segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 21/02/2021

ANO B


1º DOMINGO DA QUARESMA

Ano B - S. Marcos - Roxo

“Eis que vou estabelecer minha aliança convosco...”

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2021

Tema: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”.
Lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade”. Ef 2, 14ª

Mc 1,12-15

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Deus sempre nos oferece uma oportunidade de renascermos de uma vida de pecado para uma vida de acordo com o seu projeto divino. O exemplo de Cristo é de renúncia à glória do mundo representada pelas tentações que não fazem o ser humano verdadeiramente digno. Isso só conseguimos quando assumimos a dignidade de filhos de Deus adquirida no Batismo.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, o sagrado tempo da Quaresma é tempo oportuno para vivermos mais conscientemente a nossa condição de batizados e batizadas. Com sinceridade de coração, abracemos os sentimentos de Cristo, percorramos o seu caminho, convertamo-nos a Ele! Neste domingo, guiados pelo Espírito, entremos com Jesus no deserto e aprendamos dele a coragem da obediência ao Pai.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A liturgia garante-nos que Deus está interessado em destruir o mundo do egoísmo e do pecado e oferece aos homens um mundo novo de vida plena. Por isso, quem é fiel à Palavra de Deus, quem procura nela alimento constante para sua vida, jamais poderá ser vencido pelas tentações.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A liturgia quaresmal envolve-nos. Por uma parte, verificam-se as etapas fundamentais da história da salvação iluminadas pelo Antigo Testamento e, por outra, sobressaem os acontecimentos mais notórios da vida de Jesus Cristo até sua morte e ressurreição. Iniciamos um caminho de preparação para a Páscoa e, com isso, nos unimos a Cristo para permanecer na fidelidade à vontade do Pai. A oração e a força de sua Palavra nos fortalecem para vencermos as propostas contrárias ao plano de Deus e sermos construtores de um mundo novo.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, o sagrado tempo da Quaresma é tempo oportuno para vivermos mais conscientemente a nossa condição batismal e para retomarmos, com novo vigor, o seguimento de Jesus. Neste domingo, entremos com Jesus no deserto, deixemo-nos conduzir pelo Espírito e, na alegria, esperemos a sua Páscoa.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A liturgia garante-nos que Deus está interessado em destruir o mundo do egoísmo e do pecado e oferece aos homens um mundo novo de vida plena. Por isso, quem é fiel à Palavra de Deus, quem procura nela alimento constante para sua vida, jamais poderá ser vencido pelas tentações.
Fonte: NPD Brasil em 18/02/2018

CAMPANHA DA FRATERNIDADE

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil promove este ano, a Campanha da Fraternidade, cuja finalidade principal é vivenciar e assumir a dimensão comunitária e social da Quaresma. A Campanha da Fraternidade ilumina de modo particular os gestos fundamentais desse tempo litúrgico: a oração, o jejum e a caridade. Neste ano, o tema da campanha é “Fraternidade e diálogo: um compromisso de amor”. e o lema: “Cristo é a nossa paz. Do era dividido Ele fez uma unidade(Ef 2,14)

CONVERTER-SE: O QUE SIGNIFICA?

Com a Quarta-Feira de Cinzas, iniciamos o tempo litúrgico da Quaresma, orientado para a celebração da Páscoa de paixão, morte e ressurreição de Jesus, centro de todas as celebrações do ano litúrgico.
Pelo Batismo, tivemos a graça de participar do mistério da Páscoa de Jesus. Por isso, a Quaresma inteira está marcada pela temática do Batismo. O objetivo é orientar- -nos, através das práticas quaresmais, na preparação para renovar os nossos compromissos batismais na Páscoa. É o que fazemos na Vigília Pascal do Sábado Santo.
Assim compreendemos o apelo que ressoa já na Quarta-Feira de Cinzas e, novamente, neste primeiro domingo da Quaresma: “convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). São palavras de Jesus, logo no início de sua vida pública, convidando todos a acolherem o Reino de Deus. A conversão requer voltar nossa atenção para o Reino de Deus, mudar de vida e de direção, acolher o Evangelho que Jesus anuncia.
Mais que o efeito de um processo, a conversão é o próprio processo necessário e a atitude constante que deve marcar nossa vida cristã. Com o tempo que passa, nós acabamos dando atenção a tantas coisas que nos atraem e distraem, levando-nos a esquecer o essencial de nossa vida. Pode ser também que nossas preocupações ou projetos pessoais nos façam pensar somente em nós mesmos, levando-nos a esquecer os caminhos e apelos de Deus.
Na quaresma, o apelo à conversão significa voltar às promessas batismais e à profissão de fé do nosso Batismo. Será que ainda lembramos quais são as nossas promessas batismais e temos consciência das consequências desses compromissos para nossa vida humana e cristã? À medida que avançamos, será que não acabamos escolhendo caminhos discordantes do Evangelho e dos mandamentos, sendo levados para longe de Deus?
Durante a Quaresma, somos convidados a fazer um bom exame de nossa vida, tomando consciência sobre o estado de nossa vida cristã. A Liturgia da Quaresma vai nos oferecendo indicações preciosas, sobretudo nos domingos da Quaresma. Parte desse processo de conversão também é a confissão sacramental, que devemos fazer neste tempo de preparação à Páscoa, renovando nossos propósitos de vida cristã pessoal.
Dessa forma, chegaremos à noite da Páscoa, no Sábado Santo, bem dispostos para renovar as promessas do nosso Batismo, fazendo nossa renovada adesão a Cristo na Igreja e ao caminho da vida cristã que ele nos indica no Evangelho. Desejo a todos uma boa vivência deste tempo precioso da Quaresma, fazendo os exercícios quaresmais do jejum, esmola e oração.
Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo

SÍNODO DA ARQUIDIOCESE: CAMINHO DE CONVERSÃO

Neste primeiro Domingo da Quaresma, ouvimos o apelo inicial da pregação de Jesus: “convertei-vos e crede no Evangelho!” (Mc 1,15). Este convite insistente precisa acompanhar-nos durante todo o tempo da Quaresma e também durante toda a nossa vida. Precisamos voltar-nos com renovada atenção a Jesus Cristo e ao Reino de Deus.
No Salmo deste domingo, nós pedimos a Deus: “faze-me conhecer teus caminhos... conduze-me na tua fidelidade” (Sl 24/25,4-5). A atenção fiel à Palavra do Evangelho nos revela os caminhos de Deus e nos ajuda a acertarmos nossos passos.
No próximo sábado, dia 24 de fevereiro, nossa Arquidiocese fará a abertura dos trabalhos do 1º sínodo arquidiocesano. Padres, religiosos, diáconos e fiéis leigos, junto com o Arcebispo e os Bispos Auxiliares, reunidos farão uma grande celebração de início da primeira fase do sínodo, que se desenvolverá ao longo de todo este ano de 2018 nas paróquias, comunidades e organizações eclesiais na base da Arquidiocese.
Conjunta de todos, um desejo sincero de ouvir a voz de Deus e de discernir sobre sua vontade a respeito da vida e da missão da Igreja em nossa Arquidiocese. Ao mesmo tempo, o sínodo é uma busca para nos convertermos sempre mais ao Evangelho. Nossa prece, portanto, deve ser a do Salmo de hoje: “ensina-nos os teus caminhos; faze-nos conhecer a tua vontade!”
O Sínodo está sendo proposto como um “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária” para nossa Igreja em São Paulo. O objetivo é a realização fiel e plena da vida e da missão da nossa Igreja nesta Metrópole para que, em Cristo Salvador, todos tenham vida em abundância. Para tanto, precisamos converter-nos mais e mais ao Evangelho, renovar- nos e também renovar a vida e a ação da nossa Igreja.
Recomendo que todas as nossas paróquias, comunidades e organizações eclesiais de nossa Arquidiocese acolham bem a proposta do sínodo arquidiocesano e participem dos diversos momentos e iniciativas propostos. Importante, sobretudo, é a constante oração ao Espírito Santo pelo bom êxito do sínodo. Que Deus nos ilumine! Maria, Mãe da Igreja, e São Paulo Apóstolo, nosso Padroeiro, intercedam por nós!
Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo
Fonte: NPD Brasil em 18/02/2018

Comentário do Evangelho

Jesus é o portador da vida nova

Na última quarta-feira, com a celebração das Cinzas iniciamos o tempo da quaresma, tempo de graça e reconciliação. Esse tempo deve ser marcado pela penitência, com vista à conversão, e pela recordação de nosso batismo, a fim de que possamos assumir plenamente nossa vocação que nasce na fonte batismal. Os domingos do tempo da quaresma são como que etapas que nos preparam para a celebração do mistério pascal de Jesus Cristo. O trecho do livro do Gênesis na primeira leitura faz referência à aliança de Deus com Noé e toda a sua família, após o dilúvio. Vale lembrar que o dilúvio não foi, sobretudo, uma obra de destruição, mas de purificação, pois a maldade do homem era grande e a humanidade inteira havia se corrompido (cf. Gn 6,5-16). Noé, homem justo e íntegro, e toda a sua família, juntamente com um casal de cada espécie animal, foram preservados. Com Noé Deus faz uma aliança em favor de toda a terra. Deus promete não mais destruir nenhum ser vivo e que não haverá mais dilúvio. É o tempo da salvação. O sinal da aliança é um “arco na nuvem”, símbolo da paz. O relato das tentações de Jesus em Marcos é o mais breve dos evangelhos sinóticos, mas denso de significado. Nesse breve relato, Marcos não descreve as tentações de Jesus; ele se contenta em simplesmente dizer que Jesus foi tentado. Jesus vai ao deserto, lugar de provação e, ao mesmo tempo, de revelação da misericórdia de Deus para se preparar para o seu ministério público. Essa preparação, o texto nos sugere, é um combate espiritual, que acontece no coração de Jesus, contra as forças do mal. A sua missão requer uma preparação espiritual adequada. A menção dos anjos que serviam Jesus tem um duplo significado: Deus permanece com o seu Filho nesse combate espiritual e Jesus, pela sua união com Deus, vence as tentações. Após as tentações, Jesus começa o seu ministério. O início do ministério de Jesus está em continuidade com a pregação de João Batista: é um apelo à conversão. De que se trata quando se fala de conversão? A conversão é crer no Evangelho; é fé na pessoa de Jesus Cristo, ele que é a Boa-Notícia de Deus para a humanidade; é fé na palavra de Jesus, que é portadora de um sopro que faz viver. Sem essa confiança não é possível reconhecer a vida e a vinda do Verbo de Deus como dom, nem acolhê-lo.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Oração
Vivei em nós, Jesus, pelo vosso Espírito, para que vos amemos com todo o nosso ser e amemos o próximo como a nós mesmos, no vosso amor.
Fonte: Paulinas em 22/02/2015

Vivendo a Palavra

Para os discípulos, Jesus profetiza não um fim, mas uma páscoa, isto é, uma passagem definitiva para o Reino do Pai. Diante do quadro de destruição que esboça, Ele nos pede que ‘levantemo-nos e ergamos nossas cabeças, porque a nossa libertação está próxima’.
Fonte: Arquidiocese BH em 22/02/2015

VIVENDO A PALAVRA

Quarenta (dias ou anos), na tradição bíblica, não é apenas um número, mas é um símbolo que significa ‘o tempo necessário para fazer o que precisa ser feito’. Para Jesus, a quarentena no deserto foi o tempo de preparação para cumprir a missão de anunciar a Boa Notícia do Reino de Deus. Para nós, ‘quarenta’ é tempo para nossa conversão, processo de toda nossa vida.
Fonte: Arquidiocese BH em 18/02/2018

vIVENDO A PALAVRa

Quarenta dias (ou quarenta anos): na tradição bíblica, ‘quarenta’ não é só um número, mas é a metáfora que significa ‘o tempo necessário para que aconteça o que deve acontecer’. Para Jesus, a quarentena no deserto foi seu retiro de preparação para cumprir a missão de anunciar a Boa Notícia do Reino de Deus. Para nós, ‘quaresma’ é tempo para nossa conversão, processo de toda nossa vida.

Reflexão

O TEMPO SE CUMPRIU: O REINO ESTÁ PERTO

Jesus, logo após o batismo, é conduzido pelo Espírito ao deserto, onde se prepara para a missão e é tentado por satanás. O deserto é o lugar de retiro em vista de uma missão, mas também lugar de desafios e de provas. Após a experiência no deserto – a exemplo do povo de Israel – e em seguida à prisão de João Batista, Jesus sai do anonimato, dirige-se à Galileia e começa a pregar: “O tempo se cumpriu e o reino de Deus está perto”. Essas são as primeiras palavras de Jesus relatadas no Evangelho de Marcos.
Marcos não detalha as tentações de Jesus, apenas diz que ele foi tentado por satanás, o adversário do seu projeto. Jesus, o novo Adão que não sucumbe à tentação da serpente, ensina-nos que é possível vencer as tentações. O Espírito que o levou ao deserto e o fortalece contra a tentação é o mesmo que recebemos no batismo. Diariamente somos desafiados a viver com fidelidade seu projeto. Ao longo da vida, assumimos opções e fazemos escolhas, mostrando até que ponto somos de fato discípulos missionários de Jesus no dia a dia.
O tempo se cumpriu, o reino está próximo e é hora de conversão. Não é mais tempo de espera. Deus vem instaurar seu reino no meio da humanidade. Portanto, é ocasião de agir, já não cabe esperar. Com Jesus chegou a boa notícia para o povo, é momento de aderir ao seu reino. O forte apelo de conversão acompanha a Quaresma toda. Pela palavra de Deus, o cristão é convidado continuamente à conversão, ou seja, à mudança de mentalidade e de atitudes. A conversão envolve a pessoa em sua totalidade e determina novo rumo em sua vida.
Ora, o reino inaugurado por Jesus é algo que não se concretiza de forma mágica nem se impõe de forma violenta. Ele vai acontecendo à medida que nos convertemos a ele e aderimos ao evangelho. O reino de Deus só estará realizado quando a vida das pessoas estiver conforme o desejo do Pai. Satanás continua sendo o grande obstáculo do reino; como tentou Jesus, continua tentando a humanidade.
Pe. Nilo Luza, SSP
Fonte: Paulus em 22/02/2015

Reflexão

O deserto despertava fortes lembranças para os hebreus. A caminho da Terra prometida, eles permaneceram quarenta anos no deserto, onde Moisés teve a experiência de Deus libertador e recebeu os Mandamentos, base da sociedade alicerçada na justiça. O número quarenta indica totalidade. Pode-se dizer que Jesus foi tentado durante toda a sua vida pública. É no deserto, lugar do encontro com Deus, que Jesus consolida sua decisão de fazer a vontade do Pai. Deverá enfrentar toda tentação do poder opressor. Para fortalecê-lo nessa luta, Jesus tem a seu favor o Espírito Santo e os anjos (bons mensageiros), em contraste com Satanás, seu rival. Após a prisão do Batista, Jesus inicia sua missão na Galileia, longe de Jerusalém, centro do poder político, econômico e religioso.
(Dia a dia com o Evangelho 2015, Pe. Luiz Miguel Duarte)
Fonte: Paulus em 22/02/2015

Reflexão

Depois de batizado, Jesus é conduzido pelo Espírito Santo para o deserto, onde se prepara para a missão, e aí é tentado por satanás. O deserto é lugar de retiro em vista da missão, mas também lugar de desafios e de provas. Marcos não detalha as tentações de Jesus, apenas diz que foi tentado por satanás, o adversário do seu projeto. Após a experiência do deserto, Jesus sai do anonimato, dirige-se à Galileia e começa a pregar: “O tempo se cumpriu e o Reino de Deus está perto”. O tempo se cumpriu, o reino está próximo e é tempo de conversão. Com Jesus chegou a boa notícia do Reino de Deus, é tempo de aderir ao seu projeto. O forte apelo de conversão acompanha a Quaresma toda. Pela palavra de Deus, o cristão é convidado a uma contínua mudança de vida. A conversão envolve a pessoa em sua totalidade e determina novo rumo em sua vida. O reino inaugurado por Jesus é algo que não se concretiza de forma mágica nem se impõe de forma violenta. Ele vai se solidificando à medida que nos convertemos a ele e aderimos ao evangelho.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 18/02/2018

Reflexão

Em poucos traços e com linguagem fortemente simbólica, o evangelista Marcos nos apresenta o que será a vida inteira de Jesus (o número quarenta representa totalidade). Movido pelo Espírito Santo, ele vai para o deserto, figura da sociedade judaica, palco de sua atividade missionária. Deserto é ambiente hostil, dificultoso, onde Jesus é tentado por Satanás, representante dos adversários do Reino de Deus. Estes não darão folga para Jesus realizar sua obra libertadora. O deserto é também o lugar que Jesus busca para rezar e ocultar-se da multidão que quer coroá-lo seu rei terreno, um ambiente favorável onde entreter-se com seus discípulos. Passando pelo deserto e superando as tentações, Jesus se apresenta, proclamando: “O Reino de Deus está perto. Arrependam-se e acreditem no Evangelho”.
ORAÇÃO
Ó Jesus, zeloso pregador do Evangelho, durante tua missão na terra, não ficaste livre das tentações dos adversários do Reino. No deserto, entre as feras, contaste com a presença eficaz do Espírito Santo, e os anjos te serviam. Dá-nos, Senhor, força e sabedoria para não cairmos em tentação. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)

Reflexão

I. Introdução geral

Estamos iniciando a Quaresma, tempo de conversão em vista da celebração do mistério pascal. Tempo de volta ao nosso “primeiro amor”, nosso projeto de vida assumido diante de Deus e Jesus Cristo. As leituras deste domingo ensinam-nos a acreditar na possibilidade da renovação de nossa vida cristã.
A liturgia de hoje se inspira na catequese batismal. Nos primórdios da Igreja, a Quaresma era preparação para o batismo administrado na noite pascal. O batismo era visto como participação na reconciliação operada pelo sacrifício de Cristo por nós (cf. Rm 3,21-26; 5,1-11; 6,3 etc.). No mesmo espírito, a liturgia renovada do Concílio Vaticano II insiste em que, na noite pascal, sejam batizados alguns novos fiéis, de preferência adultos, e todos os fiéis façam a renovação de seu compromisso batismal. Essa insistência na renovação da vida batismal faz sentido, pois, enquanto não tivermos passado pela última prova, estamos sujeitos à desistência. Como à humanidade toda, no tempo de Noé, também a cada um, batizado ou não, Deus dá novas chances: eis o tempo da conversão.
A liturgia de hoje é animada por um espírito de confiança. Ora, confiança significa entrega: corresponder ao amor de Deus por uma vida santa (oração do dia). É claro, devemos sempre viver em harmonia com Deus, correspondendo ao seu amor. Na instabilidade da vida, porém, as forças do mal nos apanham desprevenidos. Mas a Quaresma é um “tempo forte”, em que convém pôr à prova o nosso amor, esforçando-nos mais intensamente por uma vida santa.

II. Comentário dos textos bíblicos

1. I leitura (Gn 9,8-15)

As águas do dilúvio representavam, para os antigos, um desencadeamento das forças do mal. Mas quem tem a última palavra é o amor divino. Deus não quer destruir o ser humano, impõe limites ao dilúvio e já não voltará a destruir a terra. O dilúvio é o símbolo do juízo de Deus sobre este mundo, mas acima de tudo está a sua misericórdia, simbolizada pelo arco-íris. No fim do dilúvio, Deus faz uma aliança com Noé e sua descendência, a humanidade inteira: apesar da presença do mal, ele não voltará a destruir a humanidade. Deus repete o dia da criação, em que venceu o caos originário, separou as águas de cima e de baixo e deu ao ser humano um lugar para morar. Faz uma nova criação, melhor que a anterior, pois acompanhada de um pacto de proteção. O arco-íris que, no fim do temporal, espontaneamente nos alegra é o sinal natural dessa aliança.
O salmo responsorial (Sl 25[24],4bc-5ab.6-7bc.8-9) lembra a fidelidade de Deus ao seu amor. O íntimo ser de Deus é, ao mesmo tempo, bondade e justiça: “Ele reconduz ao bom caminho os pecadores, aos humildes conduz até o fim, em seu amor”. Por essa razão, todos os batizados renovam, na celebração da Páscoa, seu compromisso batismal.

2. II leitura (1Pd 3,18-22)

A segunda leitura faz parte da catequese batismal que caracteriza a 1ª carta de Pedro. O batismo supõe a transmissão de credo. Assim, 1Pd 3,18-4,6 contém os elementos do primitivo credo: Cristo morreu e desceu aos infernos (3,18-19), ressuscitou (3,18.21), foi exaltado ao lado de Deus (3,22), julgará vivos e mortos (4,5). Tendo ele trilhado nosso caminho até a morte, nós podemos seguir seu caminho à vida (3,18). O batismo, que lembra o dilúvio no sentido contrário (salvação em vez de destruição), purifica a consciência e nos orienta para onde Cristo nos precedeu.
Jesus, porém, não vai sozinho. Leva-nos consigo. Ele é como a arca que salvou Noé e os seus das águas do dilúvio. Com ele somos imersos no batismo e saímos dele renovados, numa nova e eterna aliança. Ao fim da Quaresma serão batizados os novos candidatos à fé. Na “releitura” do dilúvio feita pela 1ª carta de Pedro, a imagem da arca está num contexto que lembra os principais pontos do credo: a morte de Cristo e sua descida aos infernos (para estender a força salvadora até os justos do passado); sua ressurreição e exaltação (onde ele permanece como Senhor da história futura, até o fim). Batismo é transmissão da fé.

3. Evangelho (Mc 1,12-15)

Quando de seu batismo por João, Jesus foi investido por Deus com o título de “Filho amado” e com seu beneplácito, que é, na realidade, a missão de realizar no mundo aquilo que faz a alegria de Deus: a salvação de todos os seus filhos. Assim, a missão de Jesus começa com a vitória sobre o mal, o qual se opõe à vontade de seu Pai.
O mal tem muitas faces e, além disso, uma coerência interior que faz pensar numa figura pessoal, embora não visível no mundo material. Essa figura chama-se “satanás”, o adversário, ou “diabo”, destruidor, presente desde o início da humanidade. Impelido pelo Espírito de Deus, Jesus enfrenta no deserto as forças do mal – satanás e os animais selvagens –, mas vence, e os anjos do Altíssimo o servem. A “provação” de Jesus no deserto, depois de seu batismo por João, prepara o anúncio do Reino. Aproxima-se a grande virada do tempo: Jesus anuncia a boa-nova do Reino. Deus oferece novas chances. Incansavelmente deseja que o ser humano viva, mesmo sendo pecador (cf. Ez 18,23). Sua oferta tem pleno sucesso com Jesus de Nazaré. Este é verdadeiramente seu Filho (Mc 1,11). Vitória escondida, como convém na primeira parte de Marcos, tempo do “segredo messiânico”.
Nos seus 40 dias de deserto, Jesus resume a caminhada do povo de Israel e antecipa também seu próprio caminho de servo do Senhor. A tentação no deserto transforma-se em situação paradisíaca: Jesus é o novo Adão, vencedor da serpente. Seu chamado à conversão é um chamado à fé e à confiança. Nas próximas semanas o acompanharemos em sua subida a Jerusalém, obediente ao Pai. Será a verdadeira prova, na doação até a morte, morte de cruz. E, “por isso, Deus o exaltou”… (cf. Fl 2,9).
Assim preparado, Jesus inicia o anúncio do Reino de Deus e pede conversão e fé no evangelho, o euangélion, a alegre notícia (cf. 3º domingo do tempo comum). Que ele exorte a acreditar na novidade, a gente entende. Mas por que conversão, se se trata de boa notícia? Exatamente por isso. Pois, como mostram os noticiários da TV, estamos muito mais sintonizados para notícias ruins que para notícia boa. Conversão não é a mesma coisa que penitência, como às vezes se traduz em Mc 1,15, sem razão. Conversão significa dar nova postura à nossa vida e nosso coração, “deixar para lá” a imagem de um Deus ameaçador para voltar-nos a ele e a seu reinado com um coração alegre e confiante.

III. Dicas para reflexão

Celebramos o 1º domingo da Quaresma. Muitos jovens não sabem o que é a Quaresma. Nem sequer sabem de onde vem o carnaval, antiga festa do fim do inverno (no hemisfério norte) que, na cristandade, se tornou a despedida da fartura antes de iniciar o jejum da Quaresma.
A Quaresma (do latim quadragesima) significa um tempo de 40 dias vivido na proximidade do Senhor, na entrega a Deus. Depois de ser batizado por João Batista no rio Jordão, Jesus se retirou ao deserto de Judá e jejuou durante 40 dias, preparando-se para anunciar o Reino de Deus. Vivia no meio das feras, mas os anjos de Deus cuidavam dele. Preparando-se desse modo, Jesus assemelha-se a Moisés, que jejuou durante 40 dias no monte Horeb (Ex 24,18; 34,28; Dt 9,11 etc.), e a Elias, que caminhou 40 dias, alimentado pelos corvos, até chegar a essa montanha (1Rs 19,8). O povo de Israel peregrinou durante 40 anos pelo deserto (Dt 2,7), alimentado pelo Senhor.
Na Quaresma deixamos para trás as preocupações mundanas e priorizamos as de Deus. Vivemos numa atitude de volta para Deus, de conversão. Isso não consiste necessariamente em abster-se de pão, mas sobretudo em repartir o pão com o faminto e em viver todas as demais formas de justiça. Tal é o verdadeiro jejum (Is 58,6-8).
A Igreja, desde seus inícios, viu nos 40 dias de preparação de Jesus uma imagem da preparação dos candidatos ao batismo. Assim como Jesus, depois desses 40 dias, se entregou à missão recebida de Deus, os catecúmenos eram, depois de 40 dias de preparação, incorporados a Cristo pelo batismo, para participar da vida nova. O batismo era celebrado na noite da Páscoa, noite da ressurreição. E toda a comunidade vivia na austeridade material e na riqueza espiritual, preparando-se para celebrar a ressurreição.
A meta da Quaresma é a Páscoa, o batismo, a regeneração para uma vida nova. Para os que ainda não foram batizados – os catecúmenos –, isso se dá no sacramento do batismo na noite pascal; para os já batizados, na conversão que sempre é necessária em nossa vida cristã. Daí o sentido da renovação do compromisso batismal e do sacramento da reconciliação nesse período.
Conversão e renovação, se preciso também arrependimento por nossas infidelidades, mas o tom principal é a alegria pela boa-nova e por Deus que, em Cristo, renova nossa vida.

Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e mestre em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Lovaina. Atualmente é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos: Bíblia – Antigo e Novo Testamento (tradução), evangelhos (especialmente o de João) e hermenêutica bíblica.Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A-B-C.
Fonte: Vida Pastoral em 22/02/2015

Meditando o evangelho

É TEMPO DE CONVERSÃO

A pregação de Jesus teve início com um apelo premente: "O tempo atingiu a sua plenitude. É hora de converter-se e acreditar no Evangelho".
A plenitude do tempo aconteceu com o advento de Jesus na história humana. Nele, todas as expectativas do passado encontraram sua plena realização, pois Deus mesmo assumiu esta história, para redimi-la do pecado. A presença salvadora de Jesus foi um convite para que todos aceitassem a salvação oferecida por Deus. Era uma ocasião única, que ninguém devia perder. Corria o risco de não participar da salvação quem não atendesse ao apelo de Jesus.
O convite à conversão, lançado por Jesus, supunha que a pessoa fosse capaz de dar uma guinada na própria vida. Tratava-se de passar do egoísmo ao amor, da injustiça à justiça, da idolatria ao Deus vivo. O autêntico processo de conversão atingia o ser humano no mais profundo de sua existência, e o transformava a partir de dentro. Os efeitos da conversão se faziam sentir, de maneira inequívoca, no modo como se agia. O indivíduo convertido tendia a assimilar o modo de ser de Jesus, uma vez que foi por ele transformado.
A Boa-Nova proclamada por Jesus apresentava o amor ao próximo, especialmente, aos excluídos e marginalizados como o eixo principal deste projeto de vida. Crer no Evangelho significava muito mais do que uma profissão verbal da própria fé. Crer era agir.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, que o teu apelo exigente de conversão não me intimide, antes me estimule a mudar radicalmente meu modo de agir.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. O Espírito o fez sair para o deserto
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Todos os anos, no primeiro domingo da Quaresma, nós nos encontramos com Jesus no Deserto da Tentação, mas, no segundo, subimos com ele ao Monte da Transfiguração. Vamos então ao deserto para lá permanecermos durante quarenta dias, que é o tempo da nossa Quaresma. No deserto, Jesus foi posto à prova por Satanás. Conviveu com as feras e os anjos o serviam. O que Satanás queria saber? Esta leitura é do Evangelho de São Marcos, no qual o demônio perguntará a Jesus se ele veio para arruiná-lo. Apesar de todo o seu poder, Satanás sabe que Deus lhe põe limites. Quem é esse Jesus que convive com as feras? O deserto se transformou em paraíso? Bezerro e leão já andam juntos como nas visões do profeta Isaías? E estes anjos que o servem são os mesmos que alimentaram Elias e Habacuc no deserto? O anjo de Deus alimentou Elias, que caminhou quarenta dias e quarenta noites em direção ao monte de Deus, o Horeb. “Levanta-te e come, que o caminho é longo”, disse-lhe o anjo. Quando Daniel estava na cova dos leões, o anjo do Senhor agarrou o profeta Habacuc pelos cabelos e o levou até a Babilônia com alimento para Daniel, que agradeceu a Deus dizendo: “Tu te recordaste de mim, ó Deus, e não abandonaste os que te amam”. E os anjos o serviam. Deste deserto onde estamos, vemos descortinar-se um horizonte de luz. O Reino de Deus se aproxima. Completou-se o tempo.
João Batista é preso e sai de cena. Jesus entra em cena, vai para a Galileia e proclama o Evangelho de Deus. Diz em quatro sentenças: Completou-se o tempo. O Reino de Deus está próximo. Convertam-se. Creiam no Evangelho. As etapas da história da salvação estão se realizando e já nos aproximamos da sua plenitude. A presença do próprio Deus em Jesus Cristo nessa mesma história dá ao mundo a possibilidade de derrotar a serpente e reconstruir o paraíso. O reinado de Deus, porém, não chega a nós sem a nossa colaboração. Daí o pedido: acreditem no Evangelho ou nesta boa notícia, tenham fé e se convertam. Mudem de direção, mudem os rumos da história e passem a ver a realidade do mundo com os olhos da fé. Está aí a conversão.
A violência se instaurou no mundo e ele se corrompeu. Deus então decidiu fazer chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites, e desaparecer da superfície do solo todos os seres que ele fez. Assim está escrito no livro do Gênesis. No entanto, as águas que caíram sobre toda a humanidade e que foram águas de punição tornaram-se, com a Morte e Ressurreição de Jesus, águas de salvação. Já não haverá dilúvio para devastar a terra, disse Deus a Noé, e colocou no céu o arco-íris como sinal de aliança entre ele e a humanidade. As águas não mais se tornarão um dilúvio para destruir toda carne.
Para São Pedro, num texto considerado enigmático, as águas do dilúvio se transformaram em águas do batismo para a nossa salvação. Na realidade aquelas águas purificaram a humanidade do pecado da violência, que foi a causa do dilúvio. Os que morreram no tempo de Noé receberam a visita de Cristo ressuscitado que lhes pregou a salvação. E nós saímos ressuscitados das águas do batismo com uma boa consciência diante de Deus.
Fonte: NPD Brasil em 18/02/2018

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. NO ACONCHEGO DO DESERTO...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Neste primeiro domingo da quaresma, Deus nos chama ao deserto com Jesus, para uma conversa de pé de ouvido, a liturgia se reveste de roxo, que é a cor da paixão, não é tristeza, luto e desconsolo, como muitos pensam, é como se Deus, o amado de nossa vida, quisesse que ao longo de quarenta dias, prestássemos mais atenção nele, no seu jeito diferente de nos amar, roxo seria isso: um olhar para dentro, enquanto se olha para o céu, podendo evocar o poeta “De tudo ao meu amor serei atento...”, quaresma é tempo de deixar-se remodelar, permitindo que Deus refaça a nossa vida.
Quando presido o Sacramento do matrimonio percebo que os casais têm dificuldade de se olhar nos olhos, na hora do consentimento, e não é só com quem está casando que isso acontece, um amigo confidenciou-me que sentiu um certo “desconforto” ao olhar nos olhos da esposa, na renovação do matrimonio, em uma missa de encontro de casais. Olhar nos olhos nos causa medo, porque é enigmático e misterioso, não se tem medo de olhar o corpo, que se torna facilmente objeto de desejo, em uma sociedade tão erotizada, mas quando se olha nos olhos, estamos diante da alma do outro, há comunhão de corpo, mas não há comunhão de alma. A relação entre namorados, noivos, e até entre marido e mulher, fica na maioria das vezes banalizada, alguns conseguem emigrar do erótico para o Eros, e há outros, que na graça de Deus, confiada pelo Sacramento do matrimonio, conseguem chegar no Ágape, que é o amor em toda sua plenitude, o Eros é o meio, e não o fim, é um caminho que tem de ser percorrido do começo ao fim da vida conjugal e que só será obstruído pela morte.
Nossa relação com Deus ás vezes também é assim, um tanto quanto banal, pois temos medo de contemplar o seu mistério. Na capela do Santíssimo, lugar sagrado em nossas comunidades, onde Aquele que é o Amor Absoluto se esconde em um pedaço de pão, sentimo-nos embaraçados e procuramos sempre dizer algo, fazer um pedido, recitar uma fórmula de louvor e adoração, daí somos capazes de ficar horas ali falando, porque este “Falar” nos dá a ilusão de que penetramos no mistério de Deus e podemos dominá-lo. Invertemos o jogo e queremos seduzir a Deus, diferente do profeta, relutamos em ser por ele seduzidos e dominados.
Deserto é lugar teológico do “namoro”, onde movidos pelo mesmo Espírito que conduziu Jesus, vamos ter nosso encontro pessoal com Deus, o esposo apaixonado que quer olhar nos nossos olhos, sussurrar em nossos ouvidos e nos envolver com a sua ternura, para sentirmos de novo o encanto do primeiro amor, como na visão do profeta Oséias “Eis que eu mesmo a seduzirei e a conduzi-la-ei ao deserto e falar-lhe-ei ao coração”. Deserto é lugar de fazer a experiência da esposa jovem, que manifesta a sua alegria ao colocar toda sua confiança no amado, e descobrir, como no Cântico dos cânticos, que somente Deus é a sua Segurança – “Quem é esta que sobe do deserto apoiada em seu Amado?”
É o Povo da antiga aliança, é o povo da nova aliança, é a Santa Igreja, somos eu e você, a razão do amor divino, que nos trouxe, com a encarnação de Jesus, a possibilidade real de experimentarmos em nossa vida a salvação. Deserto é, portanto lugar do encontro onde o amor se revela, é a mesma experiência do povo do Êxodo, que se repete em Jesus Cristo, porém, ao contrário do povo da antiga aliança, não mais se deixará enganar pela tentação, propostas sedutoras dos amantes, para fazê-lo perder o paraíso de delícias, onde o homem convivia com os animais selvagens, servido pelos anjos de Deus, evocando a proteção Divina do Eterno Amado sob o objeto do seu amor.
Revistamo-nos do roxo da paixão e não da tristeza, quaresma é dar um tempo para aquelas coisas que em nossa vida são secundárias, para nos ocuparmos com um Deus apaixonado, que suspira quando vamos ao seu encontro enquanto Igreja, na dimensão celebrativa. Quaresma, são quarenta dias de amor, como um casal que retoma a lua de mel, após longa caminhada na vida conjugal, foi no deserto que Deus celebrou a aliança com seu povo, estabelecendo com ele uma relação única, “Eu serei o seu Deus e vós sereis o meu povo”, evocando o cerne da união conjugal – e os dois serão uma só carne.
É esse amor que salvará o mundo, verdade ignorada pelos que prenderam João Batista tentando sufocar um Amor que não se deixa aprisionar, e em Jesus irrompe ainda mais forte, no meio da humanidade, para levar o homem de volta ao paraíso! Nada irá deter a força desse amor, nem a miséria dos homens ou os pecados da igreja, o AMOR triunfará definitivamente! Pois o tempo se completou, o Reino está próximo. Converter-se e crer no evangelho é uma forma contínua de corresponder a esse amor misterioso de Deus que em Jesus busca a todos os homens, sem distinção ou acepção de qualquer pessoa. Converter-se é dar um solene “basta” aos falsos amores de “amantes” mentirosos, que nos enganam, oferecendo-nos um falso paraíso, arrastando-nos à tristeza da morte do pecado, deixando-nos longe, mas bem longe Daquele que é o nosso único e verdadeiro Amor...
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. O Espírito o fez sair para o deserto - Mc 1,12-15
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Marcos começa seu Evangelho pelo deserto, e com ele começamos pelo deserto a nossa Quaresma. Deserto não é somente um lugar. É também uma espiritualidade, um caminho do Espírito. Vamos ao deserto para encontrar a Deus em nós mesmos, mas o diabo, intrometido, continua a transformar o paraíso em lugar de tentação. O Espírito impulsiona Jesus para o deserto e lá o deixa por quarenta dias. Convive com feras, e os anjos o servem, como no paraíso, até que o diabo apareça. O monte das Tentações está no deserto da Judeia, tão extenso e pedregoso.
João Batista é preso. Jesus vai para a Galileia. Anuncia o Evangelho de Deus: O tempo se completou, o Reino de Deus está próximo. Exorta à conversão e à fé no Evangelho.
Os Padres da Igreja viram em João Batista alguém que procurou a calma na solidão do deserto, onde o céu se encontra com a terra e Deus é mais familiar. Dizem os tuaregues que Deus criou o deserto para que as pessoas possam descobrir a sua alma. Os eremitas foram ao deserto para se encontrarem com sua própria natureza e com Deus. É o lugar onde o sábio se retira para meditar longe da multidão, da corrupção e do barulho das cidades, envolto em calma e tranquilidade. Não se vai, pois, ao deserto para lutar contra o demônio, mas para encontrar a Deus. O demônio, porém, provoca quem procura Deus.
O Espírito impeliu Jesus para o deserto, como se o tivesse empurrado e, apesar de ter sido tentado pelo demônio, conviveu com as feras e foi servido pelos anjos. No deserto da tentação Deus reconstrói o paraíso. Com Deus o deserto é fértil; sem Deus, é estéril, mas o diabo está por perto. São Mateus diz que Jesus foi levado ao deserto “para ser tentado pelo demônio”. Embora o diabo transforme o deserto em lugar de tentação, a tentação pode terminar com a vitória do tentado e a derrota do tentador. No deserto, seja ele qual for, homens e mulheres, atletas do Espírito, defrontam-se com o demônio. Têm só a si mesmos por companhia. Não há nada nem ninguém. Não precisam suportar ninguém mais. Suportam apenas a si mesmos. O encontro consigo mesmo é o encontro com o demônio.
O demônio aparece, segundo Evágrio e Cassiano, Padres do Deserto, sob a forma de oito vícios. Em relação ao corpo: a gula, a luxúria e a avareza. Em relação à alma: a cólera, a tristeza, a preguiça. E dois outros, mais fortes e pesados: a vanglória e o orgulho. Nestes estão a desobediência, a inveja, a crítica, a presunção e o menosprezo da graça. Contudo, o Reino de Deus está próximo, e o tempo se completou.
Uma aliança foi feita com a humanidade por meio de Noé, aliança que se tornará nova e eterna no Sangue de Jesus Cristo e se manifestará naqueles que forem batizados. Deus nos dá uma Quaresma inteira para preparar a Páscoa, passagem nas águas, pelo deserto, para a liberdade em Cristo. É hora de o Reino de Deus se manifestar. Uma nova conversão é sempre desejável.
Quaresma é tempo de deserto e conversão. Oração, trabalho, jejum. Oração dos salmos, trabalho com as mãos, jejum sem vanglória e orgulho. O Reino de Deus, que não se define, é visto em atos concretos. Experimente fazer um dia de deserto durante a Quaresma.

Homilia do 1º Domingo da Quaresma, por Pe. Paulo Ricardo


Contrariar-se por amor ao Outro

No Evangelho deste Domingo, assim como em todo 1º Domingo da Quaresma, Nosso Senhor vai para o deserto. À imitação de Cristo – e do povo de Israel, que, para entrar na Terra Prometida, permaneceu quarenta anos no deserto –, também nós precisamos passar por esta realidade, a fim de entrarmos no Amor.
A grande passagem de Cristo, porém, mais que o deserto, foram a Sua morte e ressurreição, que constituem o cume de Seu grande amor por nós. Na verdade, todo amor comporta uma certa morte. Diferentemente dos animais que, não tendo liberdade e agindo por mero instinto, são incapazes de se contrariar – e, por conseguinte, não podem amar –, o ser humano, mesmo com fome e tendo diante de si uma comida saborosa, é capaz de renunciar a isso por amor a alguém. As mães mesmo fazem atos desse tipo o tempo todo, por causa de seus filhos. O amor, pois, consiste justamente nisto: em contrariar-se, dizer "não" às próprias vontades, caprichos e veleidades, por causa do outro.
Infelizmente, esta realidade humana do amor foi degradada com a queda de nossos primeiros pais. A partir do pecado original, o ser humano foi colocado de cabeça para baixo. Deixando que os seus instintos animais o governassem e procurando a felicidade nos endereços errados, ele foi, de alguma forma, degradando a sua capacidade de amar.
Nesta Quaresma, o Senhor – que, por meio de Seu Filho, não só restaurou a humanidade, mas deu-lhe poder viver a caridade sobrenatural, isto é, o amor em Deus, por causa d'Ele – refaz a nós o convite do amor. É este, pois, o sentido dos jejuns, penitências e orações tão pedidos pela Igreja neste tempo. Não adianta simplesmente jejuar, se a isso não estiver unida a virtude da caridade. Passar fome, por si só, não santifica ninguém. Se assim fosse, a África seria o continente mais santo do mundo. O que santifica o homem é o amor, é o contrariar sábia e prudentemente os próprios instintos por causa de um Outro, que é Deus.
No mundo animal, distinguem-se dois instintos (ou apetites): o primeiro é a concupiscência (ou apetite concupiscível), pela qual as criaturas buscam o prazer e a gratificação; e o segundo, a ira (ou apetite irascível), pela qual elas reagem quando são contrariadas. O homem, sendo um animal, também possui esses apetites; sendo, porém, racional, e contando com a graça divina, é chamado a governar os seus instintos e conduzi-los a Deus – assim como um cavaleiro precisa domar um cavalo chucro para levá-lo aonde quer. Para tanto, a alma, explica Santo Tomás de Aquino, deve agir "politicamente" [1]: não deve castrar as energias do corpo, mas dominá-las aos poucos, de forma sábia e com cuidado. Afinal, não somos anjos. Se Deus nos criou com um corpo, este pode – e deve – ser-nos útil.
De forma bem prática, é importante lutar contra duas tentações básicas, mormente as contra a castidade e as contra a paciência, já que estão diretamente ligadas aos apetites concupiscível e irascível. Primeiro, viver a castidade, lutando contra o sexo desordenado e dando a vida pelos outros, seja no matrimônio, seja no celibato; segundo, exercitar a paciência, suportando as contrariedades do dia a dia e também contrariando a nós mesmos, voluntariamente, por amor de Deus. De fato, dentro de nós existe como que um "pequeno deus", que diz: Seja feita a minha vontade. Quando as coisas não acontecem do jeito que queremos, somos tentados a ficar emburrados e com raiva, como crianças mal educadas. A nossa atitude, porém, deve ser madura e virtuosa: quando surgem as contrariedades, que bela oportunidade temos de amar a Deus!
Quanto às penitências específicas a escolher, não há uma medida única para todas as pessoas. Cada pessoa deve discernir – talvez junto com o seu diretor espiritual – a prática adequada para si. O que importa é que todas as coisas sejam feitas com generosidade. Diz Nosso Senhor que "o Reino dos Céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam" [2]. O Reino dos Céus é das pessoas que tomam a vida espiritual de assalto e se decidem seriamente a amar, com determinação.
Nesta Quaresma, dirijamo-nos com Jesus ao deserto e, na prática do jejum, da oração e da esmola, cresçamos cada vez mais na caridade.

Referências:
Cf. Summa Theologiae, I, q. 81, a. 3, ad 2.
Mt 11, 12.
Fonte: Reflexões Franciscanas em 22/02/2015

Homilia

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista

“Estabelecer a paz”

Aliança para a paz Quando entra em Jerusalém, o Senhor chora sobre a cidade: “Ah! Se neste dia também tu conhecesses a mensagem de paz” (Lc 19,42).
Na primeira leitura lemos que Deus faz aliança com Noé e coloca seu arco no céu. É o arco-íris que lembra o arco de guerra. Deus quer a paz (Gn 9,13).
No Natal os Anjos cantam aos pastores: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens que Ele ama” (Lc 2,14). Paulo exclama: “Deixai-vos reconciliar” (2Cor 5,20).
O Messias veio para trazer a paz e a reconciliação. Chamamos de Quaresma (40 dias) esse tempo de preparação para a Páscoa para viver a reconciliação pela Morte e Ressurreição do Senhor.
As leituras nos levam a perceber a aliança que Deus fez durante a história da salvação para culminar com a aliança selada com o sangue do Filho.
A salvação chega a nós e é explicada através de muitos símbolos. Na leitura sobre o dilúvio entendemos que as águas nos purificam e a arca simboliza o batismo que hoje é nossa salvação como nos explica Pedro (2Pd 3,21).
Neste quadro de aliança, surge a questão da tentação. É bom ser tentado, como nos diz S. Agostinho: “Enquanto somos peregrinos neste mundo, não podemos estar livres de tentações, pois é através delas que se realiza nosso progresso e ninguém pode conhecer-se a si mesmo sem ter sido tentado. Ninguém pode vencer sem ter combatido, nem pode combater se não tiver inimigo e tentações” (CCL 39,766).
As tentações de Cristo nos animam a não temermos. Ele foi realmente tentado, como nós. “Ele nos representou em sua pessoa quando quis ser tentado... Em Cristo tu eras tentado, porque Ele assumiu tua condição humana, para te dar a sua salvação... Se Nele fomos tentados, Nele também venceremos o demônio... Reconhece-te Nele em sua tentação, reconhece-te Nele em sua vitória” (Idem).
Esta vitória nos dá a paz e reafirma nossa aliança. Na oração, no texto original em latim, dizemos sacramento da Quaresma. Como sacramento, não só lembra, mas torna presente o mistério recordado e faz agir.

Vitórias sobre o mal

Deus projeta uma permanente aliança. Pendurou seu arco no céu e não quer mais castigar a terra. Para superar as grandes tentações contra o projeto de paz de Deus, o esforço humano procurará mudar de mentalidade, que significa converter-se. Certamente não temos as belas tradições do passado.
Houve um aprofundamento. Não ficamos na periferia das questões, mas vamos a sua raiz. É a vitória sobre o mal. É a Páscoa que se atualiza na vida de cada um. O profeta Joel é claro: “Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes” (Jl 2,13).
Não bastam atitudes exteriores, é preciso mudar a fonte do mal que nos domina. Aí sim podemos assumir as atitudes bonitas da penitência, do jejum e outros. É preciso encontrar modos que correspondam ao nosso mal. Rezamos: “Mostrai-nos Senhor vossos caminhos, fazei-me conhecer vossa estrada” (Sl 24).

Uma comunidade de vida

No deserto Jesus vivia entre os animais selvagens e os anjos O serviam. A comunidade tem dificuldades que são selvagens. Mas temos também, nessa comunidade, o serviço mútuo dos anjos que sevem. A Quaresma não é um exercício individual, mas uma comunhão de vida no serviço fraterno, sobretudo para com os mais necessitados.
É de se pensar em tirar um pouco do que temos para dar aos que não o tem. Dar vida é o que nos garante ter Vida. O tempo de deserto para Jesus não era solidão, mas comunhão com o Espírito Santo. Daí parte para evangelizar semeando a paz.

Leituras: Gênesis 9,8-15; Salmo 24; 2Pedro3,18-22; Marcos 1,12-15

Ficha nº 1416: Homilia do 1º Domingo da Quaresma (22.02.15)

O Messias veio trazer a paz e a reconciliação. Deus diz a Noé que não vai destruir a terra, por isso pendura seu arco no céu. Na Quaresma preparamos a Páscoa para celebrar e viver a reconciliação.
No quadro da Aliança aparece a tentação. Ela é boa, nos ensina a lutar e nos fortalece no combate. Em Cristo somos tentados e Nele vencemos. Para superar a tentação contra o projeto de paz de Deus, o esforço humano procurará mudar a mentalidade através conversão. Mudaram-se as tradições.
Aliás, aprofundou-se o sentido da Quaresma. Vamos à raiz. É a vitória sobre o mal. Não bastam atitudes externas, é preciso tirar o mal que nos domina. Assim podemos assumir as atitudes externas mais aptas a nós. Em seu jejum Jesus vivia entre os animais selvagens e era servido pelos anjos.
Na comunidade temos o serviço mútuo feito pelos anjos com quem vivemos na comunhão do amor fraterno. Dar vida é o que garante a nossa vida. O tempo de Jesus no deserto não era solidão, mas comunhão com o Espírito.

Mais feio que parece

Iniciando a Quaresma ouvimos que Jesus foi tentado. Ele vivia nossa condição humana e participou em tudo de nossos sofrimentos. É bom ser tentado para ver a força que temos para corresponder à proposta de Jesus. Ele nos dá a graça para vencermos. O diabo não é tão feio como pintam, mas, mais perigoso do que parece.
Temos muitos símbolos na Quaresma. As águas simbolizam a purificação. A arca lembra o batismo que é o lugar para celebrar a purificação pelo perdão. Por isso rezamos no salmo: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, fazei-me conhecer vossa verdade. Vossa verdade me oriente e me conduza” (Sl 24). A partir da vitória sobre a tentação, Jesus inicia sua pregação: “O Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).
A Quaresma não é só um tempo litúrgico. É um sacramento no qual temos muitas práticas que nos levam a viver o Mistério Pascal de Cristo, fonte de todos os sacramentos.
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 22/02/2015

HOMILIA

CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO

O título desta homilia marca o final do Evangelho do primeiro Domingo da Quaresma. Como ouvimos, Marcos narra o ambiente e as circunstâncias da tentação de Jesus. Estamos diante de três elementos: o deserto, os anjos e o diabo. Os três são elementos representam o árduo caminho da quaresma, iniciado na última quarta-feira e a nossa grande missão durante este tempo: a conversão.
O deserto indica um local de provação. Jesus é o novo Israel que passa 40 dias no deserto e vence a tentação, permanecendo fiel à vontade divina e à sua Aliança.
O diabo e os anjos representam o interior de cada um de nós. Dentro de nós pode morar um anjo e um diabo. Quando nos damos de corpo e alma a Deus em nós sobressai o lado angélico e quando nos damos aos prazeres da carne então fala mais alto o lado diabólico. Vivemos num mudo onde existem pessoas com corações diversificados. Há aqueles que são mais compreensivos e curtem a paz, até mesmo em momentos críticos. São os que têm como razão de viver o cultivo da vida interior com Deus e em Deus. Para estes, os anjos de Deus constantemente os servem com a paz, com a fortaleza, com a sabedoria, com o temor de Deus e assim por diante. Mesmo que tenham um temperamento forte, sabem controlar seus impulsos e seus instintos.
O diabo representado pelos impulsos e os instintos. Todos nós sabemos que os animais reagem por impulsos e instintos. E isso também existe dentro de cada um de nós quando não fazemos usa da nossa liberdade e vontade que vindos de Deus deveriam ser usados para escolher sempre o bem! Em alguns, parecem indomáveis estes dois elementos. Trata-se de pessoas impulsivas, que primeiro fazem e depois pensam, quando as conseqüências amargam na vida. O diabo que indomada existe em quem vive pelo instinto, incapaz de ter qualquer controle sobre si próprio.
No deserto, local da sede, da fome e da provação, o que acontece conosco, aconteceu com Jesus, porque ele era homem, igual a cada um de nós. Poderia se deixar levar pelo instinto e a impulsividade do diabo. Mas não. Ele vence a tentação optando pelo serviço dos anjos e isso acontece pela fidelidade ao plano divino. Eis a diferença entre nós e Ele. Enquanto muitas vezes nós nos deixamos vencer pelo diabo, Ele o desafia. E então Aquele que é fiel, envia os seus anjos para servi-lo. O que vemos em Jesus é um exemplo para vencermos as tentações. Os nossos desertos são muitos e podem ser localizados aqui na Canção Nova – Cachoeira Paulista onde moro e podem ser localizados aí na tua cidade, na tua casa. Podem ser na tua família, pode ser a escola, pode ser o trabalho. É nos locais onde vivemos, trabalhamos que a tentação aparece e faz transparecer o controle de si ou o terrível diabo que salta pelos olhos e pela boca.
Quero lembrar-te que esse tipo de reação não se trata com controles mentais ou técnicas de relaxamento ou por meio de uma consulta ao psicólogo ou psicanalista. Isso pode ajudar, mas a proposta da espiritualidade cristã diz que a vida interior só se resolve a partir do momento em que optamos por Deus. É o que fez Jesus. Pois, existe dentro de nós uma duplicidade: ou optamos por Deus e Ele nos serve, ou deixamos que nossos impulsos e instintos apareçam e estes tomam conta de nossa vida, a ponto de infernizá-la e então caímos nas malhas do diabo que nos domina o tempo todo.
A vida interior só se torna divinizada à medida que formos capazes de nos esvaziar de nós mesmos, de tirar de nós os instintos e os impulsos, para acolher com simplicidade, humildade e no espírito de pobreza, o que Deus nos oferece por meio do Seu Filho manso e humilde de coração.
Portanto, neste tempo quaresmal o nosso primeiro empenho é acolher o convite à conversão: CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO. E converter-se, hoje, significa considerar a vida interior de cada um de nós. Ver o que é mais saliente em nós: o lado divino ou o lado dos impulsos e instintos? O lado divino ou o lado humano? Lapidai-me ó Deus, para que convertido possa acolher o vosso Reino . Acolhendo-o os vossos anjos me venham servir como fizeram a Jesus!
Fonte: Liturgia da Palavra em 22/02/2015

REFLEXÕES DE HOJE

1º DOMINGO DA QUARESMA-21/02


HOMÍLIA DIÁRIA

Deixemo-nos tocar pelo apelo de mudança que Deus nos faz

O Evangelho é a Boa Nova anunciada por Cristo para nos converter.

“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!” (Marcos 1, 15).

Hoje é o primeiro domingo da Quaresma, estamos neste tempo forte de conversão, de apelo de Deus para repensarmos nossas atitudes e aquilo que está dentro de nós. Por isso, Jesus foi ao deserto, o deserto é lugar do encontro consigo mesmo, do encontro com a realidade mais profunda.
No deserto vamos ver nosso interior abençoado e iluminado pela presença de Deus e os anjos estarão ao nosso serviço. Mas, no deserto, estaremos também entre os animais selvagens, as feras dentro de nós clamando por aqueles sentimentos negativos como a ira, a raiva, o ressentimento, o medo, a sensualidade, a gula.
É por intermédio dessas feras, dentro de nós, que muitas vezes o tentador vem ao nosso encontro para nos fazer propostas, oferecer caminhos diferentes daqueles que Deus nos apontou. Por isso, a ida para o deserto é uma oportunidade de conhecermos as nossas fraquezas e limites, de conhecermos aquilo que nós somos e precisa de mudança.
O deserto é também o lugar do encontro com Deus, é lá que podemos nos rever e sermos refeitos pela Palavra d’Ele. Depois de passar quarenta dias no deserto, de ser tentado pelo inimigo, Jesus foi para a Galiléia anunciar o Reino de Deus, manifestar que o Reino do Senhor já estava presente e que era necessário se converter e crer no Evangelho.
Precisamos aprender, no deserto da vida, que a nossa conversão é diária e precisamos realmente converter nossa mente, aquilo que está dentro de nós para que nossos pensamentos e sentimentos sejam do Senhor. Por isso é necessário crer no Evangelho e fazer dele a força que move nossa vida, que modela nossas ações. O Evangelho é a Boa Nova anunciada por Cristo para nos converter.
Nestes quarenta dias da Quaresma, somos chamados a ter atitudes e a primeira delas é a oração. Oração do recolhimento e da vida interior na qual vamos para o silêncio do nosso quarto ou para uma casa de retiros, para um lugar onde possamos encontrar com nós mesmos sem medo da solidão e do deserto para que ali possamos nos purificar dos nossos pecados, combater as tentações e deixar que o Evangelho nos converta.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 22/02/2015

Oração Final
Pai Santo, que para estar perto de nós sujeitaste teu Filho às tentações, dá-nos força e grandeza d’alma para seguir Jesus de Nazaré na sua luta contra o pecado e, como Ele vencedores, conduze-nos unidos ao teu Reino de Amor. Pelo mesmo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 22/02/2015

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, nós nos jogamos confiantes nos teus braços, pedindo que nos conduzas – nesta quaresma e em toda vida – pelos caminhos da conversão que, nós sabemos, serão ásperos e difíceis, até alcançarmos o tempo glorioso da Páscoa/Ressurreição de teu Filho Jesus, o Cristo que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo. Amém.
Fonte: Arquidiocese BH em 18/02/2018

oRAÇÃO FINAl
Pai Santo, feliz aquele que espera em Ti! Nós nos jogamos confiantes nos teus braços, pedindo que nos conduzas – não apenas nestes quarenta dias que estamos começando a viver, mas em toda nossa vida – pelos caminhos da conversão que, sabemos, serão ásperos e difíceis, até alcançarmos o tempo glorioso da Páscoa, a Ressurreição de teu Filho, o Cristo que se fez nosso Irmão em Jesus de Nazaré. Por Ele, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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