sábado, 3 de fevereiro de 2018

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 04/02/2018

ANO B


V DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano B - São Marcos

Cor Verde

“Curai-nos, Senhor, Deus da vida.”

Mc 1,29-39

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Nos primeiros domingos do Tempo Comum, a Liturgia apresentava Jesus nos convidando a assumir o discipulado pelo seguimento, adotando o Evangelho como estilo de vida. Agora, a Liturgia nos recorda que este seguimento se concretiza no serviço ao próximo. A celebração atual, chamará atenção para o sofrimento humano, mas não deixará de lembrar a necessidade de continuar evangelizando. Um discípulo de Jesus não pode ficar indiferente diante do sofrimento alheio, como também, não pode se omitir como evangelizador.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, o Senhor nos reuniu em seu amor para experimentarmos o mistério de sua morte e ressurreição, e nele encontrarmos o sentido de nossas vidas. Que o Senhor seja para nós consolo no pranto, força no caminho e prêmio na vida eterna.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Em tantos momentos de nossa vida nos perguntamos: Que sentido tem o sofrimento e a dor que acompanham a caminhada da humanidade? Qual a "posição" de Deus diante dos dramas que marcam a nossa existência? A liturgia deste domingo reflete justamente sobre estas questões fundamentais. Garante-nos que o projeto de Deus para o homem não é um projeto de morte, mas é um projeto de vida verdadeira, de felicidade sem fim. Jesus nos ensina a celebrar e a viver a partir de nossas dores. Ele nos toma pela mão e nos garante a vida em plenitude. Para isso, somos convidados a nos colocar a serviço, à semelhança Dele, que se fez servo de todos.

Comentário do Evangelho

Início do ministério de Jesus

Marcos, em seu evangelho, marca o início do ministério de Jesus com duas narrativas de milagres, articuladas entre si, as quais caracterizam a nova prática vivida por Jesus. A saída da sinagoga, onde havia um espírito impuro, é, logo, seguida da entrada na casa de Simão Pedro e André. Com a concisa afirmação "logo que saíram da sinagoga, foram... para a casa de Simão...", Marcos indica que Jesus abandona a sinagoga, e seu ministério se dá em um novo espaço, na casa. É a casa o lugar onde se reúne a nova comunidade e que se torna o centro de irradiação da missão. Depois disso, a presença de Jesus nas sinagogas é mencionada apenas três vezes: para expulsar os demônios, para questionar a prática excludente farisaica e para revelar qual é a verdadeira sabedoria de Deus. A sinagoga é o lugar onde Jesus encontra os espíritos impuros. A casa, com a mulher libertada de seu abatimento, é o lugar do serviço característico das novas comunidades. A presença de Deus, agora, não está aprisionada no único Templo em Jerusalém (destruído no ano 70), nem nos espaços de culto das sinagogas que acompanhavam os judeus no interior da Judeia, ou dispersos fora dela. Com Jesus, Deus está presente no coração da vida, na casa, onde se reúne a família e que é centro de produção artesanal ou agrícola para as trocas necessárias para a sobrevivência. A casa é lugar de encontro vital, de iniciativas, de irradiação e comunhão de vida, em qualquer região, em qualquer povo. Nos Atos dos Apóstolos também se evidencia este deslocamento do eixo da sinagoga para as casas. São as "igrejas domésticas" das primeiras comunidades. A comunicação da vida plena, por Jesus, se dá no convívio diário, nas relações fraternas cheias de amor, seja no ambiente familiar, seja em uma comunidade mais abrangente.
O evangelista, ao insistir em muitas curas e exorcismos, tem a intenção de remover do leitor a visão de Jesus como um milagreiro. Pelas características variadas destas narrativas de milagres, o leitor começa a perceber o seu sentido simbólico. Em sua essência elas indicam o contraste maior existente entre a proposta libertadora e vivificante de Jesus e a proposta opressora e excludente da sinagoga e da tradição do Templo, em um contexto de carências e sofrimento do povo. O povo acorre a Jesus que, depois de atendê-lo, retira-se, de madrugada para orar. Querem retê-lo junto a si. Jesus o rejeita, decidido a ir anunciar sua mensagem libertadora e vivificante por toda a Galileia. A primeira leitura retrata, na pessoa de Jó, o sofrimento de um pobre excluído. O livro de Jó revela que o sofrimento não é castigo de Deus, conforme se afirmava na Doutrina da Retribuição, mas resulta, principalmente, da injustiça dos poderosos deste mundo. Na segunda leitura Paulo faz apologia de sua dedicação à pregação do evangelho.
José Raimundo Oliva
Fonte: Paulinas em 05/02/2012

Vivendo a Palavra

A paixão de Jesus, razão pela qual viveu e morreu, era o Reino de seu amado Pai. A proclamação da ‘Boa Notícia’ de que o Reino já está em nós e entre nós, que Ele assume como missão, consumiu-lhe seus dias e noites, esforços, cuidados e orações. Esta deveria ser também a nossa missão e a razão da atividade profética da Igreja.
Fonte: Arquidiocese BH em 05/02/2012

VIVENDO A PALAVRA

O evangelizador precisa pregar também em outros lugares, manter-se em ‘estado de saída’ (como diz o Papa Francisco), pois para isto é que ele veio. Nós, entretanto, não poucas vezes, somos tentados a permanecer onde estamos, satisfeitos com o trabalho já realizado (e às vezes até cobrando dos irmãos o seu reconhecimento…), esquecidos do exemplo de Jesus, que não tinha onde reclinar a cabeça.

Reflexão

Jesus está em atividade intensa. Logo após curar o endemoninhado na sinagoga (lugar religioso de encontro com Deus), no domingo passado; em seguida, vai para ambiente familiar (lugar de relações íntimas), onde cura a sogra de Pedro; à tardinha encontra-se em frente à porta (símbolo de abertura a todos), onde realiza muitas curas. De madrugada, reza e depois se coloca novamente a caminho para aldeias da vizinhança. O segredo de tanta força e energia de Jesus está na oração, sua comunhão direta com o Pai. Nesse encontro com o Pai, Jesus tem a fonte do seu próprio amor; em outras palavras, aprende do Pai a amar e fazer o bem às pessoas. Com sua prática, Jesus concretiza seu projeto: o Reino de Deus está próximo. Vence as forças do mal que ameaçam a vida e a liberdade das pessoas em todos os ambientes (sinagoga, casa, porta). Quando é procurado por interesses duvidosos, coloca-se em marcha para outros ambientes, para fugir da tentação do poder e do prestígio. Para seus seguidores, Jesus é a “mão que Deus estende” à pessoa necessitada de acolhida, proteção, carinho e amor.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

5º DOMINGO DO TEMPO COMUM

A AUTORIDADE DE JESUS E OS ENFERMOS

I. INTRODUÇÃO GERAL

A liturgia deste domingo nos ajuda a refletir sobre um assunto bem atual: a “teologia da prosperidade!” O livro de Jó nos confronta com algo incompreensível para quem acredita que Deus recompensa os bons e castiga os maus nesta vida: Jó é um homem justo e, apesar disso, perdeu tudo. Durante 40 capítulos, Jó protesta contra a injustiça de seu sofrimento sem explicação, mas no fim Deus mostra a sua presença, e Jó se consola e se cala.
Também Jesus, no Novo Testamento, nunca apresenta uma explicação do sofrimento, porque não há explicação. Mas ele traz uma solução: assume o sofrimento. Inicialmente, curando-o. No fim, sofrendo-o, em compaixão universal. Se Jó nos mostra que Deus está presente onde o ser humano sofre, Jesus nos mostra que Deus conhece o sofrimento do ser humano por dentro. E ele o assume até o fim.
A 2ª leitura continua com os assuntos dos coríntios, que pretendem ter a liberdade de fazer tudo o que têm direito de fazer. Paulo não concorda: nem sempre devo fazer uso de meu direito. A caridade, a paciência para com o menos forte, com o inseguro na fé, valem mais que meu direito pessoal.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Jó 7,1-4.6-7)

Jó foi fortemente provado por Deus. Perdeu tudo, até a saúde. Seus amigos não o conseguem consolar (Jó 2,11). Jó contempla sua vida com amargura e só consegue pedir que a aflição não seja demais e que Deus lhe dê um pouco de sossego. A vida é um “serviço de mercenário”, diz. Como os boias-frias, ele sempre leva a pior. Desperta cansado e, deitado, não consegue descansar, por causa das feridas. Que Deus lhe dê um pouco de sossego...
Procurando uma resposta para o mistério do sofrimento, os amigos de Jó dizem que os justos são recompensados e os ímpios, castigados. Mas Jó protesta: ele não é um ímpio. A teoria da prosperidade dos justos, a “teologia da retribuição”, não se verifica na realidade (21,5-6). Menos ainda o convence o pedante discurso de Eliú, tratando de mostrar o caráter pedagógico do sofrimento (cap. 32-37). Os amigos de Jó não resolvem nada. Vendem conselhos, mas não se compadecem. Suas palavras são pimenta na ferida.
Por outro lado, mesmo amaldiçoando o próprio nascimento, Jó não amaldiçoa Deus; ao contrário, reconhece e louva sua sabedoria e suas obras na criação: o abismo de seu sofrimento pessoal não lhe fecha os olhos para a grandeza de Deus! E é exatamente por este lado que entrará sossego na sua existência. Pois Deus se revelará a ele, tornar-se-á presente em seu sofrimento – ao contrário de seus amigos sabichões –, e essa experiência do mistério de Deus fará Jó entrar em si, no silêncio (42,1-6).

2. Evangelho (Mc 1,29-39)

Como para preencher o que ficou aberto na 1ª leitura, o evangelho nos mostra o Filho de Deus assumindo nossas dores. A narrativa conta o fim do “dia em Cafarnaum”, iniciado em Mc 1,21 (cf. domingo passado). Jesus continua com seus gestos e ações que falam de Deus.
No início de seu ministério, Jesus assume o sofrimento, curando-o. Mostra os sinais da aproximação de Deus ao sofredor. Sinais feitos com a “autoridade” que já comentamos no domingo passado. Ao sair do ofício sinagogal, naquele dia de sábado, Jesus se dirige à casa de Pedro. Lá, ergue da febre a sogra de Pedro. E ela se põe a servir, demonstrando assim sua transformação. Depois, ao anoitecer, quando termina o repouso sabático, as pessoas trazem a Jesus os seus enfermos. Jesus acolhe a multidão em busca de cura: novo sinal de sua misteriosa “autoridade”. Os endemoninhados, os maus espíritos reconhecem seu adversário, mas ele lhes proíbe propalar o que sabem (cf. domingo passado). E quando, depois, Jesus se retira para se encontrar com o Pai, e os discípulos vêm buscá-lo para reassumir sua atividade em Cafarnaum, ele revela que a vontade de seu Pai o empurra para outros lugares. Ele está inteiramente a serviço do anúncio do reino, com a “autoridade” que o Pai lhe outorgou.
No fim de seu ministério, Jesus assumirá o sofrimento, sofrendo-o. Aí, sua compaixão se torna realmente universal. Supera de longe aquilo que aparece no livro de Jó. Se este nos mostra que Deus está presente onde o ser humano sofre (e isso já é grande consolação), Jesus nos mostra que Deus conhece o sofrimento do ser humano por experiência.
Assim como o livro de Jó, Jesus não apresenta uma explicação teórica do sofrimento. Neste sentido, concorda com os filósofos existencialistas: sofrer faz parte da “condição humana”. Não há explicação, mas, sim, solução: Jesus assume o sofrimento. No livro de Jó, Deus se digna olhar para o ser humano que sofre. Em Jesus Cristo, ele participa de seu sofrimento.

3. II leitura (1Cor 9,16-19.22-23)

A 2ª leitura continua com a 1ª carta aos Coríntios, abordando assunto muito especial. 1Cor 8-10 é uma unidade que trata da questão sobre se o cristão pode sempre fazer as coisas que, em si, não são um mal. Trata-se das carnes que sobravam dos banquetes oferecidos pela cidade em honra das divindades locais. Essas carnes eram, depois da festa, vendidas no mercado por “preço de banana”. O cristão, dizem os “esclarecidos”, pode comprá-las e comê-las sem problema, já que não acredita nos ídolos. Paulo, porém, pensa diferente: a norma não é a liberdade, mas a caridade (cf. Gálatas 5,13: usemos da “liberdade para nos tornar escravos de nossos irmãos”). Se o uso de nossa liberdade causa a queda do “fraco na fé”, que tem ainda resquícios de sua tradição pagã, devemos considerar a sensibilidade de nosso irmão.
Paulo não concorda com a pretensa liberdade dos coríntios para fazerem tudo a que têm direito. Existe o aspecto objetivo (carne é carne e ídolos não existem) e o aspecto subjetivo (alguém menos instruído na fé talvez coma as carnes idolátricas num espírito de superstição; 8,7). Portanto, diz Paulo, nem sempre devo fazer uso de meu direito. E alega seu próprio exemplo: ele teria o direito de receber gratificação por seu apostolado, mas, como tal gratificação poderia ser mal interpretada, prefere ganhar seu pão trabalhando. A gratificação de seu apostolado consiste no prazer de pregar o evangelho de graça. Paulo teria os mesmos direitos dos outros apóstolos: levar consigo uma mulher cristã (9,5), ser dispensado de trabalho manual (9,6), receber salário pelo trabalho evangélico (9,14; cf. a “palavra do Senhor” a este respeito, Mt 10,10). Entretanto, prefere anunciar o evangelho de graça, para que ninguém suspeite de motivos ambíguos. Ora, essa atitude não é inspirada apenas por prudência, mas por paixão pelo evangelho: “Ai de mim se eu não pregar o evangelho... Qual é meu salário? Pregar o evangelho gratuitamente, sem usar dos direitos que o evangelho me confere!” (9,17-18). Se tivermos verdadeiro afeto por nosso irmão fraco na fé, desistiremos com prazer de algumas coisas aparentemente cabíveis; e a própria gratuidade será a nossa recompensa, pois “tudo é graça”.

III. DICAS PARA REFLEXÃO

As leituras de hoje estão interligadas por um fio quase imperceptível: enquanto Jó se enche de sofrimento até o anoitecer (1ª leitura), Jesus cura o sofrimento até o anoitecer (evangelho). O conjunto do evangelho mostra Jesus empenhando-se, sem se poupar, para curar os enfermos de Cafarnaum. E, no dia seguinte, o poder de Deus que ele sente em si o impele para outros lugares, sem se deixar “privatizar” pelo povo de Cafarnaum. A paixão de Jesus é deixar efluir de si o poder benfazejo de Deus. Ele assume, sem limites, o sofrimento do povo. Ele sabe que essa é sua missão: “Foi para isso que eu vim”. Não pode recusar a Deus esse serviço.
Nosso povo, muitas vezes, vê nas doenças e no sofrimento um castigo de Deus. Mas quando o próprio Enviado de Deus se esgota para aliviar as dores do povo, como essas doenças poderiam ser um castigo de Deus? Não serão sinal de outra coisa? Há muito sofrimento que não é castigo, mas, simplesmente, condição humana, condição da criatura, além de ocasião para Deus manifestar seu amor. O evangelista João dirá que a doença do cego não vem de pecado algum, mas é oportunidade para Deus manifestar sua glória (Jo 9,3; cf. 11,4).
Por mais que o ser humano consiga dominar os problemas de saúde, não consegue excluir o sofrimento, pois este tem outra fonte. Mas é verdade que o egoísmo aumenta o sofrimento. O fato de Jesus apaixonadamente se entregar à cura de todos os males, também em outras cidades, é uma manifestação do Espírito de Deus que está sobre Jesus e que renova o mundo (cf. Sl 104[103],30). O evangelista Mateus compreendeu isso muito bem, quando acrescentou ao texto de Mc 1,34 a citação de Is 53,4 acerca do Servo sofredor: “Ele assumiu nossas dores e carregou nossas enfermidades” (Mt 8,17). E se pelo pecado do mundo as dores se transformam num mal que oprime a alma, logo mais Jesus se revelará como aquele que perdoa o pecado (cf. 7º domingo do tempo comum).
Também se hoje acontecem curas e outros sinais do amor apaixonado de Deus que se manifesta em Jesus Cristo, é preciso que reconheçamos nisso os sinais do reino que Jesus vem trazer. Não enganemos as pessoas com falsas promessas de prosperidade, que até causam nos sofredores um complexo de culpa (“Que fiz de errado? Por que mereci isso?”). Mas, em meio ao mistério da dor, dediquemo-nos a dar sinais do amor de Jesus e de seu Pai.
Fonte: Paulus em 05/02/2012

Meditando o evangelho

O PODER DE CURAR

O poder taumatúrgico de Jesus chamava a atenção de todos. Por onde passava, atraía multidões de pessoas que recorriam a ele em busca de cura para suas doenças e enfermidades. E ninguém ficava sem ser atendido.
Os milagres de Jesus, entretanto, nada tinham de exibicionismo. Seu poder de curar não o transformava em milagreiro ambulante, a serviço do interesse e da curiosidade alheia. Talvez alguém se tenha aproximado dele com esta visão deturpada de sua ação. Ele, porém, manteve até o fim sua pureza de intenção.
Os milagres de Jesus estavam em função de seu serviço ao Reino. Por meio deles, ficava patente que o Reino estava acontecendo em forma de recuperação da saúde e de tudo quanto mantinha cativo o ser humano.
Os benefícios do poder de Jesus chegavam a todos indistintamente. Jesus não se perguntava se a pessoa era digna ou não de ser beneficiada por ele. Importava-lhe apenas o fato de ter diante de si alguém carente de vida, em quem o Reino podia dar seus frutos. Por isso, não se recusava a acolher pessoa alguma e fazê-la participar da vida recebida do Pai, para ser partilhada com a humanidade.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, que eu recupere a vida e a liberdade, para assim o Reino acontecer em minha existência.

SOBRE O SENTIDO CRISTÃO DA DOENÇA

Queridos irmãos e irmãs!

O Evangelho deste domingo nos apresenta Jesus que cura os doentes: primeiro, a sogra de Simão Pedro, que estava de cama com febre e Ele, pegando-a pelas mãos, restaurou-a e a febre baixou; depois todos os doentes de Cafarnaum, testados no corpo, na mente e no espírito, e Ele “curou muitos… e expulsou muitos demônios” (Mc 1,34).
Os quatro Evangelistas concordam ao atestar que a liberação das doenças e enfermidades de cada gênero constitui, junto com a pregação, a principal atividade de Jesus na Sua vida Pública. De fato, os doentes são um sinal da ação do Mal no mundo e no homem, enquanto a cura demonstra que o Reino de Deus está próximo.
Jesus Cristo veio para derrotar o Mal pela raiz e as curas são uma antecipação de Sua vitória, obtida com Sua Morte e Ressurreição. Um dia Jesus disse: “Os sãos não precisam de médico, mas os enfermos” (Mc 2,17). Nesta circunstância se referia aos pecadores que Ele veio para chamar e salvar. Permanece verdadeiro, porém, que a doença é uma condição tipicamente humana, na qual experimentamos fortemente que não somos autossuficientes, mas precisamos dos outros. Neste sentido, podemos dizer, com um paradoxo, que a doença pode ser um momento saudável para experimentar a atenção dos outros e dar atenção aos outros! Todavia, essa é sempre uma provação, que pode se tornar longa e difícil.
Quando a cura não chega e os sofrimentos se prolongam, podemos permanecer como que esmagados, isolados, e ainda a nossa existência se deprime e se desumaniza.
Como devemos reagir a este ataque do Mal? Certamente com as curas apropriadas – a medicina nas últimas décadas tem dado grandes passos – mas a Palavra de Deus nos ensina que existe uma atitude decisiva, de base para enfrentar a doença: aquela da fé. Isso repetia sempre Jesus às pessoas que curava: a tua fé te salvou (cfr Mc 5,34-36).
Mesmo diante da morte, a fé pode tornar possível aquilo que humanamente é impossível. Mas fé em quê? No amor de Deus, eis a verdadeira resposta que derrota radicalmente o Mal. Como Jesus enfrentou o Maligno com a força do amor que vinha do Pai, assim também nós podemos enfrentar e vencer a provação da doença tendo o coração mergulhado no amor de Deus.
Todos nós conhecemos pessoas que suportaram sofrimentos terríveis porque Deus dava a elas uma serenidade profunda. Penso no exemplo recente da beata Chiara Badano, atingida, na flor de sua juventude, por uma doença sem cura; quantos lhe faziam visitas e recebiam dela luz e confiança!
Todavia, na enfermidade, todos nós precisamos de calor humano: para confortar uma pessoa doente, mais que palavras, conta a proximidade sincera.
Queridos amigos, no próximo sábado, dia 11 de fevereiro, dia de Nossa Senhora de Lourdes, é o Dia Mundial do Enfermo. Façamos também nós como as pessoas dos tempos de Jesus: espiritualmente apresentemos a Ele todos os doentes, confiantes que Ele quer e pode curá-los. E invoquemos a intercessão de Nossa Senhora, especialmente pelas situações de maior sofrimento e abandono. Maria, Saúde dos doentes, rogai por nós!
(Papa Bento XVI, Angelus, fev/2012)

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A PERIGOSA FÉ DA MAGIA...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Gosto muito de ouvir histórias de pessoas que montaram um pequeno negócio, e após muito esforço foram bem sucedidas, tornando-se gestores de grandes empresas, agindo sempre com ética e honestidade. O bom empreendedor é sempre ousado e pensa “grande”, tendo uma visão audaciosa do futuro, atitude muitas vezes até criticada e questionada pelos acomodados que pensam “pequeno” porque têm medo de arriscar. Se o empreendedorismo é fator dos mais importantes no desenvolvimento de uma nação, de uma empresa ou de qualquer negócio, no reino de Deus não poderia ser diferente, porém, é preciso ter os pés no chão, trabalhando a cada dia com vistas à grandiosidade que se vislumbra, pois o homem de fé, mais do que ser otimista, já vai construindo no hoje da história, o reino de Deus alicerçado pelo próprio Cristo.
No evangelho desse quinto domingo do tempo comum, podemos perceber nitidamente essa diferença no modo de pensar e agir, entre Jesus e os seus discípulos. Enquanto o mestre pensa em algo grandioso, querendo expandir o projeto recém iniciado, os discípulos estão seguros de que já alcançaram o sucesso e demonstram grande interesse em montar ali, na casa de Simão, uma “Tenda dos Milagres”, pois o carisma de Jesus já tinha atraído uma grande e imensa clientela, ao curar os enfermos e expulsar os demônios, por isso aonde ele ia, a multidão maravilhada com os sinais prodigiosos, o seguia.
Há nesta fé da magia, a perspectiva de um negócio altamente lucrativo em todos os sentidos, pois Jesus tem o perfil do Messias esperado, poderia ser ele o salvador da pátria, capaz de dar a grande virada na história de Israel, e um populismo assim, era tudo que eles queriam para concretizar a libertação com que sonhavam. Não conseguiam vislumbrar em Jesus algo além dos seus ideais humanos, que também eram importantes e tinham o seu valor, mas Jesus não veio para ser o Rei dos Milagreiros, nem para ser um libertador político, pensar assim é pensar “pequeno”, ter uma fé com essa expectativa de um Cristo prodigioso, que interfere com seu poder na vida das pessoas, quando essas fazem por merecer, realizando milagres e curas inexplicáveis, é menosprezar toda a obra da Salvação, é fazer da Igreja uma simples tenda dos milagres, é abusar de certos carismas recebidos, explorando assim a boa fé das pessoas, e Cristianismo não é isso.
Curas de enfermidades o Cristo as realizou ontem, e realiza também hoje, mas estas são simples sinais de algo maior, de um empreendimento mais arrojado, com o qual todos têm de se comprometer, acreditar, deixar de ser um torcedor para entrar em campo e “suar a camisa” por aquilo em que se acredita. E como é que podemos, com nossas limitações e fraquezas, sermos parceiros de Deus nesse projeto tão arrojado, que plenifica e ao mesmo tempo transcende, qualquer empreendimento humano?
O evangelho responde em seu início, logo que Jesus sai da sinagoga e vai á casa de Simão, onde os discípulos correm para lhe falar que a sogra de Pedro estava acamada e com muita febre. Era uma pessoa debilitada, entregue ao desânimo, que muitas vezes chega à vida de alguém, que doença seria essa? O comodismo e o desânimo, o egocentrismo, a indiferença na relação com as pessoas, nas comunidades cristãs há pessoas assim, que precisam de ajuda, para cair na realidade. Jesus não diz uma só palavra, mas apenas estende a mão e a ajuda a levantar-se do seu leito. Como é bom quando sentimos que o outro nos estende a mão, em um grandioso gesto de ajuda...
Como é bom agarrar com firmeza a mão amiga, que nos permite levantar e dar a volta por cima, diante de tantas situações difíceis da nossa vida.Amor que se traduz em gestos de solidariedade, um toque de mão que transmite segurança, afeto, ânimo e esperança, sem muito ritual pomposo, sem êxtases arrebatadores. Como resultado desse gesto de ajuda, a mulher se levanta a febre a deixa e agora se põe a servir a comunidade. É na oração íntima com Deus Pai, que Jesus de Nazaré fortalece a sua missão, cumprindo a vontade daquele que o enviou, pois sem a oração, a nossa igreja seria apenas um Posto de atendimento de serviço religioso ou balcão de Sacramentos.
É na oração que acontece este colóquio com o Pai, aonde vai se descortinando para nós a plenitude do Reino, que humildemente vamos construindo com gestos simples como o de Jesus, capaz de erguer as pessoas que estão ao nosso lado.
Os discípulos, encantados com o carisma e o Poder do mestre, querem urgentemente abrir um “pequeno negócio”, um salãozinho de fundo de quintal, onde eles teriam naturalmente o monopólio sobre Jesus e seus milagres, mas o Mestre pensa grande, ele não veio para que as pessoas o buscassem, mas para ir ao encontro delas, curando de suas enfermidades e as libertando dos males físicos e espirituais, como um sinal da libertação plena.
É esse o Cristo que devemos anunciar como Igreja missionária, pois qualquer outra imagem diferente da que nos apresenta o evangelho, seria apenas uma caricatura grotesca, uma cópia falsificada de um mero “Salvador da Pátria”, desses que vez ou outra, o povo gosta de aclamar como Rei...
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com

2. Jesus a tomou pela mão, levantou-a e a febre a deixou
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

O Tempo se completou e o Reino de Deus está próximo. O que significa “Reino de Deus” e como perceber que ele está acontecendo no tempo que já se completou? Estamos lendo o Evangelho de Marcos e vamos observando as ações de Jesus e suas palavras. Elas nos mostram na prática o que significa Reino de Deus. Agindo em nosso mundo, Jesus mostra também que o tempo está completo. Não há mais o que esperar. Deus já está no meio de nós e está enfrentando o poder demoníaco que se abate sobre o ser humano. Chegou a hora em que o descendente da mulher pisará a cabeça da serpente. É preciso arruinar o poder do demônio e desfazer as bases de seu império. E Jesus age.
Terminado o ofício na sinagoga naquele sábado, Jesus se dirigiu à casa de André e Simão com Tiago e João. A sogra de Pedro estava acamada com febre e Jesus logo a curou. Houve intercessores que falaram com Jesus a respeito da febre daquela senhora. Jesus a tomou pela mão, levantou-a e a febre a deixou. No fim do dia, quando terminou o sábado, muita gente veio até à casa de Pedro com doentes e possessos. Jesus curou muitos deles, diz o Evangelho, mas Fevereiro 4 Domingo não todos. Marcos não está apresentando um Jesus milagreiro, ocupado em curar doentes e libertar possessos. Ele o faz para mostrar que o tempo se completou e o Reino está próximo. Ele mostra quem ele é e qual é a vontade do Pai em relação a tudo o que diminui o ser humano. Ele não é um milagreiro que vai curar todo mundo. Ele curou muitas pessoas para mostrar que a doença deve ser curada. Ele libertou muitos possessos para mostrar que o ser humano não deve ser dominado e diminuído. Ao contrário, deve ser sadio, plenamente humano e integrado na sociedade.
Jesus está sempre se opondo ao poder do demônio porque para isso veio. “Foi para isso que eu sai”, diz ele, indicando que saiu do seio do Pai e de sua casa em Nazaré para uma missão. Não podemos imaginar que havia tanta gente possessa, espumando e rolando pelo chão. O Evangelho de João nunca fala de gente possuída pelo demônio. São Marcos fala, e bastante, para indicar que Jesus veio combater o poder demoníaco. E quem está com ele deve fazer a mesma coisa.
Doenças e situações desumanas fazem parte do nosso dia a dia. Jó que o diga! No entanto, anunciar o Evangelho é para mim uma necessidade que se me impõe, diz São Paulo. E aí estamos de novo com o tema do Reino de Deus, não com a ilusão de uma Terra sem Males nesta terra, mas com uma nova visão do ser humano manifestada no que fazemos uns pelos outros em prol de uma sociedade humanizada. “Ai de mim se não anunciar o Evangelho!”, diz Paulo, e Jesus começa a sua missão anunciando o Evangelho de Deus, que consiste em mostrar que o Reino está próximo e o tempo se completou. Jesus não curou todos os doentes. Deixou alguns para nós juntamente com alguns possessos. Ele mesmo disse: “Pobres sempre os tereis!”.

REFLEXÕES DE HOJE


 04 DE FEVEREIRO-DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO

HOMÍLIA DIÁRIA

A salvação de Deus é para todos sem exceção

Postado por: homilia
fevereiro 5th, 2012

O Evangelho deste 5º Domingo do Tempo Comum resume a missão de Nosso Jesus Cristo: Ele veio para levantar os homens feridos no corpo e espírito. Ao pegar na mão da sogra de Pedro e ao levantá-la, o Senhor quis também atingir a minha e a sua mão, bem como a de todos os da minha e da sua família, as quais, muitas vezes, no nosso dia a dia, se atrofiam por causa do pecado.
Ele veio, com o Seu exemplo, dizer-nos que somos chamados a entrar numa relação com Deus: “A glória de Deus é o homem vivo, a vida do homem é a visão de Deus”, dizia Santo Irineu. Se Jesus retira-se para um lugar deserto, não é para fugir do mundo, mas para falar do mundo a Seu Pai. Ele proclama a Boa Nova.
Ora, qual é esta Boa Nova senão a libertação da humanidade e a glória de Deus?Não é um exemplo que Jesus nos dá: estender as mãos aos nossos irmãos e, ao mesmo tempo, erguer os olhos para Deus na oração? Missão e contemplação não se opõem, pelo contrário: completam-se e enriquecem-se mutuamente.
As ações de Cristo em favor dos homens – que o Evangelho de hoje nos apresenta – mostram a eterna preocupação de Deus com a vida e a felicidade dos Seus filhos. O projeto de Deus para os homens e para o mundo não é um projeto de morte, mas de vida. O objetivo do Todo-poderoso é conduzir os homens ao encontro desse mundo novo, no qual não haverá mais sofrimento, maldição e exclusão, simbolizados pela expressão: “Vamos a outros lugares; às aldeias da redondeza”, onde cada pessoa terá acesso à vida verdadeira, à felicidade definitiva, à salvação.
Talvez nem sempre entendamos o sentido do sofrimento que nos espera em cada “favela”, em cada “curva apertada” da nossa vida. Talvez nem sempre sejam claros, para nós, os caminhos por onde se desenrolam os projetos de Deus. Mas Jesus veio garantir-nos verdadeiramente o empenho de Deus na felicidade e na libertação do homem. Resta-nos confiar em Deus Pai e nos entregarmos ao Seu amor. Ele convidou os Seus discípulos a saírem da sinagoga, a saírem da casa de Simão e a tomarem o rumo que vai para a minha e para a sua casa.
Assim, para mim e para você, o encontro com Jesus deve significar sempre uma experiência libertadora. E depois que o Senhor entrou na nossa casa devemos aceitar o Seu convite. E aceitar o convite de Cristo para segui-Lo e para se tornar Seu discípulo significa a ruptura com as cadeias do egoísmo, do orgulho, do comodismo, da autossuficiência, da injustiça e do pecado, que impedem a nossa felicidade e que geram sofrimento, opressão e morte na nossa vida e na vida dos nossos irmãos.
Quem se encontra com Jesus, escuta e acolhe a Sua mensagem e adere ao Reino. Assume o compromisso de conduzir a sua vida pelos valores do Evangelho e passa a viver no amor, no perdão, na tolerância, no serviço aos irmãos. É – na perspectiva da catequese que o Evangelho de hoje nos apresenta – um “levantar-se”, um ressuscitar para a vida nova e eterna.
Perguntemo-nos: O meu encontro com Jesus constitui, verdadeiramente, uma experiência de libertação e me leva a optar pelos valores do Evangelho?
As curas milagrosas de Jesus evidenciam o poder salvador do Reino de Deus, inaugurado e presente n’Ele [Jesus]. Mas como assinala a seguir o evangelista, Jesus tem esse poder devido à Sua comunhão com o Pai, com quem se mantém unido em oração. Por isso,“levantou-se de madrugada, retirou-se para um descampado e ali se pôs a orar”. É onde O encontram Pedro e os seus companheiros na manhã seguinte. E, ao encontrá-Lo, disseram-lhe: “Todos te procuram”.
A atitude do Senhor ao retirar-se para o isolamento, sem se aproveitar da popularidade conseguida, vem arrefecer o entusiasmo ambíguo do povo e de Seus discípulos. Ele sabe que a multidão não está em condições de entender ainda o mistério da Sua pessoa. Nem mesmo os Seus discípulos o entendem! O povo procura-O por interesse, para O “instrumentalizar” como curandeiro, do mesmo modo que O procurarão entusiasmados depois de se saciarem com a multiplicação dos pães.
A resposta de Jesus não deixa lugar a dúvidas. Ele tem o assunto muito claro: “Vamos a outros lugares, às aldeias próximas, para pregar também ali; pois para isso vim. Assim percorreu toda a Galileia pregando nas sinagogas e expulsando demônios”. A salvação de Deus, trazida por Cristo, não tem fronteiras. É para todos sem exceção.
Jesus não se deixa reter por uma comunidade particular. Seu ministério missionário é dirigido amplamente a toda a Galileia e aos territórios vizinhos. Por isso, Sua fama se espalhava por toda a região da Síria. Todo povo levava até Jesus pessoas que sofriam de várias doenças e de todos os tipos de males, isto é, epiléticos, paralíticos e pessoas dominadas por demônios e Ele curava a todas.
Grandes multidões O seguiam. Era gente da Galileia, das dez cidades vizinhas, de Jerusalém, da Judeia e das regiões que ficam no lado leste do Rio Jordão. O tempo para alcançar a cura, a libertação e a graça da salvação chega também hoje até a sua casa. Basta que você abra as portas do seu coração e dê livre acesso para Jesus lhe dizer: “A salvação entrou hoje em sua casa!”
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 05/02/2012

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, faze-nos conscientes de que o mandato para a missão de anunciar a proximidade do teu Reino de Amor inclui todos os povos e, até que isto se realize, nosso estado é de vigília, oração e trabalho. Dá-nos sabedoria, força e perseverança para seguirmos o Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo. Amém.

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