terça-feira, 8 de agosto de 2017

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 09/08/2017

ANO A


Mt 15,21-28

Comentário do Evangelho

A profissão de fé no Messias

Trata-se de justificar a abertura da mensagem cristã aos pagãos, e de admiti-los à mesa da eucaristia. Jesus vai para a região de Tiro e de Sidônia, região pagã. Quem diz pagão, diz impuro. Assim como os discípulos na barca, ameaçados pelas ondas e o vento contrário, gritam de medo (cf. 14,26), e Pedro: “Senhor, salva-me” (14,30), a mulher grita: “Senhor, filho de Davi, tem compaixão de mim”. O seu grito é uma profissão de fé no Messias, descendente de Davi. A razão de sua súplica veemente é sua filha “atormentada por um demônio”. Jesus nada diz. O silêncio de Jesus abre espaço para a intervenção dos discípulos que desejam que Jesus a despeça, pois ela gritava atrás deles. A resposta de Jesus é coerente com as instruções do discurso sobre a missão (cf. 10, 6). Ele se admirou da fé dela: “Mulher, grande é a tua fé”. A fé da mulher permite a Jesus realizar o que ela suplica. A fé abre para os pagãos as portas do Reino dos céus. É a fé que permite à mulher cananeia ver e reconhecer Jesus como o Salvador de toda a humanidade.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Oração
Pai, purifica meu coração de toda discriminação e de todo preconceito, de modo que eu possa levar os benefícios do Reino a todos os que de mim precisarem.
Fonte: Paulinas em 05/08/2015

Vivendo a Palavra

A fé da mulher Cananéia é reconhecida por Jesus, assumindo que a missão se estendia além do seu povo. Ele se referiu a isto algumas vezes, sendo mal interpretado e perseguido pelos filhos de Israel que esperavam um Salvador nacional e nacionalista. Uma reflexão útil para a Igreja, que deve abraçar e acolher a todos os povos.
Fonte: Arquidiocese BH em 05/08/2015

VIVENDO A PALAVRA

A fé da Cananeia ajuda Jesus a compreender que sua missão era bem maior: a princípio, Ele diz «Eu fui mandado somente para as ovelhas perdidas do povo de Israel.» Ao final, reconhece: «Mulher, é grande a sua fé! Seja feito como você quer.» Nós herdamos de Jesus essa Igreja universal, onde cabemos todos, de quaisquer nações, raças ou línguas.

Meditando o evangelho

QUEM SÃO AS OVELHAS PERDIDAS?

O encontro com a mulher pagã, como que obrigou Jesus a alargar as dimensões de sua missão. No diálogo tenso com a mulher cananéia, ele deu a entender que os destinatários de sua missão era o estreito grupo das "ovelhas perdidas da casa de Israel". Sua salvação tinha um destino certo: única e exclusivamente, o povo judeu, povo da predileção divina com o qual Deus havia feito uma aliança. Esta predileção levou à idéia do exclusivismo: só Israel seria objeto da salvação. Jesus também pensava assim.
A cananéia convenceu-o com um argumento irrefutável: se aos filhos é reservado o pão, pelo menos sobram as migalhas para os cachorrinhos. Nem se importou de comparar-se aos cachorrinhos, à espreita de um pedacinho de pão caído da mesa de seu dono. Existia fé maior do que esta?
Este incidente bastou para que Jesus tomasse consciência de que existem muitas ovelhas perdidas, fora da casa de Israel. Assim como viera para os de Israel, era mister acolher indistintamente a quantos dele se aproximavam. Ovelha perdida era qualquer pessoa carente de ajuda, que não tinha com quem contar; era o povo abandonado, expoliado e explorado, largado à mercê dos prepotentes; era o povo marginalizado, sem distinção de raça. Jesus compreendeu que tinha sido enviado para todos. Que os discípulos aprendessem esta lição e deixassem de lado seus preconceitos.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, dá-me um coração suficientemente grande para compreender que tu queres a salvação de todos, sem distinção, pois para todos enviaste teu Filho Jesus.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. O Grito de quem quer Liberdade...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Há um hino muito bonito sobre o Povo de Deus, onde uma das estrofes diz “Há um só grito, preso a garganta, não engoliu sua dor...” Quem grita quer ser ouvido, quem grita é porque está no fundo do poço, quem grita é porque ainda tem esperança. As vezes o grito do pobre desesperado vem na forma de um silêncio que denuncia, pois o grito as vezes é também silêncio.
O Grito de quem está sofrendo pode causar indiferença, mas pode também incomodar, os discípulos de Jesus já estavam incomodados com aquela mulher gritona, chegaram a pedir para que Jesus desse o jeito e a fizesse calar a boca. A mulher estava gritando para pessoas erradas, que aparentemente não poderiam e nem deveriam resolver o seu problema: libertar a Filha que estava sendo atormentada por um demônio. O Povo de Israel tinha uma história e uma tradição, o Messias libertador pertencia a essa tradição, surgido das promessas de Deus, a sua ação libertadora seria sempre a favor de Israel, buscar as ovelhas perdidas e reconduzi-las ao Rebanho.
Há muitos gritos ao nosso redor, gritos de protesto, grito que quer justiça, grito de revolta, grito que reivindica algum direito, grito que denuncia, são gritos que trazem em si mesmo uma certa legitimidade, o cristão não pode ser “Vaquinha de Presépio” que engole tudo e diz Amém a quem oprime ou comete injustiça, a quem viola os sagrados direitos da Vida.
Mas o grito dessa mulher é diferente de todos esses gritos, ela não grita a uma Instituição, mas grita a um Deus, por isso é um Grito de Fé!
A resposta inicial de Jesus tem um caráter institucional, de um Messianismo que pertencia primeiramente as tradições de Israel e isso é verdadeiro, Deus falou aos Judeus em primeiro lugar, o primeiro povo escolhido para sentir o amor de Deus e ser dele um sinal a toda a humanidade realmente foram os Judeus, esse privilégio ninguém nunca lhes conseguirá tirar. Entretanto, o grito dessa mulher vislumbra em Jesus algo que vai além da instituição, é um prenúncio da universalidade da Salvação, aquela mulher que pertencia a uma região pagã, superou as autoridades Religiosas e enxergou longe, por isso gritou, porque viu em Jesus a presença Divina, ele não era um enviado de Deus mas era o próprio Deus, por isso não estava fechado dentro de uma instituição religiosa ou da tradição restrita de um povo.
O seu diálogo com Jesus, apesar do tom da humildade, revela a ele uma Fé grandiosa, capaz de mudar o imutável. Essa mulher não é alguém que se contenta com migalhas, ao contrário, vindo de Jesus essas migalhas tornam-se grandes riquezas, e o Poder Libertador irá se manifestar. É uma belíssima profissão de Fé de alguém que crê que Deus ama a todos de maneira indistinta, e o seu amor cura e liberta qualquer um que Nele Crer.
Hoje em nossas comunidades devemos estar muito atentos aos gritos que se fazem ouvir entre lágrimas, há muitos Demônios atormentando a vida de uma infinidade de jovens, esse processo libertador só é possível quando sabemos acolher todos os que gritam, oferecendo-lhes solidariedade e um trabalho pastoral que os faça vislumbrarem libertação, como o diálogo de Jesus com a mulher.
A Comunidade deve sempre testemunhar um Deus que ama a todos, com um amor que supera as barreiras de qualquer preconceito , caso contrário, a exemplo dos discípulos, estaremos sempre procurando uma desculpa, as vezes de ordem religiosa, para as nossas eternas omissões diante dos que gritam...

2. Mulher, grande é tua fé!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Uma mulher cananeia correu atrás de Jesus e gritou: “Senhor, filho de Davi, tem compaixão de mim”. Jesus não respondeu, e a mulher insistiu: “Senhor, socorre-me”. Por fim, Jesus respondeu: “Mulher, grande é a tua fé. Seja feito como queres”. Não apenas seja feito o que queres, mas que “aconteça como queres”. Mais uma vez estamos diante da fé ativa na caridade. A mulher foi insistente e irritou os discípulos. Jesus mesmo não se mostrou disposto a atendê-la, seja para testá-la, seja por ter sido enviado ao povo de Israel. A mulher não era judia, mas era humilde e insistente. Não pedia para si, pedia por sua filha que ela via sofrer nas mãos de um demônio. “Senhor, filho de Davi, tem compaixão de mim”. A mulher cananeia nos ensina a rezar com simplicidade e com profundidade. Eis uma prece a ser repetida muitas e muitas vezes ao longo do dia, até que fale apenas o coração.

HOMILIA DIÁRIA

A graça de Deus está sempre disponível a todos

A graça de Deus está sempre disponível a todos. O Senhor não faz jogo nem faz negócio. Ele concede a Sua graça a todos; até quem não crê n’Ele recebe bênçãos abundantes!
“A mulher insistiu: ‘É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!’” (Mateus 15, 27).
Jesus hoje é desafiado. Veja que coisa maravilhosa: por mais espantoso que este Evangelho possa parecer, ele é, na verdade, uma grande prova do amor universal que Deus tem por todos nós. Essa mulher cananeia vai pedir por sua filha cruelmente atormentada por um demônio e ouve uma resposta surpreendente de Jesus ao afirmar que Ele está ali para primeiro cuidar do Seu povo, o povo judeu (cf. Mt 15, 24). E quando essa mulher insiste em que precisa que realmente o Senhor faça algo por sua filha, Jesus lhe diz um provérbio popular: “Mulher, eu não posso tirar o pão da mesa para dar aos cachorrinhos” (Mt 15, 26).
Os “cachorrinhos” ou “cães” era a forma como os judeus tratavam aqueles que não estavam, não eram ou não faziam parte do povo eleito e também a forma como se dirigiam e se referiam aos pagãos. Ela não era judia, mas sim uma siro-fenícia, mas acreditava e sabia que Jesus podia fazer algo por ela, por isso clama. Diante da resposta de Jesus ela dá uma resposta surpreendente e bem mais contundente do que a do próprio Senhor: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” (Mateus 15, 26). Por isso ela suplica que tem direito às migalhas (cf. Mt 15, 27). E Jesus apenas diz: “Mulher, grande é a tua fé. Como queres, te sejas feito!” (Mateus 15, 28).
Sabem, meus irmãos, muitas vezes, achamos que a misericórdia de Deus é reservada apenas às pessoas dignas, então dizemos: “Seja fiel, porque Deus vai lhe conceder [determinada graça]!”. Deus não faz jogo nem faz negócio; Ele concede a Sua graça a todos. Até quem não crê n’Ele recebe bênçãos abundantes. Basta ver que o sol nasce para todos. Basta ver que a chuva vem para todos e que o mundo foi feito para todos e não somente para aqueles que creem em Deus.
Por essa razão, mesmo que eu e você estejamos em pecado e não sejamos dignos desta ou daquela graça de Deus, nós temos direito às “migalhas” (cf. Mt 15, 27). Todos temos direito às “migalhas”, por isso não podemos negar a graça de Deus a ninguém, não podemos fazer distinção entre pessoas, nem podemos dizer que tais pessoas não são dignas.
Cada um dá conta de si diante de Deus, mas a graça de Deus não pode ser negada a ninguém. Por isso independentemente da sua situação e do que você está vivendo, sofrendo e pelo qual está passando na sua vida, Deus está com você e você tem o direito de estar com Ele, mesmo que o seu pecado pareça o maior do mundo ou a sua condição o torne uma pessoa muito indigna, a graça de Deus está com você. Basta que você tenha fé, que você acredite e que, com o coração sincero e verdadeiro, busque a Deus, porque Ele estará com você!
Não neguemos, meus irmãos, nem afastemos a graça de Deus de ninguém! O vento da graça sopra onde quer e chega onde Deus quiser, não somos nós quem determinamos onde a graça de Deus deve ou não agir. A graça de Deus vai agir onde o Senhor quiser. E aqueles que tiverem fé e O buscarem de coração sincero serão saciados, alimentados e cuidados!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 05/08/2015

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, é tão fácil conviver com os iguais… Mas para seguir o Mestre, precisamos ser misericordiosos, compassivos e acolhedores para com os diferentes e mesmo para com aqueles que nos querem mal. Dá-nos sabedoria e força, Pai Amado! Nós Te pedimos pelo mesmo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário