domingo, 29 de março de 2020

LEITURA ORANTE DO DIA - 29/03/2020



LEITURA ORANTE

Jo 11,11-17 - Ressurreição de Lázaro



Preparamo-nos para a Leitura, renovando nossa fé, com todos os
que, neste espaço virtual, buscam a Palavra:
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Creio, meu Deus, que estou diante de ti.
Que me vês e escutas as minhas orações.
Tu és tão grande e tão santo: eu te adoro.
Tu me deste tudo: eu te agradeço.
Foste tão ofendido por mim:
eu te peço perdão de todo o coração.
Tu és tão misericordioso: eu te peço todas as graças
que sabes serem necessárias para mim.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Podemos ver o vídeo e depois ler o texto



Lemos atentamente o texto: Jo 11,11-17, e observamos
o diálogo de Jesus com Marta.
Quando Jesus chegou a Betânia, encontrou Lázaro sepultado havia quatro dias. Betânia ficava a uns três quilômetros de Jerusalém. Muitos judeus tinham vindo à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão. Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa. Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá”. Respondeu-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. Disse Marta: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”. Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais. Crês nisto?” Respondeu ela: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”.
Refletindo
O sétimo e último dos sinais narrados no Evangelho de João é a ressurreição de Lázaro. A cena mostra uma família ou comunidade (Betânia = “casa do pobre”) muito querida e amada por Jesus: Lázaro (= “Deus ajuda”) – que está doente e acaba morrendo – e duas irmãs, Maria (a discípula atenta e amada) e Marta (servidora). Esta faz uma profissão de fé importante (“Eu creio que tu és o Messias, o Filho de Deus”), papel que, para as comunidades apostólicas, cabia a Pedro desempenhar. Isso significa que, provavelmente, Marta era líder da comunidade de Betânia.
Neste diálogo com Jesus sobre a morte de Lázaro, Marta afirma sua fé na ressurreição “no último dia”. Revela ainda que crê no poder da intercessão de Jesus, quando diz: “Deus lhe dará tudo o que o senhor pedir a ele”. Jesus lhe responde com um novo conceito de vida, ou seja, quem crê recebe uma vida superior: "quem vive e crê em mim nunca morrerá”. Jesus diz claro: “nunca morrerá”. E mais: quem crê, se morre nesta vida terrena, sua morte não é o fim, o caos: : “ainda que morra, viverá”. A fé na pessoa de Jesus Cristo garante a vida.
O fato é que Jesus devolve vida e esperança à comunidade dos pobres. Como podemos notar, trata-se de relato rico em simbolismo. Esse sétimo sinal é o auge de todos os outros: Jesus se apresenta como a “ressurreição e a vida”. Nesse sinal, Jesus revela o poder eficaz da fé, que é a posse da vida eterna já no presente, sem necessidade de esperar pelo “último dia”, como pensava Marta.
Percebemos, portanto, que a proposta de Jesus – a “vida eterna” – não é algo a ser esperado somente para após a morte física, mas deve se concretizar no agora. Em outras palavras: “vida eterna” é vida digna para todos e para sempre, aqui e além.
A ressurreição de Lázaro provoca a ira dos adversários do Mestre. Enquanto Jesus promove a vida de quem está morto, seus adversários preocupam-se em eliminar a das pessoas que não se coadunam com a mentalidade deles. Está do lado de Jesus quem age da mesma forma que ele!
A presença de Jesus é sinal de vida: “Se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”. A comunidade reconhece que ele é e nele está a vida. Jesus transforma os corações e os acontecimentos; basta ter fé nele e seguir suas propostas.
O choro de Jesus é interpretado como sinal de amor compassivo pelo amigo falecido. É justamente o amor que pode e consegue transformar os sinais de morte em vida, transformar a cultura da morte em cultura da vida. (Liturgia do Dia, Paulus).

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para nós, hoje?
Como vivemos a nossa fé?
O texto nos faz recordar o que disseram os bispos em Aparecida: “A fé em Jesus como o Filho do Pai é a porta de entrada para a Vida. Como discípulos de Jesus, confessamos nossa fé com as palavras de Pedro: “Tuas palavras dão vida eterna” (Jo 6,68); “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16).” (DAp 101).

3. Oração (Vida)

O que o texto nos leva a dizer a Deus?
Rezamos, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluimos, com a canção do padre Zezinho, scj,


Quando a força de um amor
não basta pra fazer você sorrir
Quando a força de uma fé
não basta pra fazer você feliz
Quando a dor da solidão, dói tanto e tanto
que você já não consegue nem pensar
Procure a oração (4x)

Quando a força da canção
não basta pra fazer você cantar
Quando a força da emoção
não basta pra fazer você chorar
Quando a dor da solidão, dói tanto e tanto
que você já não consegue nem sonhar
Procure a oração (4x)

Quando a dor de uma paixão
Algum momento mais cruel
Algum amor que não deu certo
Ameaçar seu coração
Procure a oração (2x)

Milagres acontecem
Quando a gente reza e reza sem desanimar
E a paz é dos milagres,
o milagre mais bonito que se possa desejar
Milhares de pessoas encontram a resposta no momento de oração
Milagres acontecem quando pomos de joelho o coração.

CD Sereno e forte, Pe. Zezinho, scj

4. Contemplação (Vida e Missão)
Qual nosso novo olhar a partir da Palavra?
Nosso novo olhar será renovado a cada instante pela
fé em Jesus Cristo e na vida eterna.

Bênção DO CARDEAL SÉRGIO DA ROCHA
Senhor, nosso Deus, concedei-nos nesta quaresma a graça da conversão e da reconciliação por meio da oração, da penitencia e da caridade. Dai-nos a graça de aprender convosco a  ser livres para amar, acolhendo a vida como dom e compromisso, valorizando e defendendo a vida, especialmente onde ela se encontra mais fragilizada e sofrida. Isto vos pedimos, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.


Leitura Orante
5º Domingo da QUARESMA, 29 de Março 2020


“E A VIDA SEMPRE TEM RAZÃO...”

“Eu sou a ressurreição e a vida”.
“Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.” (Jo 11,25)

Texto Bíblico: João 11,1-45

1 – O que diz o texto?

O quinto domingo da Quaresma é como uma espécie de Monte da visão, de onde podemos contemplar as primeiras luzes da Páscoa e da Vida. Ela ainda não é realidade, mas já podemos ver seus primeiros sinais. O importante é nos perguntar se, de verdade, estamos nos aproximando deste Monte da visão ou, simplesmente, ficamos no caminho, cansados, fatigados ou indiferentes.
A Páscoa é a nossa verdadeira meta? É o nosso verdadeiro horizonte?
É preciso tomar consciência de onde saímos: lugares estreitos, visões atrofiadas, atitudes conservadoras, ideias enfaixadas, sentimentos carregados de ego, coração petrificado... Ou será que vamos chegar à Páscoa tão escravos como quando partíamos, no início da Quaresma?
Quantas liberdades têm hoje que não tínhamos no começo?
A CF deste ano nos apresenta como tema: “Vida: dom e missão”.
Sabemos que este caminho em favor da vida é belo, instigante, mas muito arriscado. Aqueles que trabalham em favor da vida, aqueles que tiram homens e mulheres de seus túmulos, são frequentemente perseguidos, porque há interesses em jogo e muitos preferem que as coisas continuem do mesmo modo. Assim diz o Evangelho: “Que morra um (Jesus) para que o “bom” sistema prossiga...” Que morram muitos, milhões, para que o sistema neoliberal continue sobrevivendo.
É perigoso optar pela vida e testemunhar a ressurreição neste mundo de morte. Há muitos (pessoas e instituições) que preferem manter as coisas assim, traficando com a morte (vendedores de armas, promotores de uma economia que mata etc). O evangelho revela que os primeiros traficantes da morte (“que Lázaro apodreça!”) são os dirigentes religiosos e políticos que controlam o poder a partir da mesma morte.
A única verdade é a que abre espaço de vida para todos, em justiça e paz. O único valor é a vida, cada vida, acima da “santa nação” à qual apelava Caifás, compactuando com o Sacro Império de Roma.

2 – O que o texto diz para mim?

No processo do seguimento de Jesus, ao longo da Quaresma, sou tomada por uma “moção à vida” que me impulsiona a uma “missão em defesa da vida”. Da moção à missão:  este é o dinamismo original deste tempo litúrgico.
Alguém já teve a ousadia de afirmar que a morte é mais universal que a vida; todos morrem, mas nem todos “vivem”, porque incapazes de reinventar a vida no seu dia-a-dia; marcados pelo medo permanecem atados, debaixo de uma fria lápide, sem nunca poder entrar em contato com a vida que flui dentro de si e ao seu redor. Na maioria dos casos, as pessoas passam sobre a vida como sobre brasas: de uma maneira superficial, fugindo do grande sentido da própria existência. Diante do impulso por viver em plenitude, contentam-se em mal viver ou sobreviver. Trata-se de pessoas mortas diante do sentido da vida, ou seja, pessoas alienadas, desconectadas de si mesmas, sem experiência pessoal profunda e sem ter dentro de si a fonte da confiança e do entusiasmo. Criam sepulturas e se enterram.
Quem não sabe por que vive e para quê vive, não pode eleger o como quer viver.
O apelo de Jesus – “Lázaro, vem para fora!” - é um princípio de esperança, mas também de compromisso em favor da justiça neste mundo.
“Lázaro, vem para fora!” Hoje, com muito mais intensidade, é preciso deixar ressoar este grito. Venha para fora, de maneira que não viva mais de mortes, que não viva mais na indiferença e na letargia, envolvida em sudários e vendas, compactuando com a violência e com a injustiça, dando cobertura aos que matam!
Esta expressão – “vem para fora!”- é para todos; tenho de sair de um mundo em que, de um modo ou de outro, me acostuma com as mortes, defendendo mediações e estruturas que atrofiam a vida.
Sair do túmulo significa viver para a vida, na justiça e na solidariedade; que eu possa viver para a acolhida e a concórdia, condenando a violência de um modo radical.
O caminho da vida começa ali onde tomo consciência que não se pode matar ninguém para “manter a própria segurança”; que ninguém se aproveite da injustiça para justificar algum tipo de ação opressora.

3 – O que a Palavra me leva a experimentar?

“Jesus era muito de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro”, e é nessa corrente de vida e amor onde aprendo a força sanadora que as relações têm. Os três irmãos representam a nova comunidade dos seguidores de Jesus; e Jesus está totalmente integrado no grupo por seu amor a cada um. Cada membro da comunidade se preocupa pela saúde do outro.
A morte de Lázaro se converteu em uma benção para suas irmãs e seus amigos. Depois de atravessarem juntos a experiência dos limites, de reconhecerem-se feridos e de abraçarem a dor, fortaleceram-se os vínculos entre eles, e a amizade pode se expandir.
O amor e a amizade devolveram a vida a Lázaro, recriando esse “tecido de relações” que Jesus estabeleceu com esta família de amigos, em Betânia.
Vivo também eu um tempo de decomposição social e de relações superficiais.
Talvez, quem sabe, muitos acontecimentos que me custam viver escondem também uma benção.
As perdas, a dor, a doença..., me aproximam dos outros, me fazem mais solidária.
Humaniza-me também a ternura, a bondade, o tratar mutuamente com cordialidade...
O sofrimento e a perda podem me despertar para a dimensão de profundidade da realidade e de mim mesma. Mas preciso passar por um processo de transformação para que o sofrimento e a dor me abram ao Mistério e não me afundem no desespero.
Jesus vai ajudar Marta e Maria a passar por este processo.

4 – O que a Palavra me leva a falar com Deus?

Senhor, em chave da interioridade, no relato evangélico deste domingo, “Lázaro” pode significar também aquilo que rejeito em mim mesma, aquilo que deixo enterrado sob uma lápide porque não me agrada; o que ocorre é que tudo o que enterro e reprimo começam a exalar mau cheiro.
Para começar a viver, é preciso, antes de qualquer coisa, reconhecer o que já está morto em mim (falta de sentido, ego inflado, preconceito, frieza nas relações); reconhecer meu Lázaro interior naquilo que há de positivo e que ainda não foi ativado, porque preferi me fechar em mecanismos egocêntricos; reconhecer meu Lázaro naquilo que me pesa e que é reprimido, ameaçando-me continuamente como uma sombra.
Mas não é suficiente reconhecê-lo. Exige-se também crer na força da vida e no dinamismo do próprio ser habitado por Deus, que me cria constantemente. A partir daí, posso escutar a palavra de Jesus que chama à vida e ressuscita o Lázaro que ainda vive em mim. O que mais preciso é reagir à apatia e à acomodação, a partir da confiança na vida e na palavra de Jesus.
“ego” é meu principal sepulcro: tudo o que significa culto ao “eu”, todo tipo de egoísmo, narcisismo e individualismo. É a incapacidade para a relação aberta e generosa; é o coração solitário; é aquele que se fecha em si mesmo, se asfixia, morre. No fundo, é o sepulcro do não amor.
Sei disso: “todo aquele que não ama está morto”.

5 – O que a Palavra me leva a viver?

Contemplar o coração de Jesus comovido, sacudido, diante da dor e da morte; assim é o meu coração: feito com as fibras da fortaleza e da coragem, entrelaçadas com as fibras da compaixão e da ternura.
Captar a presença de Deus em minha vida, ficar atenta, desperta, não perdida em tantas coisas que me levem a viver afastada de mim mesma.
Deus é presença calada e respeitosa. No silêncio e no olhar profundo poderei captar os vestígios de sua presença. No amor aos outros, me abrir à densidade de Seu amor.
No assombro diante da vida, sentida em meu interior, perceber em estar mergulhada no Mistério.

Fonte:
Bíblia Novo Testamento – Paulinas: João 11,1-45
Pe. Adroaldo Palaoro, sj

Sugestão:
Música: Jesus só tu és o Mestre
Autor: Maria Luiza Ricciardi, fsp
Intérprete: Emmanuel
CD: Sejamos Comunicação
Gravadora: Paulinas Comep
Duração: 03:53

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