terça-feira, 22 de outubro de 2019

LEITURA ORANTE DO DIA - 20/10/2019



LEITURA ORANTE

Lc 18,1-8 - Dia das Missões e da Infância Missionária


Graça e Paz a todos os que se reúnem aqui, na web,
em torno da Palavra. Começamos rezando  o Salmo 94:
- Venham, ó nações, ao Senhor cantar
- Ao Deus do universo, venham festejar
- Seu amor por nós, firme para sempre
- Sua fidelidade dura eternamente
- Toda a terra aclame, cante ao Senhor
- Sirva com alegria, venha com fervor
- Nossas mãos orantes para o céu subindo
- Cheguem como oferenda ao som deste hino
- Glória ao Pai, ao Filho e ao Santo Espírito
- Glória à Trindade Santa, glória ao Deus bendito

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Lemos atentamente o texto: Lc 18,1-8:
Jesus contou a seguinte parábola, mostrando aos discípulos que deviam orar sempre e nunca desanimar:
- Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus e não respeitava ninguém. Nessa cidade morava uma viúva que sempre o procurava para pedir justiça, dizendo: "Ajude-me e julgue o meu caso contra o meu adversário!"
- Durante muito tempo o juiz não quis julgar o caso da viúva, mas afinal pensou assim: "É verdade que eu não temo a Deus e também não respeito ninguém. Porém, como esta viúva continua me aborrecendo, vou dar a sentença a favor dela. Se eu não fizer isso, ela não vai parar de vir me amolar até acabar comigo."
E o Senhor continuou:
- Prestem atenção naquilo que aquele juiz desonesto disse. Será, então, que Deus não vai fazer justiça a favor do seu próprio povo, que grita por socorro dia e noite? Será que ele vai demorar para ajudá-lo? Eu afirmo a vocês que ele julgará a favor do seu povo e fará isso bem depressa. Mas, quando o Filho do Homem vier, será que vai encontrar fé na terra?
Refletindo
A viúva de que Jesus fala no Evangelho, fazia parte de um grupo bastante exposto a abusos legais, judiciais e jurídicos porque não podiam subornar nem pagar. A viúva procurava o juiz pedindo justiça contra seu adversário. Mas, o juiz era iníquo. Não temia a Deus e nem respeita as pessoas. Por isso não atendia o caso do julgamento daquela mulher. Mas, sentindo-se incomodado por tantos apelos da viúva, ele resolveu atendê-la. E Jesus comenta: se aquele juiz iníquo, para não ser incomodado, atendeu àquela mulher, muito mais e sem demora, Deus que é bom e justo, vai ajudar o seu povo. A fé e a confiança neste Deus justo e bom deve animar os que creem.

2. Meditação (Caminho)
O que diz o texto para nós?
Meditando
Os bispos na Conferência de Aparecida lembraram: "Na história do amor trinitário, Jesus de Nazaré, homem como nós e Deus conosco, morto e ressuscitado, nos é dado como Caminho, Verdade e Vida. No encontro de fé com o inaudito realismo de sua Encarnação, podemos ouvir, ver com nossos olhos, contemplar e tocar com nossas mãos a Palavra de vida (cf. 1 Jo 1,1), experimentamos que "o próprio Deus vai atrás da ovelha perdida, a humanidade doente e extraviada. Quando em suas parábolas Jesus fala do pastor que vai atrás da ovelha desgarrada, da mulher que procura a dracma, do pai que sai ao encontro de seu filho pródigo e o abraça, não se trata só de meras palavras, mas da explicação de seu próprio ser e agir"(DAp 242).
E nos interrogamos:
Deus para nós é este Juiz bondoso que vai ao encalço de quem se perdeu?
A justiça de Deus é amor para todos.
Sentimo-nos  pessoas amadas, acolhidas, ouvidas por Deus?

3. Oração (Vida)
O que o texto nos leva a dizer a Deus?
Rezamos, espontaneamente, com salmos e concluímos com a
Oração ao Senhor (papa Francisco)
Senhor Deus, olhai para nós!
Olhai para as nossas famílias.
Senhor, a Vós não faltou trabalho;
Vós fostes carpinteiro e éreis feliz.
Senhor, falta-nos um trabalho.
Os ídolos querem roubar-nos a dignidade.
Os sistemas injustos desejam roubar-nos a esperança.
Senhor, não nos deixeis sozinhos.
Ajudai-nos a auxiliar-nos uns aos outros;
fazei-nos esquecer um pouco o egoísmo e
sentir no nosso coração o “nós”,
nós povo, que deseja ir em frente.
Senhor Jesus, a Vós não faltou trabalho;
concedei-nos um trabalho,
ensinai-nos a lutar pelo trabalho e
abençoai-nos a todos.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

4. Contemplação (Vida e Missão)
Qual nosso novo olhar a partir da Palavra?
Sentimo-nos discípulos/as de Jesus?
Nosso olhar deste dia será iluminado pela presença de Jesus Cristo, justo Juiz que nos ama e prepara o melhor para nós.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Irmã Patrícia Silva, fsp

Leitura Orante
29º DOMINGO TEMPO COMUM, 20 de OUTUBRO de 2019


A VIÚVA E SUA SANTA INDIGNAÇÃO

“Faze-me justiça contra o meu adversário!” (Lc 18,3)

Texto Bíblico: Lucas 18,1-8

1 – O que diz o texto?

O maior poder do mundo não é a bomba, nem o grande capital, nem um estado autoritário e violento, nem uma igreja triunfante, mas o rosto impotente do órfão, da viúva, do refugiado, do excluído..., o rosto que sofre e se indigna, que olha e suplica, pois carrega no mais profundo de si mesmo toda a energia de Deus; este é o poder que desestabiliza o grito dos indignados. Falamos da eficácia do “rosto suplicante”, ou seja, do argumento dos indignados que gritam com seu rosto, exigindo justiça.
Vivemos em um mundo que parece dominado pela voz daqueles que vivem para impor e abafar a voz dos mais vulneráveis, um mundo fundado na propaganda de um sistema que quer silenciar todos os gritos e enganar-nos a todos com o circo midiático das mentiras organizadas (fake news).Para que este mundo se transforme e a justiça se faça presente, continua sendo necessário o grito das viúvas, a indignação dos pobres e excluídos, a voz de todos os oprimidos da terra, aos qual o mesmo Jesus diz: “juntai-vos e gritai ao Deus onipotente”.
Pois bem, é chegado o momento de nos comprometer a elevar a voz, como tantos homens e mulheres de nosso tempo. Chegou o momento dos (das) grandes indignados (as), como a viúva do evangelho com sua palavra suplicante e com sua voz que denuncia todo tipo de injustiça.
“É muito bom gritar através das personagens o que quero gritar para o mundo” (Adriana Esteves)Na 
tradição bíblica, as viúvas são, juntamente com os órfãos e os estrangeiros, as pessoas mais indefesas, as mais pobres entre os pobres. A viúva, de modo especial, é o símbolo por excelência da pessoa que vive só e desamparada; ela não tem marido nem filhos que a defendam e não conta com nenhum apoio social. É nesta situação de total abandono que sua vida se converte em um grito: “Fazei-me justiça!”.
Na Bíblia, as viúvas aparecem submetidas à arbitrariedade dos poderosos, mas tem uma voz que chega até Deus. Elas ocupam um lugar especial no evangelho de Lucas, visibilizada aqui na parábola da viúva suplicante, aquela do grito que tudo consegue. Sua persistência inspira em todos nós a luta por libertação das estruturas de dominação, em todas as dimensões da vida.
Contrariamente àqueles que pensam que não vale a pena sair às ruas para gritar e protestar (no plano social e religioso, político e eclesial), o evangelho deste domingo nos situa diante do grito da viúva, capaz de mudar a ordem injusta do sistema.
Muitas vezes, tudo parece ficar restrito a um grito, mas esse grito é mais profundo e eficaz que todas as vozes opressoras, ocas, prepotentes, intolerantes, do sistema dominante. Esse grito da viúva que chega ao coração de Deus (e à cabeça do juiz injusto) continua sendo promessa de vida para nós.

2 – O que o texto diz para mim?

Em um mundo onde a realidade feminina era invisível, Jesus tornou-a visível. Sua conduta e seu ensinamento foram radicalmente “contra culturais” com relação à mulher. Ele foi um autêntico reformador e inclusive revolucionário. Considerando seus gestos e palavras, percebe-se que Jesus se mostrava sensível a tudo o que pertencia à esfera feminina, em contraposição ao mundo masculino cultural, centrado na dominação e submissão da mulher.
Com sua presença e sua linguagem Jesus faz emergir o mundo vital das mulheres; ao tirá-las do seu anonimato e trazê-las à luz, Ele realça e louva os traços característicos da mulher. Por isso, Jesus narrou preciosas parábolas tendo as mulheres como protagonistas, especialmente as mais pobres, como no Evangelho deste domingo:  Jesus deu voz àquela que, por sua condição de viuvez, não tinha chance nenhuma de expressar seu clamor por justiça.
A mensagem e a prática de Jesus, portanto, significam uma ruptura com a situação imperante e a introdução de um novo tipo de relação, fundado não na ordem patriarcal da subordinação, mas no amor como mútua doação que inclui a igualdade entre homem e mulher. A mulher irrompe como pessoa, filha de Deus, destinatária do sonho de Jesus e convidada a ser, junto com os homens, também discípula e membro de um novo tipo de comunidade.
Em um contexto social e religioso no qual as relações se estabelecem através do poder, da hierarquia, da maneira de exercer a autoridade, onde o mais forte se impõe sobre o fraco, o rico sobre o pobre, o homem sobre a mulher, o que possui informação sobre o ignorante, a cena da parábola deste domingo nos introduz em uma nova ordem das relações que devem caracterizar o Reino.
A maneira de Jesus tratar as pessoas marginalizadas, sobretudo as viúvas, pôs em marcha um movimento de inclusão que quebrava toda pretensão de poder e de imposição.

3 – O que a Palavra me leva a experimentar?

Jesus também foi um indignado que adotou uma atitude crítica e rebelde frente ao sistema político e religioso de seu tempo; Ele se comportou como um “transgressor”, frente à ordem estabelecida, centrada no poder e na exclusão.
O conflito, nascido de sua indignação, define seu modo de ser, caracteriza sua forma de viver e constitui o critério ético de sua prática libertadora. A transgressão e a resistência foram às opções fundamentais durante os anos de sua atividade pública, tanto no terreno religioso como no político, ambos inseparáveis em uma teocracia que não suportava sua liberdade e tornou-se a chave para explicar seu trágico final.
A indignação de Jesus de Nazaré com os poderes econômicos, religiosos, políticos e patriarcais constitui um desafio para os cristãos de hoje e um chamado a incorporar-se ao movimento dos indignados. E não para sacralizá-lo, mas para mobilizar e somar forças no empenho por “outro mundo possível”.

4 – O que a Palavra me leva a falar com Deus?

Senhor, preciso alimentar uma espiritualidade da indignação, quando é preciso reagir frente à impiedade, à violência e à injustiça que campeiam e envenenam as relações entre as pessoas. Sou habitada pelo mesmo Espírito que movia Jesus a ser presença original e provocativa no contexto do seu tempo.
Na vivência do seguimento de Jesus, há algo contraditório entre cristãos: sou seguidora do maior transgressor da história e, no entanto, me acovardo escondida atrás de leis, doutrinas, ritos, que me levam a alimentar uma cultura de indiferença e de frieza frente à realidade que me cerca. Preciso ativar a atitude evangélica da denúncia nesta sociedade perplexa que sou, neste tempo incerto que vivo neste planeta ameaçado que habito.
Em definitiva, trata-se de deixar ressoar o clamor dos (as) “descartados”, tantas pessoas e grupos hoje excluídos do direito ao pão, ao trabalho, a terra, ao teto, à justiça...; deixar ecoar o grito da terra frente a tanta destruição; deixar fluir o grito de tantas vítimas da violência institucionalizada. Se eu parar para escutar, ouvirei gritos insistentes. Há um clamor uníssono tão forte capaz de atravessar os céus, ultrapassar as nuvens e não deixar de ser escutado. No fundo, é o próprio Deus que grita nos seus filhos e filhas; escutar o grito dos últimos e dos excluídos é escutar a voz do próprio Deus que “derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes”.

5 – O que a Palavra me leva a viver?

Orar, como diz S. Inácio de Loyola, é buscar e encontrar Deus em todas as coisas, detectar sua presença como anúncio ou como denúncia, como carícia ou como grito. A oração é sempre um clamor, é uma aspiração, é gemido do Espírito em mim, expressão dos desejos mais profundos da humanidade e do próprio coração.
A oração, portanto, não é nunca um clamor estéril, nem sequer um desafogo psíquico, mas um desejo esperançado, fundado na confiança de que o Deus, todo misericórdia e cuidado a partir dos últimos, não abandonam nunca.
- Frente ao contexto social e político no qual vivo, minha voz está a serviço de quem?
- Minha voz é prolongamento do grito indignado da viúva ou é voz conivente com a morte?

Fonte:
Bíblia Novo Testamento – Paulinas: Lucas 18,1-8
Pe. Adroaldo Palaoro, sj

Sugestão:
Música: Mulheres
Autor: Dalva Tenório e Karla Fioravante
Intérprete: Cantores de Deus
CD: Coletânea – Cantores de Deus
Gravadora: Paulinas Comep

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