segunda-feira, 26 de março de 2018

LEITURA ORANTE DO DIA - 25/03/2018



LEITURA ORANTE

Mc 14,1-15,47 - Domingo de Ramos e da Paixão


Já na Semana Santa, inicio este momento de Leitura Orante,
em sintonia com todos os internautas e com
a ação de graças dos bispos na Conferência de Aparecida:
“Bendizemos a Deus que se nos dá na celebração da fé,
especialmente na Eucaristia, pão de vida eterna.
A ação de graças a Deus pelos numerosos e admiráveis dons que nos outorgou
culmina na celebração central da Igreja,
que é a Eucaristia, alimento substancial dos discípulos e missionários.” (DAp 26).

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Mc 14,1-15, 47,
e observo as palavras e gestos de Jesus:
Faltavam dois dias para a Festa da Páscoa e a Festa dos Pães sem Fermento. Os chefes dos sacerdotes e os mestres da Lei procuravam um jeito de prender Jesus em segredo e matá-lo. Eles diziam:- Não vamos fazer isso durante a festa, para não haver uma revolta no meio do povo. Jesus estava no povoado de Betânia, sentado à mesa na casa de Simão, o Leproso. Então uma mulher chegou com um frasco feito de alabastro, cheio de perfume de nardo puro, muito caro. Ela quebrou o gargalo do frasco e derramou o perfume na cabeça de Jesus. Alguns que estavam ali ficaram zangados e disseram uns aos outros: - Que desperdício! Esse perfume poderia ter sido vendido por mais de trezentas moedas de prata, que poderiam ser dadas aos pobres. Eles criticavam a mulher com dureza, mas Jesus disse: - Deixem esta mulher em paz! Por que é que vocês a estão aborrecendo? Ela fez para mim uma coisa muito boa. Pois os pobres estarão sempre com vocês, e, em qualquer ocasião que vocês quiserem, poderão ajudá-los. Mas eu não estarei sempre com vocês. Ela fez tudo o que pôde, pois antes da minha morte veio perfumar o meu corpo para o meu sepultamento. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: em qualquer lugar do mundo onde o evangelho for anunciado, será contado o que ela fez, e ela será lembrada.
Judas Iscariotes, que era um dos doze discípulos, foi falar com os chefes dos sacerdotes para combinar como entregaria Jesus a eles. Quando ouviram o que ele disse, eles ficaram muito contentes e prometeram dar dinheiro a ele. Assim Judas começou a procurar uma oportunidade para entregar Jesus.
No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, em que os judeus matavam carneirinhos para comemorarem a Páscoa, os discípulos perguntaram a Jesus:
- Onde é que o senhor quer que a gente prepare o jantar da Páscoa para o senhor?
Então Jesus enviou dois discípulos com a seguinte ordem:
- Vão até a cidade. Lá irá se encontrar com vocês um homem que estará carregando um pote de água. Vão atrás desse homem e digam ao dono da casa em que ele entrar que o Mestre manda perguntar: "Onde fica a sala em que eu e os meus discípulos vamos comer o jantar da Páscoa?" Então ele mostrará a vocês no andar de cima uma sala grande, mobiliada e arrumada para o jantar. Preparem ali tudo para nós.
Os dois discípulos foram até a cidade e encontraram tudo como Jesus tinha dito. Então prepararam o jantar da Páscoa. Enquanto estavam comendo, Jesus pegou o pão e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e o deu aos discípulos, dizendo:
- Peguem; isto é o meu corpo. Em seguida, pegou o cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois passou o cálice aos discípulos, e todos beberam do vinho. Então Jesus disse:
- Isto é o meu sangue, que é derramado em favor de muitos, o sangue que garante a aliança feita por Deus com o seu povo. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: nunca mais beberei deste vinho até o dia em que beber com vocês um vinho novo no Reino de Deus.
Este momento se dá na época da Páscoa, quando havia em Jerusalém grande aglomerado de pessoas. Os chefes e mestres da Lei queriam acabar com Jesus. Ele está em Betânia,  sentado à mesa na casa de Simão, o Leproso, ou seja, curado da doença da lepra. Então uma mulher anônima chegou com um frasco  de alabastro, cheio de perfume de nardo puro, muito caro. Trezentas moedas de prata correspondiam ao salário de trezentos dias de um operário. Este detalhe revela o quanto ela apreciava o hóspede. Alguns acharam isto um desperdício, mas Jesus fala que a deixem pois, ao ungi-lo ela participou por antecipação, no seu sepultamento. O texto narra um detalhe interessante: "ela quebrou o frasco". Isto simboliza o dom total, sem reservas, como é o amor verdadeiro. Jesus diz que pobres sempre terão. Não quer dizer com isso que menospreza os pobres, mas que, se todos tivessem a atitude da mulher, os pobres nem existiriam, pois seriam ajudados. De certa forma, Ele denuncia a mesquinhez dos que não partilham.
Num segundo momento, o texto fala da última ceia pascal, que Jesus celebrou com seus discípulos, ele mesmo nos revela o mistério: "Isto é meu  Corpo.(...) Isto é o meu sangue”. E nos convida a alimentar-nos dele. É na Eucaristia que nos alimentamos do Pão da Vida, o próprio Senhor Jesus. Veja esta música:
Este Pão (Pe. Zezinho, scj)
Este pão, que a gente chama: eucaristia,
É lembrança de uma ceia sem igual.
Quem partiu aquele pão naquele dia,
Partiu o pão, Partiu o pão,Partiu o pão,
E dentro dele achou o céu,
Achou o céu,Achou o céu

Este pão, que a gente chama: eucaristia,
No deserto desta vida é o novo maná.
Quem tem fome de justiça e de luz,
Aproxime-se da mesa de Jesus!

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Jesus  se fez pão para ficar conosco.
Quis ser meu alimento.
Como acolho e recebo este alimento?
Os bispos, em Aparecida, disseram:
"Louvamos a Deus porque Ele continua derramando seu amor em nós pelo Espírito Santo e nos alimentando com a Eucaristia, pão da vida (cf. Jo 6,35)”. (DAp 106).

3. Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo ao Senhor, com toda a Igreja:
Adoremos a Cristo que, ao entrar em Jerusalém, foi aclamado pela multidão como o Rei e  Messias esperado. Também nós o louvemos com alegria:
R. Bendito o que vem em nome do Senhor!
Hosana a vós, Filho de Davi e Rei eterno,
– hosana a vós, vencedor da morte e do inferno! R.
Vós, que subistes a Jerusalém para sofrer a Paixão, e assim entrar na glória,
– conduzi vossa Igreja à Páscoa da eternidade. R.
Vós, que transformastes o madeiro da cruz em árvore da vida,
– concedei de seus frutos aos que renasceram pelo batismo. R.
Cristo, nosso Salvador, que viestes para salvar os pecadores,
– conduzi para o vosso Reino os que creem em vós, em vós esperam e vos amam. R.
(intenções livres)
Pai nosso...
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, para dar aos seres humanos um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua Paixão e ressuscitar com ele em sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

4. Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu olhar será iluminado pela Eucaristia e meus passos
seguirão os passos de Jesus nesta Semana Santa.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

I. Patrícia Silva, fsp
patricia.silva@paulinas.com.br

Leitura Orante
Domingo de Ramos, 25 de março de 2018


RAMOS: descobrir o Deus encoberto nas cidades

“... quando se aproximaram de Jerusalém” (Mc 11,1)

Texto Bíblico: Marcos 11,1-10

1 – O que diz o texto?

A experiência espiritual da Quaresma implica a travessia do deserto: tempo de despojamento, de pobreza, de confiança em Deus, de esperança e horizontes abertos... O deserto quaresmal desemboca na cidade.
E todos sabemos que a cidade é o contrário do deserto: autossuficiência, segurança, limitação de horizontes, acomodação, conflitos... Cidade moderna, globalizada pela tecnologia fria e sem alma, amordaçada pela funcionalidade e pela utilidade, com uma política submetida ao mercado, à produção e consumo, cidade estendida e sem muros de contorno, mas com horizonte atrofiado, aparentemente sem Reino de Deus à vista...
Jesus entrou na cidade de Jerusalém com seus seguidores e não foi uma decisão fácil porque implicava o alto risco de ser incompreendido e rejeitado.
Como bom judeu, Jesus subiu a Jerusalém, cidade de Davi (do Messias) em nome dos pobres, com um grupo de Galileus, para anunciar e preparar o Reino. Subiu na Páscoa, porque era o momento propício (hora do Reino), tempo para que os homens e as mulheres pudessem se encontrar a se comunicar, em gesto de paz, a partir dos mais pobres. Subiu a Jerusalém porque estava convencido de que sua mensagem era de Deus e porque Deus lhe havia confiado a missão de instaurar, com sua palavra e com sua vida, o novo Reino dos pobres, que já havia começado na Galiléia e que devia estender-se, desde Jerusalém, passando de novo por Galiléia, para todos os homens e mulheres da terra.
Jesus tinha a certeza de que Deus falaria através do que fizessem (ou não fizessem) com Ele em Jerusalém, pois esta era a última oportunidade para a cidade da promessa e do templo.
Entrou na cidade santa para que finalmente ela se transformasse na “cidade de Deus”, o lugar de encontro do ser humano com Deus, de Deus com todos seres humanos, e estes como irmãos.
E pela primeira vez se deixa aclamar: “Hosana ao filho de Davi”. Desta vez não recusou o papel de liderança, mas deu outro sentido, porque não se valeu disso para conquistar o poder e sim para desmascará-lo. Não fez pactos militares ou políticos, porque Deus não atua por meio do poder, mas de um modo gratuito. Dessa forma entrou na cidade de Jerusalém, desarmado e cheio de esperança, renunciando todo poder sobre ela, todo domínio, toda força, sem espadas, sem exército... Não entrou montado a cavalo como os grandes, mas num jumentinho; não entrou rodeado das grandes autoridades religiosas e políticas pois Jesus se sentia muito melhor acompanhado das pessoas simples do povo; não usou traje de gala, mas as vestes rudes de um peregrino; não lhe fizeram nenhum arco de flores pois a Ele lhe bastavam os mantos do povo e os ramos cortados das árvores; entrou provocativamente como mensageiro da concórdia e da paz em meio a aplausos e hosanas do povo peregrino que veio à festa. Jerusalém inteira fica alvoroçada. Os donos do poder, político e religioso, sentem-se ameaçados.

2 – O que o texto diz para mim?

Hoje tem esvaziado a dimensão do deserto em minha vida; tenho-me adaptado de tal maneira à cidade e às suas exigências técnicas, produtivas, aos seus programas e solicitações... que acabo me sentindo passiva diante dela.
O tempo quaresmal me possibilita manter aberto o acesso ao deserto, que cria um espaço interior vazio, onde se faz possível um encontro surpreendente com Deus; a partir daí, mesmo em minha atribulada vida na cidade, posso recuperar a liberdade do chamado profundo e redescobrir o caminho do Seguimento de Jesus, que começa e termina-me “afora” da cidade.
As cidades não são pessoas, mas tem sua identidade e personalidade próprias; algumas têm múltiplas personalidades. Elas existem no espaço e no tempo.
Há cidades acolhedoras, que dão as boas-vindas, que parecem se preocupar com cada habitante, alegram-se com o fato de que os moradores ali se sintam bem; são cidades humanizadora...
Há cidades indiferentes, aquelas que dão no mesmo que as pessoas estejam ou não nelas; cidades que seguem seu rumo, que ignoram seus habitantes...
Há cidades que são más, violentas, que parecem perdidas, que dão a sensação de que seriam mais felizes em outro lugar... Algumas grandes cidades se propagam como um câncer que devoram tudo em sua passagem, absorvem cidades pequenas e povoadas, destroem culturas e hábitos de vida, esvaziam regiões que em outros tempos eram prósperas... Cidades desumanizadoras.
Mas sou eu quem dá uma feição às cidades; cada cidade revela o rosto e o coração de seus moradores...

3 – O que a Palavra me leva a experimentar?

Não devo perder o deserto que carrego dentro de mim; por isso, só posso “entrar na cidade” seguindo a Jesus Cristo que é fiel à causa do Reino, com o risco da Cruz (Semana Santa), porque a Cruz assume, radicaliza e eleva o deserto. Jesus vai morrer-me “afora” da cidade, nesse limite fronteiriço entre o deserto e Jerusalém, nesse espaço que só Deus pode preencher e onde posso enraizar minha confiança n’Ela... A Cruz se eleva e abraça ambas realidades.
Embora muitas realidades urbanas me queiram impedir o encontro com Deus, devo reconhecer na cidade a presença de d’Ele, muitas vezes de um modo imperceptível, como o sol está presente nos dias nublados. Deus está sempre presente na histórica e na cultura de meu tempo. Ele continuamente vem ao meu encontro. O cristianismo é a religião do Deus com rosto humano e urbano que me busca apaixonadamente em Cristo.
Por isso, não é necessário que leve Deus para a cidade; Ele já está ali presente, em meio às alegrias e dores, esperanças e sofrimentos nela.
A experiência das pessoas que vivem nas cidades me demonstra que Deus está presente nelas, embora muitas vezes de maneira escondida e oculta.
A presença de Deus não se desvela à plena luz do dia; uma pessoa pode viver na cidade e perfeitamente ignorar, negar, desmentir ou simplesmente desconhecer a presença divina nela.
É preciso buscar a Deus, “descobrir Deus na cidade”, como se estivesse encoberto, oculto, escondido na cidade. Uma aguda sensibilidade religiosa percebe a presença de Deus também nos sinais de sua ausência. O “Deus escondido” se apresenta onde é marginalizado. Deus acompanha a todos em seu retiro; pronuncia sua voz em seu silêncio; revela sua onipotência em sua impotência; mostra sua máxima bondade em sua mínima expressão do presépio à Cruz.

4 – O que a Palavra me leva a falar com Deus?

Senhor, o seguidor, a seguidora de Jesus é um apaixonado, é uma apaixonada do deserto e que nunca se “encaixa” nas estruturas da cidade; sua presença sempre rompe com as muralhas, alargando espaços e acolhendo o diferente.
Se carregar o deserto dentro de mim, estarei vazia de mim mesma, de meu ego, de minhas visões fechadas, de meu monopólio da verdade. Só assim minha presença na cidade vai se revelar inspiradora e provocativa, como a presença de Jesus em Jerusalém.

5 – O que a Palavra me leva a viver?

Este é um dos desafios na grande cidade.
Romper com o individualismo e o poder que marcam as relações entre os homens e as mulheres, para criar um marco novo, humanizador e aberto a Deus Pai, através de pequenas comunidades. Comunidades daqueles que confessam o seu amor comum pelas mesmas coisas – as mesmas esperanças, os mesmos sonhos, a mesma utopia do Reino.
É, sobretudo, em torno da mesa que uma comunidade se constitui; com o gesto do “repartir” se estabelece uma rede de relações entre as pessoas que aceitam conspirar, coinspirar, em torno do fascínio da proposta de Jesus. Na verdade, a Eucaristia vivida é o sal, o fermento, a luz e a alma da cidade.
Assim é a cidade que Deus deseja: uma praça de encontro e uma mesa celebrativa para todos.

Fonte:
Bíblia Novo Testamento – Paulinas: Marcos 11,1-10
Pe. Adroaldo Palaoro, sj – reflexão do Evangelho.
Desenho: Osmar Koxne

Sugestão:
Música: A cidade é muito grande – fx 01 (01:33)
Autor e intérprete: Padre Zezinho, scj
CD: Alpendres varandas e lareiras vol. 01
Gravadora: Paulinas Comep

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