quarta-feira, 4 de abril de 2018

NA ÍNTEGRA - QUARTA-FEIRA, 4 DE ABRIL DE 2018, Catequese do Papa Francisco: ritos de conclusão na Missa

QUARTA-FEIRA, 4 DE ABRIL DE 2018, 14H28

CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 4 de abril de 2018

Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal (Canção Nova)

Queridos irmãos e irmãs, bom dia e boa Páscoa!

Vocês veem que hoje há flores: as flores dizem alegria, alegria. Em certos lugares a Páscoa é chamada também de “Páscoa florescida”, porque floresce o Cristo ressuscitado: é o florir novo; floresce a nossa justificação; floresce a santidade da Igreja. Por isso, tantas flores: é a nossa alegria. Toda a semana nós festejamos a Páscoa, toda a semana. E por isso nos demos, uma vez mais, todos nós, o desejo de “Boa Páscoa”. Digamos juntos: “Boa Páscoa”, todos! [respondem: “Boa Páscoa!”]. Gostaria também que déssemos a Boa Páscoa – porque foi Bispo de Roma – ao amado Papa Bento, que nos segue pela televisão. Ao Papa Bento, todos demos a Boa Páscoa: [dizem: “Boa Páscoa!”] E um aplauso, forte.
Com esta catequese concluímos o ciclo dedicado à Missa, que é propriamente a comemoração, mas não somente como memória, se vive de novo a Paixão e a Ressurreição de Jesus. Na última vez chegamos até a Comunhão e a oração após a Comunhão; depois desta oração, a Missa se conclui com a benção concedida pelo sacerdote e a despedida do povo (cfr Instrução Geral do Missal Romano, 90). Como iniciou com o sinal da cruz, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ainda no nome da Trindade que é selada a Missa, isso é, a ação litúrgica.
Todavia, sabemos bem que enquanto a Missa termina, se abre o compromisso do testemunho cristão. Os cristãos não vão à Missa para cumprir uma tarefa semanal e depois se esquecem, não. Os cristãos vão à Missa para participar da Paixão e Ressurreição do Senhor e depois viver mais como cristãos: abre-se o compromisso do testemunho cristão. Saímos da igreja para “ir em paz” levar a benção de Deus nas atividades cotidianas, nas nossas casas, nos ambientes de trabalho, entre as ocupações da cidade terrena, “glorificando o Senhor com a nossa vida”. Mas se nós saímos da igreja conversando e dizendo: “olha este, olha aquele…”, com a língua longa, a Missa não entrou no meu coração. Por que? Porque não sou capaz de viver o testemunho cristão. Toda vez que saio da Missa, devo sair melhor do que entrei, com mais vida, com mais força, com mais vontade de dar testemunho cristão. Através da Eucaristia o Senhor Jesus entra em nós, no nosso coração e na nossa carne, a fim de que possamos “exprimir na vida o sacramento recebido na fé” (Missal Romano, Coleta da segunda-feira na Oitava de Páscoa).
Da celebração à vida, portanto, conscientes de que a Missa encontra realização nas escolhas concretas de quem se faz envolver em primeira pessoa nos mistérios de Cristo. Não devemos esquecer que celebramos a Eucaristia para aprender a nos tornar homens e mulheres eucarísticos. O que isso significa? Significa deixar Cristo agir nas nossas obras: que os seus pensamentos sejam os nossos pensamentos, os seus sentimentos os nossos, as suas escolhas as nossas escolhas. E isto é santidade: fazer como fez Jesus é santidade cristã. São Paulo exprime isso com precisão, falando da própria assimilação a Jesus, e diz assim: “Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gal 2, 19-20). Este é o testemunho cristão. A experiência de Paulo ilumina também nós: na medida em que mortificamos o nosso egoísmo, isso é, fazemos morrer aquilo que se opõe ao Evangelho e ao amor de Jesus, cria-se dentro de nós um espaço maior para o poder do seu Espírito. Os cristãos são homens e mulheres que se deixam alargar a alma com a força do Espírito Santo, depois de ter recebido o Corpo e o Sangue de Cristo. Deixem-se alargar a alma! Não estas almas assim estreitas e fechadas, pequenas, egoístas, não! Almas largas, almas grandes, com grandes horizontes…Deixem-se alargar a alma com a força do Espírito, depois de ter recebido o Corpo e o Sangue de Cristo.
Porque a presença real de Cristo no Pão consagrado não termina com a Missa (cfr Catecismo da Igreja Católica, 1374), a Eucaristia é conservada no tabernáculo para a Comunhão aos doentes e para a adoração silenciosa do Senhor no Santíssimo Sacramento; o culto eucarístico fora da Missa, seja em forma privada ou comunitária, ajuda-nos, de fato, a permanecer em Cristo (cgr ibid., 1378-1380).
Os frutos da Missa, portanto, são destinados a amadurecer na vida de cada dia. Podemos dizer assim, um pouco forçando uma imagem: a Missa é como o grão, o grão que depois na vida ordinária cresce, cresce e amadurece nas boas obras, nas atitudes que nos fazem assemelhar a Jesus. Os frutos da Missa, portanto, são destinados a amadurecer na vida de cada dia. Em verdade, crescendo a nossa união a Cristo, a Eucaristia atualiza a graça que o Espírito nos deu no Batismo e na Confirmação, a fim de que seja crível o nosso testemunho cristão (ibid., 1391-1392).
Ainda, acendendo a caridade divina nos nossos corações, o que faz a Eucaristia? Separa-nos do pecado: “Quanto mais participamos da vida de Cristo e progredimos na sua amizade, tanto mais difícil é nos separarmos Dele com o pecado mortal” (ibid.; 1395).
O aproximar-se regular à Eucaristia renova, fortifica e aprofunda a ligação com a comunidade cristã à qual pertencemos, segundo o princípio que a Eucaristia faz a Igreja (cfr ibid., 1396), nos une todos.
Emfim, participar da Eucaristia compromete em relação aos outros, especialmente aos pobres, educando-nos a passar da carne de Cristo à carne dos irmãos, em que ele espera ser por nós reconhecido, servido, honrado, amado (cfr ibid., 1397).
Levando o tesouro da união com Cristo em vasos de barro (cfr 2 Cor 4, 7), temos contínua necessidade de retornar ao santo altar, até quando, no paraíso, participaremos plenamente da felicidade do banquete de núpcias do Cordeiro (cfr Ap, 19, 9).
Agradeçamos ao Senhor pelo caminho de redescoberta da Santa Missa que nos deu para cumprirmos juntos e nos deixemos atrair com fé renovada a este encontro real com Jesus, morto e ressuscitado por nós, nosso contemporâneo. E que a nossa vida seja sempre “florida”, assim como a Páscoa, com as flores da esperança, da fé, das boas obras. Que nós encontremos sempre a força para isso na Eucaristia, na união com Jesus. Boa Páscoa a todos!

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