segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 12/02/2023

ANO A


6º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano A – Verde

Eu, porém, vos digo…” Mt 5,22a

Mt 5,17-37 (Mais longo)

OU

Mt. 5,20-22a.27-28.33-34a.37 (Mais breve)

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Jesus Cristo revela o verdadeiro projeto de Deus para a humanidade. Guiados por seus ensinamentos, peçamos que Ele sempre nos aponte seu querer divino, livrando-nos de dar- -nos por satisfeitos com a observância meramente superficial dos mandamentos.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, que bom estarmos na Casa de Deus! Hoje, dia do Senhor, a sua Igreja se reúne para bendizer ao Pai, por Jesus, na força do Espírito Santo. Cristo é o cumprimento das promessas de Deus, escritas na Lei. Nós queremos ouvir sua Palavra, acolher seus mandamentos de vida, nos alimentar do maná da salvação para sairmos daqui mais dispostos a anunciar o Reino de Deus com nosso testemunho. Bendigamos, pois, ao Senhor nosso Deus!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A liturgia de hoje nos mostra que Jesus não se colocou na contramão do Deus do Antigo Testamento. Ao contrário, revela o verdadeiro projeto do Senhor para a humanidade. Guiados por seus ensinamentos, peçamos que ele nos aponte seu querer divino, livrando-nos de dar-nos por satisfeitos com a observância superficial dos mandamentos.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, que bom estarmos na Casa de Deus! Hoje, dia do Senhor, a sua Igreja se reúne para bendizer ao Pai, por Jesus, na força do Espírito Santo. Cristo é o cumprimento das promessas de Deus, escritas na Lei. Nós queremos ouvir sua Palavra, acolher seus mandamentos de vida, nos alimentar do maná da salvação para sairmos daqui mais dispostos a anunciar o Reino de Deus com nosso testemunho. Bendigamos, pois, ao Senhor nosso Deus!

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Jesus não veio abolir a lei, mas levá-la à plenitude, dar-lhe algo "mais" que a faz superar como lei e aceitá-la como opção interior. De fato, a justiça do fariseu se limita à observância dos artigos da lei. A justiça do cristão não depende em primeiro lugar da sua observância da lei, mas de se terem realizado em Jesus os últimos tempos, porque ele veio para ser o primeiro a obedecer à lei em comunhão com Deus. Cristo estabelece um novo critério de avaliação moral: a intenção pessoal.
Fonte: NPD Brasil em 16/02/2020

O AMOR É MAIS FORTE QUE A LEI

No trecho do Evangelho de hoje encontramos outra página do Sermão da montanha e percebemos Jesus que nos ensina a fazer uma releitura da lei mosaica conduzindo-nos à pratica de uma justiça maior em relação à dos escribas e dos fariseus. Uma justiça que é pautada pelo amor, pela caridade e pela misericórdia, capaz de realizar substancialmente os mandamentos, desconsiderando totalmente o mero formalismo. Seguir a lei sempre foi, para nós, católicos, indispensável para alcançar a salvação. Entretanto, a lei não é uma imposição ou um peso que tornam nossa vida difícil, mas uma dádiva da misericórdia de Deus por nós.
Para percebermos Jesus que veio dar cumprimento da lei misericordiosa de Deus, o Evangelho nos propõe que examinemos três dos dez mandamentos: o homicídio, o adultério e o juramento. Ao mandamento “não matar”, Jesus nos convida a pensar em outras maneira pelas quais podemos “matar” alguém: “Todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: ‘patife!’será condena- do pelo tribunal” (Mt 5,22). Isso significa que este mandamento não diz respeito apenas ao ato efetivo, mas aos comportamentos que ofendem a dignidade da pessoa humana, inclusive as palavras injuriosas, pois quem insulta o irmão, o mata no próprio coração. Ao tratar sobre o adultério, Jesus nos propõe a irmos à raiz deste mal que não se restringe apenas ao ato sexual extraconjungal, mas que se estende a olhares, intenções e pensamentos: “Todo aquele que olhar para uma mulher, com desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração” (Mt 5,28). O adultério, como o furto, a corrupção e todos os outros pecados, são concebidos primeiro no íntimo do coração dos homens; por isso, o convite de Jesus hoje é, também, o de pensarmos sobre os nossos maus pensamentos e arrancarmos, ou, “cortarmos o mal pela raiz”. Por fim, Jesus diz aos seus discípulos para não jurar, afinal o juramento é sinal de insegurança e daquele que instrumentaliza a autoridade de Deus para dar garantia às suas vicissitudes. Ao contrário desta realidade de pecado, somos convidados a instaurar em nós, nas nossas comunidades, a clareza e a confiança recíproca.
Portanto, Jesus que não veio para abolir a lei, mas para dar cumprimento dela, faz com que O olhemos como a própria lei. Assim, a lei não é apenas feita, proclamada e cumprida por Jesus, mas a aliança é Jesus de Nazaré, o filho de Deus; Ele é a síntese de toda a fé do Novo Testamento, pois Nele e com Ele, na solidariedade do amor libertador que se cumpre a sua lei, a lei do amor. Esta nova lei, é, essencialmente, uma lei interna, que toca o coração e nele se escreve (Jr 31,33). É, portanto, uma lei entre amigos, que nos oferece uma grande liberdade porque queremos segui-la em vez de apenas achar que é nosso dever obedecê-la.
Diante do amor de Cristo, irmãos e irmãs, jamais poderemos estar em dia e tranquilos, achando que merecemos um prêmio por cumprirmos a lei. Diante Dele a verdadeira lei, seremos sempre tão pequenos, tão devedores, tão deficitários ao ponto de sempre nos lembrarmos que sem nos deixarmos guiar pelo Espírito o amor não será mais forte que a lei. Que Deus venha amar em nós e nos fazer sentir como Jesus, pensar como Ele, falar como Ele e agir como Ele. Esta é a Lei e os profetas.
Dom Cicero Alves de França
Bispo Auxiliar de São Paulo

A LIBERTAÇÃO DO FORMALISMO

A primeira leitura apresenta os mandamentos de maneira positiva ao dizer que “eles te guardarão ... e tu viverás” (Eclo 15,16). No entanto, o autor faz esta afirmação tendo diante dos olhos a liberdade do homem e sua misteriosa possibilidade de preferir o mal (Eclo 15,17-18), e alerta ao lembrar que Deus “não mandou ninguém pecar” (Eclo 15,21). Assim, o salmo responsorial, 118(119), exorta a comunidade a cantar “Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor vai progredindo”, pois emanam da “misteriosa sabedoria de Deus, sabedoria escondida, que, desde a eternidade, Deus destinou para nossa glória” (ICor 2,7, segunda leitura).
A liturgia da palavra desta forma, foi preparando a comunidade para acolher o Evangelho. No trecho proclamado neste domingo, Mateus apresenta Jesus como o “Mestre da Justiça”, Aquele que veio dar pleno cumprimento à Lei (Mt 5,17) e restaurar a “justiça do Reino” para o povo de Deus. É um gesto salvífico de Jesus, porque “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus” (Mt 5,20). E Jesus vai conduzindo os ouvintes a se aprofundarem na compreensão dos mandamentos.
O “matar”, pode ocorrer com palavras duras; a participação na liturgia reclama a reconciliação; o adultério implica responsabilidade também do homem, algo ignorado naquela sociedade patriarcal; e pede a fidelidade à palavra e à verdade. Com esta leitura, Jesus se afasta do legalismo farisaico, chamando em questão as intenções do coração, assim como o outro e as relações interpessoais. Esta perspectiva do “Mestre da Justiça” não torna a Palavra de Deus dura, ao entrar no campo dos pensamentos e desejos, como no caso do adultério (Mt 5,28).
A vida de Jesus testemunha que a acolhida da “sabedoria imensa” (Eclo 15,19), “preparada por Deus para os que o amam” (ICor 2,9), liberta do formalismo e do fechamento auto referencial, condição para a expansão do amor na pessoa e advento da vida nova. Desta maneira, Jesus desloca a discussão do formalismo da lei para o do ser. Os mandamentos repropostos por Jesus reclamam uma conversão profunda. Estas diretrizes não são dadas para alguém vir a ser meramente “perfeito e bom”, mas sim, seu discípulo, a percorrer um caminho de entrega aos irmãos e empenho em prol da justiça na sociedade.
Esta trajetória levou Jesus Cristo à oblação sem reservas no calvário, onde as leis foram, não só cumpridas integralmente, mas reduzidas a uma única, à lei do amor. As comunidades, reunidas e fortalecidas nesta casa, construção de Deus, precisam estar atentas para não desvirtuarem o novo espírito que o Senhor imprimiu nos mandamentos, expresso no Sermão da Montanha. A lei autêntica liberta para a doação da vida sem reservas e testemunho da justiça em prol do crescimento do Reino.
Dom Luiz Carlos Dias
Bispo Auxiliar de São Paulo
Fonte: NPD Brasil em 16/02/2020

Comentário do Evangelho

Uma fonte de bênção

Encontramos no texto deste domingo do livro do Eclesiástico (Eclo 15,16-17) ressonâncias de Dt 30,15-20, situado no longo e último discurso de Moisés. Aí achamos as duas vias apresentadas pelo Senhor para a decisão de cada membro do povo de Deus (cf. tb. Eclo 15,16b.17b), e uma forte exortação a guardar os mandamentos do Senhor (Dt 30,16.19b-20). É no cumprimento dos mandamentos da Lei de Deus que está a vida e a felicidade. A influente tradição deuteronomista insiste que o cumprimento irrepreensível da Lei é uma fonte de bênção (cf. Dt 28,1-14); sua rejeição, uma fonte de maldições (Dt 28,15ss).
O evangelho deste domingo, situado no início do longo “sermão da montanha” (5–7), começa por eliminar um equívoco (v. 7a) que, certamente, perdurou por longo período e foi ocasião de disputas não somente entre Jesus e os seus contemporâneos, mas entre judeus e cristãos. O modo como Jesus interpretava e punha em prática a Lei de Moisés desconcertava a tal ponto que fazia com que seus contemporâneos e a geração posterior pensassem que ele desprezava e revogava a Lei de Moisés. As antíteses que se seguem (vv. 21-37) são o exemplo claro de que Jesus ultrapassa a letra da Lei, superando um rigorismo sufocante, considerado um fardo pesado que impedia de entrar na finalidade própria da Lei, dada por Deus ao seu povo para preservar o dom da vida e da liberdade. Parece que é exatamente isso que Jesus quer dizer ao afirmar que, para a comunidade que ele reúne, a justiça, isto é, o modo de proceder em conformidade com a vontade de Deus expressa na Lei, deve superar o rigorismo dos escribas e fariseus (cf. v. 20). É em Jesus que a Lei e os profetas alcançam o seu pleno cumprimento e sentido, pois apontam para ele. A expressão “Lei e os profetas” é um modo bíblico de designar a Escritura na sua totalidade. Esses dois termos estão intrinsecamente relacionados: a Lei é necessária para atestar e confirmar a veracidade da profecia; a profecia é necessária para interpretar e pôr corretamente em prática a Lei. Jesus não revoga a Lei de Moisés, mas, agora, na plenitude dos tempos, ela precisa ser interpretada à luz da revelação de Jesus Cristo (cf. Mt 5,17; 7,12; 22,40). No centro dessa “nova justiça” estão o amor, o perdão e a reconciliação, a misericórdia, a unidade e o acolhimento, que incluem e integram a todos na comunhão com Deus.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, guiado pelos ensinamentos de Jesus, revela-me teu querer divino, livrando-me de dar-me por satisfeito com a observância superficial dos teus mandamentos.
Fonte: Paulinas em 16/02/2014

Vivendo a Palavra

A Lei Nova trazida por Jesus – o Amor – é uma seta que aponta a direção em que devemos caminhar com criatividade e liberdade, até que chegue o nosso dia de receber o abraço definitivo do Senhor. A Lei Antiga, de Moisés, era como uma cerca, prescrições a serem observadas e cumpridas. Seguir o Mestre requer vontade e coragem.
Fonte: Arquidiocese BH em 16/02/2014

VIVENDO A PALAVRA

A Lei Antiga, de Moisés, era como uma cerca: prescrições a serem observadas e cumpridas. A Lei Nova trazida por Jesus – o Amor – é uma seta que aponta a direção em que devemos caminhar com criatividade e liberdade, até que chegue o nosso dia de receber o abraço definitivo do Pai. Seguir o Mestre requer vontade, liberdade e coragem.
Fonte: Arquidiocese BH em 16/02/2020

Reflexão

I. INTRODUÇÃO GERAL

A fidelidade à lei de Deus – melhor dizendo, à Torá ou instrução do Senhor – é um dos temas centrais do Antigo Testamento. O amor e a fidelidade à lei de Deus constituíam toda a justiça e santidade do povo de Israel.
A lei de Deus é boa e santa (Rm 7,12). Por isso, a lei não foi abolida por Jesus, mas sim plenificada (Mt 5,17). Plenificar significa que não basta cumprir a materialidade do mandamento, mas se perguntar pela intenção de Deus ao instituí-lo. Não é suficiente uma fidelidade externa, mas faz-se necessária uma fidelidade mais profunda, que empenhe mente e coração. Não basta somente uma conduta que todos possam ver, mas se requer reta intenção, que brote do mais profundo do coração e da mente, vista somente por Deus. Tal atitude é possível quando se é capaz de deixar-se penetrar pela sabedoria do evangelho, “misteriosa e oculta” (1Cor 2,7), sabedoria da cruz de Cristo. Isso é andar na lei do Senhor. Os atos meramente externos constituem um legalismo severamente criticado por Jesus.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. Evangelho (Mt 5,17-37): Eu não vim abolir, mas cumprir a lei

Jesus continua o discurso do monte, afirmando que, se o modo de agir, ou seja, se a justiça dos discípulos não for mais exigente que a dos escribas e dos fariseus, eles não participarão da construção do Reino de Deus. É isto que mostra o evangelho na liturgia de hoje: o cristianismo é muito mais exigente que o judaísmo.
Com o termo “ouvistes” se quer contrapor o ensinamento de Jesus ao ensinamento dos escribas e fariseus. Isso não significa, como muitos pensam, uma substituição do Antigo pelo Novo Testamento. Não se trata do que foi “escrito”, mas do que foi “ouvido” como homilia feita pelos doutores da lei, os mestres do judaísmo. Trata-se da interpretação de Jesus contra a interpretação dos escribas e fariseus a respeito da Sagrada Escritura.
A novidade da interpretação que Jesus faz da Escritura está na explicitação da intenção de Deus ao dar os mandamentos. Não basta, por exemplo, não matar. Devem-se evitar as palavras de desamor, de desprezo, de ressentimento contra o próximo. Era essa a intenção de Deus ao dar o mandamento “não matarás”.
“Deixa tua oferta diante do altar” (v. 24). No dia da expiação (ou do perdão, cf. Lv 16), os judeus confessam os pecados cometidos contra Deus e pedem perdão durante 24 horas. Mas acreditam que os pecados contra o “próximo” devem ser perdoados por quem sofreu a ofensa, e não por Deus; por isso, primeiramente pedem perdão ao próximo, para depois se dirigirem a Deus. Jesus faz uma mudança em relação ao judaísmo, afirmando que não somente num dia especial, mas todos os dias, os cristãos devem pedir perdão ao seu próximo para depois dirigir-se a Deus.
A compreensão dos escribas a respeito do adultério era diferente no caso da culpa da mulher e da culpa do homem. Entendiam que a mulher cometia adultério até mesmo sozinha, no coração, quando era casada e desejava outro homem. Cometia adultério quando observava um homem para vê-lo passar ou quando se exibia para ser notada por ele. Se fosse flagrada numa dessas atitudes, poderia ser apedrejada sozinha, porque seu adultério não dependia do consentimento de um homem. Jesus põe homem e mulher em pé de igualdade. Seja homem seja mulher, cada um comete adultério no coração. A intenção de Jesus é preservar a família e o matrimônio, e não lançar um fardo pesado demais sobre nossos ombros.
Quanto ao juramento, muitas vezes os judeus juravam sem pensar e se obrigavam a agir mesmo se descobrissem ser a vontade de Deus diferente do que foi prometido por juramento. Mesmo assim, algumas pessoas preferiam fazer algo que desagradava a Deus a descumprir um juramento, pois amaldiçoavam a si mesmas quando juravam (cf. 1Rs 19,1-2). Por isso, Jesus exorta a não jurar.

2. I leitura (Eclo 15,16-21): Fidelidade é fazer a vontade de Deus

Esse texto da primeira leitura destaca a liberdade de escolha, o livre-arbítrio do ser humano diante da vontade de Deus. O autor bíblico acentua a responsabilidade da pessoa quando ela decide se rebelar contra Deus.
Quem obedece à vontade de Deus, expressa principalmente na Escritura, tem qualidade de vida. Se todas as pessoas cumprissem os mandamentos de não roubar e não matar, entendidos em sentido amplo, incluindo injustiças e ofensas, a sociedade de hoje seria menos violenta.
Por isso, afirma o texto bíblico que a vida e a morte estão diante do ser humano, para que ele escolha o que deseja. A vontade de Deus gera vida em plenitude, o pecado gera morte. Tanto a vida quanto a morte, entendidas nesse sentido, são consequências das escolhas humanas.
O ser humano é livre e, por conseguinte, responsável pelas próprias ações. O mal que faz ao próximo não é culpa de Deus, pois “a ninguém Deus ordenou que fizesse o mal, a ninguém Deus deu licença de pecar” (v. 21). Deus nos deu o livre-arbítrio e a capacidade de fazer as escolhas certas.

3. II leitura (1Cor 2,6-10): Uma sabedoria que não é deste mundo

Paulo ensina os fiéis de Corinto a cultivar a sabedoria “misteriosa e oculta” revelada por Deus, que ultrapassa a sabedoria do mundo e dos poderosos.
A sabedoria de que Paulo fala é a cruz, na qual Cristo revela o Deus despojado. Na fragilidade de sua vida humana e totalmente ofertada ao Pai como dom de amor, Jesus desvenda aquilo que Deus “preparou desde toda a eternidade” para os seres humanos: o amor ao extremo. É, pois, na adesão à vida de Cristo que consiste a sabedoria divina, não reconhecida pelos poderosos, porque foge da lógica deste mundo. Somente aquele que se despoja da própria vida será capaz de reconhecer a sabedoria de Deus, que é Jesus Cristo crucificado.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

Durante muito tempo se entendeu que fazer a vontade de Deus significava cumprir apenas seus mandamentos de forma rigorosa. No entanto, essa concepção levou muitos a cair num legalismo exacerbado, o que gerou uma moral escravizadora. Ainda hoje muita gente sofre por causa de certos julgamentos pautados numa visão legalista da Escritura. Mas a proposta de Jesus sempre foi outra. Isso não significa um relaxamento na conduta do ser humano; ao contrário, a proposta de Jesus é exigente, porque mira o interior da pessoa, no qual foi escrita a vontade de Deus. Deus não quer seus filhos escravos, mas livres. E somente no exercício da liberdade o ser humano poderá ser verdadeiramente fiel aos mandamentos divinos.

Aíla Luzia Pinheiro Andrade
Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje - BH), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos. Atualmente, leciona na Faculdade Católica de Fortaleza. É autora do livro Eis que faço novas todas as coisas – teologia apocalíptica (Paulinas).
E-mail: aylanj@gmail.com
Fonte: Vida Pastoral em 16/02/2014

Reflexão

ALGO MAIS

Um dos objetivos do Evangelho de Mateus é mostrar como Jesus realiza a justiça do reino de Deus. Com sua missão, Jesus não vem abolir a lei de Moisés, mas dar a ela seu sentido pleno. O sentido da lei era a busca da liberdade e da vida para todos. A lei da vida para todos, porém, havia se transformado num emaranhado de regras que, ao final, acabavam aprisionando alguns considerados puros e excluindo outros considerados malditos.
Jesus vem cumprir a lei, mostrando com gestos concretos o que significa viver o perdão, a solidariedade e a partilha. Vivendo esses valores, que já estavam presentes na lei do êxodo, ele realiza a justiça do reinado de Deus.
Para entrar e permanecer hoje na dinâmica da justiça do reino, aos seguidores de Jesus se pede muito mais que simplesmente obedecer a leis. O Mestre mostrou que uma coisa é a essência dos valores que levam à vida e outra coisa são as regras específicas, que originalmente podiam ajudar a buscar a vida, mas com o tempo se tornaram carga pesada, muitas vezes excluindo as pessoas e traindo o sentido original da lei de Deus. Essas regras secundárias, aliás, o evangelho chama de simples “tradição humana”.
Com a expressão “eu, porém, vos digo”, Jesus nos pede algo mais. Suas bem-aventuranças são exigentes, como é exigente a promoção da paz, como é exigente a lealdade nas relações. A justiça do reino se identifica com a felicidade de promover a paz, de vencer o ódio com o perdão e a mão amiga; a felicidade de ser puro de coração, de ser capaz de corrigir em si aquilo que poderia levar à divisão ou prejudicar alguém.
Além disso, um cristão não se define pelas negativas, pelo fato de simplesmente não matar ou não trair. Um autêntico seguidor de Jesus trans­forma as relações com o amor, consciente de que é possível matar também com as palavras, e matar inclusive uma religião sincera. Pois o que alguém poderia oferecer a Deus, com um coração duro e incapaz de perdoar ao próximo? A justiça do reino nos pedirá sempre algo mais.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 16/02/2014

Reflexão

O longo texto deste domingo faz parte do Sermão da Montanha, relatado por Mateus. Jesus começa se justificando, ao dizer que não veio abolir a “Lei e os Profetas”, mas mostrar o valor deles além da interpretação superficial ou ao pé da letra. O Mestre defende a Escritura, pois foi dada a Israel para ensinar o caminho da justiça, vista como cumprimento da vontade de Deus. Nos quatro exemplos apresentados, Jesus mostra o jeito correto de interpretar o “espírito da lei”. “Não matar” não significa apenas não derramar o sangue; esse mandamento propõe o compromisso com a defesa da vida de toda pessoa. “Não cometer adultério”: Jesus o condena e convida a extirpar o mal pela raiz. A justiça do Reino propõe fidelidade mútua e direitos e deveres iguais entre marido e mulher. A respeito do divórcio, só os homens podiam decretá-lo, e a mulher era um joguete nas mãos do marido. A proposta de Jesus é que haja total transparência e honestidade entre marido e mulher. Os juramentos não garantem relações baseadas na verdade e na confiança. Pessoa sincera dispensa juramentos.
Oração
Ó Jesus, fiel cumpridor da vontade do Pai, tu nos pedes um salto de qualidade na observância da Lei de Deus. Na verdade, queres que nosso relacionamento humano passe pelo filtro da justiça e da misericórdia. Concede-nos, Senhor, viver segundo teus ensinamentos e modo de vida. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Fonte: Paulus em 16/02/2020

Reflexão

Doutores da Lei e fariseus eram pessoas esclarecidas, ligadas à elite da sociedade, o grupo governante aliado a Roma. Eles estavam interessados em manter a estrutura social injusta, mais do que em ajudar a luta do povo. Jesus exige retidão maior, justiça maior: “Se a justiça de vocês não superar a justiça dos doutores da Lei e fariseus, vocês não entrarão no Reino dos céus”. Jesus não está abolindo a Lei de Moisés, mas quer e espera de sua comunidade um salto de qualidade em relação às exigências da Lei. Ele quer uma justiça acompanhada de misericórdia e fé. Esta justiça, sim, será capaz de transformar as relações humanas. O amor sem limites a Deus e ao irmão é a plenitude da lei de Cristo, a nova justiça do Reino de Deus. São Paulo resume: “O amor é o cumprimento total da Lei” (Rm 13,10).
(Dia a Dia com o Evangelho 2023)

Reflexão

“ENSINA-ME A VIVER VOSSOS PRECEITOS. QUERO GUARDÁ-LOS FIELMENTE ATÉ O FIM!”

SITUANDO-NOS BREVEMENTE

Neste domingo, o sexto do Tempo Comum, na trilha do evangelista Mateus, permanecemos na montanha com Jesus, acolhendo como discípulos, a proposta singular e desafiadora de seu Reino.
Ele nos propõe uma nova maneira de interpretar a lei, a levando à plenitude e chamando-nos à exigência de sua radicalidade, na prática da justiça e da misericórdia.
A Páscoa, que hoje celebramos, abraça todas as pessoas que, com o coração sincero e reto, se comprometem com a justiça, socorrem os mais fracos, partilham com generosidade o pão, promovem o relacionamento fraterno entre as pessoas e acreditam na força do perdão e da reconciliação.
Feliz quem anda na lei do Senhor, cantamos no salmo de hoje.
Esta é assembleia onde Deus habita, rezamos na oração inicial, a quem Deus revela a sabedoria de sua  lei, pelo seu Espírito..

RECORDANDO A PALAVRA

Hoje continuamos ouvindo o sermão da montanha, no qual Jesus ensina o que está na origem do Reino de Deus. Ele não veio abolir a lei  e os profetas, mas veio dar-lhes pelo cumprimento . Para Jesus, as Sagradas Escrituras devem ser integralmente cumpridas. Quem compreender isto e assim ensinar será grande no Reino de Deus, mas quem fizer o contrário será menor.
O contexto em que o primeiro evangelho surgiu é aquele após a destruição de Jerusalém e do Templo pelo império romano. Os grupos existentes no judaísmo (saduceus, zelotas e essênios) haviam sido dizimados. Das ruínas materiais e da crise espiritual emerge um gruo fariseu que unifica o judaísmo normativo, excluindo qualquer pluralismo. A comunidade do evangelho de Mateus é construída por judeus que reconheceram Jesus como o Messias . A rejeição aos cristãos vai se intensificando, até tornar-se oficial na assembleia de Jamnia, entre os anos 85 e 90 d.C. Os Judeus-cristãos são expulsos formalmente das sinagogas.
O trecho do evangelho que ouvimos hoje expressa bem a tensão existente entre os cristãos e os fariseus. Para quem segue Jesus ressuscitado, a prática da justiça é fundamental. Jesus fala com uma autoridade que está acima dos mestres do judaísmo. Jesus cumpre a lei e os profetas em seu sentido profundo. O reinado de Deus é a meta . Quem pertence a esse reinado do Senhor tem que superar a prática da justiça dos letrados e dos fariseus. Jesus expõe sua posição diante da lei tradicional, indo além, exigindo atitudes interiores, conversão profunda, na forma reiterada: “eu vos digo” A lei de Jesus supera a lei de Moisés que é, ao mesmo tempo, lei religiosa e civil.
Nos versículos 21-26, sobre o homicídio (Ex 20,13; Dt 5,17; Lv 24,17) radicaliza-se a atitude interior (cf. Lv 19,17-18) de onde brota a violência de matar e se estendem as ofensas menores- xingamentos, insultos, desprezo, rancor, inveja – que podem levar ao homicídio. Há uma hierarquia para o castigo: tribunal local, conselho nacional, o próprio Deus, com o castigo escatológico do fogo. Do receito negativo de “não matar” estende-se a exigência positiva da reconciliação, antes da participação no culto. Os versículos 27-30 são sobre o adultério: sua proibição (Ex 20, 10,14; Dt 5,18), sob pena de morte (Lv 20,10). A nova lei atinge a atitude interior de desejo consentido que entra pelos olhos e pelos outros sentidos e membros. Novamente é lembrado o fogo escatológico como castigo. Os versículos 31-32 falam do divórcio concedido ao homem. Jesus se opõe à lei e à sua legalidade.
Os versículos 33-37 falam sobre o julgamento (Lv 19,12; Nm 30,2). Entre os irmãos cristãos, a sinceridade deve ser tal que inutilize todo juramento: “Sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem com outro juramento qualquer. O vosso sim seja sim, e o vosso não, não. Então não estareis sujeitos a julgamento.” (Tg 5,12) O juramento era procedimento legal e prática religiosa admitidos e respeitados. No juramento, se oculta a desconfiança na palavra humana; o juramento busca o respaldo de uma instância superior. Não se deve clocar Deus em meio a nossas humanas questões.
O livro do Eclesiástico afirma a liberdade humana diante da proposta de Deus: “se quiser” observar os mandamentos, eles guardarão você; “se quiser” confiar em Deus, você vai viver. Deus deu-lhe a capacidade de escolher entre o fogo e a água, entre a vida e a morte, o bem e o mal. Você receberá o que preferir. A sabedoria de Deus é imensa, Ele é forte e bondoso e tudo vê. Deus tem cuidado de quem o teme e conhece nossas obras. Ele não nos mandou agir erradamente e não nos dá licença de pecar.
O Salmo 119(118) é uma longa meditação sobre a lei de Deus, sua Palavra, mencionada em cada verso por diversos sinônimos. É um salmo de instrução, proclamando que é feliz quem observa e vive os preceitos do Senhor.
A carta aos Coríntios fala da misteriosa sabedoria de Deus, que nos fi revelada através do Espírito.

Atualizando a Palavra

Hoje a Palavra de Deus nos ilumina sobre a relação entre Jesus e a lei. Sua missão não é abolir nem facilitar, mas libertar do formalismo e do fundamentalismo. Para Jesus, não basta a observância externa apenas para “ir para o céu” após a morte. Jesus exige radicalidade. A Palavra de Deus deve atingir até o mais profundo do ser humano. É uma procura amorosa da vontade de original de Deus que ultrapassa a simples letra da lei. É necessário ver e ouvir por “trás das palavras”, encontrando-se pessoalmente com o Espírito da Lei.
Para o cristão ser justo, conforme a exigência de Jesus, não basta observar preceitos, cumprir mandamentos, é necessário viver e realizar o bem proposto por Deus em sua Palavra. A letra da lei mata, mas o Espírito vivifica. Conforme o Salmo 119(118), a lei é uma luz, um caminho, razão de viver e se sentir interiormente como povo escolhido de Deus. A lei foi dada para podermos viver e testemunhar o bem que Deus propõe
Jesus nos alerta que podemos observar a lei em outro espírito, que não seja o Espírito de Deus. O espírito que motivava os fariseus da época se afastava d projeto do Pai, porque não beneficiava os pobres e pequeninos. Não era espírito de Deus, mas um negócio com Deus, troca, barganha. Os fariseus tornaram-se donos da lei e ela passou a ser instrumento de dominação econômica, política e religiosa sobre os demais: “Amarram pesados fardos e impõem-nos aos ombros dos irmãos, ao passo que eles mesmos se negam a movê-los com o dedo.” (cf. Mt 23,4). Jesus, então, deseja tirar a lei das mãos de quem oprime em nome de sua observância e devolvê-la a Deus. O que Deus deseja é a justiça, seu plano amoroso. Procurar a justiça verdadeira é olhar a vida com amor radical. Então os mandamentos de Deus significarão muito mais do que a letra diz, e nos levarão à perfeição de filhas e filhos de Deus.
Cumprir toda justiça é a justiça que inclui lei e profetas. O essencial da lei é a prática da justiça e da misericórdia que ultrapassam a observância legalista. Jesus toma alguns exemplos para deixar claro até onde devem ir a justiça e a misericórdia. Vai até a raiz e mostra que o objetivo da lei é a defesa da vida. Não basta “não matar”, é necessário construir uma sociedade humana, fraterna e solidária, na qual a vida plena seja para todos. A lei é “não cometer adultério”, mas não basta; é preciso eliminar o desejo de posse sobre a mulher, extinguir todo machismo e todos os privilégios do homem, raiz de toda opressão presente nas relações humanas. O bem-querer é a proposta de Deus. Nossa resposta é um amor verdadeiro, com raiz na totalidade da pessoa, o qual se insere na fonte do amor que é o próprio Deus. Não basta “não jurar falso”; temos que promover a convivência fundamentada na verdade, na integridade, na honestidade, na ética. O que a Palavra de Deus exige hoje de nós é cortar o mal pela raiz. Jesus não nos prescreve apenas normas, mas uma proposta evangélica nova que batize, lave até o nosso inconsciente, nossa consciência mais profunda, e faça da vida um contínuo ato de discernimento de busca de sentido de nosso ser, de nosso viver, do nosso viver, do nosso agir. A primeira leitura nos convida, a cada momento, a tomar uma posição diante da LEI, o projeto de Deus.

LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

Acolhemos, na mesa da Palavra, a novidade da lei do amor que não conhece limites. A Eucaristia é, para nós cristãos, a mais verdadeira e perfeita expressão simbólico-ritual desta nova lei.
Ao prepararmos a mesa da ceia, neste domingo, somos impelidos a nos despojarmos do egoísmo, do individualismo, da auto-suficiência e de qualquer sinal de rancor e mágoa que nosso coração esteja nutrindo contra alguém. Assim podemos confiantes, rezar com as palavras da oração sobre as oferendas: “Ó Deus, que este sacrifício nos purifique e renove, e seja fonte de eterna recompensa para os que fazem a vossa vontade”.
Humilde e reconciliados elevamos nossa ação de graças ao Pai, entregamos nossa vida como oferenda agradável e levada a efeito na comunhão, como dádiva, do amor de Deus para conosco e de nós para com Ele, em Cristo Jesus: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16), rezamos na antífona de comunhão.

SUGESTÃO PARA A CELEBRAÇÃO

1 - O Domingo como “festa primordial”, se caracteriza pelo encontro alegre e festivo da comunidade cristã com o Ressuscitado, que presente na reunião fraterna, convocada e enviada em missão; na Palavra proclamada; na ceia eucarística. Daí a importância da preparação do espaço, do exercício dos vários ministérios, dos cantos e de todos os momentos rituais, para que este encontro seja verdadeiramente pascal, transformador.
2 - Um refrão mediativo no início, seguido de oração pessoal ajuda a assembleia a criar uma atitude de abertura ao Espírito. É ele que move os corações, une amorosamente as diferenças, faz entender e acolher a Palavra da Salvação.
3 - inspirado na antífona de entrada, o canto de abertura indicado pelo Hinário 3, encontra-se na p. 121: Sê a rocha que me abriga…
4 - Ligando a celebração com a vida, após a saudação inicial, é muito salutar fazer a recordação de fatos e acontecimentos significativos que marcaram a semana. O sentido do mistério pascal alarga-se com a páscoa vivida na fé pela comunidade.
5 - O canto de comunhão, o quanto possível, retomando o pão da palavra, vem indicado no Hinário 3, p. 248-9: Aquele que faz, aquele que ensina...

Fonte: Roteiros Homiléticos do Tempo do Advento – Natal – Tempo Comum – Dezembro 2013 / Janeiro 2014 – CNBB 2013/14 Ano A
Fonte: Emanarp em 16/02/2014

Reflexão

«Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas»

Pe. Givanildo dos SANTOS Ferreira
(Brasilia, Brasil)

Hoje, Jesus nos diz: «Vim para cumprir a Lei» (Mt 5, 17). O que é a Lei? O que são os Profetas? Por Lei e Profetas, entendem-se dois conjuntos distintos de livros do Antigo Testamento. A Lei refere-se aos escritos atribuídos a Moisés; os Profetas, como o próprio nome o indica, são os escritos dos profetas e os livros sapienciais.
No Evangelho de hoje, Jesus refere-se àquilo que consideramos o resumo do código moral do Antigo Testamento: os mandamentos da lei de Deus. Segundo o pensamento de Jesus, a Lei não consiste em princípios meramente externos. Não. A Lei não é uma imposição vinda de fora. Muito pelo contrário. Na verdade, a Lei de Deus corresponde ao ideal de perfeição que está radicado no coração de cada homem. Esta é a razão pela qual o cumpridor dos mandamentos não somente torna-se realizado em suas aspirações humanas, mas também atinge a perfeição do cristianismo, ou, nas palavras de Jesus, atinge a perfeição do reino de Deus: «Quem os praticar e ensinar, será considerado grande no reino dos céus» (Mt 5, 19).
«Eu, porém, digo-vos» (Mt 5,22). O cumprimento da Lei não se resume à letra, visto que “a letra mata, mas o espírito vivifica” (2Cor 3,6). É neste sentido que Jesus empenha sua autoridade para interpretar a Lei segundo seu espírito mais autêntico. Na interpretação de Jesus, a Lei é ampliada até as suas últimas consequências: o respeito pela vida está ligado à erradicação do ódio, da vingança e da ofensa; a castidade do corpo passa pela pureza das intenções; a perfeição do matrimônio passa pela fidelidade e pela indissolubilidade; a verdade da palavra dada passa pelo respeito aos pactos. Ao cumprir a Lei, Jesus, «revela o homem ao próprio homem e manifesta-lhe sua vocação mais profunda» (Concílio Vaticano II).
O exemplo de Jesus convida-nos àquela perfeição da vida cristã que realiza com ações o que se prega com palavras.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

- Deus não aceita o sacrifício de quem causa desunião: Deus quer ser pacificado com orações de paz. A mais bela obrigação para com Deus é a nossa paz, a nossa harmonia» (São Cipriano)

- «Rezar por aquele com quem estamos irritados é um belo passo no amor, e é um ato evangelizador» (Francisco)

- «‘Não devais a ninguém coisa alguma, a não ser o amor de uns para com os outros’ (Rm 13, 8). A comunhão da Santíssima Trindade é a fonte e o critério da verdade de toda a relação (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.845)

Recadinho

De sua boca saem palavras boas somente? - Você procura praticar a justiça, custe o que custar? - Você vive bem com todos? - Você procura manter a palavra dada? - Dê seu testemunho sobre o Matrimônio cristão.
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 16/02/2014

Meditando o evangelho

EU, PORÉM, VOS DIGO...

O elenco de antíteses, proclamadas por Jesus, tem um caráter polêmico, a começar pela introdução: "Vocês ouviram o que foi dito (por Deus) aos antigos". Ele se referia aos pais do povo hebreu mormente os que haviam recebido a Lei no Sinai e fizeram a primeira tentativa de explicá-la para o povo. Por conseguinte, Jesus não se referia aos rabinos de seu tempo e sim a quem recebera de Deus o encargo de transmitir sua Lei ao povo.
.Este era o ensinamento questionado por Jesus. Ensinamento de origem divina, cuja autoridade era inquestionável. A ousadia do Mestre era patente!
A este ensinamento venerável e tradicional, Jesus pretendia contrapor outro mais radical, também em conformidade com o querer divino. E não algo puramente humano, sem transcendência. O ensinamento saído de sua boca, diferentemente daquele dos mestres antigos, estava em perfeita sintonia com Deus.
Jesus não se colocou na contramão do Deus do Antigo Testamento. Tendo-lhe sido dado todo poder, no Céu e na Terra, estava suficientemente autorizado para penetrar no âmago dos mandamentos do Decálogo e extrair um sentido muito mais radical do que até então se lhe atribuía. Seu ensinamento superava a materialidade da letra dos mandamentos, revelando o espírito neles subjacente. Neste nível profundo, Jesus revelava também o verdadeiro projeto de Deus para a humanidade.

Oração
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Pai, guiado pelos ensinamentos de Jesus, revela-me teu querer divino, livrando-me de dar-me por satisfeito com a observância superficial dos teus mandamentos.
Fonte: Dom Total em 16/02/2014 e 16/02/2020

Oração
Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 16/02/2014

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Um Cristianismo além da Lei
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Minha equipe de teólogos da comunidade, que são meus colaboradores nas reflexões sobre pó evangelho, andou quebrando a cabeça para compreender esses ensinamentos de Jesus, que com certeza não foram ditos em uma mesma hora, mas ajuntados por alguém, diante de problemas que a comunidade enfrentava. E quando chegou na parte da mutilação dos membros e também arrancar o olho, causador do pecado, a equipe disse em tom de humor, que chegaremos no céu todos mutilados e que vai ser difícil alguém chegar “inteiro”.
Em cada um desses ensinamentos há uma única verdade que Jesus proclama, o desafio de sair da medíocre obediência as Leis, para podermos passar a algo sem medida, e que vai muito além da conduta e do comportamento humano, é um convite para migrarmos do meramente humano para o plenamente Divino, somente possível com a Graça de Deus e a Luz da Fé, que vislumbra uma realidade até então invisível para o homem, presente em Jesus de Nazaré. Sem Jesus, a única referência é o seguimento á Lei de Moisés, atitude que norteava a vida de um homem bom, justo, virtuoso e crente em Deus, claro que a Salvação também tinha um sentido bem restrito, e se conquistava nesta vida. Jesus, ao apresentar o ensinamento desse evangelho, desmonta esse quadro de uma Religião legalista, transformando a relação com Deus em uma realidade transcendente.
Jesus, nascido Judeu e participante do Judaísmo, não é um velho saudosista, preso as lembranças do passado, de tudo aquilo que Deus realizou pelo seu povo, não fica chorando sobre o leite derramado, mas convida os seus discípulos e a todos nós, a olharmos com otimismo para o presente e a fazermos a coisas muito melhores, e como a sua presença entre nós mudou a sorte de toda a humanidade, tem autoridade para dizer, “Eu porém vos digo....”
A Lei de Moisés em sua essência é a Lei de Deus, o seguimento a ela faz a diferença entre a Vida e a morte, entre a bênção e a maldição, o bem ou o mal, diante dessa Lei temos sempre a escolha e o livre arbítrio, o próprio Senhor diz em outro evangelho, que não veio para revogar a Lei, mas para mostrar o seu verdadeiro sentido e aprimoramento, para que a lei atinja a sua plenitude.
Mas só o puro cumprimento da Lei não nos fará feliz e nem realizados, a minha equipe de teólogos da comunidade lembrou-se de um bom exemplo.
“A gente dirige e decide respeitar e obedecer toda sinalização, mas no estresse causado no próprio trãnsito, acaba gritando e ofendendo os outros condutores, as vezes os pedestres, dizemos palavrões em nosso veículo, que o outro não escuta, praguejamos, amaldiçoamos, ficamos enlouquecidos ao volante e perdemos a paciência...Seguimos a lei mas não fomos felizes nessa ação, por que ? Faltou ser amoroso, misericordioso e paciencioso com as pessoas e essa atitude não é Lei escrita na pedra, mas no coração do homem, é a Lei do amor na relação com as pessoas.
Por isso, podemos dizer que um bom Cristão segue a doutrina, as normas da Igreja, pratica os preceitos, mas, um Cristão de Verdade vive no amor e na comunhão com Deus e com as pessoas.. Por isso Jesus apresenta-nos essa proposta de darmos um passo além, não permanecendo na mediocridade do dever cumprido, mas testemunhando um amor sem medidas, que não quer apenas não “matar” o outro, mas respeitar a sua vida e a sua dignidade, ser solidário, ter paciência, uma vez que, podemos matar o outro de muitas maneiras, não só com armas de fogo ou arma branca, mas principalmente com a língua, com a nossa conduta em relação ao outro, uma morte dissimulada na frieza, no desprezo e na indiferença, quantos morrem ao nosso lado, vítimas deste nosso pecado....
Ofertar algo a Deus em algum trabalho da comunidade ou em algum empreendimento da nossa Vida de Fé, é coisa muito boa, mas Deus só aceita esse oferecimento se estivermos de bem com as pessoas, não alimentar no coração ódio e rancor ou qualquer ranço contra quem quer que seja, porque se estivermos de bem com Deus e de mal com algum irmão, o amor torna-se uma mentira.
Adulterar uma relação, principalmente a conjugal, é torná-la falsa e sem valor, podemos adulterar essa relação de muitos modos, a traição é apenas uma delas. Mas o adultério pode ocorrer em um olhar, em um desejo ainda que não manifesto, em uma relação desgastada pela indiferença e as vezes pelo desprezo, sempre que não contribuo, para que o amor e a vida em comunhão com o cônjuge cresça, e se torne mais consistente, estou semeando a possibilidade de um adultério.
E finalmente um último ensinamento, o que significa “arrancar um olho”, ou cortar algum membro, que nos é causa de pecado? Note-se que essas afirmações está dentro das exortações sobre a vida conjugal e o pecado do adultério, quando falamos da atração entre um homem e uma mulher, facilmente identificamos com o Erro, e daí falamos que homem e mulher são impulsionados pelo instinto. E em nome do tal de instinto comete-se as maiores barbaridades no campo da afetividade humana, voltada para a sexualidade.
Jesus não escreve mais a Lei nas pedras, mas sim no coração do homem, que agora é livre para tomar suas decisões, para dizer SIM ou NÃO ao fazer suas escolhas, a religião torna-se assim mais intimista, e o ser humano não irá mais agir, com seus sentidos, a partir dos seus instintos, mas sim a partir do Amor de Deus, que experimenta em seu coração, e que irradia em todas as suas ações, nas relações com Deus, consigo mesmo e com o próximo, E assim fazendo, o homem rompe com a religião legalista, pois abrindo-se para a graça de Deus manifestada em Jesus, ele alarga o seu horizonte de compreensão e conhecimento do verdadeiro e Único Amor, capaz de salvá-lo e de fazê-lo imensamente Feliz.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim (SP)
E-mail jotacruz3051@gmail.com

2. Antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra será tirada da Lei - Mt 5,17-37
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Jesus veio a este mundo iluminar os caminhos da humanidade. E na sua luz podemos ver a luz. Na sua luz podemos ver o que é o melhor a ser feito. Em sua luz podemos distinguir o que convém do que não convém. Jesus coloca cada coisa em seu lugar, segundo o valor que tem aos olhos de Deus. Ele não veio, portanto, desfazer a Lei de Moisés. Não veio desdizer os profetas. Ao contrário. Tudo o que foi dito e escrito se realiza nele. Nele se cumprem as Escrituras e tudo o que está escrito a respeito dele deve acontecer.
E tudo o que está escrito deve ser também observado e realizado por seus discípulos. Estes, movidos pelo Espírito, devem ir além da letra e levar o que foi prescrito às suas últimas consequências. Os mandamentos são para ser obedecidos e ensinados. Quem assim proceder, será grande no Reino dos Céus. Muitos ensinamentos dos fariseus e dos escribas precisaram ser revistos à luz de Cristo.
Muitas vezes a tradição humana e os preceitos criados e elaborados pelos chefes religiosos se sobrepuseram ao mandamento de Deus. O que aconteceu no passado também acontece hoje, por isso a afirmação de Jesus: “Se a justiça de vocês não for maior do que a dos escribas e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino dos Céus”.
Fonte: NPD Brasil em 16/02/2020

Homilia do 6º Domingo do Tempo Comum,
por Pe. Paulo Ricardo


Fonte: Reflexões Franciscanas em 16/02/2014

HOMILIA

Espiritualidade Bíblico-Missionária

Quando nos deixamos conduzir pela Palavra do Senhor, descobrimos a imensidão do amor do Senhor por nós. A LEI do Novo Testamento é o AMOR ÁGAPE com o qual o Senhor nos amou: amor que serve, que gera a vida, que faz transformar. O Evangelho é o Catequista que se põe ao lado da gente e nos educa nos valores do Reino, que nos traz a vida e nos faz chegar à vida plena.
O Livro do Eclesiástico, que é um Livro sapiencial, deixa claro que podemos escolher, e a vontade de Deus é nossa liberdade de escolha. Então, podemos colocar as mãos no fogo ou na água. A escolha é nossa! O que escolhermos Deus irá respeitar, mas temos de estar atentos, pois, em nome da liberdade podemos escolher errado, não o que nos constrói, mas o que pode nos arruinar. O perigo é a autossuficiência. Aqui o amor não tem vez, muito menos voz.
O caminho do céu tem sinais reais entre nós. Os mandamentos são um dos sinais, pois há ainda os sacramentos que, vividos dignamente, nos conduzem para o coração de Deus. Essa é a escolha que devemos fazer: a que nos leva ao coração de Deus.
O Evangelho continua o pensamento do livro do Eclesiástico, mas agora é o próprio Cristo que vem nos dizer que os “mandamentos” não são para cumprir uma série de regras, regras externas, respeito restrito à Lei. Cristo nos ensina a trabalhar nosso interior, e aí fazer nossa adesão a Deus, cumprindo seu desejo, seu ensinamento, seu mandamento, que vão de encontro com a vida, e não com regras e normas caducas.
Talvez tenhamos quem deseja um catolicismo marcado por regras e determinações, uma Igreja ajustada às ideologias dominantes, em vez de uma Igreja do lava-pés, do bom samaritano, do anúncio da verdade, da profecia que mexe na raiz das estruturas injustas. Isso é preferir um Deus que se ajuste aos meus pensamentos e desejos, não o Deus de Jesus, o do Evangelho. Esse faz a gente ser gente! Um catolicismo vivido com base na Lei não vem libertar o povo da escravidão e opressão. Jesus agiu muito, muito diferente. Seu ensinamento nos abre para a fraternidade, para a justiça, para a transformação da morte em vida. Os sábios e entendidos ainda usam a Lei não para amar, mas para se beneficiar.
Cristo espera, pois, que seu ensinamento gere novos cristãos, comprometidos com a defesa da vida e da verdadeira liberdade. Onde houver dominação, injustiça, opressão, aí deve estar o cristão, pois Cristo ali estaria para oferecer a vida. Religião não é Lei, é vida!
Redação “Deus Conosco”

REFLEXÕES DE HOJE

DOMINGO

Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 16/02/2014

HOMILIA DIÁRIA

Coloque em prática os mandamentos da Lei de Deus

O mundo em que vivemos precisa conhecer a vontade de Deus, e o modo do mundo conhecer a vontade de Deus ocorre quando, aqueles que conhecem a Deus e são próximos do Senhor, colocam em prática os mandamentos do Senhor.

”Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás” (Eclo 15, 16).

A Palavra de Deus, que meditamos no dia de hoje, nos chama a atenção para observarmos os mandamentos da Lei de Deus, porque só tem vida em Deus aquele que guarda e observa os mandamentos e os preceitos do Senhor. O mundo em que vivemos precisa conhecer a vontade de Deus, e o modo do mundo conhecer a vontade de Deus ocorre quando aqueles que conhecem a Deus e são próximos do Senhor colocam em prática os mandamentos do Senhor.
Por vezes, algumas pessoas têm dificuldade de ver isso e dizem: “Mas eu vou confessar o quê? Eu não tenho pecado! Eu não roubo, eu não mato, eu não cometo adultério”. A nossa noção de observar os mandamentos ou de deixar de observá-los ocorre só quando cometemos coisas grandes demais. E hoje o Evangelho nos chama atenção para isso, que não é bem assim, pois não matamos alguém só quando pegamos em uma arma não! Porque todo aquele que se encoleriza, tem raiva do seu irmão, fica irado contra ele, revoltado, odeia o seu irmão, será réu em juízo. Por isso é necessário não só não matar, mas é necessário ter paciência com o nosso irmão. Todas as vezes em que nós perdemos a paciência uns com os outros a ira toma conta de nós e pecamos contra este mandamento: ”Não matar”.
Dizemos: “Eu nunca cometi adultério!” Ou “Eu não traí a minha esposa” Ou “Eu nunca fiz isso ou aquilo”, mas o Senhor nos diz que todo aquele que olhar para a mulher do próximo com o desejo de possuí-la já cometeu adultério no seu coração [cf. Mt 5, 27-28ss]. Adultério não começa com o ato; o adultério e os pecados da carne começam com os desejos, por isso, não basta não cometer isso ou aquilo, é preciso ter a pureza no coração. O homem não pode olhar para a mulher como um objeto, a desejando, deixando os pensamentos e os devaneios tomar conta da sua mente. Da mesma forma a mulher não pode olhar para outro homem e, simplesmente, desejá-lo, cobiçá-lo e deixar seus pensamentos irem longe.
O mal precisa ser combatido pela raiz, prestemos atenção àquilo que vemos na internet, aos lugares aonde vamos, para que não cresça dentro de nós o desejo e a cobiça. Não, eu não preciso jurar, mas Jesus hoje nos diz: Que o vosso sim, seja ”sim” e o vosso não seja ”não”. Ou seja, não mentir quer dizer ser autêntico, não ter duas palavras, duplicidade naquilo que nós falamos.
Algumas vezes, nos acostumamos com pequenas mentirinhas e achamos que essas pequenas mentirinhas não dizem nada; no entanto, elas vão tirando nossa autenticidade. Nós deixamos de acreditar em pessoas que numa hora dizem uma coisa, noutra hora outra dizem outra coisa. E pior ainda: a pessoa que fala uma coisa para alguém e, para outra, ela diz algo diferente. Ao agirmos assim nós vamos perdendo a nossa autenticidade.
Que Deus, hoje, nos dê a graça de nos revermos por dentro para colocarmos em prática os Seus mandamentos.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 16/02/2014

HOMILIA DIÁRIA

A nossa justiça tem de ser a justiça de Deus

“Se a vossa justiça não for maior do que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20).

Não basta acharmos que somos justos porque todo mundo se acha justo segundo a sua própria justiça. A nossa justiça não pode ser como a do mestre da lei, dos fariseus, dos hipócritas. A nossa justiça tem de ser a justiça de Deus.
Jesus nos ensina, hoje, três coisas importantes: não adianta dizer “Eu não mato, nunca matei ninguém”; meu irmão, se você se encoleriza com o seu irmão, você já é digno do réu ou do tribunal de Deus, de ser réu no tribunal divino. Você sabe que a cólera toma conta de nós, que somos movidos pela raiva, pelo ressentimento, pelo rancor. Facilmente nos irritamos, e o coração irritado (que parte para a ira) se torna um coração destemperado e diz intempéries das mais tempestivas possíveis, saem palavras pesadas, agressivas, duras. Então, se queremos viver a justiça controlemos, em primeiro lugar, a nossa cólera.
A lei divina diz: “Não cometerás adultério”. “Graças a Deus nunca adulterei”: o outro pode estar se vangloriando disso. Meu irmão, se você já olha para o outro, se você já olha para a outra desejando-a, o adultério já entrou no seu coração. Por isso, é preciso purificar a intenção interior, purificar e vigiar o nosso próprio olhar porque estamos olhando para aquilo que é pecaminoso e que traz a impureza para dentro de nós. Então, não pode vangloriar-se de ter cometido ou não o adultério, o que precisamos é purificar o nosso olhar porque o olhar puro é o que nos mantém na pureza e na integridade de vida.

É a justiça que nós queremos exigir dos outros, mas nós não somos justos nem nas nossas conversas

Depois, nós não precisamos jurar, nós não precisamos, de forma alguma, colocar peso na nossa palavra. O que nós precisamos é de autenticidade, é viver a verdade e parar de mentir. “Ah, são apenas pequenas mentirinhas”; “ah, foi apenas para enganar”: não existe pequena “mentirinha”, o que existe é mentira, pois, ou você é uma pessoa verdadeira, uma pessoa autêntica em todas as situações ou é autêntico segundo o seu critério de autenticidade somente quando lhe convém e as coisas lhe são favoráveis. Autêntico é autêntico, verdadeiro é verdadeiro. Aquele que comunga de qualquer mentira não é digno a ser um discípulo de Jesus. “Que o vosso sim seja sim, que o vosso não seja não”, e o que passar disso é do maligno e diabólico.
Porque há pessoas que, na sua frente, diz “sim”, nas costas diz “não”; há aquele que, quando está com você quer te agradar e falar um monte de coisas, mas quando está na sua ausência diz outras coisas. Isto é a hipocrisia do mundo: a nossa falta de autenticidade; é a justiça que nós queremos exigir dos outros, mas não somos justos nem nas nossas conversas; conversas dúbias, palavras dúbias. Um homem e uma mulher sem palavra é um homem e uma mulher sem autenticidade. E ser sem palavra é: ora dizer uma coisa aqui e outra acolá.
Que a nossa palavra aqui seja essa e, na ausência da pessoa, seja a mesma palavra, isto é, ser autêntico, pois, o que passa disso é do maligno e diabólico.
Deus nos abençoe!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.

Oração Final
Pai Santo, ajuda-nos a compreender que o caminho da santidade que nos propões não se satisfaz com a obediência a prescrições, mas exige a nossa entrega total aos companheiros de jornada que colocaste ao nosso lado no caminho do teu Reino. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 16/02/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, ajuda-nos a compreender que o caminho da santidade que nos propões não se satisfaz com a obediência a prescrições, mas exige a nossa entrega total e criativa aos companheiros de jornada que colocaste ao nosso lado como irmãos no Caminho do Reino. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 16/02/2020

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