quinta-feira, 5 de abril de 2012

HOMÍLIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 08/04/2012

8 de Abril de 2012 


João 20,1-9

Comentário do Evangelho

A nova criação


Com grande liberdade, o evangelista João reinterpreta as tradições das comunidades que o antecederam, dando maior realce à dimensão universal da missão de Jesus, com uma abordagem diferenciada das tradições judaicas. João ousa ultrapassar as próprias fronteiras das categorias do Antigo Testamento. Daí o caráter simbólico com que ele aborda as narrativas daquelas tradições, às quais recorrem, com frequência, os evangelhos sinóticos, principalmente Mateus e Lucas. 

"No primeiro dia da semana, bem de madrugada, quando ainda estava escuro" (detalhe exclusivo de João) sugere as trevas do primeiro dia da criação. Agora se trata do primeiro dia da nova criação. Ainda está escuro. Jesus, morto na cruz, foi sepultado e ainda pairam a incompreensão e perplexidade sobre os discípulos. Maria havia ungido os pés de Jesus, sete dias antes, no jantar em sua casa, em Betânia, com um gesto amoroso e acolhedor, em um ambiente de alegria. Agora vai ao túmulo, sem nada levar, para, perto do corpo de Jesus, reavivar sua memória. É um carinhoso e saudoso culto ao morto. Porém, encontra o túmulo vazio! Ela não percebe o sinal: com Jesus não se trata de prestar culto a um morto em seu túmulo. Acha que tiraram o corpo e corre a avisar Pedro e o discípulo que Jesus mais amava. Ambos correm ao túmulo e este discípulo chega primeiro. Destacando a deferência e a precedência a Pedro, o discípulo aguarda que ele entre primeiro. O discípulo que Jesus mais amava, entrando no túmulo e observando as faixas de linho e o pano enrolado em um lugar à parte, crê: Jesus está vivo! Crê porque tem, agora, a certeza da presença de Jesus que em sua vida manifestou a vida em abundância. Agora percebe que Jesus é e comunica a vida eterna. 


O núcleo desta narrativa do evangelho de João é que "o discípulo que Jesus mais amava", diante do túmulo vazio de Jesus, acreditou. Para ele não são necessárias as aparições. Ele acreditou que Jesus, com o qual convivera, sempre vivera em comunhão de amor com o Pai, participando de sua vida divina e eterna. A dimensão da temporalidade cede lugar à eternidade na comunhão de amor com Deus. O discípulo crê que Jesus está vivo e presente entre eles. 


É este o anúncio (kerigma) de Pedro (primeira leitura), na reunião dos apóstolos em Jerusalém ("Concílio de Jerusalém"). Ele testemunha que, em Jesus de Nazaré, temos a revelação de que Deus é Deus de todos, sem privilégios ou discriminações de pessoas ou raças. Jesus veio a todos libertar e comunicar vida plena. Por esta sua prática, os chefes religiosos do Templo, em Jerusalém, o mataram. A cruz de Jesus é uma denúncia desta prática dos poderosos. Porém, Jesus permanece vivo em comunhão com o Pai, e a esta comunhão de vida eterna todos somos convidados, no seguimento de Jesus, buscando "as coisas do alto" (segunda leitura), na prática do amor.



Vivendo a Palavra

Tendo celebrado na Semana a morte de Jesus, a partir de hoje proclamamos a sua ressurreição. Esta é a última palavra: Ressurreição! Hoje e em todos os dias da nossa vida, tenhamos sempre presente esta verdade, tão ricamente referida pelo o apóstolo Paulo em sua carta aos coríntios: se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é sem fundamento e é vazia a nossa fé.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


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1. "ACOLHAMOS NOSSO REI!"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Lembro-me quando Pedro Augusto Rangel elegeu-se primeiro prefeito da minha cidade de Votorantim recém emancipada,  e o povo se aglomerava no jardim "Bolacha", onde ele passou com um grupo numeroso, a gente ficava na calçada em meio a multidão e acenávamos com a mão, enquanto que ele nos retribuía com acenos e sorrisos. Eu me senti orgulhoso por estar lá, apesar de ser um menino, pois o fato do prefeito ter retribuído o aceno, dava-me a nítida impressão de que ele olhava para mim. Essa troca de olhares, sorrisos, acenos, tudo é um sinal exterior daquilo que interiormente estamos sentindo. Eu na verdade não sentia nada, mas percebi que meu pai estava emocionado e dizia todo radiante “Esse é dos nossos, é do povão”.

O povo simples, postado á beira do caminho que levava a Jerusalém, se identificavam com Jesus de Nazaré, havia em todos aqueles corações, marcados pela esperança, um sentimento de alegria, porque o esperado reino messiânico estava chegando naquele homem: Jesus de Nazaré, montado em um jumentinho, para por um fim no reino da pomposidade. O mesmo sentimento presente no coração do povo estava também no coração do Messias, porém, a salvação e libertação que ele trazia era em seu sentido mais amplo.

A procissão do Domingo de Ramos exterioriza esse acolhimento, essa aceitação de Jesus, no coração e na vida de quem crê, mas precisamos tomar muito cuidado, para que o nosso canto de Hosana, não fique no oba-oba do entusiasmo momentâneo, pois proclamá-lo nosso Rei e Senhor, significa um rompimento com qualquer mentalidade ou cultura da modernidade, é a experiência profunda da conversão sincera, é a prática de uma espiritualidade que ultrapassa a religiosidade ou o simples devocional, e que nos coloca na linha do discipulado.

A ruptura se faz necessária justamente porque as vozes contrárias ao Reino, dos Poderes do mundo, tentarão sempre abafar ou distorcer a palavra de Deus. Por isso, o servo sofredor, apresentado por Isaias na primeira leitura, é alguém “duro na queda”, inflexível, convicto da missão, e que nunca se deixa “engambelar”, porque tem a língua sempre afiada, não para cortar a vida do próximo, mas para proclamar as Verdades de Deus, reconfortando os tristes e abatidos, despertando esperança no coração de todos os que o ouvem. Ainda é esse mesmo Deus que lhe abre ou ouvidos para que escute como discípulo.

Escutar como discípulo requer a disposição interior em doar-se totalmente por esta causa, por isso este Servo sofredor, que a igreja aplicou a Jesus, coloca toda sua confiança no Deus que vem ao seu auxílio, e que jamais o irá desapontar. Há ainda nessa liturgia, uma atitude que não deve faltar na vida de quem se dispõe a acolher Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador, é o esvaziamento, em grego “kênose”, que encontramos na segunda leitura dessa liturgia, quem quiser encher-se como um pavão, e alimentar a vaidade da santidade, nunca poderá ser discípulo autêntico, pois o Cristo que hoje acolhemos é o Cristo da vergonha e humilhação, é o Cristo rebaixado á condição de servo, é o Cristo que morre nu, pendurado em uma cruz, em uma morte vergonhosa e extremamente humilhante.

Acolher e ovacionar Jesus neste domingo de ramos é bastante comprometedor, por isso que a procissão expõe a fé da nossa igreja publicamente, acenar com os ramos, cantar nossos hinos de louvores e de Hosana, significa a disposição, a coragem e a fidelidade, para percorrer esse mesmo caminho, na firmeza inabalável, ainda que o mundo nos apresente tantos atalhos sedutores, onde podemos ser cristãos adocicados, ou se preferirem, cristãos de “meia tigela”, sem sofrimento e sem nenhum compromisso com o ensinamento do evangelho, como dizia um compadre na porta da igreja, em tom de brincadeira “Ser cristão é coisa muito boa, o que atrapalha é a cruz”, assim pensa a maioria dos cristãos da modernidade, e o próprio Pedro – Chefe da Igreja – também pensava, pois negou o mestre por três vezes, hoje se nega muito mais.

O evangelho da paixão nos mostra o elemento fundamental na vida do cristão: a oração, mas não aquela em que choramingamos diante de Deus, pedindo para que ele mude a nossa sorte, nos favorecendo em tudo aquilo que queremos, mas oração igual à de Cristo em sua agonia.

E finalmente, em um momento tenebroso, Lucas descreve a prisão de Jesus, como uma vitória momentânea das trevas sobre a luz. Jesus hoje continua preso, querem abafar o seu ensinamento, distorcer a essência do seu evangelho, amenizar as exigências do ser cristão, transformando-o em um cristianismo mais “light”. É bom durante a procissão de ramos, fazermos um questionamento: De que lado nós estamos? Senão, esta Semana chamada de Santa, será apenas mais uma entre muitas, cheia de piedade e devoção, e sensibilidade capaz de arrancar lágrima dos olhos, nada que uma boa dramatização teatral, também não consiga fazê-lo...

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  cruzsm@uol.com.br

2. A nova criação
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

VIDE ACIMA

Oração

Pai, desperta no meu coração uma fé verdadeira em Cristo ressuscitado, presente e vivo em nosso meio, vencedor da morte e do pecado.



3. A RESSURREIÇÃO DE JESUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Nas tradições das primeiras comunidades circulavam dois tipos de textos sobre a ressurreição: uns relativos à constatação do túmulo vazio e outros relacionados às aparições do ressuscitado. Em Marcos encontramos apenas a tradição do túmulo vazio (as aparições [16,9-20] são acréscimos tardios). Os demais evangelistas combinam-se ao coletar textos extraídos das duas tradições.

No texto de hoje, do Evangelho de João, temos a narrativa do encontro do túmulo vazio. Em continuação, o Evangelho apresentará as narrativas de aparições (cf. 14 abr., 19 abr.). A tradição do túmulo vazio suscita a fé no ressuscitado sem vê-lo. Maria Madalena chega ao túmulo. Vê a pedra que o fechava removida e acha que roubaram o corpo. Ela o comunica a Pedro e ao discípulo que Jesus amava (talvez João). Este discípulo é mais ágil do que Pedro ao dirigir-se ao túmulo; porém, em consideração a ele, deixa que entre primeiro.

O pano que tinha coberto a cabeça de Jesus estava enrolado num lugar à parte. O discípulo que Jesus amava viu e creu na presença viva de Jesus. Até então não tinham compreendido que ele ressuscitaria. Contudo, os sinais do túmulo vazio são suficientes para o discípulo amado crer que Jesus continuava vivo. Em Atos, Lucas narra o anúncio de Pedro (primeira leitura): a partir do batismo de João, iniciou-se o ministério libertador de Jesus, por toda parte, até sua morte na cruz. Porém, ressuscitado, continua presente entre os discípulos. É o mesmo Jesus de Nazaré, Filho de Deus encarnado, que a todos comunicou eternidade e vida divina.

As primeiras comunidades tinham consciência de que, pelo batismo, já viviam como ressuscitadas, isto é, em união com Jesus em sua eternidade e divindade (cf. segunda leitura; tb. Rm 6,1-4). Comprometer-se, hoje, com o projeto vivificante de Jesus, na justiça, no amor, na partilha, é viver a ressurreição, em comunhão com o Deus eterno.



Pe. José Luiz Gonzaga do Prado

DOMINGO DA PÁSCOA (8 de abril)

COMEÇA UM MUNDO NOVO!

I. INTRODUÇÃO GERAL

Hoje é o primeiro dia, hoje começa novamente a história da criação; hoje a história se renova e se refaz; hoje muda tudo, hoje tudo recomeça de nova maneira e em outra perspectiva. A vida nova de Cristo é a vida nova da humanidade, a ressurreição do Senhor é a ressurreição do mundo. Jesus está vivo, o mudo tem salvação.

Testemunho de mulher nada valia, agora a Discípula é a primeira testemunha. Ela representa a comunidade que diz: “Não sabemos onde o puseram”. Ela dá a notícia ao Discípulo e ao dirigente. Começa uma história diferente.

Na ressurreição, Deus confirma o caminho de Jesus, que, apesar de todas as aparências em contrário, é o vitorioso, é o Senhor, é o Cristo, o Messias. A partir de agora, os critérios são outros. Os homens seguem um caminho, crucificam; Deus segue outro, ressuscita, torna a levantar, a suscitar, a promovê-lo de novo a uma missão.

Já não é possível estar apegados às antigas ideias e aos antigos costumes e normas, sejam dos judeus, sejam das religiões pagãs. Agora é preciso pensar mais alto.

Precisa haver verdadeira renovação, profunda mudança de costumes, jogar fora o velho fermento, como faziam os judeus na festa da Páscoa unida à dos pães sem fermento.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS 


1. I leitura (At 10,34a.37-43)
Na fala de Pedro, em casa de Cornélio, está um resumo da pregação inicial do cristianismo. Evangelizar é noticiar um fato, um acontecimento, e mostrar a intervenção de Deus que dá novo sentido aos acontecimentos.

Aquilo que pareceu um fracasso, uma derrota, torna-se vitória. Aquele que foi morto e humilhado, Deus o ressuscitou e fez dele o juiz da humanidade e a esperança dos que nele creem.

Bem próprio dos Atos dos Apóstolos é a exclusividade dos apóstolos como testemunhas da ressurreição. Eles viram, tiveram a experiência viva de que Jesus estava ressuscitado, só eles são testemunhas. “Nós que comemos e bebemos com ele” sem dúvida faz alusão a Lc 24,41-43.


2. II leitura (Cl 3,1-4)
A uma comunidade cheia de superstições, tabus e preconceitos de sabor religioso, a palavra de Paulo convida a pensar mais alto, à luz da ressurreição e do batismo.

No trecho anterior (2,16-23), o autor da carta falava de uma mistura de dados: as normas alimentares dos judeus, suas festas e dias santificados, o culto dos anjos, a crença em visões celestes, coisas que só satisfazem a vaidade humana, “a carne”, e também os “elementos do cosmo”, ou a influência dos astros, conduzidos pelos anjos, que, segundo as religiões cósmicas, governam o mundo.

E tudo estava ligado a uma série de proibições que só fazem satisfazer a “carne”, a vaidade pessoal. Isso são coisas da terra. Ressuscitados com Cristo no batismo, temos de pensar mais alto.


3. Evangelho (Jo 20,1-9)
As narrativas pascais, embora diferentes em cada evangelho, têm uma coisa em comum: as primeiras ou a primeira pessoa a descobrir que o sepulcro está aberto é uma mulher, uma discípula. Isso quer dizer que o mundo começa a mudar, pois testemunho de mulher não era aceito legalmente (o Evangelho de Lucas refere-se a isso frequentemente) e agora deve ser aceito como o testemunho fundamental, básico, do cristianismo. É o primeiro dia, começo da nova criação.

No Evangelho segundo João, lido hoje, essa mulher é Maria Madalena, a figura feminina da verdadeira Discípula, que corresponde à figura masculina do Discípulo Amado, com a qual algumas vezes chega a se confundir. Ela fala em nome da comunidade: “Não sabemos”.

Vai ao sepulcro de manhã (não de madrugada, como querem algumas traduções). Mas ainda há trevas, não físicas – o primeiro dia já amanheceu: há trevas na mente, na incerteza ainda do que terá acontecido. Vê que a sepultura está aberta, a pedra que a fechava foi retirada, a morte foi violada.

Corre e vai até Pedro, o Dirigente, e também até o Discípulo Amado, para dizer: “Tiraram o Senhor do sepulcro”. Quem tirou? Este “tiraram” não pode ser interpretado como o plural divino? “E não sabemos onde o colocaram” – ela fala pela comunidade. Para a comunidade ainda está escuro, mas o leitor pode muito bem adivinhar quem tirou, não o cadáver, mas o Senhor, e onde o colocou.

Correm juntos o Dirigente e o Discípulo. O Discípulo, naturalmente, é mais rápido e chega primeiro. Vê os lençóis estendidos, mas não entra, espera o dirigente. Muitas traduções falam em “faixas de linho”; o evangelista parece, entretanto, falar em lençóis dispostos, estendidos, símbolos da vida.

Simão Pedro chega, entra e vê, além dos lençóis estendidos, algo muito curioso: o sudário ou lenço mortuário não junto com os lençóis, mas enrolado sobre um único lugar. O sudário enrolado, como estivera sobre a cabeça de Lázaro e sobre a cabeça de Jesus, significa a morte.

O símbolo da morte está apartado do símbolo da vida, os lençóis, e está enrolado sobre um lugar único. O evangelista utiliza o adjetivo numeral um, único, e não apenas a omissão do artigo definido ou o adjetivo “algum”, “um”, que poderia ser entendido como artigo indefinido. Que lugar único seria esse, agora envolvido pela morte?

O motivo pelo qual decidiram matar Jesus foi a ressurreição de Lázaro. Disseram: “Se deixamos Jesus vivo, todos vão acreditar nele, virão os romanos e destruirão o nosso Lugar e a nossa nação”. Esse Lugar era o Templo único, a grande fonte de renda dos sumos sacerdotes. Sobre “o lugar único” estava enrolado o lenço mortuário... Não esquecer que o evangelho é escrito 20 anos depois da destruição de Jerusalém e do Templo.

Pedro verificou como estavam em ordem as coisas no sepulcro, que aquilo não fora coisa de ladrões que houvessem roubado (para quê?) o cadáver. O Discípulo viu e acreditou, pois até então não haviam entendido a Escritura segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos.

O contraste entre Simão Pedro, que não queria que Jesus lhe lavasse os pés, e o Discípulo Amado, que não se opôs ao amor comprometedor de Jesus, fica evidente no episódio. O evangelho está dizendo que o importante não é ter uma função, um cargo, ser um dirigente da Igreja, o que interessa é ter fé, ser discípulo, seguidor.


III. DICAS PARA REFLEXÃO


– A ressurreição mostra que Deus vai na contramão dos critérios humanos: aquilo que para nós parece derrota, para Deus é vitória; o que parece o fim de tudo é novo começo, cheio de força e vigor. Aquele que, crucificado, foi feito o último dos homens agora é o Senhor, mais que César.

– A nova criação não está terminada, está apenas começando. A ressurreição do Senhor é apenas o primeiro dia; ela deve se completar com o nosso trabalho e esforço coerente. Ela começa valorizando aqueles que, aos olhos dos homens, não tinham nenhum valor.

– A nova criação está terminada, é agora irreversível. Na pessoa de Jesus, o Mundo Novo está completo; Jesus garante que nossa luta e nosso trabalho não serão em vão, não cairão no vazio, pois a intervenção final de Deus já acontece.

– A novidade da Páscoa não admite mistura com a antiga situação, tem de ser total, completa. Por isso, é preciso procurar atentamente, como fazem os meninos judeus, todo resquício do fermento velho. Tudo agora tem de ser novo, o passado tem de ser definitivamente passado.

– Depois do amanhecer do primeiro dia, mas ainda escuro, ainda obscuro, mesmo para os discípulos, qual o significado mais completo de tudo aquilo? O túmulo, o recinto da morte, está aberto, a pedra não lhe fecha mais a saída, aquele que ali estava é o Senhor, ele tem a chave da morte e do lugar dos mortos.

– O Discípulo corre mais rápido, chega primeiro, a atração que ele sente é maior. Ele, entretanto, respeita a posição do Dirigente, deixa-o entrar primeiro. O Dirigente vê, observa, verifica apenas. Cumpre a função burocrática. O Discípulo crê. Ser discípulo ou ter uma atribuição? Qual dos dois lados mais nos motiva? O mais visível é sempre o ter uma atribuição determinada, isso deixa mais claro quem somos na ordem das coisas. Será possível se motivar, até mesmo se encantar ou até se apaixonar por ser discípulo?



Aleluia! Cristo ressuscitou verdadeiramente!

Postado por: homilia

abril 8th, 2012


Aleluia! Cristo ressuscitou verdadeiramente! Ele venceu a morte e despojou o império das trevas, sendo vitorioso e dando-nos também a vitória.
Jesus venceu e também nós somos vencedores com Ele. Somos vitoriosos, porque Deus nos deu a vitória em Jesus, Seu Filho. Mas não por causa dos nossos méritos, mas sim pela Sua graça.
Cante bem alto este “Aleluia” festivo, pois chegou para nós “o dia sem ocaso”. O sol brilha para nós apontando-nos o caminho da eternidade. Aliás, Deus sempre nos conduz em triunfo para que espalhemos o perfume do conhecimento de Deus por todos os lugares que andamos.
Por Cristo e em Cristo somos mais que vencedores, porque, por Ele, passamos do fracasso e da derrota para a fortaleza, a vitória e o triunfo. Passamos da morte para a vida. Tudo isso Deus o fez por amor.
Pode Deus se deixar pregar numa cruz? Sim, Ele morreu nela por amor a você. Pode Deus permanecer num túmulo? Não, pois Ele ressuscitou para que você fosse vitorioso.
Caríssimo, se somos vitoriosos, porque guardamos para nós os maus momentos? Por que os abraçamos? Por que os mantemos conosco? Os maus momentos, os maus hábitos, o modo egoísta de se viver, as mentiras, os fanatismos, os deslizes, as falhas… Por que manter essas coisas conosco? Precisamos deixar todo esse lixo aos pés da cruz. Podemos e devemos fazer isso, porque Deus quer que o façamos.
Jesus quer que façamos isso, porque sabe que não podemos viver como Ele. Só Deus é santo. São a cruz e o túmulo vazio que nos santifica. Devemos deixar os maus momentos no madeiro e caminhar com Ele em vitória, pois Jesus não ficou no túmulo. A pedra foi removida. Deus faz mais que perdoar os pecados, Ele os remove.
A Ressurreição de Cristo é o motivo principal da pregação do Evangelho. O evento que encheu o coração dos discípulos de esperança e os tornou mensageiros do Evangelho da graça foi a visão do sepulcro vazio. A aurora do primeiro dia suscitou um novo ânimo aos decepcionados.
Jesus Cristo ressuscitado é o Senhor e Salvador dos pecadores desenganados. A Ressurreição de Cristo Jesus é a prova evidente de que a morte foi vencida e o pecado perdeu a sua força de condenação. A história da Crucificação não termina com um funeral, mas com um “festival de aleluia”. O Anjo anunciava às mulheres com júbilo: “Ele não está aqui; ressuscitou como tinha dito. Vinde ver onde ele jazia” (Mateus 28,6).
A pregação verdadeira do Evangelho começa com a afirmação convincente da morte e ressurreição de Cristo. As testemunhas são as únicas pessoas que podem falar, de fato, daquilo que presenciaram. Pedro e João, quando estavam sendo ameaçados pelas autoridades judaicas para que não pregassem a Jesus ressuscitado, disseram: “…pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (Atos 4,20).
Se a morte de Jesus trouxe desesperança para os Seus discípulos, Sua ressurreição originou uma torrente de esperança, capaz de enxergar através de nuvens espessas. Já que Cristo ressuscitou não há mais barreira que impeça a efetivação de Suas promessas.
Só o milagre do túmulo vazio poderia encher o coração dos discípulos da certeza da salvação. A regeneração do homem pecador é um produto da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pd 1,3).
A visão espiritual do túmulo vazio – que é produzida pela fé por meio da Palavra de Deus – nos garante uma certeza inconfundível de que a nossa salvação é um dom gracioso que nos motiva ao testemunho. Como insistia Thomas Brooks: “uma alma dominada pela certeza não está disposta a ir para o céu sem companhia”.
A falta de convicção inabalável da obra salvadora por meio de Cristo Jesus é o principal agente da apatia na pregação. Sem a firmeza do Evangelho não há como se pregar, com confiança, a Sua mensagem. Muitos apregoam um sistema religioso com a presunção de estar pregando o Evangelho, mas somente a segurança da Ressurreição de Cristo, bem como da nossa ressurreição com Ele, pode assegurar uma pregação legítima do Evangelho autêntico.
As mulheres que foram ver o sepulcro onde Jesus havia sido sepultado saíram de lá ao romper da manhã, ainda atônitas, com a certeza de que não havia mais um cadáver na tumba. A fé cristã começa no primeiro dia da semana, nas primeiras horas do dia, com uma certeza da vitória: a morte foi vencida e o Salvador não é um defunto.
Devemos deixar os nossos maus momentos na Cruz e também os momentos ruins dos nossos irmãos que chegam até nós. Devemos amá-los. Se amarmos a Deus, amamos também os nossos irmãos. Como podemos nos aproximar d’Ele e pedir perdão, se nós não perdoamos os nossos irmãos?
Coisas do passado sempre são trazidas ao presente. Como alguns têm boa memória para os erros dos irmãos e péssima memória para a mudança deles! Pare de se prender aos erros do passado. Olhe para o bom fruto que pode brotar no coração do seu irmão. Assim como você ressuscitou com Cristo e é uma nova criatura, também ele é, em Cristo e com Cristo, uma nova criatura.
Abandone seus pecados antes que eles contaminem totalmente você. Abandone o rancor, antes que ele o incite à raiva e contenda. Entregue a Deus a sua ansiedade antes que ela o iniba de caminhar com fé. Dê a Deus os seus momentos ruins.
Se você deixar com o Senhor os seus momentos ruins, só sobrarão bons momentos, então, Cristo terá ressuscitado em você. E se Ele ressuscitou em você, já não é você quem vive, mas é Cristo que vive no seu corpo. E se Ele vive em você, em você tudo é santo, porque está envolvido pela luz d’Aquele que verdadeiramente ressuscitou.
Feliz Páscoa!
Padre Bantu Mendonça

Leitura Orante 

Preparo-me para a Leitura Orante, rezando com os internautas do mundo inteiro e
os cristãos de todos os tempos e lugares: 

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 

Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser. 

Eu vos adoro, amo e agradeço.

1. Leitura (Verdade) 

- O que a Palavra diz? 

Leio atentamente, na Bíblia, o texto do Evangelho do Dia: Jo 20,1-9.
Maria Madalena vai bem cedo, ainda era escuro, ao túmulo. O texto diz o que Maria viu e, não o que não viu. Viu a pedra afastada e não viu o corpo de Jesus, Maria é a primeira mensageira do túmulo vazio. Por outro lado, os lençóis e a faixa que tinham posto em volta da cabeça de Jesus, estavam lá, deixados, abandonados, pois uma pessoa viva não precisava deles. São prova mais evidente do que o sepulcro vazio. O "outro discípulo", João, o discípulo amado, viu o túmulo vazio e creu. Quem ama acredita, o amor dá créditos, gera a fé.

2. Meditação(Caminho) 

- O que a Palavra diz para mim? 

Pergunto-me: para onde caminho? 

Acredito?

Tenho fé e dou crédito nos testemunhos? 

É o amor que me leva a descobrir e encontrar a vida nova, Jesus Cristo vivo na minha comunidade? 

Leio e rezo, a bela mensagem dos bispos, inspirada, no convite dos discípulos de Emaús: 

""Fica conosco, pois cai a tarde e o dia já se declina" (Lc 24,29).
Fica conosco, Senhor, acompanha-nos ainda que nem sempre tenhamos sabido reconhecer-te.
Fica conosco, porque ao redor de nós as mais densas sombras vão se fazendo, e Tu és a Luz; em nossos corações se insinua a falta de esperança, e tu os faz arder com a certeza da Páscoa. Estamos cansados do caminho, mas tu nos confortas na fração do pão para anunciar a nossos irmãos que na verdade tu tens ressuscitado e que nos tem dado a missão de ser testemunhas de tua ressurreição.

Fica conosco, Senhor, quando ao redor de nossa fé católica surgem as névoas da dúvida, do cansaço ou da dificuldade: tu, que és a própria Verdade como revelador do Pai, ilumina nossas mentes com tua Palavra; ajuda-nos a sentir a beleza de crer em ti.

Fica em nossas famílias, ilumina-as em suas dúvidas, sustenta-as em suas dificuldades, consola-as em seus sofrimentos e no cansaço de cada dia, quando ao redor delas se acumulam sombras que ameaçam sua unidade e sua natureza. Tu que és a Vida, fica em nossos lares, para que continuem sendo ninhos onde nasça a vida humana abundante e generosamente, onde se acolha, se ame, se respeite a vida desde a sua concepção até seu término natural.

Fica, Senhor, com aqueles que em nossas sociedade são os mais vulneráveis; fica com os pobres e humildes, com os indígenas e afro-americanos, que nem sempre encontram espaços e apoio para expressar a riqueza de sua cultura e a sabedoria de sua identidade. Fica, Senhor, com nossas crianças e com nossos jovens, que são a esperança e a riqueza de nosso Continente, protege-os de tantas armadilhas que atentam contra sua inocência e contra suas legítimas esperanças. Oh bom Pastor, fica com nossos anciãos e com nossos enfermos! Fortalece a todos em sua fé para que sejam teus discípulos e missionários!" 
(DAp 554).

3. Oração (Vida) 

- O que a Palavra me leva a dizer a Deus? 

Rezo com Maria, a Mãe de Jesus, as alegrias da Ressurreição de seu Filho Jesus. 

- Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia!
- Porque quem merecestes trazer em vosso puríssimo seio, aleluia!
- Ressuscitou como disse, aleluia!
- Rogai a Deus por nós, aleluia!
- Exultai e alegrai-vos, ó Virgem Maria, aleluia!
- Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia!
Ave, Maria... 

- Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
- Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos 

Ó Deus, que alegrastes o mundo com a ressurreição de vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso, concedei-nos, vo-lo suplicamos, que por sua Mãe, a Virgem Maria, alcancemos as alegrias da vida eterna. Pelo mesmo Cristo, nosso Senhor. Amém.

4. Contemplação(Vida/ Missão) 

- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra? 

Vou cultivar um olhar de amor que acredita e por isto descobre na comunidade a Vida e os sinais de Vida.

Bênção 

- Deus nos abençoe e nos guarde. 
Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. 
Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, 
Pai e Filho e Espírito Santo.
 Amém.

I. Patrícia Silva, fsp



http://www.paulinas.org.br/diafeliz/evangelho.aspx

Oração Final



Pai Santo, dá-nos encantamento e gratidão para acolhermos no coração e na vida o dom de teu Filho Unigênito que se fez humano como nós para que nos tornássemos com Ele teus filhos amados. Dá-nos, Pai cheio de misericórdia, generosidade para partilhar com os companheiros peregrinos esse Dom que nos ofereces. Pelo mesmo Cristo Jesus, na unidade do Espírito Santo.




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