sábado, 28 de julho de 2018

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 29/07/2018

ANO B


17º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano B - Verde

“Eucaristia: dom da inefável caridade de Deus.”

Jo 6,1-15

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Necessitados de força, de coragem e perseverança, participamos da ceia do Senhor, onde se realiza a multiplicação dos pães – Jesus, o Pão da vida, sacia nossa fome e nos convida a abrir nossas mãos e nosso coração para gestos de partilha e vencermos nossas dificuldades e a fome do mundo. Jesus saciou concretamente pessoas que tinham fome e se revelou como pão, levando-nos a um autêntico compromisso com a solidariedade. Estamos reunidos para a festa da partilha – da Palavra, do Pão e da vida.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, nesta Eucaristia somos o Povo Santo de Deus reunido em seu nome. Formamos um só corpo, unidos num só Espírito, e chamados a uma só esperança. Fomos reunidos por um só Senhor, por uma só fé e por um só batismo. Cremos em um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos. Nesta certeza da nossa fé transmitida pelos Apóstolos, glorifiquemos em ação de graças o Senhor que entrega a sua vida e parte o Pão para nós.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O desequilíbrio entre nações ricas e a multidão de pobres é assustador. Como cristãos, somos seguidores de Jesus que, a partir da realidade de seu tempo, saciou concretamente pessoas que tinham fome e se revelou como pão. A revelação de Jesus como pão só se realiza no compromisso com a solidariedade, partilha e engajamento em uma nova "multiplicação dos pães", em escala nacional e mundial. Preparemo-nos também para a abertura do Mes Vocacional, no próximo domingo. O tema das leituras de hoje alimenta nossa fé e nos faz mais unidos como Igreja, pois o pão eucarístico e um sinal do que devemos ser em nossa comunhão de vida. Foi por isso que o Senhor multiplicou os pães, alimentando a fome de vida e saciando a sede de comunhão.

COMENTÁRIO

PODE CONTAR COMIGO, SENHOR!

O Evangelho deste XVII Domingo nos narra a multiplicação dos pães. Jesus levantou os olhos e vê uma numerosa multidão, moveu-se de compaixão para com ela. Passou o dia atendendo aquelas pessoas, ocupando- se de suas almas e de seus corpos: ensinou-lhes muitas coisas e curou os doentes. Passaram- se as horas. As pessoas continuavam ali e os discípulos começaram a ficar inquietos, não tinham meios para dar de comer àquela multidão. Nós, como os Apóstolos, também devemos alimentar uma imensa multidão de pessoas, que nos estendem a mão pedindo um pedaço de pão, famintas de verdades sólidas que alimentem suas almas.
Quem somos nós? Podemos tão pouco? Como os Apóstolos, apenas dispomos de 5 pães e 2 peixes. O que temos e o que podemos fazer é tão pouco, quase nada. Muitas vezes esta sensação de nulidade se deve à nossa visão humana, à nossa falta de fé no poder de Deus.
Jesus pediu estes pães e peixes. Jesus quis que os Apóstolos entregassem tudo o que tinham. E eles o fizeram.
Talvez agora Jesus diga o mesmo a cada um de nós: coloca tudo da tua parte.
Não é verdade que você e eu podemos rezar e trabalhar mais? Vamos distribuir os pães e os peixes com audácia. Essa deve ser a nossa reação, a nossa correspondência à graça e à vontade de Deus: pronta, rápida, decidida, alegre. Quando Deus nos pede algo, ou nos chama, devemos corresponder sem medo. Porque para Deus sempre devemos o melhor: essa prontidão é sinal de amor e devemos sempre reagir com boa disposição ante os apelos da graça de Deus. Que possamos dizer a Deus: contar comigo.
Dom Carlos Lema Garcia
Bispo Auxiliar de São Paulo

Comentário do Evangelho

Novo mandamento de Jesus, a partilha

No evangelho de João, na narrativa da última ceia de Jesus em Jerusalém, não há menção à partilha eucarística do pão. A grande ação de Jesus nesta ceia é o lavar os pés dos discípulos, como exemplo de serviço para eles. Este gesto de partilha se realiza neste momento de encontro com a grande multidão no alto da montanha e tem um caráter universalista, pois aí estavam presentes gentios da Galileia e de territórios vizinhos.
Foi no alto de uma montanha que Deus deu os dez mandamentos a Moisés. Agora é o novo mandamento de Jesus, mandamento da partilha, do amor. O personagem central é um menino (paidárion, jovem escravo), com cinco pães de cevada e dois peixes. Jesus dá graças (eukharistésas) pela partilha, e ela acontece a partir dos mais humildes. Somos convidados a viver a eucaristia como partilha concreta do pão e da vida.
Nesta narrativa é destacada, logo de início, a grande multidão de excluídos que segue Jesus e que merece sua atenção. Vemos aí, também, uma contraposição entre este encontro de Jesus com a multidão e "a Páscoa, a festa dos Judeus". Nesta Páscoa celebrava-se a morte dos egípcios, que eram oprimidos pelo faraó, e a saída do povo de Israel do Egito para a invasão e o extermínio dos povos de Canaã. Em oposição a esta celebração da violência, Jesus revela o Deus da vida e do amor. Sempre no meio da multidão, Jesus comunica a vida.
A expressão "festa dos judeus" aparece cinco vezes no evangelho de João, ao referir-se às festas religiosas celebradas em Jerusalém, nas quais Jesus se fez presente. Com esta expressão João quer indicar que Jesus não se identifica com estas festas, mas vai a Jerusalém para criticar o sistema do Templo e para fazer seu anúncio da vontade do Pai ao povo que para aí acorre. Agora, no alto da montanha, o povo participa da verdadeira festa que é o banquete do Reino, caracterizado pela partilha, pelo amor e pela fraternidade.
O evangelho de João apresenta sete sinais de Jesus, que correspondem aos milagres, nos sinóticos. São sinais da realidade maior que é a presença do Deus de amor no mundo e na história. Esta cena da partilha dos pães é o quarto sinal.
Os três evangelhos sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, também narram esta partilha dos pães. Suas narrativas foram colhidas da tradição das primeiras comunidades cristãs que se inspiravam na narrativa da partilha do pão feita pelo profeta Eliseu (primeira leitura).
A solução do problema da fome e das carências humanas não está na economia de mercado, no vender e no comprar em vista do lucro. É pela partilha dos bens deste mundo, do pão, da terra, da cultura, que se pode satisfazer a todos e ainda há de sobrar em abundância. É pela partilha que se chega à unidade desejada por Deus, superando-se a divisão entre ricos e pobres, formando-se um só corpo e um só Espírito, no vínculo da Paz (segunda leitura).
José Raimundo Oliva
Oração
Pai, que a Páscoa de Jesus renove em mim a consciência de pertencer a teu povo, cuja existência deve se pautar pela caridade e pela partilha solidária.
Fonte: Paulinas em 29/07/2012

Vivendo a Palavra

As leituras de hoje falam de desprendimento, generosidade e partilha, gestos abençoados pelo Pai com o sinal da multiplicação do alimento. Assim é a nossa vida. O Pai prolonga e atualiza seu Amor, que nos criou, dando-nos o alimento que nos mantém vivos. Aprendamos a valorizar o grande mistério da Vida!
Fonte: Arquidiocese BH em 29/07/2012

Reflexão

As cenas do capítulo seis do Evangelho de João acontecem à margem do lago de Tiberíades. É como que uma síntese da atividade de Jesus na Galileia: a multiplicação do pão, a caminhada sobre o mar, o discurso sobre o pão da vida, a crise dos discípulos. A partilha do pão é fundamental para o ser humano; os evangelhos o relatam seis vezes. Aqui é o quarto sinal narrado no Evangelho de João. Segundo ele, estamos próximos à páscoa, a festa dos judeus. Enquanto o povo se dirige a Jerusalém, Jesus e os seus seguidores afastam-se de Jerusalém e vão para um território pagão, do outro lado do mar da Galileia. Erguendo os olhos, Jesus viu grande multidão que o cercava e se preocupou como alimentar tanta gente. André apresenta um jovem que tem cinco pães e dois peixes. Depois de o povo se assentar, Jesus toma os pães e os peixes, dá graças e os distribui. Todos ficaram satisfeitos e ainda recolheram as sobras. Gestos significativos desse relato: organização do povo, partilha e cuidado para evitar o desperdício. Três gestos fundamentais para acabar ou pelo menos diminuir a fome do povo.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

Meditando o evangelho

O PÃO PARTILHADO

Um dos efeitos do Reino no coração humano manifesta-se na disposição para a partilha. Esta só é possível, quando se supera o egoísmo e o irmão carente se torna uma interpelação diante da qual não é possível ficar insensível. Onde o amor supera o egoísmo, não há dúvida de que aí o Reino acontece de verdade. O milagre do pão partilhado ilustra uma atitude característica dos discípulos do Reino, que devem formar uma comunidade de partilha.
Jesus se deu conta da situação em que se encontrava a multidão de seus ouvintes. Ela corria o risco de desfalecer pela fome, sem possibilidade de adquirir alimentos nas imediações. A situação foi se contornando na medida em que o amor falou mais forte e cada qual partilhava o pouco que possuía. Um rapaz pôs à disposição do grupo seus cinco pães de cevada e dois peixes. E deste pouco resultou alimento para toda a multidão, a ponto de sobrar ainda uma grande quantidade.
Como o rapaz, cada pessoa que ali se encontrava, via-se diante do desafio de não comer avidamente a própria porção, sem antes considerar a necessidade de seu próximo. O milagre se realizava na medida da generosidade e do desapego das pessoas. Também na comunidade, o milagre da partilha acontece quando os irmãos são solidários entre si.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, ensina-me a lição da partilha e faze-me pensar sempre em meus irmãos mais necessitados, cuja sobrevivência depende do meu amor.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. O SINAL DA PARTILHA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O Evangelho de João apresenta sete sinais de Jesus, que correspondem aos milagres nos sinóticos. Esta cena da partilha dos pães é o quarto sinal. Os três Evangelhos sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, também narram esta partilha dos pães. Nestes sinóticos, diante da grande multidão Jesus ensina e cura. Contudo, João se refere apenas à partilha dos pães e peixes, fazendo predominar na narrativa o seu caráter de sinal.
O evangelista João, ao mencionar a Páscoa como "a festa dos judeus", coloca-se a si próprio, bem como a Jesus, fora desta celebração tradicional de Israel. Assim também, no Evangelho de João, a última ceia de Jesus, em Jerusalém, não é realizada no dia da Páscoa, mas na sua véspera. Na Páscoa celebrava-se a morte dos egípcios e a saída do povo de Israel do Egito, para a invasão e o extermínio dos povos de Canaã. Contudo, Jesus revela o Deus da vida e do amor. Sempre no meio da multidão, ele comunica a vida.
João, em seu Evangelho, não menciona a partilha dos pães por Jesus na última ceia. Este gesto de partilha se realiza neste momento de encontro com a grande multidão e tem um caráter universalista, pois aí estavam presentes gentios da Galiléia e de territórios vizinhos. Os evangelistas narram este episódio baseados na tradição das primeiras comunidades, a qual se inspirava na narrativa da partilha do pão feita pelo profeta Eliseu. Esta narrativa sobre Eliseu nos é apresentada hoje na primeira leitura. A solução do problema da fome e das carências humanas não está na economia de mercado, no vender e no comprar em vista do lucro.
É pela partilha dos bens deste mundo, do pão, da terra, da cultura, que se pode satisfazer a todos e ainda há de sobrar em abundância.
É pela partilha que se chega à unidade desejada por Deus, superando-se a divisão entre ricos e pobres e formando-se um só corpo e um só Espírito, no vínculo da paz (segunda leitura).
Fonte: NPD Brasil em 29/07/2012

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. JESUS, O PÃO DOS POBRES
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Convoquei meu grupo de “teólogos” para refletir esse evangelho da multiplicação dos pães, pois com o evangelista João, todo cuidado é pouco, já que o seu escrito é rebuscado e nem sempre o ensinamento é o que parece. O “Mota”, que é aposentado na área administrativa e auxilia a nossa secretaria, abriu um enorme sorriso quando viu o texto “Está na cara que Jesus faz uma dura crítica ao capitalismo, é preciso repartir o pouco que se tem, para matar a fome de todos, sempre soube que esse Jesus é dos nossos....” concluiu Mota, que defende de unhas e dentes o socialismo, e briga quando se fala sobre a CEBs. Neste momento, o João Ernesto que trabalha de encarregado em uma grande empresa, balançou a cabeça e respondeu “Olhe, se for prá discutir nessa visão, eu desisto, o Mota pensa que só ele sabe de tudo”. Calma pessoal... Não vamos censurar o Mota, pois esse evangelho realmente nos faz a olhar questão da fome, e se não tocarmos nesse ponto, estaremos sendo omissos - comentei, tentando apaziguar os ânimos dos debatedores que começaram bastante exaltados.
Em uma visão bem simples, parece que o evangelho ensina que Jesus estando por perto, ninguém vai passar fome. “Ué, mas não é isso? Tinha só cinco pães e dois peixes, não ia dar nem pro cheiro, daí Jesus deu a bênção e mandou servir, todos comeram a vontade e ainda sobrou...” – exclamou Maneco, ao que Dona Maria, a doméstica, aparteou “Gente, isso me lembra dum ditado popular, o pouco com Deus é muito, mas o muito sem Deus é nada”.
“Vocês ficam brabos quando eu falo em CEBs, mas é um trabalho onde se valoriza muito a partilha e a comunhão de vida, exatamente como Jesus ensinou.” – retrucou Mota com mais calma, sem intenção de disparar farpas.
“Eu sei Mota, todos aqui sabem disso, mas é que você fala como se a CEBs representasse a salvação do mundo, e isso não é verdade” respondeu Roseli, nossa catequista, que continuou “A CEBs é uma eclesiologia, uma maneira de ver as coisas, mas não é a única, no cristianismo existe uma essência que é o eixo de tudo, perguntemos, por exemplo, qual a missão de Jesus entre nós, será que foi para resolver o problema da fome que ele veio? E se foi, por que não resolveu?”.
Roseli é muito inteligente e sabe como provocar o grupo, um rei que tivesse o poder de multiplicar os alimentos e saciar a fome de uma multidão, estava de bom tamanho para aquele povo, aliás, no final do evangelho é exatamente isso que quiseram fazer, mas Jesus “pulou fora”. A Salvação que ele oferece não se restringe a deixar o homem com a “barriga cheia”, saciado da fome material. É muito mais que isso!
“Mas a vida plena que ele veio nos dar, como diz em João, supõe o homem em sua totalidade, inclusive com suas necessidades vitais onde a fome é uma delas” - argumentou Mota. “Está certo, mas temos outras necessidades que não se encontram por aí em supermercados, como os alimentos.”. - retrucou Roseli.
“Esse João é um danado, escreveu uma coisa, mas no fundo está querendo dizer outra” – comentou o Maneco em sua simplicidade, acertando na “mosca”. Os milagres narrados por João são “iscas” para nos convencer de algo que está por trás de cada um deles.
O homem sempre terá necessidade de algo que lhe é essencial, e que somente Jesus de Nazaré poderá lhe oferecer. Todos os problemas humanos, consequentes do pecado, poderão de fato ser resolvidos, se o homem se dispuser a receber a Salvação que Jesus oferece, então é exatamente nesse sentido que está o ensinamento da multiplicação dos pães e peixes, Jesus apresenta o problema, Filipe alega que não têm recursos para resolvê-lo, o irmão de Simão Pedro diz que há um recurso, mas que ele é insuficiente em relação as necessidades da multidão. Na vida em comunidade acabamos sendo influenciados pela sociedade consumista que se move a partir do valor econômico, onde sempre é preciso ter “muito” para poder ser feliz, se esse conceito fosse verdadeiro, apenas uma minoria da população, considerada rica, seria feliz, mas sabemos que ao contrário, há pessoas pobres, muito felizes com a v ida que têm, enquanto por outro lado, há ricos infelizes, que às vezes recorrem até ao suicídio, insatisfeitos com o que são e têm. Isso mostra o quanto tal premissa é enganosa e falsa.
O acúmulo de bens financeiros e patrimoniais nas mãos de poucos, é no fundo uma tremenda ilusão, primeiro porque alimentam a mentira de que, com o dinheiro e a riqueza a gente tem tudo, e em segundo, porque da noite para o dia toda essa fortuna pode ir água abaixo se mal administrada, basta ver os grandes impérios econômicos que ruíram, e no demais, no final da vida, o rico irá descobrir que a morte o espera, para separá-lo eternamente de todos os seus bens, daí toda a sua riqueza de nada valerá.
Já os que são saciados pelo amor de Deus, manifestado na salvação que Jesus traz, podem esperar muito mais, os doze cestos que sobraram prenunciam a vida plena do novo povo de Deus, que se tornará perene -no exato momento em que, ao término da existência terrena, tudo parece ser um trágico fim. Sou então obrigado a concordar com a Dona Maria, que nos dizia lá no início da reflexão “O pouco com Deus é muito, e ainda sobra para a vida nova que Jesus nos deu, mas o “muito” que esta vida nos oferece, é nada, se a humanidade teimar em menosprezar a Salvação, da qual somente Jesus, o Filho de Deus, é portador. (17º. Domingo do Tempo Comum)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com

2. Um menino, cinco pães e dois peixes
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

O capítulo sexto de São João é lido neste ano no Tempo da Páscoa e em alguns domingos do Tempo Comum. No Tempo da Páscoa para nos dizer que Jesus ressuscitado permanece entre nós na sua Palavra e na Eucaristia, e no Tempo Comum para reforçar a nossa convicção de fé na presença real de Jesus no sacramento da Eucaristia. O capítulo começa com o relato da multiplicação dos pães e dos peixes. Em seguida, depois de ter atravessado o mar da Galileia andando sobre as águas, Jesus vai à sinagoga de Cafarnaum, onde faz o grande sermão do Pão do Céu, o Pão da Vida, a sua Carne dada para a salvação do mundo. Surge uma crise entre os judeus e entre os discípulos de Jesus, que não entendem o que Jesus está querendo dizer. Ouvem as palavras, mas não percebem o sentido. Judeus e discípulos começam a se afastar de Jesus. Ele, porém, mantém firme tudo o que disse sem nada mudar.
O capítulo sexto de São João é considerado um texto eucarístico. Ele nos prepara para a instituição do sacramento da Eucaristia. Começando com o pão de cada dia, Jesus nos leva até ele, que é o alimento para a vida eterna. O pão simboliza todos os alimentos que tomamos cada dia e nos mantêm vivos. Jesus mesmo mostra sua preocupação com o povo que foi atrás dele para ouvir o seu ensinamento e que precisava se alimentar. Pergunta a Filipe onde poderiam comprar pão para dar de comer àquela gente. Filipe sabe que não era apenas questão de onde comprar, mas também de como pagar. Havendo pão, havendo onde comprar e tendo dinheiro, o problema estaria resolvido. É a solução do poder, de quem tem, compra e paga. André apresenta a Jesus um menino que tinha cinco pães e dois peixes. Se a solução de Filipe não era viável pelo muito dinheiro que seria necessário, a de André também não era pelo pouco pão e pouco peixe de que dispunha. Uma solução rica e uma solução pobre. Jesus fica com a solução pobre: cinco pães e dois peixes partilhados com amor podem alimentar uma multidão. Foi o que aconteceu. Jesus deu graças e começou a distribuir os pães e os peixes, e todos comeram e ficaram saciados. Partilharam e resolveram o problema, isso é o que sabemos. Como Jesus fez para multiplicar os pães e os peixes é um segredo dele, que pode nos contar um dia.[...]

HOMILIA

ALIMENTAR OS FAMINTOS

O problema da fome no mundo – em que pese o avançado estágio atual da técnica – continua a ceifar muitas vidas e constitui um desafio para as autoridades, as instituições e a sociedade toda. A Igreja não deve se isentar dessa preocupação. Jesus envolve os discípulos na solução do problema: “Fazei sentar as pessoas”. Os quatro evangelhos narram seis multiplicações de pães, o que mostra a importância que a Igreja primitiva dava ao assunto. A Igreja encontra a sua verdadeira identidade à medida que as necessidades dos outros se tornam assunto dela.
Alimentar os famintos é uma das “obras de caridade” – certamente uma das mais nobres. Dar comida a quem tem fome não deve ser visto apenas como gesto de assistencialismo. Quem tem fome não pode esperar. Tal ação deve representar também e principalmente uma preocupação com políticas públicas em favor dos famintos e empobrecidos, voltadas à distribuição de renda, à criação de emprego…
A desproporção constatada por André – cinco pães para cinco mil homens – é a imagem mais provocadora de uma Igreja pobre e modesta, composta de gente que “não conta”. A desproporção se anula quando o pouco é distribuído, partilhado. Preocupar-se com os famintos não é pedir a Jesus que transforme as pedras em pães. Significa, antes, aceitar que ele transforme nosso coração de pedra em coração de carne, capaz de saciar as pessoas com nosso serviço e nossa solidariedade, superando a cultura do individualismo.
A questão do pão material está intimamente ligada à eucaristia. Não nos é permitido celebrá-la com a consciência tranquila enquanto houver alguém passando fome. Quando comungamos o pão eucarístico, devemos estar dispostos a partilhar também o pão material com os irmãos e irmãs necessitados. Quem não se dispõe a isso, como pode se aproximar de Cristo partilhado em alimento? Dividir o pão eucarístico é tarefa da Igreja tanto quanto a solidariedade e a partilha com os que sofrem a fome de pão material, síntese de todas as necessidades básicas da pessoa.
Pe. Nilo Luza, ssp
Fonte: Paulus em 29/07/2012

REFLEXÕES DE HOJE


29 DE JULHO-DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO

HOMILIA DIÁRIA

Compaixão para servir os pobres e necessitados

Postado por: homilia
julho 29th, 2012

Jesus sabe que o caminho dos homens é longo e que eles são fracos. Podem desfalecer enquanto caminham pelo mundo afora. É o que vemos no Evangelho de hoje: Jesus tem compaixão daquele povo que já estava cansado e com fome. Assim, compadecido em despedi-los neste estado, realiza o portentoso milagre da multiplicação dos pães.
A multidão seguia Jesus, “porque via os sinais que Ele operava a favor dos doentes”. No entanto, o Senhor tinha para com eles um zelo e um olhar de quem via todas as suas necessidades. Assim foi que, logo ao enxergar a multidão que vinha ao Seu encontro, Cristo lembrou-se de que eles deveriam estar com fome e precisavam se alimentar. Jesus aproveitava todas as oportunidades para instruir os Seus discípulos e para dar testemunho da bondade do Pai. Por isso, Ele os punha à prova a fim de medir a generosidade daqueles que caminhavam com Ele.
O Senhor sabia que a multidão faminta não poderia aprender os mistérios do Pai e, ao mesmo tempo, exercitava os Seus discípulos a não se omitirem diante dos desafios e a se colocarem sob a Providência Divina: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?”
Assim foi que – questionados sobre o que teriam de fazer – apareceu André que lhe deu a notícia de alguém que tinha cinco pães e dois peixes. São lições que, hoje, servem para a nossa vida: Como alimentar tanta gente tendo tão pouco? O que fazer? O que pensar? Desistir, resmungar, murmurar?
“Fazei sentar as pessoas”, diz Jesus. O que isto pode significar para nós? Quando nos sentamos em família e em comunidade, colocamos o pouco que temos nas mãos de Deus e juntamos os nossos poucos dons e os oferecemos ao Senhor, o milagre acontece. Cada um de nós tem seu papel no diálogo, na compreensão, na serenidade, na partilha do amor. Quando nos colocamos nas mãos do Pai e nos dispomos a partilhar o que temos, com amor, Ele multiplicará Suas graças de provisão e nunca nos faltará nada.
Você tem vivido isso na sua família? Já percebeu, na sua casa, o que cada um tem para oferecer? Costuma sentar-se para fazer uma avaliação das suas possibilidades colocadas nas mãos de Deus? E o que é feito do milagre? Ele já aconteceu? Todo milagre é possível, porque Jesus se despiu de Sua glória, tornou-se ser humano e habitou entre nós.
Vemos, neste texto, que Jesus estava sempre próximo da multidão, dando-lhes acesso por meio de Sua convivência na sociedade. Jesus vivia no meio do povo: religiosos e pecadores, fariseus, sacerdotes, prostitutas, romanos, samaritanos, judeus, fenícios, ricos, pobres, fazendeiros, agiotas, lavradores, coletores de impostos, militares, pescadores, revolucionários, leprosos, cegos, aleijados, loucos, possessos, homens e mulheres.
Jesus encontrava as pessoas onde elas estavam: seja um cego à beira da estrada, uma mulher no poço, um agiota desiludido caminhando. Ele sempre aceitava o convite para passear, jantar, ir à casa dos outros, conhecer uns amigos, visitar doentes, ler a Bíblia, beber um copo de vinho numa festa etc. Assim, você deve, hoje, “sair do templo” e conviver com as pessoas. Vá ao encontro delas, porque você precisa ser o milagre entres os povos.
Este era o contexto, anterior ao milagre da multiplicação de pães e peixes, ao qual Jesus estava inserido: a) O dia havia sido exaustivo; b) Jesus recebe a notícia do assassinato de João Batista; c) Ele sabe que Herodes perguntava por Ele. O Senhor respirava ameaças de morte. d) Ele recebe Seus discípulos contando tudo que tinham feito e ensinado, após serem enviados dois a dois. e) Jesus não teve tempo de almoçar nem de descansar. f) Mas, diante da multidão necessitada, reviu Sua agenda. Ele permitiu que a necessidade do povo carente se impusesse à d’Ele.
A compaixão venceu o luto, a ameaça de morte, o cansaço e a fome. A compaixão é o instrumento de Deus para nos fortalecer, para servir os pobres e os necessitados. Fuja do ativismo religioso que prioriza templo, coisas, programações. Priorize sempre as pessoas.
“Quem não serve para servir, não serve para viver”. Pregue o Evangelho para todo mundo. Para falar de amor, eu tenho de aprender a repartir o pão, chorar com os que choram e me alegrar com os que se alegram.
Lembro-lhe que o serviço acontece como uma ponte que liga a Palavra do Evangelho anunciada e a necessidade humana. E nós, discípulos de Cristo, somos os construtores dessa ponte para transformar vidas e salvar almas.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 29/07/2012

Oração Final
Pai Santo, nós damos graças pelos alimentos que nos dás tão generosamente e pedimos que o teu Espírito nos ensine o desapego e a coragem para partilhá-los fraternalmente com os companheiros de jornada neste mundo. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 29/07/2012

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