"Sexta-feira de raiva"
Que Deus nos proteja de todo mal, clama Patriarca copto católico
CAIRO, 16 Ago. 13 / 03:40 pm (ACI).-
O Patriarca Ibrahim Isaac, Patriarca dos coptos católicos e presidente da
Assembleia dos Patriarcas e Bispos católicos no Egito, disse nesta
sexta-feira 16 de agosto "que o Senhor proteja o Egito de todo mal e o
proteja de todo dano" ante os enfrentamentos destes dias que deixaram mais
de 630 mortos e ao redor de 4 mil feridos. Destas vítimas um setor considerável
são cidadãos cristãos que foram atacados pela autodenominada "Irmandade
Muçulmana".
Um vídeo difundido na internet feito por um homem da varanda do
seu edifício, mostra a Irmandade Muçulmana em uma avenida da cidade de
Alexandria nos dia 15 de agosto parando todos os automóveis para ver a
identidade dos motoristas.
O vídeo mostra que atacam a um taxista assim que descobrem que é
cristão por que tinha uma cruz pendurada no espelho. Tiram-no do automóvel e
entre 100 extremistas o torturam e logo o esfaqueiam até matá-lo. Nesse
episódio os radicais mataram 5 pessoas em total e deixaram mais de 50 feridos.
Atos como estes ocorrem em todo o país.
Em uma mensagem aos cristãos do Egito hoje, o Patriarca Ibrahim
Isaac disse "isto que está acontecendo em nosso país nestes dias é muito
triste e doloroso para todos os que amam o Egito".
"Confiamos na onipotência e no amor de Deus que possa
difundir a paz em nosso amado Egito e faça voltar o espírito de concórdia e
reconciliação de novo entre os filhos da pátria".
O Patriarca disse também que espera que os filhos do Egito
"superem este momento difícil. Além disso, dirijo minhas mais sinceras
condolências a cada um dos pais e familiares das vítimas destes dolorosos
eventos. Pedimos a cura do Senhor para todos os feridos. Que o Senhor proteja o
Egito de todo mal e o proteja de todo dano".
Para hoje, 16 de agosto, a Irmandade Muçulmana convocou a todos
para uma "sexta-feira de raiva" em protesto pela repressão do
governo. Segundo diversas fontes, os confrontos de hoje deixaram o saldo de
aproximadamente 100 mortos.
O que é a Irmandade Muçulmana?
A autodenominada Irmandade Muçulmana se descreve oficialmente como
um grupo não violento, comprometido com a democracia. Entretanto alguns
analistas consideram que suas conexões com o mundo árabe põem em dúvida esta
posição por seu rol histórico, claramente estabelecido, como fonte de
inspiração para praticamente todos os movimentos políticos radicais islâmicos
que existem.
Além disso, o grupo considera que o Islã é "o único ponto de
referência no Egito".
Para Issam Bishara, Vice-presidente das Missões Pontifícias no
Egito, "os cristãos coptos, assim como os armênios, os ortodoxos gregos,
os latinos, os maronitas e os melquitas grego católicos, temem que o Egito
tenha um destino similar ao dos cristãos no Iraque" onde a Al Qaeda os
assinalou como "alvos ali onde se encontrem".
Em abril de 2011, Nina Shea, uma defensora dos direitos humanos à
cabeça do Hudson Institute's Center for Religious Freedom em Washington, D.C.
(Estados Unidos) pediu que o Ocidente olhe com muita precaução para a Irmandade
Muçulmana.
Em caso de que a Irmandade chegue ao poder, disse, os cristãos
poderiam terminar vivendo como "dhimmis", uma categoria islâmica que
faz que os não muçulmanos quase não tenham amparo legal.
Se isso acontecer, explicou a perita, o governo não precisa nem
perseguir os cristãos. Bastaria para os seus fins ignorar ou permitir de
maneira tácita a violência religiosa e a repressão por outros segmentos da
sociedade.
Quase dois terços dos cristãos no Oriente Médio vivem agora no
Egito. Por isso, disse Shea, a assunção ao poder da Irmandade Muçulmana
poderia ter consequências trágicas para os cristãos em toda a região.
"Poderíamos assistir praticamente o fim da presença nativa
dos cristãos no Oriente Médio, mais rápido do que se pensa".
Nenhum comentário:
Postar um comentário