domingo, 19 de fevereiro de 2012

HOMÍLIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 19/02/2012

19 de Fevereiro de 2012 

Marcos 2,1-12

Comentário do Evangelho

Jesus "anuncia a palavra" à multidão

A cena nos apresenta Jesus em casa, em Cafarnaum, e uma multidão que se aglomera à sua porta. Como é característico a Marcos, é a "casa", e não a sinagoga, o lugar do encontro de Jesus com as multidões. Em seu convívio com estas multidões, Jesus diferenciava-se do "pequeno resto de Israel", como assim se julgavam as elites religiosas, instaladas no Templo e nas sinagogas, separadas do povo. Marcos, nesta sua narrativa rica em detalhes, de início realça que Jesus "anunciava a palavra" à multidão que enchia sua casa. É próprio de Marcos o destaque maior à palavra de Jesus, que liberta e comunica vida. Entra em cena um paralítico, carregado por quatro homens, e segue a cena pitoresca da sua descida, deitado na maca, por um buraco feito no teto da casa. Jesus é tocado pela fé, não só do paralítico, mas também daqueles que o acompanhavam. As ações e diálogos que se seguem não são uma interrupção do anúncio, mas exprimem concretamente o seu próprio conteúdo: a libertação dos pecados. O núcleo da Boa-Nova é a manifestação do infinito amor de Deus. A palavra que corresponde a "pecado" no Antigo Testamento, em hebraico, é het'. O seu significado corresponde ao ato de errar o alvo, sair do caminho, perder. O alvo, no caso, era a Lei. Assim, na doutrina dos chefes religiosos do Templo e das sinagogas, o pecado tinha um sentido predominantemente legalista. Era considerado pecado qualquer ato ou omissão que contrariasse as observâncias legais religiosas (Torá e as inúmeras tradições a ela anexadas). Ainda mais, a prosperidade era considerada uma bênção de Deus, enquanto a pobreza e miséria, bem como as doenças, eram consideradas castigo de Deus por pecados cometidos (o que é contestado no Livro de Jó). Jesus vem remover esta humilhação que submetia o povo ao poder religioso do Templo de Jerusalém, resgatando a sua dignidade. A prática de Jesus tem duas dimensões: isenta de qualquer culpabilidade os acusados de pecado e acolhe-os com grande amor e amizade, rejeitando a sua exclusão religiosa e social. Jesus, diante daquele paralítico, prioriza a sua libertação da condição humilhante e excludente de "pecador". E a libertação da paralisia é decorrente de sua dignidade restaurada. São os novos laços de relacionamento humano que vencem um mundo onde tem prevalecido o privilégio de minorias que moldam uma cultura de poder e submissão, que atende a seus interesses particulares. Pelo "sim" que nos une a Jesus (segunda leitura), todas as coisas se fazem novas (primeira leitura) pela remoção de toda exclusão, na libertação e na promoção da vida. 


José Raimundo Oliva



Vivendo a Palavra

O Mestre deixa para a Igreja exemplo concreto da sua – e nossa! – missão, que é levar aos irmãos a libertação que Ele nos trouxe: o perdão dos pecados concedido pelo Pai Misericordioso e a cura das doenças que escravizam o corpo e a alma. Jesus é fonte de esperança para o povo. Isso mesmo é o que nós devemos ser!



COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


FAÇA UMA DOAÇÃO AO NPDBRASIL...

1. "NOSSOS PARALÍTICOS..."(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Certa ocasião, quando refletíamos esse evangelho em grupo, alguém perguntou se na casa onde Jesus estava pregando, havia elevador ou coisa parecida, se olharmos o relato em si mesmo, vamos acabar fazendo outras perguntas como, "Será que eles não podiam pedir licença para passar no meio das pessoas e entrar na casa?" e mais ainda... Seria normal que as pessoas que estavam aglomeradas á entrada, quando vissem o esforço dos quatro homens, subindo na parede com o paralítico deitado em uma cama, oferecessem ajuda, buscando uma alternativa mais fácil...

O próprio Jesus, não poderia ter dado um jeito de sair para atender o paralítico, sem precisar tanto esforço de subir e ainda ter de abrir um buraco no telhado? Fazer perguntas como essas, é muito importante para a nossa reflexão, pois vamos e convenhamos, o modo que eles encontraram para colocar o paralítico á frente de Jesus, não foi o mais fácil, aliás, correu-se até o risco de um grave acidente.

Hoje em dia a gente sabe que nossos templos existentes, ou os que estão em construção, devem ter em seu projeto, a construção de rampas, para facilitar o acesso de nossos irmãos deficientes. Mas com certeza, não é este o tema do evangelista, ele está querendo dizer alguma coisa as suas comunidades e aos cristãos do nosso tempo.

Dia desses, alguém bastante estressado dizia-me que certas pessoas só atrapalham a vida da comunidade, porque são muito radicais, geniosas, incomodam a todos, e o tempo todo eles só arranjam encrencas e mais encrencas, concluindo, dão muito trabalho, são sempre do contra, enfim, chatas e duras de engolir, e que sem elas, a comunidade é uma maravilha, o conselho deveria tomar providência, ou quem sabe, o padre impor a sua autoridade.

Pessoas com essas características não caminham, e ainda dificultam a vida de quem quer caminhar: pronto, já começamos a descobrir os paralíticos e paralíticas de nossas comunidades, irmãos e irmãs que não se emendam de seus defeitos, nunca mudam o seu jeito de ser, não se convertem e precisam portanto, ser acolhidas e carregadas. Há irmãos na comunidade que a gente tem prazer de encontrar, é sempre uma alegria imensa, mas há também esses, que nos perturbam, incomodam, e a gente não fica a vontade, se estão conosco em uma reunião da pastoral ou do movimento, a troca de "farpas" será inevitável...

Há no texto duas coisas que chamam a nossa atenção, primeiro o esforço desse quarteto, subir pela parede, desfazer o telhado e descer a cama com cordas. Jesus elogia-lhes a fé, parece até que fez o milagre como retribuição a tanto esforço. Eles tinham fé em Jesus Cristo, sabiam que se o levassem diante dele, seria curado, mas por outro lado, embora o texto não cite isso, a gente percebe que o amavam muito, tiveram com ele muita paciência, sei lá quantos quilômetros tiveram que andar, carregando aquela cama que deveria ser pesada, e ainda, ao deparar com a multidão aglomerada á frente da casa, poderiam ter desistido, já tinham feito a sua parte. Mas a força do amor e da fé, fez com que não desistissem, e se preciso fosse, seriam capazes de derrubar a casa.

Os quatro são uma referência para as nossas comunidades, onde muitas vezes falta-nos o amor e a fé, para carregar nossos paralíticos e superar os obstáculos, passando por cima dos preconceitos. Nas comunidades há pessoas amorosas, pacienciosas, que aceitam conviver com todos, amando-os como eles são, sem exigências, preconceitos ou radicalismo, mas há também a turma de "nariz empinado", como aqueles doutores da lei, que não crê em um Deus que é misericórdia, e que perdoa pecados, seguem normas e preceitos, até trabalham na comunidade, mas são extremamente exigentes com os "paralíticos", acham-se perfeitos e não aceitam a convivência com os imperfeitos.

Jesus elimina o problema pela raiz, "Filho, teus pecados te são perdoados...", a cura física vem em segundo plano, e se a enfermidade impede que o paralítico se aproxime de Jesus, a comunidade os carrega, possibilitando que ele também faça a experiência do Deus que perdoa, ora, se houver na comunidade intolerância, preconceitos, e ranços ocultos, como é que essas pessoas poderão experimentar o amor, o perdão e a misericórdia? Os intolerantes têm sempre um olhar extremamente crítico e severo, para com os paralíticos, e não aceitam que outras pessoas tenham por eles amor e ternura, manifestada na paciência e tolerância.

Por isso Jesus ordena – levanta-te, toma o teu leito e vai para casa. Deus nunca faz as coisas pela metade, na obra da salvação, Jesus não fez simplesmente uma reforma no ser humano, mas o transforma em uma nova criatura, na graça santificante do Batismo, fazendo com que deixe de se relacionar com Deus na religião normativa, porque crê no Deus que é todo amor e misericórdia, que perdoa pecados e os liberta com a sua santa palavra, em Jesus de Nazaré.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  cruzsm@uol.com.br

2. Jesus "anuncia a palavra" à multidão
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

VIDE ACIMA

Oração


Pai, cura os pecados que me paralisam e me impedem de caminhar para ti. Realiza em minha vida a maravilha do perdão.



3. FÉ E INCREDULIDADE(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

É chocante o contraste entre a fé do paralítico e dos que o traziam até Jesus, para ser curado, e a incredulidade de alguns escribas, presentes nesta ocasião.

Para que o homem fosse curado, pessoas de boa vontade superaram todos os obstáculos a fim de fazê-lo chegar até Jesus. Mas, a presença da multidão impedia-lhes o acesso. Por isso, resolveram abrir um buraco no teto, por onde puderam descer a maca do paralítico. Só uma fé profunda pode explicar este gesto quase desesperado. E Jesus o descobre, e o recompensa.

Por sua vez, os escribas ruminam, em seus corações, pensamentos malévolos a respeito da ação de Jesus. Tomam-no por usurpador de um poder exclusivo de Deus, porque perdoa os pecados daquele pobre homem, antes mesmo que lhe solicitassem a cura. Sua incredulidade leva-os a acusar Jesus de blasfemo. É que, no fundo, não suportavam conviver com a misericórdia que jorrava do coração do Mestre.

A incredulidade dos escribas não foi suficientemente forte para bloquear Jesus. Ele continuou a agir com absoluta liberdade, sempre conforme o querer do Pai. Não só perdoou todos os pecados do paralítico, como também, devolveu-lhe a saúde, recompensando-lhe a fé.

Os incrédulos podem até permanecer firmes em sua incredulidade. Só não podem dizer que não tinham motivos para crer. O milagre de Jesus não dava margem para dúvidas.

Oração 

Espírito que desfaz toda incredulidade, afasta de mim tudo quanto me impede de reconhecer, na ação de Jesus, a manifestação do amor do Pai.



7º DOMINGO DO TEMPO COMUM  (19 de fevereiro)

A AUTORIDADE DE JESUS E O PECADO

I. INTRODUÇÃO GERAL

Um sinal é um objeto ou um fato que significam outra coisa. Geralmente, a gente já pode ver algo do significado no próprio sinal: a doença no sintoma, a felicidade no sorriso, levando em conta que os sintomas podem ser traiçoeiros e os sorrisos, falsos.

No evangelho de hoje, presenciamos um típico “sinal” de Jesus, e esse sinal nos faz entender o sentido dos outros sinais dele. Quando se esperava que Jesus curasse o aleijado, Jesus o perdoou – coisa que não foi nem poderia ter sido pedida, pois, para perdoar, era preciso uma “autoridade” especial, que só Deus tem (cf. 1ª leitura). Arrogando-se tal autoridade, Jesus não comete blasfêmia, como pensam os escribas, mas revela sua verdadeira missão, que transparece na “autoridade” que o povo observou nele (cf. 2,12): “Para que saibais que o Filho do homem tem autoridade na terra...”.

Naqueles tempos de esperança apocalíptica, esperava-se vingança, condenação, fogo. Mas Deus tem outros meios para sanar a situação. A 1ª leitura lembra a situação de Israel no exílio babilônico. Aí Deus resolveu jogar longe de si o pecado com o qual o povo o cansara. Resolveu trazer Israel de volta à sua terra, mas isso não serviria para nada se, primeiro, o povo não “voltasse” interiormente. Precisava de perdão como de uma nova criação.

Entendemos, assim, melhor a “autoridade” escatológica que se manifesta em Jesus; não apenas um poder judicial, mas um eflúvio do poder criador. O último juízo é uma nova criação: “Eis que faço tudo novo” (Ap 21,5). O comportamento verdadeiramente divino para com a criatura não é destruí-la, mas reconstruí-la e recriá-la; Deus não quer a morte do pecador, e sim que se converta e viva (Ez 18,23). Por isso, o Filho do homem não vem destruir, mas perdoar. A “autoridade” que ele recebeu de Deus é marcada por aquela outra qualidade de Deus, mais característica: a “misericórdia” (cf. Mc 1,41; 6,34 etc.).

A 2ª leitura é tomada do início da 2ª carta aos Coríntios. Paulo se defende da acusação de inconstância. Ele deve explicar por que lhes prometera uma visita e não a realizou. A razão não é inconstância. O “sim” de Deus é “sim” mesmo, e assim deve ser também o “sim” do apóstolo, cuja atuação deve ilustrar o conteúdo de sua pregação. Sua firmeza é dom divino, não mérito humano. E esse dom é muito útil para nosso tempo, em que a inconstância é alçada a modelo cultural e econômico.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Is 43,18-19.21-22.24b-25)

A história de Israel nos mostra a justiça de Deus, mas também a fidelidade de seu amor. Aliás, a justiça faz parte do amor. Is 43,18-21 é uma mensagem ao povo exilado, que não sabe se tem ainda um porvir. Nos versículos 22-25, o profeta deixa Deus desabafar: Israel cansou-se de procurá-lo e, com seus pecados, cansou-o. Poderia esperar de Deus vingança, condenação, fogo. Mas Deus tem outros meios para sanar a situação. O povo, exilado na Babilônia, estava no desespero. Aí, Deus resolveu jogar longe de si o pecado com o qual o povo o cansara (em vez de não se cansar de procurar Deus!): “Não mais me lembrarei de teus pecados” (Is 43,22-25). Este é o juízo no qual Deus sai vencedor (43,26): ele perdoa! Deus queria trazer Israel de volta à sua terra; mas isso não serviria para nada se o povo, primeiro, não “voltasse” interiormente. Precisava de perdão, como de uma nova criação.

Deus mesmo agirá, abrirá um caminho pelo deserto, como no tempo do êxodo, e seu povo poderá de novo proclamar sua glória.

2. Evangelho (Mc 2,1-12) 

A aclamação ao evangelho lembra Lc 4,18-19 (“O Senhor me enviou para levar a boa-nova”). O exercício do “poder-autoridade” inerente à missão de Jesus (cf. domingos anteriores) começa a revelar sua verdadeira personalidade: ele perdoa o pecado – o que só Deus pode – e comprova sua autoridade pelo sinal da cura do aleijado. Esse sinal nos faz entender também o sentido dos outros sinais. A história do paralítico começa como uma cura um tanto pitoresca: um homem é baixado pelo teto diante dos pés de Jesus, porque a multidão entupia a porta. Mas, onde a gente esperava uma cura, Jesus faz o que nem foi pedido: perdoa. Também não poderia ter sido pedido a Jesus, pois perdoar, só Deus o pode (cf. 1ª leitura). Por isso, “as autoridades” acusam Jesus de blasfêmia. Na verdade, porém, não é blasfêmia, senão a revelação da verdadeira missão de Jesus, que transparecia na “autoridade” que o povo observou nele (cf. 2,12): “Para que vejais que o Filho do homem tem autoridade na terra...”. Todos os termos são importantes: “Filho do homem” é a figura celestial de Dn 7,13-14, a quem é dada a “autoridade” (exousía), não lá no céu, mas aqui “na terra”, na execução da intervenção escatológica de Deus. É a hora do Juízo, aqui na terra. Mas esse Juízo não serve para destruir os impérios, como em Dn 7, e sim para perdoar e restaurar, pois Deus não quer a morte; pelo contrário, como Pai e criador, renova a vida. O sinal que Jesus faz significa: “Para que vejais que tenho esta autoridade (e agora fala ao paralítico): Levanta-te, toma tua cama e anda”. Não sabemos nada do pecado do homem; o importante é ser ele destinatário e ocasião de uma revelação do amor criador do Pai em Jesus, que exerce o poder do Filho do homem de modo inesperado, aqui na terra. “Jamais vimos tal coisa”, exclama o povo.

3. II leitura (2Cor 1,18-22) 

Esta leitura é tomada do início da 2ª carta aos Coríntios. Os coríntios sentiam-se magoados porque Paulo lhes anunciara uma visita que não executou (cf. 1Cor 16,5) em decorrência dos problemas na comunidade (1,23-2,4). Acusam-no de ser inconstante, mas ele se defende (1,17), pois não é apenas sua pessoa que é alvo de crítica, mas também o evangelho que ele apregoa. Os destinatários devem reconhecer no mensageiro o absoluto “sim” de Deus: Jesus Cristo. Mas então também a vida dos fiéis, selada pelo Espírito, deve deixar transparecer esse “sim”. 

Paulo se defende da acusação de inconstância. Ele deve explicar por que lhes prometera uma visita e não a realizou. Não por inconstância. O “sim” de Deus é “sim” mesmo, e assim deve ser também o “sim” do apóstolo. A razão é que Paulo não quis visitar os coríntios com o coração magoado por causa das polêmicas que alguém lá estava conduzindo contra ele. Portanto, o adiamento da visita confirmava o “sim” do carinho de seu coração. Este era constante. Paulo atribui sua firmeza a Deus, que nos sela com o Espírito. Sua firmeza é dom divino, não mérito humano. É graça. Nestes tempos de inconstância, consumismo e alta rotatividade, convém pedir a Deus o dom da firmeza, para amar e servir de modo coerente e para resistir à injustiça, sobretudo àquela que se aninha na própria estrutura da sociedade.

III. DICAS PARA REFLEXÃO

No domingo passado, Marcos nos mostrou Jesus como possuidor do poder de superar a marginalização (do doente de lepra). Hoje, mostra-o vencendo uma exclusão pior: a do pecado (evangelho). Jesus é mais que um curandeiro. Ele tem poder sobre o pecado. Ele é o “Filho do homem”. O que ele veio fazer não era tanto tirar as doenças físicas, mas expulsar o pecado. Deus já não quer nem se lembrar do pecado do povo (1ª leitura). Curar, até os médicos conseguem. Perdoar, só Deus… e o Filho, que executa sua vontade.

Também o povo messiânico, como se concebe a Igreja, deve em primeiro lugar combater o pecado, ora denunciando, ora perdoando – nunca tapeando. Deve apontar o mal fundamental que está no coração das pessoas e na própria estrutura da sociedade. Para mostrar que tem moral para fazer isso, servem os sinais: dar o exemplo, aliviar a miséria material do mundo, lutar por estruturas justas, por mais humanidade, por tudo o que cure e enobreça os filhos e filhas de Deus. O empenho para melhorar, em todos os sentidos, a vida das pessoas autoriza a Igreja a denunciar o mal moral e a urgir a terapia adequada, que é a conversão das pessoas e da sociedade.

A sociedade, hoje, mostra descaradamente que pretende solucionar os problemas materiais pela via do cinismo, pelo poder do mais forte. A própria medicina não hesita em se  autopromover à custa da ética, recondicionando a casca, mas deixando apodrecer os valores pessoais por dentro. Há quem ache que a Igreja deveria primeiro melhorar as condições materiais, a saúde, a cultura etc., para dar maior “base” à sua mensagem “espiritual”. Mas Jesus pronuncia primeiro o perdão do pecado e depois mostra ter poder para tratar da enfermidade material. O mais urgente é livrar as pessoas do mal fundamental, o pecado. Então, a libertação total deitará raízes num chão livre da erva daninha do pecado.



A fé supera tudo e vence barreiras


Postado por: homilia

fevereiro 19th, 2012




O centro da cura, narrada neste Evangelho do sétimo domingo do Tempo Comum, é novamente a cidade de Cafarnaum. A cura ocorre dentro de uma casa, no interior de um lar, lugar de paz, alegria, perdão, amor e vida. Jesus, ciente disso, começa a anunciar os valores que estão contidos no conceito “casa”, ou seja, lar, que também pode significar família. Aliás, eles são o conteúdo de Sua mensagem salvífica. E porque a Sua palavra cura, transforma, liberta e salva, muita gente se reúne à Sua volta.
Feliz ou infelizmente, o público é diversificado. Existem aqueles que procuram Cristo como “meros espectadores”, ou seja, vão para se divertir, passar o tempo. Uns vão por curiosidade; outros, porque seguem o movimento dos demais. Alguns O procuram a fim de encontrar motivos para acusá-Lo de blasfemia e entregá-Lo à morte. Porém, há também os que O procuram e veem em Jesus Nazareno a solução de todos os seus problemas e, como se não bastasse, Aquele que pode perdoar os pecados dos homens como o Salvador do mundo.
Independente dos motivos, Jesus simplesmente os recebe com humildade e simplicidade para lhes revelar as realidades do Reino de Deus. O que é o Reino de Deus para Jesus, senão o momento no qual todos são incluídos, com suas diferenças, em um só rebanho? O Messias fala de um Reino onde não há grandes nem pequenos, nem sábios nem ignorantes; ao contrário, todos ensinam e todos aprendem. Nesse lugar, o diálogo é possível, pois a razão fala mais alto do que a força. No Reino de Deus, todos são um só n’Ele e por Ele. Todos saboreiam a beleza da vida!
É nesse ambiente que surgem os amigos do pobre paralítico. Eles, pelo simples fato de serem amigos de um doente, já mostravam que não se viam melhores ou piores do que ele. Dentre tantos obstáculos do seu dia a dia, depararam-se com um maior do que poderiam imaginar: uma enorme multidão que não lhes dava espaço para fazer chegar o paralítico diante de Jesus. Apenas o levaram movidos pela fé. Graças a ela e só por ela, conseguiram encontrar uma solução para a doença do amigo.
A fé supera tudo. E a fé em Jesus faz da pessoa mais do que uma vencedora, pois, como vimos, os amigos perseverantes, confiantes e esperançosos lutaram até o fim para levar o paralítico até o Senhor. E o “fim” foi fazer um buraco no telhado e, por ali, descer o doente.
Graças à ousadia daqueles homens, o local em que não havia lugar para os excluídos tornou-se espaço de cura e libertação de todos os pecados. É assim que Deus vem ao encontro daqueles que n’Ele esperam e confiam. Os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mudos falam, os coxos andam, a Boa Nova é anunciada aos pobres. Isso significa dizer que os céus se abrem para acolher todos aqueles que, renunciando à vida de pecado, se entregam a Deus.
Nesta luta, é fundamental não desistir, mas lutar até o fim. Assim como aqueles amigos do paralítico, pois acreditaram que Cristo era diferente, porque a Sua mensagem era diversa dos demais mestres da Lei e fariseus. Portanto, aquele “pobre paralítico” tinha de ouvi-la.
A partir disso, quero fazer um convite a você. Vamos nos empenhar para que os doentes da nossa família, da sociedade e de nosso país ouçam esse Jesus, cuja mensagem é a Boa Nova da Salvação. Corramos o risco, visto que a única saída para que os nossos sejam atendidos é o “buraco no teto”. Vamos e subamos a esse Jesus que é inigualável. Essa é a atitude de fé de quem entende que Ele é único.
Saiba que a fé capaz de despertar a admiração de Jesus Cristo não está no milagre da cura, mas no milagre do Reino, pois, por meio dele podemos nos aproximar, com ousadia e sem intermediários, da presença de Deus. A fé que causa espanto em Cristo é daqueles que entendem que a mensagem do Reino é inigualável, pois quebra todas as barreiras. A fé que move a mão de Jesus é de que, no Reino, todos somos realmente “o próximo do outro” e, portanto, nos preocupamos uns com os outros.
Ao nos preocuparmos com o bem-estar do próximo, também Cristo nos dá o necessário, pois “é dando que se recebe, é amando que se é amado, é perdoando que se é perdoando, é morrendo que se ressuscita para a vida eterna”, nos ensina São Francisco de Assis.
Por mais que, naquele momento, os amigos desejassem ver o paralítico curado, a fé deles já os havia curado, pois entenderam a importância da mensagem do Reino.
Nessas condições não há mais pecados, pois estes foram perdoados. E somente aquele paralítico podia entender a profundidade da afirmação de Jesus em sua vida. Se ele entendeu que, em Cristo, nada mais o separava de Deus, então ele foi alvo do perdão do Pai, pois ninguém se aproxima d’Ele com tamanha fé se antes o próprio Deus não o tiver perdoado.
Fazer o paralítico andar foi um sinal não para esse homem enfermo, mas para mim e para você que ainda não enxergamos a realidade do Reino. A cura física desse homem é a representação terrena, carnal e física daquilo que Deus – por meio da Sua Palavra – pode fazer em mim e em você todas as vezes que, abrindo o coração, O acolhemos com fé, esperança e confiança.
Padre Bantu Mendonça


Leitura Orante 

Preparo-me para a Leitura Orante, fazendo uma rede de comunicação 
e comunhão em torno da Palavra com todas as pessoas que se encontram neste ambiente virtual. 
Rezamos, em sintonia com a Santíssima Trindade. 

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 
Amém 

Senhor, nós te agradecemos por este dia. 
Abrimos, com este acesso à internet, 
nossas portas e janelas para que tu possas entrar com tua luz. 
Queremos que tu Senhor, definas os contornos de 
Nossos caminhos, as cores de nossas palavras e gestos, 
A dimensão de nossos projetos, o calor de nossos relacionamentos e o 
Rumo de nossa vida. 
Podes entrar, Senhor em nossas famílias. 
Precisamos do ar puro de tua verdade. 
Precisamos de tua mão libertadora para abrir 
Compartimentos fechados. 
Precisamos de tua beleza para amenizar nossa dureza. 
Precisamos de tua paz para nossos conflitos. 
Precisamos de teu contato para curar feridas. 
Precisamos, sobretudo, Senhor, de tua presença 
Para aprendermos a partilhar e abençoar! 

Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós. 

1. Leitura (Verdade) 

O que diz o texto do dia? 

Leio na Bíblia, atentamente, o texto:
 Mc 2,1-12. 

Entre as pessoas sofridas na sociedade onde Jesus vivia, estavam também os paralíticos. Impedidos pela própria doença, não tinham como se aproximar dele. Além disso, havia um grupo de pessoas "instaladas na casa", ao redor de Jesus, que impediam a entrada de outros. Era necessária uma "conversão pastoral". Havia, também, pessoas que, pela fé, descobriam formas para aproximar os sofredores de Jesus. O Evangelho diz que "vendo a fé que eles tinham" curou o homem. O Mestre não queria sentir-se prisioneiro de ninguém: ele veio para todos. Não só curou o doente, mas perdoou-lhe os pecados. A libertação foi total. 

2. Meditação (Caminho)

- O que a Palavra diz para mim? 

Muitos, entre nós, não têm condições para encontrar a Cristo. 
São pessoas que precisam de alguém que já fez a experiência do encontro com Deus para acompanhá-las até a casa onde Jesus as espera. 
Às vezes, sou eu a pessoa necessitada de ajuda, mas devo também ser aquela que ajuda a quem precisa. Vou procurar na minha comunidade um ministério, movimento ou pastoral em que possa me engajar. Existem pastoral da saúde, da educação, da evangelização, da criança, da juventude, da comunicação e tantas outras. Vou dar também minha colaboração. 

Os bispos, em Aparecida, falaram de uma 
"conversão pastoral". Veja o que queriam dizer: 

"A conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária. Assim, será possível que "o único programa do Evangelho siga introduzindo-se na história de cada comunidade eclesial" com novo ardor missionário, fazendo com que a Igreja se manifeste como uma mãe que nos sai ao encontro, uma casa acolhedora, uma escola permanente de comunhão missionária."
 (DAp 370). 

Existe "conversão pastoral" na minha comunidade? 

3. Oração (Vida) 

- O que a Palavra me leva a dizer a Deus? 

Senhor, ao meu coração, se substitua o teu. 
Ao meu amor a Deus, ao próximo, a mim mesmo, se substitua o teu. 
(Bem-aventurado Alberione) 

4.Contemplação (Vida e Missão) 

Qual meu novo olhar a partir da Palavra? 
Sinto-me discípulo/a de Jesus.

Meu olhar deste dia será iluminado pela presença de Jesus Cristo, acolhido no meu coração e no coração das demais pessoas. 

Rezo com o bem-aventurado Alberione: 

Jesus e Maria, dai-me a vossa bênção: 
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 
Amém 

Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós. 

Bênção 

- Deus nos abençoe e nos guarde. 
Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. 
Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. 
Amém. 
- Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. 
Amém. 

I. Patrícia Silva, fsp

Oração Final

Pai Santo, eu não ouso te oferecer a minha fé, ainda vacilante, mas eu coloco em tuas mãos o meu desejo de crer e ser fiel – este, sim, sempre presente em meu coração. Recebe, Pai Amado, o que tenho a dar-te e aumenta a minha fé! Eu te peço pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez meu irmão e contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário