a festa daquele casamento, para sinalizar que a nossa presença, como Igreja, deve tornar mais leve e alegre a vida dos homens e mulheres, nossos companheiros de jornada nesta terra encantada que o Pai nos emprestou para deleite e cuidado.
Fonte: Arquidiocese BH em 20/01/2013

VIVENDO A PALAVRA

A presença de Jesus alegra a festa daquele casamento, para sinalizar que a nossa convivência, como Igreja, deve tornar mais leve e iluminada a vida dos homens e mulheres, nossos companheiros de jornada nesta terra encantada que o Pai nos emprestou para deleite, cuidado e partilha. Se quisermos seguir Jesus, nossos passos devem irradiar esperança.

Reflexões

JESUS NOS TRAZ VIDA NOVA

Era uma festa de casamento. Jesus foi para lá com os discípulos e com sua mãe. De repente a mãe percebe que acabou o vinho. Acabar o vinho em uma festa significava acabar a alegria, a vida da celebração. Mulher silenciosa e atenta, Maria sabe que Jesus pode fazer alguma coisa. E, mesmo não sendo ainda a hora, ele aproveita a água usada para cumprir rituais antigos de purificação e a transforma em vinho.
A presença de Jesus em uma festa de casamento lembra a aliança que Deus estabeleceu com seu povo. Deus ama seu povo como o marido ama sua esposa. Ele quer o bem do seu povo, e, ainda que Israel não lhe seja fiel, o Senhor mantém sua palavra. Jesus, na festa de casamento, lembra-nos que a aliança feita por Deus continua. E a aliança nova firmada por meio de Jesus é mais ampla: não é só com um povo, mas com toda mulher e todo homem que têm no coração o desejo de fazer o bem, de amar a Deus e o próximo, independentemente da nação a que pertença. A todas essas pessoas não vai faltar vida nova, vida alegre, simbolizada pelo vinho.
Pode acontecer que em nossa vida falte a alegria que Deus dá a seus filhos. Se isso está ocorrendo conosco, não tenhamos receio de dizer: “Senhor, não temos mais o vinho do amor, o vinho do perdão, o vinho da fraternidade, o vinho da alegria, o vinho da vida!” E nossa vida sem graça logo vai se transformar em vida nova. Vida nova, para quem segue Jesus, não significa vida sem problemas, mas quer dizer ter coragem e disposição para enfrentar qualquer dificuldade.
Mesmo quando tudo parece perdido, quando parece que não resta sequer uma gotinha de alegria, não precisamos nos desesperar. A mãe de Jesus está atenta e vai dizer ao filho que estamos “sem vinho”. E o vinho que virá, a alegria que vai tomar conta de nossa vida, será melhor do que qualquer experiência. É um sinal dado por Deus de que ele quer o nosso bem. Por isso Jesus veio a nós, por isso nos deu Maria como mãe!
Pe. Claudiano Avelino dos Santos, ssp
Fonte: Paulus em 20/01/2013

Reflexão

O segundo domingo do Tempo Comum, nos três anos litúrgicos, apresenta um texto do Evangelho de João. O relato de hoje nos traz a cena de um casamento em Caná da Galileia. Nessa festa, entre os convidados estavam Jesus, sua mãe e os discípulos. Quando o vinho termina, Maria provoca o filho, dizendo: “Não há mais vinho”. Jesus se desculpa, dizendo que ainda não chegou sua hora, mas acaba proporcionando o primeiro dos sete sinais descritos pelo evangelista João. O autor não fala em milagre, mas em sinal, o qual manifesta a glória de Deus em Jesus e revela a missão do Mestre. Três dias lembram a páscoa. Com a ressurreição de Jesus, iniciam sua glória e o novo tempo. Estamos no contexto de carência. Com a ação de Jesus, acontece a abundância do vinho, símbolo de alegria, de festa e de vida nova. O papel da mãe de Jesus é importante. A mulher é sempre mais sensível e perspicaz: percebe a falta de vinho e intercede em favor dos convidados. Ela continua exercendo papel importante, sempre nos alertando a fazer tudo o que o Mestre nos pede.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

Meditando o evangelho

A GLÓRIA DE JESUS

Com o milagre em Caná da Galiléia, Jesus começou a manifestar sua glória e a despertar a fé em seus discípulos.
Para evitarmos conclusões apressadas, é mister entender bem a relação entre milagre e glória. Esta, resultante do milagre, manifestou-se no serviço prestado, de forma escondida e gratuita, a um casal em dificuldades, em plena festa de casamento. Pela bondade de Jesus, os noivos livraram-se de uma humilhação pública. Assim acontecia com aqueles, em cujas bodas, vinha a faltar vinho.
No entanto, tudo aconteceu de maneira discreta. A mãe de Jesus deu-se conta da situação. Fez chegar ao conhecimento do Filho o constrangimento por que os noivos estariam prestes a passar. Após um diálogo misterioso com sua mãe, Jesus entra em ação, dando ordem aos empregados. Só estes ficarão sabendo da origem daquele vinho delicioso, servido, por último, aos convidados.
Não consta que alguém mais ficou sabendo ter sido Jesus o autor do milagre e o tenham prestado honra por uma tal façanha.
Não foi esta a glória resultante do milagre, que o Mestre esperava. Sua glória consistiu em mostrar-se sensível e serviçal em relação ao casal em apuros.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de solidariedade e de serviço, diante das necessidades de tantos irmãos e irmãs, move-me a servi-los com generosidade, sem buscar aplausos.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Vinho Novo
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Não sei dizer a razão pela qual faltou o vinho nas Bodas de Cana, talvez a família não tivesse muitos recursos e fez uma festa bem modesta, só para os mais íntimos. Também pode ser que o Encarregado da cozinha, tenha errado no cálculo, ou então, porque havia um número excessivo de “penetras”. Só sei que os convidados das bodas de Canaã ficaram admirados com a qualidade e o sabor inigualável daquele vinho que serviram na última hora, quando muitos já estavam até embriagados. Os discípulos e os que serviam estavam de boca aberta, pois só eles sabiam que todo aquele vinho delicioso fora tirado de seis talhas de barro, cheias de água. Um prodígio promissor para Jesus iniciar seu ministério!
Em Israel muita gente andava descontente com a religião, porque transformaram o Deus da Aliança, tão rico em bondade e misericórdia, em um legislador implacável, alguém frio que passava os dias observando atentamente quem ousava desrespeitar a lei de Moisés. As pessoas iam ao templo ou nas sinagogas com o coração pesado, por medo do que pudesse acontecer, se deixassem de observar alguma das mais de seiscentas leis e prescrições da religião. Existiam para os faltosos a possibilidade de se livrarem da culpa, cumprindo os rituais de purificação feitos com água, mas que também era complicado pois naquele tempo não se tinha a facilidade da água encanada como hoje.
Às vezes a prática da religião se torna um peso quase insuportável, as vezes ao receber um sacramento, ou ao término de alguma celebração, há quem dê um suspiro de alívio “Arre ! já cumpri minha obrigação e estou livre!” para curtir o domingão. Certa ocasião depois da celebração de crisma, um adolescente em frente a igreja dava pulos e esmurrava o ar festejando quando alguém perguntou; “ feliz com a crisma recebida?” . - Muito feliz - desabafou o jovem – pois agora não preciso mais vir à igreja e estou livre!
Para ir a uma festa, um dia antes já estamos na expectativa, já para ir à igreja, chegamos na última hora e ás vezes, se a celebração se alongar um pouco, saímos antes da bênção final pois só temos paciência para agüentar a missa por uma hora. Precisamos rever o que está errado, nossas liturgias não podem resumir-se ao “oba-oba” mas temos que lhe dar vivacidade para que as pessoas saiam convencidas da graça de Deus e cheias de coragem para dar testemunho.
Não vale a pena praticar esse tipo de religião meramente cultual ! Nas bodas de canã Jesus, ao transformar a água da purificação em vinho da melhor qualidade, acabou com essa “chatice religiosa” mas muitos ainda hoje insistem em beber desse vinho azedo de uma religião angustiante, que bota freios no ser humano e coloca em seus olhos uma “viseira” para somente enxergar na direção que aponta os dirigentes “iluminados” sendo terminantemente proibido olhar em outra direção.
A verdadeira religião supõe liberdade e uma alegria incontida pelo fato de se tomar conhecimento de que Deus, apaixonado pelo homem, manifestou o seu amor no seu filho Jesus, que ao chegar a sua hora, a hora de mostrar a que veio, em um gesto de loucura aos olhos de muitos, derramou até a última gota do seu sangue na cruz do calvário, para que nós pudéssemos ser felizes e ter uma vida nova como homens livres.
É este o pensamento que deve nortear a nossa relação com Deus no âmbito da Igreja, uma alegria de saber que ele nos ama tanto, que ele só quer o nosso bem em seu sentido mais pleno, um amor que nos ama sem exigir nada, sem cara feia, sem mau humor, sem palavras amargas e sem nenhuma censura – Deus é amor infinito, bondade eterna e misericórdia para sempre! É essa, portanto, a novidade que Jesus traz ao mundo nas bodas de canã, ele é na verdade o noivo apaixonado pela noiva que é a Igreja, assembléia de todos os que crêem. Uma noiva não muito bela e nem sempre fiel, que às vezes se deixa seduzir por outros “amantes”
Entendida e aceita essa verdade, a Palavra de Deus celebrada e proclamada em nossas comunidades, é uma carta de amor que ouvimos com o coração aos pinotes, e a eucaristia se transforma em um jantar a luz de velas com Cristo Jesus, o amado de nossa vida , ao sabor do vinho novo da graça santificante que nos salva e liberta. Irradiar este amor a todos com o testemunho de vida, é a única forma de transformar a sociedade e não adianta se buscar outras alternativas, pois somente assim a glória de Cristo será manifestada semeando a fé no coração dos descrentes! (2º. Domingo do Tempo Comum João 2, 1-11)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com

2. Jesus no casamento em Caná da Galiléia
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

O amor do profeta por Jerusalém é tão grande que nada o faz calar. Ele não descansa até que brilhem nela a justiça e a salvação. Um dia, os reis das nações verão a justiça e a glória de Jerusalém. A Cidade Santa, abandonada e desolada, receberá um nome novo. Será chamada “Bem casada”, num matrimônio celebrado entre Deus e o seu povo. Não haverá mais ninguém esquecido ou abandonado. Como o noivo se alegra com a sua noiva, assim Deus se sente feliz com as suas criaturas. Como o noivo se alegra com a noiva, assim Deus se alegra comigo e com você.
Disse o profeta que os reis verão a glória de Jerusalém. Os discípulos a viram nas bodas de Caná, quando Jesus mudou a água em vinho. “Jesus manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.” Até agora acreditavam no que Jesus fazia. Agora, chegando ao ponto máximo da fé, acreditam na pessoa de Jesus. “E seus discípulos creram nele.”
A Glória do Senhor pairava luminosa sobre a Arca da Aliança no Templo de Jerusalém. Era a presença de Deus no meio do seu povo. Quando este mesmo povo foi levado para a Babilônia, o profeta Ezequiel viu a Glória do Senhor se deslocar do Templo para acompanhar os cativos que partiam para o exílio. Deus se faz presente onde está o seu povo. Foi assim que a Glória do Senhor se manifestou num casamento em Caná da Galileia.
De novo um casamento, o casamento de Deus com a humanidade. De novo a presença da Glória do Senhor, já não mais no Templo, e sim onde as pessoas estavam vivendo um momento-chave de sua existência, a celebração do amor e da vida. Lá estavam Jesus, sua mãe e seus discípulos. É lá o nosso lugar, porque lá se celebra o amor que gera a vida.
A sensibilidade da mãe de Jesus a faz perceber que tinha acabado o vinho. Imediatamente ela intercede junto a seu filho para livrar os noivos de um constrangimento diante dos convidados. Maria repete as palavras do faraó ao povo que pedia pão. “Vão até José e façam tudo o que ele disser.” “Vão até Jesus e façam tudo o que ele disser.” José do Egito deu pão ao povo que tinha fome. Jesus dá o vinho novo aos convidados da festa. Pão e vinho para que não falte ao povo o alimento que dá vida.
São muitos os serviços, são muitos os ministérios, são muitas as qualidades de cada um, e tudo vem do mesmo Espírito de Amor para o bem de todos. Maria dá o exemplo. Intercede pelos noivos e Jesus adianta a sua hora. Iniciamos assim os domingos do Tempo Comum com o Evangelho de São João, que nos faz contemplar a Glória de Jesus. Nos domingos seguintes proclamamos o Evangelho de São Lucas, o evangelista do ano.

REFLEXÕES DE HOJE


20 DE JANEIRO-DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO

HOMILIA DIÁRIA

A santidade é o melhor vinho que nunca deve faltar no seu lar

Postado por: homilia
janeiro 20th, 2013

No Evangelho de João, temos uma simbologia abrangente do início da vida humana: o berço e o núcleo, tanto da Igreja quanto de toda e qualquer sociedade humana. Por se tratar do princípio da vida, Jesus faz questão de marcar ou inaugurar Seu ministério. Nele encontramos algo extraordinariamente novo, que extrapola as expectativas e observâncias do Judaísmo. Na tradição profética, a aliança de Deus com Seu povo é apresentada como núpcias.
Nesta narrativa de João, a festa de núpcias não oferece vinho suficiente. Por quê? Precisamente por se tratar de uma bebida passageira.
Assim sendo e havendo seis talhas de pedra vazias, destinadas às purificações rituais dos judeus, Jesus pede que se preencham com água. O ensino que tiramos desse texto é que água de purificação não é solução. É preciso transformá-la. A atual prática do Judaísmo deixa a desejar. Mas é preciso termos em conta a intervenção de Maria. A mãe de Jesus que, tendo percebido o problema, não olha pelos lados para ver de quem era a responsabilidade de arranjar ou proporcionar a alegria da festa.
Com seu simbolismo, João não pretende realçar a relação amorosa “mãe-filho”, mas sim a relação de maternidade entre Maria e a humanidade.
“Jesus respondeu-lhe: ‘Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou’” (Jo 2,4). Jesus referia-se, nesse momento, à hora de Sua glorificação na cruz, a qual consagra uma vida toda dedicada à renovação do mundo, pelo amor, até o fim, sem temer a morte.
Apesar de não ter chegado a sua hora, Jesus faz como que um prelúdio, uma sinalização da sua “hora” e associa a água, fonte da vida, ao vinho, fonte de alegria! O amor de Jesus liberta da lei e gera vida e alegria.
Então, retomando o tema da família, que por meio das bodas nupciais se edificam como sendo – parafraseando o Concílio Vaticano II – o “Santuário da vida” e a célula da Igreja e da sociedade, pois a casa é a primeira escola, é a primeira experiência social e de Igreja, é o ninho de amor onde se edifica pessoas – a começar pelos pais – Jesus atende aos apelos de sua mãe. Faz algo extraordinário: “Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho bom até agora!” (Jo 2,10).
Falar do casamento num mundo como o nosso, onde existe a filosofia do “ficar”, sem compromissos definitivos, onde todos os homens e mulheres têm medo do compromisso para sempre é difícil, mas não impossível.
No texto de hoje, João nos diz que o casamento é uma prova de que é possível “casar-se para sempre” quando o Mistério de Deus envolve toda a vida e preparação dos noivos. Sobretudo, quando está presente Maria que, intercedendo pelos jovens e famílias já constituídas, seu Filho entra imediatamente em ação. Este Evangelho deixa bem claro que os principais convidados deste casamento são Jesus, Maria e seus discípulos.
Para você que é jovem e quer casar (ou já está casado), quero lembrá-lo de que poderá passar por dificuldades e situações difíceis, mas quando o amor é construído de dentro para fora e quando os dois entendem a missão e a responsabilidade do que estão fazendo, com Deus fica tudo mais fácil. “Mais fácil”, não porque Deus facilita, mas porque tem consciência da escolha, que envolve renúncia, capacidade de esquecer-se de si pelo outro, e o grande propósito de fazer feliz primeiro a pessoa amada e não a si.
A missão da esposa é fazer feliz o esposo e a missão do esposo é fazer feliz a esposa. É proporcionar o “melhor vinho” para o outro. Através da sua oração você colocará o seu esposo ou esposa, noiva ou noivo, namorada ou namorado no céu. Por outras palavras, que a santidade da sua vida santifique a do outro!
A santidade, julgo eu, é o melhor vinho que nunca deve faltar no seu lar. E este é fruto de uma intimidade profunda com o Espírito Santo, dispensador das graças de Deus, doado gratuitamente pelo Pai através de Jesus Cristo, por interseção de Maria, Nossa Mãe e Mãe da Igreja: “Filho, eles não têm mais vinho”.
Assim quero hoje sugerir a você que dirija sua súplica a Jesus por meio de Maria. O que inferna a sua vida, que vinho falta na sua casa? Que tipo de vinho você necessita hoje? Falta compreensão, perdão, paciência, fidelidade e, principalmente, o amor?
Lembro a você que a garantia da sua felicidade vem da confiança, da esperança e da fé em Jesus Cristo, Filho de Deus e de Maria, minha e sua Mãe.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 20/01/2013

Oração Final
Pai Santo, que a nossa presença junto aos irmãos testemunhe e lembre o Amor inefável com que nos criaste, nos santificas e nos salvas através do Cristo Jesus, teu Filho que se fez humano, viveu fazendo o bem, morreu por nós, mas Tu o ressuscitaste e agora reina contigo na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 20/01/2013

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que a nossa presença junto aos irmãos seja um testemunho vivo e lembre a todos que o teu Amor é misericordioso. Tu o mostras quando nos criaste e nos sustentas; nos santificas pelo Espírito Santo e nos libertas pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez humano, viveu fazendo o bem, morreu por nós, Tu O ressuscitaste e agora reina contigo na unidade do Espírito Santo.

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