sábado, 22 de setembro de 2012

HOMÍLIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 23/09/2012

23 de Setembro de 2012 


Marcos 9,30-37

Comentário do Evangelho

Jesus se identifica com os pequenos

Jesus, com seus discípulos, havia ampliado sua missão aos territórios gentílicos vizinhos da Galileia, tendo chegado bem ao norte, próximo a Cesareia de Filipe. A partir daí, decide dirigir-se a Jerusalém, ao sul, para proclamar a sua Boa-Nova aos peregrinos que ali chegavam em vista de participar da festa judaica da Páscoa, que se aproximava. Com este propósito Jesus e os discípulos atravessam novamente a Galileia. 
Neste contexto, as narrativas de Marcos marcarão o contraste entre a mentalidade dos discípulos e a novidade de Jesus. Os discípulos esperavam de Jesus ações de poder e glória terrena, o que chocava com a proposta do próprio Jesus de humildade e serviço, com a doação da própria vida. 
Jesus pressente a repressão e o fim que o esperam em Jerusalém, onde será posto à prova pelos chefes religiosos do Templo. No caminho para a cidade, prepara os discípulos para suportarem o possível desfecho trágico. Assim, fala a eles sobre o Filho do Homem, referindo-se a si mesmo, que será entregue e o matarão. Jesus já havia advertido os discípulos sobre tal expectativa quando tentava desfazer a compreensão de Pedro de que ele seria um messias poderoso e glorioso (primeiro "anúncio da Paixão", cf. 16 set.). E, ainda, repetirá, novamente, sua advertência quando já se aproximavam de Jerusalém (terceiro "anúncio da Paixão", cf. 21 out.). 
Com isto Jesus expressa sua fragilidade diante dos poderosos deste mundo, descartando qualquer competição pelo poder. Completa com a menção da ressurreição, aludindo ao dom da vida de amor que não se extingue, porém os discípulos não compreendem e têm medo de perguntar. 
Os discípulos estão fixados na ideologia do messias poderoso, um novo Davi que restauraria o reino de Israel, e, esperando de Jesus a ascensão ao poder, disputam qual seria, então, o maior, isto é, quem ocuparia os cargos mais importantes. São os anseios antagônicos à proposta de Jesus que provocam conflitos na comunidade e, de maneira mais ampla, no mundo, onde os ímpios ambiciosos da riqueza e do poder fazem a guerra e semeiam a morte (cf. segunda leitura), tornando-se loucos e frustrados. A vida do ímpio, o qual reprime e mata o justo, pelo qual se sente ameaçado, é bem retratada no capítulo 2 do livro da Sabedoria, de onde foi extraída a primeira leitura da liturgia de hoje. 
Jesus chama os Doze e, invertendo os critérios de competição, reafirma a característica essencial do Reino: a humildade e o serviço como concretização do amor. É neste amor que está a realização e a grandeza de cada um. Ao tomar uma criança e abraçá-la, com carinho, Jesus está se identificando com ela. A criança, do ponto de vista de uma sociedade de eficiência e produção, é considerada inútil e marginalizada. Jesus convida a todos a se tornarem crianças, na humildade, na simplicidade, na fraternidade e na abertura para o novo, com esperança e alegria, e, com esta opção, estão acolhendo Jesus e entrando em comunhão com Deus. 

José Raimundo Oliva


Vivendo a Palavra 

Diante de Jesus, tão humano, os discípulos não compreendiam o anúncio que Ele fazia da própria ressurreição. Era, assim, bem natural que ainda se perguntassem qual deles seria o maior... Mas para nós, Igreja do Ressuscitado, resta a certeza de que o Caminho do Reino é o serviço generoso, a humildade, a alegria.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

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1. SERVIR E ACOLHER
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

No mundo de hoje são servidas e acolhidas apenas as pessoas muito importantes, que detêm algum poder no âmbito social, econômico – político, e até religioso. Jesus inverte este quadro quando coloca no meio dos seus discípulos uma criança que é por ele acolhida e abraçada, para exemplificar o ensinamento de que “quem quiser ser o primeiro, que seja o último e o servo de todos”.
Essa lição, precedida de um exemplo, foi necessária porque os discípulos não compreendem o ensinamento da lógica do Reino, que se fundamenta em uma relação diferente das demais e pelo caminho se questionam quem será entre eles o maior, pensando em uma relação a partir do poder e domínio sobre o grupo.

Podemos nos relacionar com as pessoas segundo a lei, as normas ou o formalismo, tratando-as como cada uma merece ser tratada, mas não é este o modo do justo se relacionar, porque ele pauta suas relações a partir da justiça de Deus, que nunca nos tratou segundo nossas faltas, pois a sua misericórdia e o seu amor são sempre sem medida.

Essa relação justa que sempre compreende e aceita o outro em suas necessidades, desmascara o amor da mediocridade, que não é gratuito e nem incondicional, põe em evidência a frieza das relações formais, marcadas pela aparência e farisaísmo. É um modo de viver que acaba pondo a descoberto toda a maldade que o ímpio traz escondido dentro de si “Eis que este menino foi posto para se revelar os pensamentos íntimos de muitos corações” – dirá o velho Simeão aos pais de Jesus, na apresentação no templo.

Por isso vemos, na primeira leitura, que a presença do justo incomoda porque o seu modo de viver e de se relacionar com as pessoas não segue os padrões normais estabelecidos pelo interesse e conveniência, mas sim segundo a Justiça de Deus. O justo não precisa de nenhuma garantia prévia para agir assim, ele confia totalmente em Deus, que o libertará das mãos dos seus inimigos. Enquanto os homens constroem seus projetos a partir da firmeza das relações com os outros, o justo só precisa e tem necessidade de uma coisa: Deus!

O tema do sofrimento, no segundo anúncio da paixão nos introduz no evangelho desse domingo onde os discípulos não compreendem e têm medo de perguntar.

Jesus, o Mestre de Israel, só fez o bem a todos que o buscaram. Os discípulos esperam talvez por um reconhecimento público o que poderia então dar início a uma “virada” na história. Mas as palavras de Jesus causam um certo desconforto e mal estar entre eles.
A Fé coerente com o evangelho, diante da qual precisamos mudar nossa mentalidade e nosso agir, não é de fácil compreensão. Temos medo de pensar no sofrimento e no transtorno que isso nos irá trazer. Podemos ser alvo de perseguições e incompreensões. A conversão não é um bom negócio para quem colocou sua expectativa de felicidade nos valores do mundo, na fama, no prestígio e no poder.

No tempo de Jesus crianças e mulheres nem eram contados no censo, e ao abraçar uma criança, Jesus está mostrando que os pequenos e sem valor, sem vez e nem voz, são os mais importantes diante de Deus, invertendo a ordem estabelecida, pois estes que nunca são lembrados, que nunca são servidos e acolhidos, são sempre os primeiros no Reino de Deus e quem quiser ser discípulo fiel do Senhor deverá adotar a linha do serviço aos pequenos, para que o seu seguimento seja autêntico.

Para isso temos de contar com a sabedoria que vem de cima que é pura, pacífica, condescendente, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade ou fingimento, como nos ensina Tiago na segunda leitura. Que a nossa Igreja – Assembléia dos que crêem – seja para toda essa massa de excluídos de nossa sociedade, uma porta aberta para acolher e os servir. Assim seja!
José da Cruz é Diácono da 

Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP



2. Jesus se identifica com os pequenos
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
VIDE ACIMA

Oração
Pai, tira do meu coração os ideais mundanos de glória, e coloca-me no verdadeiro caminho para ser glorificado por ti, fazendo-me servidor de todos.



3. O SERVIDOR DE TODOS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O testemunho de vida de Jesus, baseado na humildade e no espírito de serviço, não foi suficiente para conscientizar os discípulos a respeito do modo de proceder que lhes estava sendo proposto. Nem mesmo a alusão à sua morte violenta e à sua ressurreição bastou para abrir-lhes os olhos. Entre eles, permanecia um espírito mesquinho de competição. Sua preocupação era saber qual deles seria o maior.

Jesus enunciou, com clareza, uma norma de conduta válida para regular as relações entre eles: quem quisesse ser considerado o primeiro e mais importante de todos, deveria ser capaz de se colocar no último lugar e assumir a condição de servo dos demais. O colocar-se em último lugar deveria resultar de um ato livre, sem nenhum complexo de inferioridade. O fazer-se servidor seria conseqüência da superação do próprio egoísmo, não uma atitude resignada de quem não sabe fazer valer seus direitos. Quebra-se, assim, o ciclo da ambição e fica banida do seio da comunidade a tentação da tirania. O Reino, portanto, tem uma escala de valores que não corresponde àquela do mundo.

A orientação de Jesus exigiu dos discípulos uma reformulação de seus esquemas mentais. Não dava para aplicar ao Reino a visão mundana com que estavam contaminados.

Oração
Senhor Jesus, tira do meu coração todo ideal humano de grandeza, e faze-me compreender que ela consiste em fazer-me servidor.

23.09.2012
25º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – I SEMANA DO SALTÉRIO)
TEMPO DE AMAR E LER A BÍBLIA - SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA
__ "Acolhimento: condição para servir" __





23 de setembro – 25º DOMINGO COMUM
QUEM É O MAIS IMPORTANTE? O QUE É O MAIS IMPORTANTE?
O mais importante, o maior no reino de Deus não é quem ocupa o cargo de maior prestígio nem quem aparece mais. O maior, o mais importante para Jesus é quem ama mais. Quem está preocupado em ser o melhor, o mais famoso, o mais elogiado perde tempo e não presta atenção no essencial.
No evangelho de hoje, vimos Jesus falando a respeito de momentos fortes e significativos em sua missão, mas os discípulos não entenderam nada. Não entenderam porque estavam preocupados com cargos, funções, privilégios. Eles tinham uma ideia equivocada de Jesus. Pensavam que ele seria um rei como os reis deste mundo – que gostam de ser bajulados, gostam que seus nomes sejam repetidos, gostam de usar roupas especiais, coroas. Mas Jesus não estava pensando em nada disso. Ele estava falando que o Filho do homem, ou seja, ele mesmo, deveria ser morto. E por nossa fé hoje sabemos: ele morreu para nos dar a vida. Entregou sua vida para nos livrar da morte. Não existe sinal de amor mais forte do que esse.
É este o poder que Jesus representa: o poder do amor, da simplicidade. Não é o poder das armas ou dos exércitos. É o poder da vida simples, aparentemente frágil, mas resistente. O poder de Jesus acontece assim: quando tudo parece perdido, surge uma luz. Quando tudo parece seco, deserto, uma semente germina, desabrocha uma flor, cresce um fruto. Parece que a morte venceu, mas não, a vida é que tem a última palavra. É assim o poder de Jesus: ele vai acontecendo aos poucos, no silêncio, na solidão até. E o poder de Jesus vai se manifestando nos sorrisos, nos abraços, nas lágrimas de solidariedade e de alegria, na pouca comida que é partilhada, na vida que é acolhida e criada em meio a lutas e dificuldades.
Quem está preocupado com fama, poder, riqueza fácil, “prosperidade” a qualquer custo não vê as coisas simples, não percebe a grandeza e o poder, a força do amor discreto de Jesus. Sim, o amor de Jesus é discreto, pois quem ama de verdade não quer aparecer por aparecer. Quem ama quer amar, e isso pode até aparecer como bom exemplo, como testemunho. Mas não precisa de muita propaganda, não. Espalha-se por si só, e quem tem Jesus no coração logo percebe: é de verdade, porque é amor.


Pe. Claudiano Avelino dos Santos, ssp

Dia 23 de setembro 
MISSA DO 25º DOMINGO COMUM
ANO B (Verde) – ANO XXXV – REMESSA X











PONTOS DE REFLEXÃO
I LEITURA  Sb 2,12.17-20
Este trecho sapiencial  faz parte de uma reflexão mais ampla que tem por protagonistas os “ímpios”. Neles é evidente a falta de Sabedoria. O motivo da sua rejeição total do “justo” consiste no facto de que este, com a sua vida e em particular com a sua “mansidão”, é para os ímpios uma “repreensão” contínua e, consequentemente, uma condenação do seu viver.
Não é fácil de adivinhar a situação ambiental e histórica desta passagem. Todavia, não estamos muito longe da verdade quando pensamos num território da diáspora judaica, ou então do exílio, e portanto na presença do hebreu piedoso, num ambiente onde a voz dos pagãos era forte ou , eventualmente, também de Judeus que tinham abandonado a fé primitiva.
Estamos perante a tentativa de sempre,   de querer que os outros sejam como nós . Os “ímpios” foram tomados de um ateísmo prático e chegaram a atribuir a orientação do homem ao acaso, a sua justiça é ditada pela lei do mais forte. Por isso decidem colocar o “justo” à “prova” e persegui-lo, porque cumpre a Torá, Palavra do Senhor, porque a sua vida e as suas palavras são uma “repreensão” contínua do seu comportamento. Dizem com ironia e desprezo que querem “ver” e “observar” se Deus cumpre a sua Palavra e está pronto a “livrá-lo da morte”: Mas, uma tal argumentação é fruto apenas da ignorância e arrogância.
Interroguemo-nos: trata-se mesmo de uma “condenação à morte” do “justo”? Provavelmente o autor  desta página sapiencial pretende apresentar um caso emblemático de perseguição, válido em muitas circunstâncias, que já se verificou ou poderia acontecer num futuro não muito distante.
II LEITURA Tg 3,16-4,3
Tiago indica alguns comportamentos e atitudes que não se conciliam com a verdadeira sabedoria. E são indicados os seus limites. É sábio aquele que sabe manter uma “boa conduta” e sabe construir ao seu redor relações fraternas e “pacíficas”, de modo a tornar-se capaz de tratar os próprios inimigos com sentimentos de “compreensão”, “generosidade” e “misericórdia”, usando para todos a medida da “bondade” e da “imparcialidade”, “sem hipocrisia”.
O redator desta página, saindo a descoberto e dirigindo-se à comunidade cristã, compara os contrastes e as lutas presentes nela, ás guerras e aos conflitos que caracterizam as dinâmicas do mundo. A este propósito, explicita com aguda intuição psicológica que todas as divisões têm origem na escuta desconsiderada das paixões, entendidas como desejo forte de posse e de gozo, assentes como sempre na tentação; e do desejo da autossuficiência e do egoísmo. Deste espírito obscurecido e contorcido só podem nascer frutos envenenados, como a cobiça, a violência, a inveja, o rancor, os desencontros, os conflitos e até o modo errado de rezar. A situação de fratura que o homem leva na alma, descrita apenas como “paixões que lutam nos seus membros”, leva inevitavelmente a divisões e lutas sem fim, inclusive na comunidade cristã. Nota-se na linguagem de Tiago, ironia, desgosto e um mal-estar evidente pelo que está a acontecer.
EVANGELHO Mc 9,30-37.
A caminhada de fé não é fácil para os discípulos. Experimentaram-no diretamente mais uma vez. Encontrando-se a sós com o Mestre, Ele aproveita para continuar a formação deles, voltando ao tema do messias sofredor. A reação dos Doze é novamente negativa e de rejeição, porque percebem que as consequências não correspondem às suas perspetivas de grandeza e de privilégios.
Continua o itinerário de Jesus com os Seus. Não estamos perante uma simples discrição em sentido geográfico, isto é, uma normal viagem para Jerusalém, mas um percurso com um denso conteúdo teológico. É uma caminhada realizada na plena obediência ao Pai, em direção a esse lugar santo onde se cumprirá a Páscoa, isto é, os mistérios da morte e da ressurreição do Filho do homem. No coração dos discípulos albergam-se ainda a escuridão e a confusão e, sobretudo, muito medo. Começando a perceber a importância dos acontecimentos, eles recusam-se a acolhê-los.
Jesus, como bom Mestre, não Se dá por vencido, e a fim de dispersar em parte as trevas, dá início a um longo diálogo com eles, em que apresenta as novas regras do Seu grupo. No texto de hoje Jesus indica a primeira: o serviço.  O Mestre propõe uma premissa irrenunciável: quem não acolher o mistério da Cruz, não saberá entrar na vida e na experiência de Jesus.
Os discípulos, todavia, começam a erguer as primeiras defesas, ao não aceitarem separar-se das suas convicções acerca do Messias. Temos uma clara discussão “no caminho” acerca de quem era o maior. Interrogados diretamente, recusam e envergonham-se de manifestar abertamente o argumento das suas conversas, portanto apanhados em flagrante. Jesus não se dá por vencido e coloca diante dos olhos deles um modelo inesperado, mas certamente de fácil leitura, uma “criança”, considerada, no ambiente palestino, privada não só de prerrogativas comuns, mas até de todos os direitos. Note-se que em aramaico o termo empregado para dizer “criança” e “servo” é o mesmo.
Jesus é exemplo luminosos para nós! Ele leva plenamente a termo a missão profética do servo, manso e humilde de coração, anuncia com as palavras e as obras a salvação aos pobres, coloca-Se no meio dos Seus “como aquele que serve”.
Padre José Granja,
Reitor da Basílica dos Congregados, Braga (Portugal)



http://alexandrina.balasar.free.fr/tempo_comum_b_25.htm

Como funciona a pedagogia da ganância?

Postado por: homilia

setembro 23rd, 2012


O que Jesus revelava era um paradoxo, dos inúmeros de sua pregação. O senso comum recusa suas palavras, enquanto sustenta a escalada de privilégios na sociedade. Para Jesus, o justo é aquele que incomoda o injusto, porque vai denunciar o seu agir contrário à legalidade.
O justo ao denunciar os atos errados do injusto acaba por ocasionar sua ira, pois ele não se considera errado, mas sim esperto. Jesus identifica a acolhida de Deus aos empobrecidos, despojados de dignidade, fracos, com o acolhimento que devemos dar às crianças. Aqueles que não têm direitos, dignidade, cidadania, nem quem olhe por eles. Os últimos na escala social, os desprezados, os “improdutivos” eram levados em conta na chegada do Reino de Deus. O fenômeno da padronização de consumidores, na sociedade recente, repercute de forma decisiva sobre os empobrecidos e os “sem nome” na lista da família dos poderosos.
O vestuário, a utilização dos meios de transporte, o lazer, a proteção e seguridade social, a habitação, a escola, o sistema de saúde, demonstram o quão distantes estão os empobrecidos dos recursos disponíveis e da distribuição dos bens sociais. Temos aqui uma democracia eleitoral, mas falta uma democracia participativa na distribuição dos bens sociais; falta democracia na distribuição do trabalho e da produção; falta democratizar as riquezas que certamente existem neste país. A rigor, ainda vivemos sob conceitos da democracia dos filósofos da antiguidade, na Grécia antiga: democracia só para as elites e para os de boa posição na sociedade.
Os “pequenos” são vítimas das desigualdades sociais, por afinidade. O Evangelho, porém, faz gerar novos símbolos que se contraporão às formas de linguagem e aos modelos que sustentam a sociedade consumista, juntamente com os valores desumanos a que se recorrem para justificar a competição desigual e a ganância galopante. Estas têm se transformado em virtudes… Assim é a pedagogia da ganância.
A cobiça pelo dinheiro, prestígio e mando, pode levar a um caminho sem volta, e nos afastar do Cristianismo de maneira irreversível, adverte São Tiago. Uma explicação simples e eficaz da causa dos conflitos na comunidade cristã encontra-se na ambição ou ganância. Com efeito, ninguém rouba, mata ou arruína a vida alheia se não estiver movido por algum tipo de ambição.
Lembrando que São Tiago dirige-se aos cristãos da comunidade de Jerusalém. Os de fora, pagãos, não merecem sua atenção. O apóstolo detecta crimes cometidos no seio da comunidade, sem excluir até mesmo a existência de assassinatos: “sois assassinos e invejosos” (4,2). Não é uma metáfora. Os cristãos praticavam coisas condenáveis, adverte. Isso depois de enumerar a maledicência, a rivalidade, a disputa de poder dentro da comunidade. O desejo de ser mais forte que os demais, de se ter mais poder econômico, de se assegurarem privilégios e poder de mando, são manifestações da ambição e ganância. O problema de tais condutas, inspiradas e patrocinadas pela sociedade, é que o ideal de vida – inclusive o de pessoas cristãs – é contaminado pelo desejo e luta pela posse e acumulação de bens. E não se trata aqui somente de dinheiro e bens imóveis ou financeiros.
No movimento de Jesus os discípulos são envolvidos com questões de suma importância. Trata-se do escândalo da negação de legitimidade para ambiciosos de poder, na comunidade eclesial e fora dela. A discussão dos discípulos, concentrados não em seu ensinamento, mas na repartição dos cargos burocráticos de um hipotético governo, como um exemplo da vida diária. Está na pauta, é parte dos ensinamentos de Jesus. Os discípulos devem superar o medo cultural que os invade e que impede de dirigirem-se a Ele com mais confiança, sem obediência hierárquica.
Jesus lança mão de uma estratégia pedagógica muito engenhosa: a “criança” era uma das criaturas mais insignificantes da cultura israelita. Por sua fragilidade física ainda em formação e idade, a criança não estava em condições de participar da guerra, da política e nem da vida religiosa. Jesus coloca um desses pequenos para o meio deles e lhes mostra como o presente e o futuro da comunidade está dependendo das pessoas mais esquecidas e mais simples. Somente assim há de se reverter o sistema de valores. E só dessa maneira a comunidade se tornará uma alternativa diante do “mundo” que só valoriza as pessoas endinheiradas, com uma boa posição social ou os que têm poder político e econômico.
A novidade de Jesus consiste em tornar grande o pequeno. Ao dar valor aos que fazem os trabalhos mais humildes e às pessoas tidas culturalmente – dentro da sociedade – como insignificantes “zero à esquerda”, Ele aponta para a igualdade de direitos e a dignidade de todos.
Marcos reúne numa só instrução uma série de sentenças de Jesus, conservadas e transmitidas pelas gerações e tradições primitivas da Igreja. O centro da ação de Jesus é uma casa em Cafarnaum, lugar transformado em escola de apóstolos. Predomina a instrução sobre a humildade. Melhor: o pequeno é “grande” diante de Deus. Os socialmente humildes, sem poder econômico, sem terra, sem emprego, sem teto, sem defesa nas causas levadas aos tribunais, sem nada que os destaque e espelhe dignidade devida e concedida por direito, ocupam lugar central no Reino de Deus. Os oprimidos e esquecidos pela sociedade merecerão a atenção graciosa de Deus.
Pois bem, meu irmão, escute as palavras de Nosso Senhor. Ele nos adverte: “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos”.
Senhor Jesus, tira do meu coração todo ideal humano de grandeza, e faz-me compreender que ela consiste em fazer-me servidor.
Padre Bantu Mendonça

Leitura Orante


Mc 9,30-37 – Uma escala de valores diferentes



Saudação

- A nós, a paz de Deus, nosso Pai,
a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!

Preparo-me para a Leitura, rezando:

Jesus Mestre, que dissestes:
"Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome,
eu aí estarei no meio deles",
ficai conosco,
aqui reunidos (pela grande rede da internet),
para melhor meditar
e comungar com a vossa Palavra.
Sois o Mestre e a Verdade:
iluminai-nos, para que melhor compreendamos
as Sagradas Escrituras.
Sois o Guia e o Caminho:
fazei-nos dóceis ao vosso seguimento.
Sois a Vida:
transformai nosso coração em terra boa,
onde a Palavra de Deus produza frutos
abundantes de santidade e missão.
(Bv. Alberione)

1. Leitura (Verdade)O que diz o texto do dia?

Leio atentamente, na Bíblia, o texto: 
Mc 9, 30-37,
 e observo pessoas, palavras, relações, lugares.

Jesus e os discípulos saíram daquele lugar e continuaram atravessando a Galileia. Jesus não queria que ninguém soubesse onde ele estava porque estava ensinando os discípulos. Ele lhes dizia:
- O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens, e eles vão matá-lo; mas três dias depois ele ressuscitará.
Eles não entendiam o que Jesus dizia, mas tinham medo de perguntar.
Jesus e os discípulos chegaram à cidade de Cafarnaum. Quando já estavam em casa, Jesus perguntou aos doze discípulos:
- O que é que vocês estavam discutindo no caminho?
Mas eles ficaram calados porque no caminho tinham discutido sobre qual deles era o mais importante.
Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse:
- Se alguém quer ser o primeiro, deve ficar em último lugar e servir a todos.
Aí segurou uma criança e a pôs no meio deles. E, abraçando-a, disse aos discípulos:
- Aquele que, por ser meu seguidor, receber uma criança como esta estará também me recebendo. E quem me receber não recebe somente a mim, mas também aquele que me enviou.

Os discípulos e seguidores de Jesus Cristo encontram alguns desafios nas relações.
O primeiro é a competição. Está na afirmação de Jesus: “Se alguém quer ser o primeiro, deve ficar em último lugar e servir a todos”. E a resposta é dada por Jesus através de uma parábola viva: segura uma criança e a põe no meio de todos. Abraça-a e diz aos discípulos que ao acolher uma criança estarão acolhendo a Ele. Parece coisa sem muita importância, sem expressão, mas quem receber a criança receberá o Cristo e, por conseqüência, recebe o Pai. Não é um gesto sem importância! Duas atitudes de suma importância para o discípulo de Jesus: colocar-se no último lugar e fazer-se servidor.

2. Meditação (Caminho) 

O que o texto diz para mim, hoje? 

O que mais me toca o coração?

Entro em diálogo com o texto. 
Reflito e atualizo a Palavra na minha vida, recordando os bispos da América Latina e Caribe que disseram: 

Para ficar parecido verdadeiramente com o Mestre é necessário assumir a centralidade do Mandamento do amor, que Ele quis chamar seu e novo: “Amem-se uns aos outros, como eu os amei” (Jo 15,12). Este amor, com a medida de Jesus, com total dom de si, além de ser o diferencial de cada cristão, não pode deixar de ser a característica de sua Igreja, comunidade discípula de Cristo, cujo testemunho de caridade fraterna será o primeiro e principal anúncio, “todos reconhecerão que sois meus discípulos” (Jo 13,35).” (DAp 138).

3.Oração (Vida)

O que o texto me leva a dizer a Deus?

Rezo com o bem-aventurado Alberione:

Jesus Mestre, 
disseste que a vida eterna consiste
em conhecer a ti e ao Pai.
Derrama sobre nós, a abundância
do Espírito Santo!
Que ele nos ilumine, guie e fortaleça no teu seguimento,
porque és o único caminho para o Pai.
Faze-nos crescer no teu amor,
para que sejamos, como o apóstolo Paulo
testemunhas vivas do teu Evangelho.
Com Maria,
Mãe Mestra e Rainha dos Apóstolos,
guardaremos tua Palavra,
meditando-a no coração.

Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, tem piedade de nós.

4.Contemplação (Vida e Missão)

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?

Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus.
Por isso, vou eliminar do meu modo de pensar e agir aquilo que não vem de Deus,
toda pretensão de ser o maior e o melhor, de ser servido,   mas procurando servir e ajudar.
Escolho uma frase ou palavra para memorizar e repeti-la durante o dia.

Bênção

- Deus nos abençoe e nos guarde. 
Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. 
Amém.
-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. 
Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, 
Pai e Filho e Espírito Santo. 
Amém.
Mês da Bíblia 
Setembro 2012

O tema é: Discípulos Missionários a partir do Evangelho de Marcos
e o lema é: Coragem! Levanta-te! Ele te chama!

Saiba mais acessando:
http://comunicacatequese.blogspot.com.br/ 
Irmã Patrícia Silva, fsp


Oração Final
Pai Santo, o apóstolo Tiago fala hoje das relações entre os irmãos em tua Igreja. Abre, Pai amado, nosso entendimento para ouvi-lo e vivermos sem discriminações e hipocrisia, plenos de misericórdia e justiça. Pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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