Não hospede o mal dentro do seu coração
“Logo que saiu da barca, um homem possuído por um espírito impuro, saindo de um cemitério, foi a seu encontro. Esse homem morava no meio dos túmulos e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. Muitas vezes, tinha sido amarrado com algemas e correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava as algemas. E ninguém era capaz de dominá-lo. Dia e noite, ele vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras. Vendo Jesus de longe, o endemoniado correu, caiu de joelhos diante dele e gritou bem alto: ‘Que tens a ver comigo, Jesus, Filho do Deus altíssimo? Eu te conjuro, por Deus, não me atormentes!’ Com efeito, Jesus lhe dizia: ‘Espírito impuro, sai desse homem!’ Então Jesus perguntou: ‘Qual é o teu nome?’ O homem respondeu: ‘Meu nome é ‘Legião’, porque somos muitos’. E pedia com insistência para que Jesus não o expulsasse da região” (Marcos 5,2-10)
Meus irmãos e minhas irmãs, há um tempo atrás, assisti a um filme chamado Parasita — não sei se você já teve a oportunidade de assistir-lhe. Ele, resumidamente, conta a história de uma família inteira — pai, mãe, filho, filha — que se aproxima de uma outra família rica para sugar dessa família todos os seus bens, para aproveitar-se dessa família. A aventura desse mal traz consigo as piores desgraças e mostra o que o mal faz com uma alma que o hospeda.
Por que estou dizendo isso? Porque o Evangelho de hoje é um clássico exemplo do efeito parasita do demônio. Como um fungo ou como o mofo que vai, pouco a pouco, roubando as nossas energias, a nossa vitalidade e nos deixa numa situação deprimente.
O exemplo que o Evangelho trouxe aqui, mostra o mal que não chega amarrando-nos com correntes; ele nos prende com fios quase imperceptíveis, mas que, com o passar do tempo, vão se tornando dependências, vícios, apegos, hábitos corrompidos, comportamentos dos quais não conseguimos nos libertar, e aí sim eles se tornam correntes e algemas.
A aventura deste mal traz consigo as piores desgraças, e mostra o que o mal faz com uma alma que o hospeda
Quem é que deve estar num cemitério senão o morto? Mas e o homem do Evangelho que estava lá? Vemos o drama desse homem, o cemitério tornou-se a casa dele; e diz a Palavra que ele não caminhava mais, ele vagava pelos túmulos, feria-se com pedras [a automutilação]. Vejam a que ponto chega o domínio do mal na vida de alguém!
Certamente, foram concessões que foram sendo dadas, brechas, permissões que, dia a dia, foram crescendo na vida daquele homem; ele não foi possuído de uma vez só pela legião, como ele diz aqui, mas veio um, depois veio outro e, certamente, o seu coração foi consentindo muitas vezes, até chegar ao ponto de ser possuído por uma legião.
É claro que, quando olhamos a vida dramática desse homem, ele também pode ter sido vítima de algum mal, do mal de alguém, um abuso, um pai violento, um abandono, uma má influência, um pecado cometido que tenha gerado nele discriminação, tenha colocado ele fora de casa; não sabemos, existem muitas causas, por isso não podemos julgar imediatamente ninguém.
Jesus apenas chega e põe fim a tudo aquilo. A força da presença de Jesus é tão forte, que os próprios demônios dão a sugestão para onde Ele poderia lhes mandar: para os porcos. E assim foi feito, o homem de volta para a casa, e os demônios acabados no precipício. Essa é a força libertadora de Jesus.
Quando deixamos que Ele entre na nossa vida, Ele nos liberta completamente!
Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.
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