sábado, 10 de março de 2012

HOMÍLIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 10/03/2012

10 de Março de 2012 

Lucas 15,1-3.11-32

Comentário do Evangelho

Amor misericordioso

Esta expressiva parábola consagra Lucas como evangelista da misericórdia. Conhecida como parábola "do filho pródigo", na realidade é a parábola do "pai misericordioso". O núcleo da parábola não é a "conversão" do filho mais novo. É o amor misericordioso do pai, tanto diante do filho mais novo como diante do filho mais velho. O pai acolhe o filho arrependido e, ternamente, procura abrir o coração do filho mais velho, empedernido. 
Jesus acolhe os publicanos e pecadores que vêm a ele (filho mais novo) e procura tocar os corações dos fariseus e escribas (filho mais velho, o "justo"). 

José Raimundo Oliva



Vivendo a Palavra

Na riqueza desta parábola, Jesus apresenta o leque das opções possíveis: a consciência nos diz que nosso jeito de agir vai se alternando entre o do filho mais velho e o do filho gastador. Mas o verdadeiro modelo a ser seguido é o Pai. Como disse Jesus, ‘Sejam santos, como Santo é o nosso Pai que está no Céu.’



Reflexão
A Igreja precisa se aproximar cada vez mais dos pecadores e pecadoras para dar-lhes oportunidades reais de conversão e meios concretos para que possam seguir o itinerário da fé e trilhar os caminhos da santidade. Isso só é possível quando seguimos o exemplo de Jesus e acolhemos todas as pessoas que vivem no pecado e que são marginalizadas por causa disso. Se não nos dispomos a criar espaço nas nossas comunidades para essas pessoas e não criamos mecanismos pastorais e evangelizadores eficazes, os pecadores e as pecadoras não terão as melhores condições para corresponder à graça divina e nós seremos responsáveis por isso.



COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


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1. "A Fraqueza de Deus..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Deus tem uma fraqueza, um calcanhar de Aquiles, um ponto vulnerável, não resiste quando vê o homem envolvido na miséria. É impressionante como Lucas descreve esse dramático reencontro do Pai com o Filho mau caráter, que havia abandonado a casa paterna e dissipado os seus bens com farras, orgias e prostituição. Da parte do Filho o comportamento é o esperado, ao cair em si e se dar conta da "burrada" que tinha feito, tratou de voltar "Com o rabo entre as pernas". Lucas quer levar os olhares da sua comunidade, não para o Filho, mas para o Pai.

No contexto em que Jesus narrou a parábola o Filho mais novo representa todos os que estavam fora da Instituição Religiosa daquela época, ou porque não acreditavam, ou porque eram marginalizados pelo sistema religioso,  entretanto, de maneira sutil Lucas diferencia a relação desses para com Deus, do modo como os Fariseus, Escribas e Doutores da Lei se relacionavam.

A conversa antes da partida "Meu pai, dá-me parte da herança que me toca", na terra distante, vítima da miséria e da fome, ele pensa "Quantos empregados na casa do meu Pai".

E no momento do reencontro "Meu Pai, pequei contra o céu e contra ti". Havia nesse jovem descabeçado algo de bom: a consciência de ser Filho e ter um pai. Quem tem a consciência de que é Filho, e que tem a Deus por Pai, manifesta isso na relação com os demais, a quem têm como irmãos e irmãs. O Filho mais velho não se vê como tal, tem com o Pai uma relação de empregado para com o seu patrão, que cumpre fielmente todas as tarefas que lhe são confiadas,  quanto ao mais novo, não o reconhece como irmão "este teu Filho que gastou teus bens com prostitutas..." - é a sua queixa amarga e ciumenta, pelo modo como viu o Pai tratar o mais novo em seu retorno. "Para ele matas o novilho mais gordo e lhe dá uma festa!"

Mais um detalhe importante, quem estava comemorando era o Pai, a Festa era dele, porque o Filho querido e amado, que havia se perdido fora reencontrado. Deus manifesta-nos sua alegria e esta nos envolve e nos contagia. Seu amor e seu olhar cheio de misericórdia jamais se distancia de nós, o Filho ainda estava longe, e o Pai, movido de compaixão correu ao seu encontro...

Não com o dedo em riste para uma bela lição de moral, não com o olhar acusador e cheio de ameaças, não cheio de orgulho e sentimento de vencedor, para exigir mil e uma condições para aceita-lo de volta. Ao contrário, sequer o deixa prostrar-se aos seus pés e formular o pedido de perdão, mas o coloca de pé, e sem mandar tomar um banho ( pois estava encardido e mau cheiroso, pelo trabalho junto aos porcos e pela longa caminhada) o vestiu com uma bela túnica, colocou em seu dedo encardido um anel belíssimo, e calçou seus pés imundos da poeira da estrada, com uma sandália. O sinal inequívoco de que o ama,  mesmo no estado miserável em que está, vendo nele a dignidade de ser seu Filho.

A parábola não é um estímulo para que cometamos o pecado nos afastando da casa do Pai, isto é, da amizade e comunhão com Deus, ao contrário, somos convidados a olhar para Deus e ver Nele como seu amor e sua misericórdia é grandiosa e imensa pelo Homem. Esse Filho pródigo é a humanidade, somos eu e você que lê essa reflexão, Deus vive nos fazendo festa e nos envolvendo com a dignidade divina, dom que ganhamos com a encarnação de Jesus, cada volta é uma festa porque percebemos que Ele nos ama de paixão, manifestada na cruz do calvário.

Aproveitemos bem a festa da Vida, que nos vem em sua graça, lá de vez em quando cismamos de buscar outras festas que a ilusão do mundo nos oferece, e acabamos sempre como o filho mais novo, no chiqueirão das nossas misérias, e quando a fome de ser amado nos aperta o coração, Deus já está lá na curva do caminho, á nossa espera de braços abertos para nos envolver... Mas em nossa caminhada muitas vezes olhamos com desprezo certas pessoas de categoria inferior, sem moral e sem dignidade, não os vemos como nossos irmãos. Daí fazemos o triste papel do filho mais velho, aquele que era "religiosamente" correto, e que, morando na casa do Pai, estava tão longe dele, do seu abraço e do seu amor...

2. Amor misericordioso
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

VIDE ACIMA

Oração

Pai, coloca-me no caminho da vida, banindo todo egoísmo que me afasta de ti, e não permitindo que eu jamais duvide de teu amor.


3. ACOLHENDO O PECADOR(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A consciência do pecado vem acompanhada do sentimento de vergonha em relação a Deus. A revolta contra o seu amor misericordioso parece não se justificar. Junto com a vergonha vem o sentimento de ingratidão. E o pecador reconhece ser uma loucura o ter-se afastado do Pai.

Sua reação costumeira: duvidar de que possa ser perdoado. Em outros termos, duvidar que Deus esteja disposto a perdoar, devido à magnitude do pecado cometido.

O Evangelho aconselha, firmemente, o pecador a voltar para o Pai, cujo rosto, revelado por Jesus, é um incentivo à essa volta confiante. Deus quer ter junto de si todos os seus filhos. E está sempre disposto a esquecer o passado, pois confia que, no futuro, tudo será melhor. Não coloca limites para o perdão, nem faz distinção entre faltas perdoáveis e faltas imperdoáveis. Tudo pode ser perdoado, quando o pecador se predispõe a voltar. Alegra-se, sobremaneira, com a volta de um filho pecador, pois é como se este estivesse ressuscitando, depois de experimentar a morte. Não considera o pecador como pessoa de segunda categoria, só porque se desviou do bom caminho.

Vale a pena confiar no amor misericordioso de Deus Pai.

Oração

Espírito de confiança, liberta-me do pecado, para que eu experiencie o amor misericordioso do Pai.



Leitura Orante 

Preparo-me para a Leitura Orante, com uma canção que posso também rezar: 

Alô, Meu Deus 

Alô meu Deus, fazia tanto tempo que eu não mais te procurava. 
Alô meu Deus, senti saudades tuas e acabei voltando aqui. 
Andei por mil caminhos e, como as andorinhas, 
eu vim fazer meu ninho em tua casa e repousar. 
Embora eu me afastasse e andasse desligado, 
meu coração cansado, 
resolveu voltar. 
Eu não me acostumei nas terras onde andei. 
Eu não me acostumei nas terras onde andei.. 
Alô meu Deus, fazia tanto tempo que eu não mais te procurava. 
Alô meu Deus, senti saudades tuas e acabei voltando aqui. 
Gastei a minha herança, comprando só matéria, 
restou-me a esperança de outra vez te encontrar. 
Voltei arrependido, meu coração ferido, e volto convencido, 
que este é o meu lugar. 
( CD Um certo Galileu I, Padre Zezinho) 


1. Leitura (Verdade) 

- O que a Palavra diz? 

Tomo um primeiro contato com a Palavra de hoje, lendo na Bíblia, 
Lc 15,1-3.11-32. 

Este texto de Lucas, conhecido como "parábola do filho pródigo", poderia muito bem ser denominado "parábola do pai misericordioso". 
Nela temos a revelação do Deus de Jesus que a todos acolhe em seu infinito amor. Respeita plenamente a liberdade de seus filhos e está com o coração aberto para acolhê-los a qualquer momento, sem censuras, independentemente de sua história passada. 
O filho que se vai é imagem da pessoa que se rebela, que se afasta de Deus. Perde-se, confunde-se, se machuca, sofre, perde o rumo, perde de vista aquele objetivo pelo qual vive. Uma certeza, porém, garante a recuperação da identidade original: o reencontro com o Pai. 

2. Meditação(Caminho) 

- O que a Palavra diz para mim? 

Esta, também chamada por muitos como a "rainha das parábolas", é clara em seu desenvolvimento. Pode se encontrar no texto: a partida, a dissipação libertina, a queda humilhante, as privações, a saudade da casa do pai, o retorno, o abraço sem recriminações, a festa. 
Nesta parábola Jesus revela o Pai. Ao filho mais novo cabia um terço dos bens. Foi o que o jovem recebeu. 
E o rapaz "partiu para um país que ficava muito longe". Muito longe significa longe da presença do pai. 
Depois de esbanjar e gastar tudo, "ele começou a passar necessidade". A "necessidade" é consequência de sua conduta. 
Lá, "naquela terra e pediu ajuda e o mandaram para a sua fazenda a fim de tratar dos porcos. Ali, com fome, ele tinha vontade de comer o que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada". Para um judeu, estar no meio de porcos é estar no meio de animais impuros que, ainda tinham sorte melhor do que a dele, pois sequer lhe era permitido comer da comida deles. 
Lucas entra na mente e no coração do jovem quando diz "caindo em si, ele pensou: "Quantos trabalhadores do meu pai têm comida de sobra, e eu estou aqui morrendo de fome! Vou voltar para meu pai". A volta para o pai significa que ele, finalmente, sai de si e percebe que é filho. Mas, percebe também que não merece mais "ser chamado de seu filho". E impõe-se a pena de perder todos os direitos de filho: "Me aceite como um dos seus trabalhadores", diz ao pai. 
O pai, porém, identifica-o: "estava longe de casa, o pai o avistou. E, com muita pena do filho, correu, e o abraçou, e beijou". E o rapaz é recebido como filho: " tragam a melhor roupa e vistam nele. Ponham um anel no dedo dele e sandálias nos seus pés". Não é uma simples volta. É um reviver, um nascer de novo. E a vida nova tem que ser festejada. Começa a festa. O irmão mais velho protesta e fala de retribuição comparativa. Mas, deve aceitar a misericórdia do pai e reconciliar-se com seu irmão. Paternidade gera fraternidade: "seu irmão estava morto e viveu de novo; estava perdido e foi achado". E mais, ele está sempre com o pai, numa comunhão que não se rompeu: "tudo o que é meu é seu". 

Os bispos, em Aparecida, disseram: 

"A Conversão é a resposta inicial de quem escutou o Senhor com admiração, crê n'Ele pela ação do Espírito, decide-se ser seu amigo e ir após Ele, mudando sua forma de pensar e de viver, aceitando a cruz de Cristo, consciente de que morrer para o pecado é alcançar a vida. No Batismo e no sacramento da reconciliação se atualiza para nós a redenção de Cristo". 
(DAp 278b). 

3. Oração (Vida) 

O que a Palavra me leva a dizer a Deus? 

Só posso louvá-lo por revelar tão grande amor e misericódia. 

Oração da Campanha da Fraternidade 2012 

Senhor Deus de amor, 
Pai de bondade, 
nós vos louvamos e agradecemos 
pelo dom da vida, 
pelo amor com que cuidais de toda a criação 
Vosso Filho Jesus Cristo, 
em sua misericórdia, assumiu a cruz dos enfermos 
e de todos os sofredores, 
sobre eles derramou a esperança de vida em plenitude. 
Enviai-nos, Senhor, o Vosso Espírito. 
Guiai a vossa Igreja, para que ela, pela conversão 
se faça sempre mais, solidária às dores e enfermidades do povo, 
e que a saúde se difunda sobre a terra. 
Amém. 

4. Contemplação (Vida) 

Meu novo olhar é de confiança no amor misericordioso do Pai que sempre me espera para me abraçar e acolher, não importa qual seja meu erro. 

- Abençoe-nos Deus misericordioso, 
Pai e Filho e Espírito Santo. 
Amém. 

Ir. Patrícia Silva, fsp


Oração Final

Pai Santo, nós abusamos da liberdade que nos deste e nos afastamos de tua companhia. Que a dor da distância e o desencanto com os valores do mundo criem em nós a saudade e, com ela, a coragem para voltar ao teu convívio, onde, com certeza, Tu nos esperas para o abraço carinhoso. Por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.


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