sábado, 19 de maio de 2012

HOMÍLIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 20/05/2012

20 de Maio de 2012 


Marcos 16,15-20

Comentário do Evangelho

A missão é o testemunho do amor misericordioso

O evangelho de Marcos originalmente terminava em Mc 16,8 com o anúncio do anjo às mulheres, dizendo que Jesus ressuscitara e precedia os discípulos na Galileia. Provavelmente no segundo século, a Igreja, já estruturada, julgou inconveniente a falta das narrativas das aparições do Ressuscitado neste evangelho. Foram, então, acrescentadas três narrativas de aparições, que são resumos das narrativas de aparições dos outros evangelhos, particularmente de Lucas e João. 
Nesta elaboração tardia, tipicamente institucional, a fala atribuída a Jesus, após as três aparições, vai no sentido de afirmar o poder excludente da Igreja, na qual a profissão de fé seguida do batismo já estava consagrada como caminho único e absoluto da salvação. Também ficam afirmados poderes excepcionais conferidos ao crente, como sinais da sua fé, o que contraria a realidade da simplicidade da fé a ser vivida no dia a dia pelos comuns dos mortais. Com uma visão amadurecida, compreende-se que não cabe à missão impor, condenar ou praticar ações espetaculares. A missão é o testemunho do amor misericordioso, a valorização e o cultivo das manifestações de vida encontradas nas diversificadas comunidades, vendo nelas o sinal da presença de Deus entre os povos, sem exclusões. 
Os últimos versículos fazem alusão à ascensão aos céus, conforme narrada por Lucas em seu evangelho e mais desenvolvida nos Atos dos Apóstolos (primeira leitura), com um sumário de missão. A exaltação do Ressuscitado retirado da terra e glorificado no céu (segunda leitura) foi resultado da influência do messianismo escatológico nas mentes dos discípulos de origem no judaísmo. Esta visão, que relegou a segundo plano a revelação e a comunicação de Deus na vida e no testemunho de amor do Jesus histórico, influenciou durante séculos a teologia, a espiritualidade e a pastoral da Igreja, remetendo a fé em Jesus a uma recompensa na vida gloriosa futura e celestial. Hoje, resgatando-se as memórias de Jesus de Nazaré, na sua humanidade plena, a fé na sua presença, vivo, nas comunidades nos move ao alegre empenho em construir um mundo novo solidário e fraterno, em que todos se unam em torno do projeto da vida plena para todos, sem restrições.

José Raimundo Oliva


Vivendo a Palavra

Assim termina o Evangelho escrito pela Comunidade de Marcos: “o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus.“ Mas, conforme sua promessa, Ele está e estará conosco até o fim dos tempos: pela fé e pelo Espírito, nos sinais que instituiu; concretamente, na pessoa do nosso próximo, especialmente do pobre.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

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1. "NOVO HOMEM"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Meu grupo imaginário de debatedores do evangelho aspirantes a teólogos, se reuniu para refletir o evangelho desse domingo, Festa da Ascensão do Senhor. O Mota, que é o homem encarregado de comprar as hóstias e partículas da paróquia deu início a conversa. “Bom, nessa não caio mais, a apoteótica subida de Jesus ao céu é coisa secundária, os holofotes estão voltados para os discípulos, que recebem a missão, que será acompanhada de sinais prodigiosos”. Certo? Nem mal havia perguntado, o Ernesto, aquele que é líder em uma empresa, retrucou: “Epa! Se é festa da ascensão, a cena principal é Jesus subindo ao céu, pode conferir, vamos ver aqui...” O grupo abriu o Novo Testamento e a Dona Maria, empregada doméstica, observou “Olha, acho que esqueceram de avisar o Marcos que esse domingo é a festa da ascensão, tem três ou quatro palavras dizendo que Jesus foi elevado ao céu e mais nada”

E antes que o grupo esquentasse ainda mais a conversa, eu convidei todos a lerem o capítulo 16 , onde está inserido esse evangelho. A constatação foi a que eu já esperava “Se a ascensão fosse uma prova final, os coitados dos discípulos tomariam zero e seriam reprovados...” - comentou a catequista Roseli. De fato, o quadro que Marcos descreve, antes desse evangelho é meio tenebroso, as mulheres cheias de medo não disseram nada a ninguém, embora tivessem recebido do jovem vestido de branco, a missão de anunciar aos discípulos, Maria de Magdala até que anunciou aos discípulos, mas eles estavam aflitos e choravam, ouviram dizer que Jesus estava vivo, porque ela o tinha visto, mas não acreditaram. Quanto aqueles dois na estrada de Emaús, demorou para “cair a ficha” e perceber que Jesus caminhava com eles, daí foram anunciar ao restante, mas eles duvidaram. Quando Jesus se manifestou aos onze censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, por não darem crédito ao anúncio. “É isso aí, tomaram a maior esfrega, foi bem feito!” – concluiu o Ernesto.  “Eu é que não seria louco de confiar uma missão tão importante a um grupo desse!” – exclamou o Mota decepcionado.
Os discípulos não tinham poderes sobrenaturais, Jesus não confiou a missão a super-homens, o texto anterior nos mostra isso, e aí é que está o bonito da história, nós também muitas vezes temos dúvidas, não acreditamos, e diante de certos acontecimentos, demora para “cair a nossa ficha”, por isso a ascensão de Jesus marca o início da missão da  Igreja,  e daí a gente começa a se ver nesse evangelho, e principalmente no relato de Lucas em Atos, primeira leitura, quando vivenciamos uma fé da magia e ficamos olhando para o céu, esperando que Jesus volte para consertar tudo o que está errado.

“Olha, confesso que estou meio boiando” – comentou o Mota. “se é a Festa da Ascensão, ou em outras palavras, é a festa da subida de Jesus ao céu, é a sua volta para o Pai, como então descartarmos aquilo que no evangelho parece essencial?”, perguntou a esperta Roseli. De alguém que subiu na vida., a gente afirma que está em ascensão, na encarnação Jesus desceu, e esvaziando-se de si mesmo rebaixou-se á condição de escravo ao morrer na cruz, mas estando no fundo do poço, como podemos dizer, ele fez da condição humana o ponto de apoio para subir e alcançar a glória no mais alto do céu.

E assim, a natureza humana tão frágil e decaída, dominada pelo mal, se vê resgatada em sua dignidade maior, porque o Divino vem ao encontro do humano e se entrelaça na comunhão. Em Jesus toda a humanidade sobe, porque o céu se abre, o ser humano atinge a sua plenitude resgatando o paraíso do Eden que havia perdido. “Então esse “Sobe e Desce” de Jesus, nos evangelhos é apenas uma força de expressão?” – perguntou o Ernesto.

Na verdade Jesus nunca saiu do lado do Pai, mas também nunca nos deixou, esse entrelaçamento do Divino e humano, por livre iniciativa de Deus, é o mistério do Verbo encarnado, onde uma pessoa histórica e real, Jesus de Nazaré, dá um novo significado á vida do homem, trazendo aquele paraíso que perdemos, aqui dentro de nós e podemos falar sem medo, que festa da ascensão é a nova criação que agora se concretiza e se realiza em toda a humanidade, através de Jesus de Nazaré.

O anúncio do evangelho é exatamente essa Boa Nova, de que todo o homem é em Cristo nova Criatura, redimida, liberta e salva, destinada á comunhão plena com Deus em seu paraíso, e desta vez não há o perigo de sermos ludibriados pela serpente, fomos vacinados com a graça de Deus que recebemos no santo batismo.

O mundo inteiro precisa saber dessa Boa Nova, é essa precisamente a missão primária da nossa Igreja, acreditar que o anúncio é verdadeiro, e ser batizado, é condição essencial para quem quer passar por essa renovação espiritual que chamamos de salvação, onde somos configurados a Cristo e com ele já estamos no céu, mesmo ainda estando a caminho, por esta vida terrena. Se ele é a cabeça e nós os membros, não há como duvidar disso, pois o corpo forma uma unidade da qual a nossa Igreja é a expressão mais fiel. É por esta razão que o Senhor age com o discípulo, e confirma a palavra, por meio dos sinais, atestando a sua autenticidade, mesmo vindo de homens tão frágeis como todos nós. É a chancela, o carimbo de aprovação, que o Espírito imprime em nossa missão. (FESTA DA ASCENSÃO – Marcos 16, 14-19)

José da Cruz é Diácono da 

Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP


2. A missão é o testemunho do amor misericordioso
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

VIDE ACIMA

Oração

Senhor Jesus, contemplando tua ascensão para junto do Pai, assumo a tarefa de levar, ao mundo inteiro e a toda criatura, a mensagem do teu Evangelho.


3. A SUBIDA AOS CÉUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O Evangelho de Marcos, em sua redação original, encerrava-se no versículo 8 do capítulo 16, com o encontro do túmulo vazio pelas mulheres. Os versículos 9 a 20, que o concluem, são um acréscimo tardio. A Igreja já estruturada teria julgado inconveniente a falta de narrativas das aparições do ressuscitado neste Evangelho. Foram, então, acrescentadas três narrativas, resumos das narrativas de aparições dos outros Evangelhos. A fala atribuída a Jesus, após as três aparições (v. 16), é no sentido de afirmar o poder excludente da Igreja, na qual a profissão de fé seguida do batismo já estava consagrada como caminho único e absoluto da salvação. Também ficam afirmados poderes excepcionais conferidos ao crente, o que contraria a simplicidade da fé a ser vivida no dia-a-dia pelos comuns dos mortais. Hoje se compreende que a prática missionária não é condenatória nem marcada por ações espetaculares. A missão é o testemunho do amor misericordioso e o reconhecimento, a valorização e o cultivo dos sinais de vida encontrados nos diversos povos e culturas. A subida aos céus está associada à narrativa de Lucas em seu Evangelho e mais desenvolvida nos Atos dos Apóstolos (primeira leitura). A exaltação do ressuscitado, retirado da terra e glorificado no céu (cf. segunda leitura), foi resultado da influência do messianismo escatológico davídico, presente nas mentes dos discípulos de origem judaica. Hoje, a fé na presença de Jesus vivo nas comunidades nos move ao alegre empenho em construir um mundo novo, solidário e fraterno, com união em torno do projeto de vida plena para todos, sem restrições.


Pe. Jacir de Freitas Faria, ofm

ASCENSÃO DO SENHOR (20 de maio)
Dia Mundial das Comunicações
IDE POR TODO O MUNDO

I. INTRODUÇÃO GERAL

Celebramos hoje a Ascensão de Jesus. Ascensão tem a ver com a ressurreição e com o tempo da Igreja. Jesus volta para a casa do Pai, a morada eterna onde todos nós esperamos estar após nossa morte. Jesus viveu no meio de nós como ser humano e agora volta para Deus. Somos privados de sua presença física e chamados a eternizá-lo na vida da Igreja, representada, primeiramente, pela comunidade de Jerusalém. Ao mesmo tempo, tornamo-nos participantes da divindade do mestre Jesus de Nazaré. O sentido último de nossa vida é Deus, autor e doador da vida plena. O humano Jesus leva consigo a natureza humana para a glória de Deus. Jesus ressuscitado permanece no meio de nós, na vida de fé da comunidade e no anúncio do reino.
  
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (At 1,1-11): Jesus não foi embora, ele está vivo na comunidade

A primeira leitura de hoje, tirada dos Atos dos Apóstolos, tem sua ligação com o Evangelho de Lucas, duas obras que se entrelaçam, pois teriam saído da pena do mesmo escritor ou comunidade. O evangelho não termina, mas continua com a ação da comunidade de Jerusalém, Antioquia, Samaria etc. Nesse trecho, introdução de toda a obra, Lucas se propõe escrever uma narração ordenada dos fatos que se cumpririam entre eles. Ele dedica a sua obra a Teófilo (Lc 1,1-4) – nome grego que significa o amigo de Deus. No fim do Evangelho de Lucas, Jesus promete o Espírito Santo e convoca os seus seguidores a permanecer em Jerusalém para a realização das promessas (Lc 24,49). Já no início dos Atos, a nossa leitura de hoje, os discípulos perguntam a Jesus: “é agora que vais restabelecer o reino de Israel?” (At 1,6). Jesus responde dizendo que eles não devem se preocupar com a data, pois esta compete ao Pai (At 1,7). O Espírito Santo continuará a realização do prometido (1,8a), que não é a restauração de Israel, mas o ser sua testemunha em Jerusalém, na Judeia, na Samaria e nos confins do mundo (At 1,8b). 

A ascensão em At 1,9-11 é narrada para mostrar que Jesus não foi embora, mas continua vivo dentro de cada apóstolo(a) que testemunha o Ressuscitado e entre eles. Jesus não foi embora. Só assim podemos falar teológica e historicamente de “Igrejas” de Jerusalém. Tivemos, na origem, como resultado da ação do Espírito Santo, vários núcleos do seguimento de Jesus, embora Lucas tenha, nos Atos, idealizado e privilegiado a comunidade de Jerusalém.

A ascensão somente tem sentido à luz de sua relação estreita com a comunidade de Jerusalém, a qual passará a ser o símbolo da Igreja, que se expandirá, na sequência, para as regiões da Judeia, da Samaria e da Galileia e daí para os confins do mundo, isto é, para o então centro daquele mundo, Roma. 

Segundo o relato dos Atos, depois da ascensão, os discípulos e discípulas de Jesus voltam do monte das Oliveiras para Jerusalém. O livro dos Atos dos Apóstolos usa dois termos para falar da cidade de Jerusalém: o nome bíblico e sagrado Jerusalém (36 vezes) e o nome grego como designação geográfica Jerosolyma (23 vezes). At 1,12 fala de voltar para Jerusalém, o que significa, então, voltar para o lugar sagrado do judaísmo, para o lugar da missão, da salvação. É como um católico dizer: “Vou a Aparecida”. Na cabeça de quem escreve os Atos estaria, com certeza, o sonho da nova Jerusalém, pois a Jerusalém cidade já tinha sido destruída pelos romanos quando os Atos foram escritos.

A comunidade de Jerusalém é judaica de origem e, por isso, fiel observante da Torá (lei, conduta, caminho, modo de vida baseado no Decálogo); ela celebra a eucaristia como memória do martírio redentor e profético de Jesus (At 2,42-46); partilha os bens (At 2,44-45) como expressão de uma espiritualidade comprometida com a justiça; está em conflito com as autoridades locais (At 3,11-4,22); está centrada no grupo dos doze apóstolos e unida em torno deles (At 2,42; 4,23-31); tem conflitos (At 5,1-11); opera prodígios e milagres (At 3,1-10).  
  
Nessas características encontramos o rosto, às vezes idealizado, da comunidade de Jerusalém. Esse modo de viver a fé na comunidade de Jerusalém foi o jeito que os primeiros cristãos encontraram para exprimir a utopia do reino de Deus anunciado e vivido por Jesus na sua integralidade e com a sua ascensão. A ascensão de Jesus no monte das Oliveiras teria sido a sua glorificação e a certeza da sua presença definitiva na comunidade de Jerusalém de forma histórica (presente), escatológica (futuro) e pneumática (plena do Espírito Santo). Tendo Jerusalém como referência e origem da comunidade judaico-cristã, os discípulos devem partir em missão até os confins do mundo, anunciando que Jesus ressuscitou e não morreu. Esse foi o grande segredo do cristianismo; caso contrário, teria se perdido, como tantas religiões do mundo antigo.

2. Evangelho (Mc 16,15-20): Atitudes  que nos põem no caminho do anúncio da boa notícia: Jesus ressuscitou

O evangelho de hoje nos mostra o movimento de Jesus ressuscitado, que aparece aos onze discípulos, enquanto comiam, e desaparece por meio da ascensão, após os instruir para a evangelização. Jesus foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus. Sentar-se numa cadeira é sinal de poder. Daí que um professor se torna catedrático. O bispo tem a sua catedral e profere sua homilia, normalmente, sentado. O poder de Jesus é transferido aos discípulos, que devem se pôr de pé e sair mundo afora, anunciando a sua ressurreição em movimento de ascensão, de subida. 

A ação de ascensão, isto é, de movimento de permanência de Jesus, consiste em sete atitudes: 1) anunciar a boa-nova a toda a humanidade; 2) batizar; 3) salvar; 4) condenar; 5) expulsar demônios em nome de Jesus; 6) falar novas línguas; 7) impor as mãos para curar doentes. Essas atitudes vêm acompanhadas da certeza de que nem serpentes nem venenos serão causa de morte para os discípulos. Anunciar, crer e salvar interagem num crescendo na ação ascensional dos discípulos. É a nova língua; não novo idioma, mas novo modo de comunicar a libertação, a vida nova do reino. Trata-se da linguagem da evangelização, não obstante as tantas línguas (idiomas) presentes. Quem caminha visando ao alto, isto é, às coisas do reino, vai deparar com venenos e serpentes e deles não deverá ter medo. Assim como Jesus venceu a morte, os seus discípulos serão amparados pela vida que não morre mais, a de Jesus ressuscitado, que os acompanhará por todo o sempre. Amém!
              
3. II leitura (Ef 1,17-23): Igreja, sinal  do reino no movimento de fé  e constante conversão

Paulo ficou sabendo que a comunidade de Éfeso estava sendo fiel a Deus na fé, no testemunho e na resistência às adversidades da evangelização. Na perspectiva da ascensão, o apóstolo reconhece que “Deus colocou tudo debaixo dos pés de Cristo e o colocou acima de todas as coisas, como cabeça da Igreja, a qual é o corpo, a plenitude daquele que plenifica tudo em todas as coisas” (v. 23). A teologia paulina reforça a caminhada da Igreja, sinal do reino em movimento de conversão contínua e testemunho de fé em Jesus ressuscitado.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

– Levar a comunidade a perceber que a ascensão é um movimento de ação transformadora do mundo com base em nossa fé em Jesus ressuscitado e na ação libertadora da Igreja. 

– Viver a ascensão significa não ficar olhando para o alto, esperando Jesus, mas pôr-se a caminho, no anúncio do reino, na evangelização. É tornar-se um bem-aventurado. 

– Evangelizar é falar a mesma linguagem – anunciar a todos a vida nova do reino –, e não falar a mesma língua (idioma). É expulsar demônios e não ter medo de serpentes e venenos, que nos impedem de caminhar.

Contemplemos em Cristo o nosso triunfo no céu


Postado por: homilia

maio 20th, 2012


Acredite nesta afirmação: você e eu já estamos com “um pé” no céu. Celebrando hoje o Domingo da Ascensão do Senhor, a Igreja nos leva a contemplar em Cristo o nosso triunfo lá no céu.
É fundamental conhecermos a Cristo para que saibamos a esperança que seu chamado nos dá, ao descobrirmos as riquezas da glória que está na herança dos santos e o imenso poder que exerceu em favor dos que creem. Essa riqueza não é algo a buscar no futuro, mas a viver já aqui – hoje e agora – na Sagrada Liturgia na qual estamos com Ele, o Sumo Sacerdote, glorificando o Pai. Seria tão bom se pudéssemos celebrar com intensidade e não simplesmente apegados a ritos, mas sim ao mistério que nos é revelado em cada celebração.
Em cada uma delas as portas do céu, no qual entramos com Cristo glorificado, se abrem. Com o Espírito que nos é dado, podemos nos alegrar com o Pai que vê seu Filho voltando com os filhos que adotou.
E nesta incontável alegria Jesus nos encarrega dessa missão: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” Se por um lado estamos com Ele na glória, por outro lado estamos na história da qual é o condutor, pois Ele é o Senhor da história. Por mais que sejamos desconhecidos, Ele conduz o universo e nos deixou com a missão de, com Ele, colocar todos os Seus inimigos debaixo de Seus pés. O inimigo é toda espécie de mal. O anúncio do Evangelho retirará do mundo o poder do mal e o conduzirá a criar, já aqui na Terra, um “Novo Céu e uma Nova Terra”.
A Ascensão de Jesus não marca um fim ou uma “virada de página”. Ele continua vivo e presente, pois estamos unidos a Ele. Ele é a cabeça que atrai o Seu corpo para o Pai, vivificando-o por meio de Seu Espírito. A Ascensão coloca-o no centro de nossa vida e de nossa história. Jesus é o Senhor de todas as coisas, é a pedra angular que fora rejeitada pelos construtores. Ele é elevado junto ao Pai, com o qual se torna – na Sua humanidade vivificante – fonte do rio da vida.
Na Ascensão, Cristo não desaparece. Pelo contrário, começa a mostrar-se e a vir. Por isso, os anjos dizem: “Ele vai voltar do mesmo modo como vistes partir para o céu”. Ele está sempre vindo. Ele levou os cativos, que somos nós, para o mundo novo da Sua ressurreição e derrama sobre os homens os Seus dons, o Seu Espírito.
Sua ascensão é um movimento progressivo. Sua ascensão é para que cheguemos ao estado de homem perfeito, à medida de Cristo na sua plenitude. O movimento da Ascensão só ficará completo quando todos os membros do Seu corpo estiverem sido atraídos para o Pai e vivificados pelo Espírito.
A liturgia é o momento de Sua vinda. Em Jesus, há uma volta ao Pai em cada liturgia celebrada. Celebramos a alegria do Pai ao ver o regresso do Filho amado da parábola. Ele não volta só, mas volta na carne, trazendo os filhos adotivos: “Eis-me aqui, com os filhos que Deus me deu”. Cada filho tem a face do Filho amado. O Pai se faz acolhimento de todos os filhos. Partilhamos da liturgia eterna.
Já estamos com “um pé” no céu. Somos “um só corpo” com Jesus. Por isso, temos uma parte nossa no céu. Ele, ao deixar o mundo, no dia da Ascensão, não subiu aos céus para afastar-se de nossa condição humilde, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à gloria da imortalidade.
Meu irmão, escute o que dizem os dois anjos aos discípulos: “Por que olham para o alto?”Agora é a vez de fazer o que Cristo fazia. É a hora da nossa missão. Não estamos sozinhos. Temos o Espírito Santo. Por isso, lancemo-nos à missão e anunciemos que a nossa natureza já está lá no céu com Cristo, nosso irmão. Esforcemo-nos para ir conquistando o céu a cada dia que passa.
Padre Bantu Mendonça

Oração Final
Pai Santo, ajuda a nossa incredulidade a enxergar a tua Presença no dia-a-dia da vida: na maravilha da criação, no mistério dos seres humanos e nos sinais do tempo presente. Ensina-nos, Pai amado, a acolher-te com encantamento e gratidão, louvando-te por toda a vida. Por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.

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