sábado, 3 de julho de 2021

HOMILIA DIÁRIA - (CANÇÃO NOVA) - Jo 20,24-29 - 03/07/2021


Fé é crer naquilo que não vemos

“Mas Tomé disse-lhes: ‘Se eu não vir as marcas dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei’” (João 20,25).


Tomé é um homem de fé, mas é também um homem da incredulidade e da fé material. A fé material é aquela que exige ver para crer, que não crê naquilo que não vê, naquilo que realmente não toca. Mas não é para condenarmos Tomé, pelo contrário, é para aprendermos com ele como precisamos purificar a nossa fé, como precisamos avançar na nossa fé. Muitas vezes, ficamos nesse estágio da fé mesmo: só cremos no que vemos, só acreditamos naquilo que nós tocamos, quando as realidades divinas, as realidades de Deus, são sobrenaturais.
Não tocamos de forma sensível e material, nós tocamos na fé, tocamos com o olhar da fé. E não é que Tomé não acreditasse em Jesus e na ressurreição d’Ele, mas ele precisava, na sua pobre maneira humana de pensar, tocar.
A fé não exclui a razão, pois a razão é muito necessária para iluminar, para trazer elementos reflexivos; aliás, a razão é muito importante para não vivermos uma fé ingênua, para não acreditarmos em qualquer coisa, para não vivermos uma fé de mitos, de muitas coisas que não são reais.

A fé mística é sublime, penetra as realidades mais profundas

Então, a razão, com certeza, é importantíssima para que tenhamos uma fé centrada, concreta e real. Porque Deus é real, Jesus é real e Ele se encarnou, assumiu uma realidade material, porém, a fé é muito mais do que isso. A fé é justamente crer naquilo que não vemos, porque o que não vemos os olhos da carne não veem. São nas realidades espirituais e sublimes que nós precisamos cada vez mais crescer, tocar e ser tocados.
Sem mística não há uma fé profunda e verdadeira. A fé humana é justamente essa fé que crê no que vê, mas a fé mística é sublime, penetra as realidades mais profundas; a fé mística é aquela que nos leva para a contemplação, é aquela que nos leva a tocar nas realidades sublimes, não é fantasia, invenção, crendice, porque pode correr esse risco.
Muitos transformam as suas fantasias, as suas neuroses e até psicoses em elementos de fé. Não se trata disso não! Trata-se de uma relação simples, amorosa, profunda e autêntica com Deus.
Tomé tocou e acreditou, mas Jesus diz que mais felizes são aqueles que creem sem ver, porque eles creem e veem o que é mais sublime. As realidades mais sublimes e profundas de Deus são mistérios para nossa fé; e mistério não é aquilo que é misterioso, que nós simplesmente não conhecemos, mas mistério é aquilo que é profundo, íntimo, que nos leva à identidade mais sublime de Deus.
Caminhamos no meio da fé e precisamos, cada vez mais, da mística profunda, sensata e serena para tocarmos nas realidades celestiais enquanto caminhamos nesta Terra.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.

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