quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

HOMÍLIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 15/02/2012

15 de Fevereiro de 2012

Marcos 8,22-26

Comentário do Evangelho

Deus no amor misericordioso de Jesus

Vindo da Decápole, Jesus está a caminho de Cesareia de Filipe. Betsaida é a cidade de Pedro, André e Filipe, com a presença de gregos entre a população. André é um nome de origem grega (Andréas). Esta narrativa detalhada e minuciosa da cura de um cego é bem característica do estilo de Marcos ao descrever os gestos e reações de Jesus. Jesus leva o cego pela mão, cospe em seus olhos, impõe-lhe as mãos. Como o cego ainda não vê bem, Jesus coloca novamente as mãos sobre seus olhos e ele passa a ver perfeitamente. Marcos já registrara o uso da saliva por Jesus ao curar um surdo-gago. Jesus retira o cego do "povoado" e diz-lhe que não volte a ele. Pode-se perceber uma simbologia na narrativa. O "povoado" seria uma alusão às populações sob a influência da doutrina do judaísmo nesta região. O "cego" é impedido de "ver" por causa desta doutrina. Jesus, uma vez abrindo-lhes os olhos, recomenda que ele não volte àquela doutrina. Há uma alusão aos discípulos originários do judaísmo. Estes foram formados na doutrina messiânica davídica de poder, o que dificulta que entendam a revelação de Deus no amor humilde e misericordioso de Jesus. 

José Raimundo Oliva 



Vivendo a Palavra

O privilégio do encontro solitário com Jesus dado àquele cego está ao alcance de todos e de cada um de nós: o Mestre nos ensinou a orar – que significa encontrar com o Pai – no silêncio do nosso coração, estando fechadas as suas portas para as distrações do mundo.



Reflexão 
Jesus retira o homem do povoado, não o cura totalmente na primeira vez que lhe impõe as mãos, o deixa totalmente curado na segunda vez que lhe impõe as mãos e diz para ele não entrar no povoado. Esses elementos nos ajudam numa reflexão sobre o Evangelho de hoje. As pessoas vivem em sociedade e, geralmente, assumem integralmente os seus valores. Esses valores muitas vezes se tornam um obstáculo para a atuação da graça e para a verdadeira libertação dessas pessoas. Depois que a libertação acontece, essas pessoas não podem assumir novamente todos os valores da sociedade, pois voltarão a viver na escuridão do erro e do pecado.



COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "As Etapas da conversão"(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Quando cristãos retornam de algum retiro ou encontro de espiritualidade, alardeando que agora estão convertidos, é para se ficar sempre com um pé atrás. Digo isso porque muitas vezes, o coitado mal volta do retiro e já o engajam em alguma pastoral ou movimento dando-lhes mil e uma tarefas. O pior é quando, por conta desse embalo inicial, marcado pelo excessivo entusiasmo, são convidados a darem testemunho na assembléia... Testemunho como o de Pedro que um dia, cheio de entusiasmo disse a Jesus “Eu te seguirei Senhor por onde fores, jamais deixarei de estar contigo”, mas naquele mesmo dia, que era a véspera de sua paixão, Jesus apagou o fogo de palha de Pedro, profetizando que naquela madrugada ele iria negá-lo por três vezes, antes que o galo cantasse.

Nada contra os nossos retiros e encontros de espiritualidade, que são úteis e necessários sendo até colocados como obrigação aos ministros ordenados e religiosos, pela Lei da Igreja. O problema é pensar que a conversão já aconteceu e a partir de agora vão poder vislumbrar um mundo totalmente novo quando na verdade, o mundo é o mesmo, as pessoas são as mesmas, e as situações também. O Novo, na verdade, está dentro da pessoa... E um coração renovado renova também o olhar que ganha a luz da FÉ.

A conversão verdadeira é toda um processo de muitas etapas, nessa experiência com Jesus  Cristo, é portanto uma dinâmica em nossa vida, pois em cada decisão tomada ou atitude assumida diante de grandes ou pequenos acontecimentos vamos mostrando se estamos ou não nesse processo.

O homem cego, curado por Jesus nesse evangelho, já tinha feito uma experiência inicial com ele, entretanto ainda não tinha uma visão clara dos acontecimentos, pois a sua visão espiritual confundia homens com árvores que andavam. O que houve? Jesus não teria feito direito os gestos para realizar a cura? Claro que não, é que o ser humano tem suas limitações e os efeitos da Graça Divina é como aquela chuvinha fina, que sem muito alarde, vai fecundando a terra mansamente tornando-a fértil.

Foi somente após mais uma experiência com Jesus que os olhos daquele homem começaram a enxergar perfeitamente. E onde é o lugar de quem tem uma nova visão da vida, das pessoas e dos acontecimentos? É a Comunidade a casa dos que crêem. Mas sempre lembrando que a FÉ é dom de Deus e é Jesus quem abre nossos olhos para vivermos essa realidade totalmente nova. Pertencer a uma comunidade, sentir-se Igreja com os demais irmãos e irmãs, não é uma decisão nossa, mas somos Igreja e Comunidade pelo impulso permanente do Espírito Santo. Não se trata de um simples "empurrãozinho" igual aquele que se dá para fazer um carro pegar no tranco, a Força do Espírito é uma dinâmica em nossa Vida de Fé.

Mas é um processo lento que começa em nosso Batismo e termina com a nossa morte, quando então, totalmente convertidos, Jesus nos mandará para nossa casa definitiva onde teremos a visão Beatífica de Deus.

2. Deus no amor misericordioso de Jesus(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

VIDE ACIMA

Oração

Pai, abre meus olhos para que, pela fé, eu reconheça teu filho Jesus, e possa beneficiar-me da força libertadora que dele provém.

3. COMPREENSÃO GRADATIVA(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A cura do cego de Betsaida serve de parábola para o processo de iluminação da inteligência dos discípulos, na tentativa de compreenderem e assimilarem os ensinamentos de Jesus. Evidentemente, isto não aconteceu de repente Antes, esta dinâmica de compreensão e assimilação foi lenta e gradual, exigindo tempo para consolidar-se.

A passagem da cegueira à visão, no caso do cego, deu-se de forma gradativa. Num primeiro momento, Jesus umedeceu-lhe os olhos com saliva e impôs-lhe as mãos. Disto resultou uma visão ainda imperfeita e nebulosa. As pessoas eram vistas de forma indistinta, como se fossem árvores caminhando. Só num segundo momento, após ter Jesus tocado os olhos do cego é que ele passou a ver distintamente, não só de perto, mas também de longe.

Servindo-se de um texto do profeta Jeremias, Jesus já havia censurado os discípulos os quais "tendo olhos, não viam e tendo ouvidos, não ouviam". A incompreensão deles era comparável a uma cegueira. Necessitava de cura! O processo já havia sido iniciado. Eles, porém, ainda permaneciam no primeiro estágio, vendo as coisas de maneira nebulosa. Era preciso dar o passo seguinte: compreender tudo, o mais claramente possível, sem nenhuma hesitação. Acomodar-se no primeiro passo seria uma atitude insensata, por parte de quem já tinha aceitado deixar-se guiar por Jesus.

Oração 

Espírito clarividente, liberta-me da cegueira que me impede de compreender e assimilar plenamente a realidade do Reino proclamado por Jesus.



A Palavra de Jesus nos cura de toda cegueira


Postado por: homilia

fevereiro 15th, 2012


Na umidade interior da boca, a saliva tem – como a água – grande importância, porque une e dissolve os alimentos, pode curar ou corromper, suavizar ou insultar violentamente quando transformada em cuspe. O órgão da saliva é a língua, como na relação entre a lágrima e os olhos. A língua, como um pequeno leme, governa nossa embarcação; ela é fértil, e seu fruto maduro e criativo é a palavra.
Para despertar a Palavra, para libertar o Verbo, Jesus empregará Sua saliva sob os olhos daquele cego. Para impedir a Palavra e aniquilar o Verbo, cuspiram sobre o rosto de Jesus.
Língua e saliva. Como órgão do paladar e do gosto, a língua é símbolo do discernimento. Ela separa o bom do ruim, distingue, aparta e isola como um chicote, uma faca ou espada.
A língua é considerada uma chama, cuja forma e mobilidade é como o fogo que destrói e purifica. Como instrumento da palavra, a língua edifica e arrasa. Comparada ao fiel de uma balança, a língua julga. Comparada a um pequeno leme, dirige o navio inteiro. A língua é como o fogo, o único animal que ninguém consegue dominar (cf. Tg 3,2-12). Na maioria das vezes, o termo significa a própria palavra. Quando a palavra língua é empregada sem qualificativo, em geral designa a má língua. Como você tem utilizado a sua língua?
Na Bíblia, a saliva evoca a vida, a cura e a salvação. Tocados pela saliva, os cegos veem, surdos ouvem e mudos falam. Ao promover com os dentes e a língua uma intimidade da pessoa com o alimento – por todos os critérios de reconhecimento derivados do paladar -, a saliva fala do nosso desejo de um sustento espiritual, de alimentar-se do divino.
A saliva de Jesus é muito mais do que simplesmente um líquido transparente e insípido, segregado pelas glândulas salivares na base da língua que serve para fluidificar os alimentos, facilitar sua ingestão e digestão. A saliva de Jesus cura e liberta.
Associada aos alimentos, a saliva serve para uni-los e dissolvê-los, pode curar ou corromper, suavizar ou ofender. Cuspir no rosto é um gesto grave com consequências na tradição judaica. Quem cospe em alguém não foi capaz de reter sua ira, seu ódio e transforma sua saliva luminosa em cuspe, em “não luz”. Na Bíblia, cuspir no rosto de alguém é uma suprema vergonha, punida de lepra (cf. Nm 12,14).
O tema da cegueira é bastante central na missão de Jesus. Não há dúvida de que, entre as curas, as mais relevantes devolveram a visão aos cegos. Na tradição judaica, “abrir os olhos” era a cura messiânica por excelência, o sinal para a identificação do verdadeiro Messias, segundo a tradição profética.
Quem se encontra na cegueira não vê nada. Só é possível ver quando se é tocado pela saliva e pela Palavra de Jesus Cristo, pela fertilidade da Água Viva.
Somos vitimados pelas mais diversas cegueiras. Não vemos nem sequer a maior das certezas: a realidade da morte fruto do pecado. E vivemos muitas vezes como se fôssemos “imortais”. O mistério da vontade divina é o seu desejo de salvação para todos (cf. Ef 1,9).
Somos cegos e devemos aceitar nossa condição humana: não vemos a luz. Aceitar também, sem contestação, que o sopro e a Palavra de Jesus, que estão por detrás da saliva, habitem nosso pó, sinais da presença de Cristo, de nossa divinização e da fonte da nossa salvação. Jesus, ao cuspir e passar a saliva nos olhos do homem, ao pôr a mão sobre ele e perguntar se ele via alguma coisa, nos convida a mergulhar em nossa condição humana e suas racionalidades com uma nova consciência. Só n’Ele, por Ele e com Ele conseguimos enxergar perfeitamente o caminho que nos leva ao Pai.
Agora lavados com e pela saliva de Jesus, temos os nossos olhos abertos. Vemos, sabemos e conhecemos o que nos pode matar. E para tal já não podemos voltar para o povoado. Povoado, aqui, quer dizer voltar para a vida de pecado que gera a nossa morte e a perdição dos nossos.
Padre Bantu Mendonça


Leitura Orante 

Preparo-me para a Leitura Orante de hoje, 
fechando os olhos por uns instantes e, 
colocando-me na presença de Deus, 
peço a Ele que toque em mim, 
que toque no coração de todos 
que circulam pela rede virtual. 

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 

Espírito Santo 
que procede do Pai e do Filho, 
tu estás em mim, falas em mim, 
rezas em mim, ages em mim. 
Ensina-me a fazer espaço à tua palavra, 
à tua oração, 
à tua ação em mim 
para que eu possa conhecer 
o mistério da vontade do Pai. 
Amém. 

1. Leitura (Verdade) 

Leio atentamente, na Bíblia, o texto: 
Mc 8,22-26. 

Agora procuro compreender melhor o texto do Evangelho. Algumas pessoas com visão levaram o cego a Jesus. O cego assumiu sua cegueira. Deixou-se conduzir pela mão por Jesus; deixou que o levasse para fora do povoado, e cuspisse nos seus olhos, impondo-lhe as mãos. "Estou vendo as pessoas como se fossem árvores andando", disse o homem. Ele via de forma confusa. Parece que lhe faltava mais luz, nitidez. Então, Jesus impôs de novo as mãos sobre os olhos dele e ele começou a enxergar perfeitamente. A conversão de qualquer pessoa passa também por um processo - vai enxergando aos poucos. Só se converte quem se deixa conduzir por Jesus Cristo, que se deixa tomar pelas mãos por Ele. 

2. Meditação (Caminho) 

- O que a Palavra diz para mim? 
Também eu, você, confundimos pessoas com árvores, ou seja: ideal com realidade, pessoas com coisas. O homem via sem nitidez. Às vezes, no olhar da vida, perdemos a nitidez, quando somos permissivos, damos um "jeitinho" e a nossa fé vai ficando descolorida, sem brilho, sem expressão, sem luz, sem clareza. O apóstolo Paulo, quando perseguia os cristãos, caiu por terra e nada enxergava. Precisou da ajuda de Ananias, esteve três dias sem comer ou beber e sem enxergar. Às vezes, não enxergamos bem dentro de nós. Temos uma espécie espécie de embaçamento que pode ser causado pelo nosso egoísmo, superstições, nossas fraquezas, falta de perdão, inseguranças, mistura de crenças, inconstância, falta de solidariedade. São como "escamas", como aconteceu com Paulo. 

Disseram os bispos, em Aparecida:
 "Nossa maior ameaça é "a fé que vai se desgastando e degenerando em mesquinhez" A todos nós toca "recomeçar a partir de Cristo". 
(DAp 12). 
É preciso romper tudo isto que nos impede de ver e caminhar. 
Deixemos que Jesus nos tome pela mão. 

3.Oração (Vida) 

- O que a Palavra me leva a dizer a Deus? 

Rezo com Paulo VI: 

Oração para pedir a Fé 

Senhor, eu creio, eu quero crer em Ti. 
Senhor, faze que a minha fé seja total, sem reserva; 
que ela penetre no meu pensamento e na minha maneira de 
julgar as coisas divinas e as coisas humanas. 

4. Contemplação (Vida e Missão) 

- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
 Um novo olhar e nova disposição: 
Quero olhar o mundo e as pessoas como são, com o olhar transparente, limpo, 
livre de distorções. 

Bênção 

- Deus nos abençoe e nos guarde. 
Amém. 

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. 
Amém. 

-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz.
 Amém. 

- Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. 
Amém. 

I. Patrícia Silva, fsp
http://www.paulinas.org.br/diafeliz/evangelho.aspx

Oração Final
Pai Santo, ensina-nos a verdadeira oração, ao encontro real com o Amor, que nos faz generosos e compassivos, companheiros alegres e fonte de esperança para os que peregrinam nesta vida rumo ao teu Reino. Por Jesus, o Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.

http://www.arquidiocesebh.org.br/mdo/pg06.php

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