Para você, caro(a) internauta, este
belíssimo texto de Santo Anselmo, Bispo do século XII. Ele revela de modo
comovente a sede de Deus que todos temos. Tentar esconder tal sede é
desumanizar-se; reconhecê-la e procurar saciá-la, é ser mais humano e caminhar
para a plenitude.
Vamos, coragem, pobre homem! Foge um pouco de tuas ocupações. Esconde-te um
instante do tumulto dos teus pensamentos. Põe de parte os cuidados que te
absorvem e livra-te das preocupações que te afligem. Dá um pouco de tempo a
Deus e repousa nele.
Entre no íntimo de tua alma, afasta tudo de ti, exceto Deus ou o que possa
ajudar-te a procurá-lo; fecha a porta e põe-te à procura. Agora
fala, meu coração, abre-te e diz a Deus: Busco a vossa face; Senhor, é a vossa face
que eu procuro (cf. Sl 26,8).
E agora, Senhor meu Deus, ensinai a meu coração onde e como vos procurar, onde
e como vos encontrar.
Senhor, se não estais aqui, se estais ausente, onde vos procurarei? E se estais
em toda parte, por que não vos encontro presente? É certo que habitais numa luz
inacessível, mas onde está essa luz inacessível e como chegarei a ela? Quem me
conduzirá e nela me introduzirá, para que nela eu vos veja? E depois, com
que sinais e sob que aspectos vos devo procurar? Nunca vos vi, Senhor meu Deus,
não conheço a vossa face.
Que pode fazer, altíssimo Senhor, que pode fazer este exilado longe de vós? Que
pode fazer este vosso servo, sedento do vosso amor, mas tão longe da vossa
presença? Aspira ver-vos, mas vossa face se esconde inteiramente dele? Deseja
aproximar-se de vós, mas vossa morada é inacessível. Aspira encontrar-vos, mas
não sabe onde estais. Tenta procurar-vos, mas desconhece a vossa face.
Senhor, vós sois o meu Deus, o meu Senhor, e nunca vos vi. Vós me criastes e
redimistes, destes-me todos os meus bens e ainda não vos conheço. Fui criado
para vos ver e ainda não fiz aquilo para que fui criado.
E vós, Senhor, até quando? Até quando, Senhor, nos esquecereis, até quando nos
ocultareis a vossa face? Quando nos olhareis e nos ouvireis? Quando iluminareis
os nossos olhos, e nos mostrareis a vossa face? Quando voltareis a nós?
Olhai-nos, Senhor, ouvi-nos e mostrai-vos a nós. Dai-nos novamente a vossa
presença para sermos felizes, pois sem vós somos tão infelizes! Tende piedade
dos rudes esforços que fazemos para alcançar-vos, nós que nada podemos sem vós.
Ensinai-nos a vos procurar e mostrai-vos quando vos procuro; pois não posso
procurar-vos se não me ensinais nem encontrar-vos se não vos mostrais. Que
desejando eu vos procure, procurando vos deseje, amando vos encontre, e
encontrando vos ame.
http://www.domhenrique.com.br/index.php/variedades/606-o-desejo-de-deus-santo-anselmo
Obs.: Este lindo texto faz parte do Retiro Popular 2013
Dom Alberto Taveira Corrêa,
Dom Alberto Taveira Corrêa,
páginas 12 e 13
"A QUEM IREMOS. SENHOR?"
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