16 de Março de
2014
ANO A

Mt 17,1-9
Comentário
do Evangelho
O que
sustenta nossa fé, é a graça da ressurreição do Senhor.
A liturgia da palavra
deste segundo domingo da Quaresma tem como intenção esclarecer a fé e fundar a
esperança do povo de Deus. O livro do Gênesis, como o próprio nome o sugere, é
o livro das origens; origem do universo com tudo o que contém e origem do povo
de Deus; é o livro da origem do mal, mas também da fé no Deus único e
verdadeiro. O texto de hoje do livro do Gênesis visa nos fazer compreender o
dinamismo que está na origem de nossa fé. Em primeiro lugar, está a palavra que
Deus dirige ao ser humano (Gn 12,1-3). No início da fé está um convite de Deus,
um convite a sair, um convite à felicidade e à realização do ser humano.
Felicidade e realização que estão contidas no verbo “abençoar”. Como a graça de
Deus não é exclusiva, essa promessa e bênção dizem respeito a toda a humanidade
(v. 3). No início de nossa fé está a palavra de Deus que convida o ser humano,
guiado pela palavra do Senhor, a fazer uma migração para poder ser feliz. Para
poder encontrar a felicidade e vivê-la como dom é preciso “sair” de si mesmo,
de suas seguranças pessoais e se deixar conduzir por
Deus.
O relato da
transfiguração do Senhor é a sequência do primeiro anúncio da paixão, morte e
ressurreição do Senhor e a apresentação das exigências para seguir Jesus (Mt
16,21-23.24-28). Os discípulos têm dificuldade de aceitar o messianismo
apresentado por Jesus, que passa pelo sofrimento e pela morte. O caminho do
discípulo, no entanto, é o mesmo do Mestre. A transfiguração é uma prolepse do
mistério pascal de Jesus Cristo. Rosto brilhante como o sol, vestes brancas
como a luz são expressões do modo bíblico de dizer que se trata de uma
revelação de Deus. O que sustenta nossa vocação cristã, o que sustenta nossa
fé, é a graça da ressurreição do Senhor. O sofrimento e a morte não são a
última palavra. O Senhor, ressuscitando dos mortos, venceu o mal e a morte; glorioso,
nos faz participantes de sua vitória. Esse é o conteúdo da esperança cristã. É
preciso manter os ouvidos abertos e o olhar fixo no Senhor, que passou pelo
sofrimento e pela morte, e ressuscitou. A experiência dos efeitos de sua
ressurreição conduzem os discípulos, todos nós, a vivermos a adesão à pessoa de
Jesus Cristo no cotidiano de nossa vida.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai,
que eu seja capaz de contemplar a cena patética de Jesus pendente da cruz, sem
me deixar abater pela estupefação, para poder contemplá-lo glorioso na
ressurreição.
Vivendo
a Palavra
Moisés e Elias querem significar a ‘Lei e os Profetas’ – expressão judaica para o nosso Antigo Testamento. Jesus de Nazaré é a Palavra do Senhor que se fez carne habitou entre nós, realizando a Promessa de Javé. O encontro dos três demonstra o carinho que o Pai nos dedica. Demos graças a Ele, na certeza de que somos filhos muito amados.
http://www.arquidiocesebh.org.br/mdo/pg05.php
Recadinho

Você se apresenta
diante dos irmãos como um transfigurado pela graça de Deus? - Sua presença é
alegria? - Seus olhos espelham o brilho de Deus que habita em seu coração? - Em
seus sofrimentos e lutas do dia a dia Deus está sempre presente? - Cite uma
tarefa que sua comunidade faz para ajudar a transfigurar o mundo.
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
UMA EXPERIÊNCIA FASCINANTE
A contemplação
de Jesus transfigurado foi uma experiência fascinante na vida dos três
discípulos escolhidos pelo Mestre para subirem com ele ao alto monte. Neste
lugar carregado de simbolismo (a montanha era tida como o lugar privilegiado de
encontro com Deus) puderam contemplar Jesus transfigurado, revestido de glória
e majestade, e "vê-lo" no fulgor de sua santidade.
A
transfiguração foi, de certo modo, uma antecipação da ressurreição. Depois de
ressuscitado, o esplendor de sua glória já não fulguraria, por pouco tempo,
para um grupo seleto de discípulos. Pelo contrário, não só poderia ser
contemplada por todos os discípulos, como também deveria ser proclamada a todos
os povos da Terra. A ordem de guardar segredo ("não dizer a ninguém a
respeito da visão") perderia sua razão de ser.
Contudo,
a contemplação do Ressuscitado haveria de ser precedida por uma experiência
aterradora: a de ver o Messias Jesus pendente na cruz. O fascínio daria lugar
ao pavor e à estupefação, porque a morte de cruz não encontraria explicação,
uma vez que o Mestre sempre dera mostras de ser um homem justo e, em sua
pregação, falara de Deus como um Pai amoroso e fiel.
Só
quem fosse capaz de superar o impacto da cruz e reconhecer no Crucificado o
Filho de Deus, chegaria a reconhecê-lo fascinantemente ressuscitado.
Oração
Pai, que eu seja capaz de contemplar a cena patética de Jesus
pendente da cruz, sem me deixar abater pela estupefação, para poder
contemplá-lo glorioso na ressurreição.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado
neste Portal a cada mês)
Oração
Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho amado,
alimentai nosso espírito com a vossa palavra, para que, purificado o olhar de
nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
REFLEXÕES
DE HOJE

16 DE
MARÇO – DOMINGO
VEJA AQUI
MAIS HOMILIAS PARA O PRÓXIMO DOMINGO
16 de março – 2º DOMINGO DA
QUARESMA
Por Celso Loraschi
I. INTRODUÇÃO GERAL
Seguir a Deus é assumir atitude de permanente êxodo. Abraão,
nosso pai na fé, foi chamado por Deus a pôr-se a caminho para a terra
prometida. Foi provocado a deixar as seguranças para entrar na dinâmica do
plano de amor de Deus, visando a uma “terra sem males”, uma sociedade de
justiça e paz. Obedecendo ao chamado divino, Abraão e sua família tornaram-se
portadores da bênção divina para todo o povo (I leitura). O cristão,
continuamente, corre o risco de se equivocar a respeito de Jesus e de sua proposta.
Como Pedro no episódio da transfiguração, tende a construir o “ninho” de
proteção e de bem-estar, negligenciando as implicâncias do seguimento de Jesus
no caminho da cruz e da morte (evangelho). É bom prestar atenção nos conselhos
de Paulo a Timóteo: são expressões de amor e de solidariedade a quem passa por
situações conflituosas. Timóteo é encorajado a persistir no testemunho de Jesus
Cristo, participando de seus sofrimentos pela causa do evangelho (II leitura).
Neste tempo propício de penitência e conversão, somos convidados a ouvir o
chamado que Deus nos faz para ser santos; é tempo propício para aprofundar a
vocação que dele recebemos e discernir o que é essencial do que é ilusório.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (Gn 12,1-4a): A fé que se transforma em caminho
A Bíblia nos apresenta a figura de Abraão como o pai do povo de
Israel. Sua fé e confiança em Deus tornam-se a principal herança para as
futuras gerações. Abraão é representativo de grupos seminômades, que, por
natureza, não se submetem à dominação do poder político, como o exercido
naquela época (em torno de 1500 a.C.) pelas cidades-estado. São caminhantes,
sempre em busca de terra fértil que proporcione pastagens para a sobrevivência
dos seus rebanhos e, consequentemente, de suas famílias e clãs.
A experiência que Abraão possui de Deus está intimamente ligada
ao estilo de vida dos pastores. A garantia da terra e o senso de liberdade são
fundamentais. A presença de Deus se dá onde se encontram as famílias. Ele
caminha com os pastores, conduz os seus passos e lhes dá a terra de que
necessitam. A terra é promessa e dom de Deus, porém é necessário que Abraão
esteja disposto a romper com as seguranças que impedem a caminhada na direção
que Deus lhe aponta.
Confiar no Deus da promessa é ter a certeza de um mundo sem
exploração e sem fome. Essa promessa é motivadora para os movimentos populares,
especialmente em época de opressão, como aquela exercida pelo Egito e,
posteriormente, pela monarquia israelita. Abraão torna-se a “memória perigosa”
que desacomoda os oprimidos, proporcionando-lhes inspiração para a resistência
e a mobilização em vista de uma nova sociedade.
2. II leitura (2Tm 1,8b-10): A santa vocação
A segunda carta a Timóteo faz parte das tradicionalmente
conhecidas “cartas pastorais” (junto com 1Tm e Tt). São dirigidas aos
animadores de Igrejas cristãs, num tom pessoal. Os autores atribuem essas
cartas a Paulo. Foram escritas algum tempo depois de sua morte, no intuito de iluminar
e fortalecer a missão desses “pastores” junto às comunidades.
Timóteo havia sido um companheiro de Paulo. Participou da
segunda e terceira viagens missionárias. Era uma pessoa de confiança e dedicado
à evangelização. Paulo podia contar com ele para enviá-lo às comunidades a fim
de levar instruções e animar a fé dos cristãos. Após a morte de Paulo,
continuou a missão de ministro da Palavra, revelando-se importante liderança. A
tradição o venera como bispo de Éfeso. Etimologicamente, Timóteo significa
“aquele que honra a Deus”.
O texto da leitura de
hoje indica uma situação difícil pela qual está passando Timóteo. O intuito é
confortá-lo e animá-lo à perseverança. Timóteo é convidado a participar
solidariamente dos sofrimentos pelos quais Paulo também passou por causa do
evangelho. Quem assumiu a missão de servir à Palavra não pode sucumbir às
dificuldades nem manifestar-se timidamente. A tribulação é inerente ao anúncio
do evangelho quando feito com autenticidade. Como aconteceu com Jesus, também
acontece com os seus discípulos. Nessa mesma carta, encontramos o alerta:
“Todos os que quiserem viver com piedade em Cristo Jesus serão perseguidos”
(3,12).
A confiança plena na
graça de Deus deve ser característica da pessoa que evangeliza. Deus nos salvou
gratuitamente em Jesus Cristo. Ele nos chama com uma santa vocação para
servi-lo e amá-lo. A santidade nos faz andar cotidianamente na intimidade
divina, como o fez Jesus. A pessoa santa é portadora da graça e irradiadora da
boa notícia de Jesus, o Salvador, que venceu a morte e fez brilhar a vida. A
missão de Timóteo e de toda pessoa seguidora de Jesus é anunciar, de modo
permanente e corajoso, esse projeto salvador de Deus, concebido desde toda a
eternidade e revelado plenamente em Jesus Cristo.
3. Evangelho (Mt
17,1-9): A transfiguração de Jesus
A narrativa da transfiguração de Jesus está permeada de
elementos simbólicos teologicamente muito significativos. Vemos Jesus subindo à
montanha com Pedro, Tiago e João. Todos participam de uma experiência mística
inédita. Moisés e Elias também se fazem presentes e dialogam com Jesus.
Lembremos, especialmente, que a comunidade de Mateus é formada
de judeus que vivem a fé cristã. Portanto, é importante que a tradição judaica
seja respeitada e aprofundada agora em novo contexto. Assim, a montanha tem um
significado especial de manifestação de Deus. Basta lembrar o dom da Lei de
Deus a Moisés no monte Sinai. Assim também a expressão “seis dias depois”, bem
como a presença da nuvem. Lemos em Ex 24,16: “Quando Moisés subiu ao monte, a
nuvem cobriu o monte. A glória do Senhor pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem
o cobriu durante seis dias”. Como vemos, há íntima relação entre a
transfiguração de Jesus e a experiência religiosa de Moisés. É um momento
extraordinário de manifestação divina. Moisés e Elias representam a Lei e os
Profetas, caminho que aponta para o Messias. Jesus é o cumprimento da promessa
do Pai revelada na Sagrada Escritura.
Podemos considerar como centro dessa narrativa a declaração de
Deus: “Este é meu Filho amado, nele está meu pleno agrado: escutai-o!” Essa voz
que vem do céu declarando a filiação divina de Jesus também se fez ouvir no seu
batismo (Mt 3,17). É, sem dúvida, a confissão de fé da comunidade cristã,
representada nesse momento por Pedro, Tiago e João. De fato, os discípulos, no
barco, reconhecem Jesus caminhando sobre as águas e salvando Pedro de sua
fraqueza de fé: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus” (14,33). Na ocasião em
que Jesus pergunta o que dizem dele, Pedro responde: “Tu és o Cristo, o Filho
do Deus vivo” (16,16). É no momento da morte de Jesus que o centurião e os
guardas declaram: “De fato, esse era Filho de Deus” (27,54). O anúncio da
verdade sobre Jesus não foi feito aos que detinham o poder político ou
religioso. Também não foi feito em algum centro ou instituição importante.
Dirigiu-se, sim, a um grupo de gente simples, num lugar social periférico.
O imperativo “escutai-o”
enfatiza a perfeita relação entre a profissão de fé em Jesus como “Filho de
Deus” e a atenção cuidadosa ao seu ensinamento. O elemento fundamental do
ensino de Jesus é que ele terá de passar pelo sofrimento e pela morte, na
perspectiva do “Servo sofredor” anunciado pelo profeta Isaías (cf. 42,1-9). Não
é por acaso que Mateus insere o relato da transfiguração logo após o primeiro
anúncio de sua paixão e morte e o convite ao discipulado: “Se alguém quer me
seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (16,24). Portanto, os
discípulos deverão compreender que o caminho para o seguimento de Jesus, Servo
de Deus, implica “descer da montanha” e assumir as consequências, conforme o
testemunho do Mestre. Porém esse não é um caminho derrotista. A vida triunfa
sobre a morte. A glória de Deus se manifestará plenamente na ressurreição. A
transfiguração é um sinal antecipado da realidade da Páscoa.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
– Pôr-se à disposição de Deus. As leituras deste domingo nos apontam a dinâmica do projeto
libertador de Deus: deixar as seguranças que nos engessam para nos pormos a
caminho da terra que Deus deseja para a humanidade. A exemplo de Abraão e sua
família, nós também podemos assumir a fé e a total confiança em Deus, que
sustenta e guia os nossos passos na verdade, na justiça e no amor. Essa é a
melhor herança que podemos deixar às futuras gerações.
– Assumir a missão de evangelizar. Timóteo, “aquele que honra a Deus”, assumiu a missão de anunciar
o evangelho de forma corajosa e perseverante mesmo nas situações difíceis;
também nós podemos ser anunciadores da boa notícia de Jesus em nossas famílias,
na comunidade e na sociedade. Isso acontece pela coerência entre fé e vida,
pelo testemunho de doação alegre, também pela constância no testemunho de
diálogo e de fraternidade. Assim, estaremos respondendo à “santa vocação” a que
fomos chamados pela bondade de Deus.
– A vida é um permanente caminhar. Jesus foi a grande manifestação de Deus para a humanidade.
Pedro, Tiago e João foram agraciados com uma experiência maravilhosa,
participando da transfiguração de Jesus. Também em nossa vida, Deus nos concede
momentos de muita luz, consolo e força. Tendemos, porém, a buscar e a nos
acomodar ao que nos garante bem-estar, prazeres, sensações agradáveis… Não
podemos esquecer que seguir Jesus implica “descer da montanha” do egoísmo e da
acomodação. Seguir Jesus é entregar-se pela causa da vida digna sem exclusão,
alicerçada na justiça e na igualdade. Para isso, conforme nos convoca a
Campanha da Fraternidade, faz-se necessário o cuidado com a dignidade de todos
os seres humanos, o cuidado de evitar a exploração e o tráfico humano.
Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos
Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto
Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
E-mail: loraschi@itesc.org.br
16 de março: 2º
Domingo da Quaresma
TRANSFIGURAR-NOS PARA TRANSFORMAR
O segundo domingo da Quaresma, nos três ciclos litúrgicos (A, B, C),
celebra a Transfiguração do Senhor. Jesus, o novo Moisés, sobe à montanha –
lugar da manifestação de Deus e do encontro com ele – na companhia de três dos
seus discípulos mais próximos e, diante deles, se transforma e revela sua
glória, antecipação da ressurreição.
Em face dessa cena, os discípulos ficam deslumbrados e Pedro exclama: É
bom ficarmos aqui. A “glória da ressurreição” encanta; antes disso, porém,
Jesus passa pela cruz, a qual assusta e não encanta nem um pouco, a ponto de
sempre querermos afastá-la de nossa mente e de nossa realidade. Passando pela
cruz, Jesus se transformará num corpo glorioso.
Logo os discípulos ouvem uma voz: “Este é meu Filho amado… Escutai-o”.
Ao ouvir isso, assustam-se, pois ainda não entendem que o Cristo glorioso é
também, e antes de tudo, o servo sofredor que passará pela morte antes da
glória definitiva. Mateus revela Jesus como o “Filho de Deus” em três momentos:
no início (3,17), no meio (17,5) e no fim (27,54) do seu evangelho. Ouvir o que
Jesus diz é necessário. O Mestre sempre tem algo de novo a ensinar. Ele, mestre
itinerante, convida seus discípulos a acompanhá-lo na trajetória que
desembocará no vislumbre da glória permanente e definitiva.
A transfiguração nos põe diante do destino glorioso ao qual somos
chamados. Nesse caminho não podemos nos amedrontar nem fugir da missão a nós
confiada; cabe-nos, sim, seguir sempre atentos o Mestre, cujos apelos nos
chegam no cotidiano da existência. Com sua palavra iluminamos e fortalecemos
nossa vida, identificando-nos sempre mais com ele.
A humanidade e o mundo necessitam de transformação, para que voltem a
ser o que eram desde o princípio, quando Deus viu que “tudo era bom”. Crendo na
transfiguração de Jesus, cremos também na possibilidade de sermos transformados
em nossa mente e em nossa ação. Se tudo no mundo está em constante mudança,
podemos também nos transfigurar para transformar a realidade que nos cerca.
Pe. Nilo Luza, ssp
2º Domingo da Quaresma
- 16 de Março de 2014
ESTE É O MEU FILHO AMADO... ESCUTAI-O!
1ª
Leitura: Gn 12,1-4ª;
2ª Leitura: 2Tm 1,8b-10,
Evangelho: Mt 17,1-9
Situando-nos brevemente
Talvez jamais as pessoas tenham
apreciado tanto a imagem, a beleza, a aparência, em relação a si mesma e aos
outros, como no nosso tempo. Às vezes se dá maior atenção à aparência do que à
realidade de uma pessoa ou de uma atividade. Na própria comunicação prevalece
mais a imagem que a escritura ou a fala. Se alguém não aparece na internet, no
facebook ou na rede social não existe.
Simultaneamente, se continua a
“desfigurar” o rosto das pessoas, das cidades, da natureza. Crianças
abandonadas ou sujeitas à violência, homens e mulheres vítimas do “tráfico das
pessoas”, como lembra a Campanha da Fraternidade, pessoas expulsas do trabalho
em nome de proveito econômico, etc. Mesmo na Igreja, em comunidades, se
encontram pessoas deixadas de lado, nas periferias da vida, por falta de
atenção e de cuidado, talvez por motivo de histórias pessoais sofridas.
As pessoas, nestas situações, são o próprio Cristo, o “servo sofredor de Deus”
(cf. Is 53) a ser “desfigurado”, enquanto vem ao nosso encontro pedindo nossa
proximidade, carinho e cura. Em cada uma delas, como afirma com forte ênfase o
Papa Francisco, “é a carne de Cristo sofrido que encontramos e tocamos!” (cf.
homilia na Missa do dia 1º de Junho de 2013 e homilia na festa de São Tomé, 3
de Julho de 2013.
Cada gesto que faz brilhar nos olhos delas uma luz de esperança e de consolo é
o rosto de Cristo que se “transfigura”, que deixa irradiar sua luz na pessoa
atendida e naquela que atendeu!
Cada um de nós pode narrar experiências pessoais: quando alguém teve cuidado de
nós, bem como quando nós tivemos cuidado de alguém. Nos dois casos, nos foi
concedido partilhar a transfiguração de Jesus. Nossa casa, nosso escritório, a
cama do hospital ou a sala de aula se tornaram para nós o monte Tabor.
As três leituras deste domingo nos oferecem uma mensagem convergente, que abre
para os olhos da nossa fé o sentido profundo do caminho quaresmal e da grande
celebração da Páscoa, que já se deixa vislumbrar de longe. A Páscoa é o evento
central da história de amor em que Deus transfigura e renova a história e toda
a pessoa. Jesus, passando através da paixão, morte e ressurreição, primeiro
cumpre em si esta “transfiguração radical”.
Ele é o primeiro a percorrer o caminho que todos os discípulos são chamados a
percorrer. A narração da transfiguração de Jesus deixa vislumbrar a meta para a
qual nos está conduzindo o caminho da Quaresma, com a graça de purificação e a
esperança que o habitam.
A cada ano e a cada dia, o cristão é chamado a interiorizar sempre o caminho de
transfiguração de si mesmo junto com Jesus, até deixar-nos conformar plenamente
a ele.
Recordando a Palavra
As três leituras deste domingo destacam
que a iniciativa no processo de transfiguração e de renovação da livre e
gratuita escolha e do chamado de Deus, não dos nossos esforços. Somos filhos e
filhas da graça do Pai!
Deus, por livre escolha de amor, chama Abraão e lhe pede para abandonar sua
família e sua terra, com a promessa de que o tornará abençoado e fecundo, sinal
de esperança para todos os povos. Abraão acolhe o chamado de Deus e inicia
aquela caminhada na fé que o faz “pai de todos os que acreditam no Senhor e se
entregam a Ele” (cf. Rm 4,11).
Abraão passando do abandono das suas
raízes vitais para a fecundidade que vem de Deus, vive primeiro a “páscoa” de
morte a si mesmo e de adesão a Deus, que cada um de nós, na Quaresma, é chamado
a viver para aderir a cristo (Gn 12,1-4).
O salmo responsorial (Sl 32) destaca a confiança que, com Abraão, somos
chamados a pôr na fidelidade de Deus. Nele está nossa força e nossa paz. “Nossa
alma espera pelo Senhor, é ele o nosso auxílio e o nosso escudo. Senhor esteja
sobre nós a tua graça, do modo como em ti esperamos”
No evangelho (Mt 17,1-9), Jesus, por livre escolha de amor, chama Pedro, Tiago
e João e os leva consigo sobre uma alta montanha, para que se tornem
testemunhas de sua sorte de messias sofredor e glorioso, que há de transformar
o mundo através do amor crucificado. Jesus, diante dos discípulos, antecipa sua
própria páscoa. Eles são introduzidos no mistério de Jesus e apreendem que o
caminho deles não será diferente da sorte do mestre.
Paulo lembra a Timóteo (2 Tm 1,8b-10) que Deus nos chamou à salvação e à
santidade não por nossos méritos, mas por sua livre e gratuita escolha,
manifestada em Cristo.
É Deus que, na sua
liberdade e condescendência, escolhe e chama as pessoas para fazê-las seus
parceiros na aventura da vida. É ele que inicia, permanecendo como
protagonista, o caminho de renovação pascal em que o cristão entrou, por graça,
através do Batismo.
Ao narrar à estadia de Jesus no deserto, depois do batismo, e seu combate
vitorioso contra o demônio (1º domingo da Quaresma), Mateus destaca que Jesus
estava atuando como o “novo Moisés”. Moisés guiou o povo de Israel rumo à terra
prometida e mediou a aliança entre deus e o povo. Jesus guia o novo povo de
Deus, peregrino na história, para uma relação em Deus mais autêntica na
fidelidade e na liberdade, estabelecendo, no sacrifício de si mesmo, a aliança
nova e definitiva.
A presença, ao lado de Jesus, de Moisés, o legislador, e de Elias, o primeiro
dos profetas de Israel, indica que o Antigo Testamento agora encontra seu
cumprimento em Jesus morto e ressuscitado.
A voz do Pai proclama Jesus “o Filho amado no qual eu pus todo o meu agrado”. A
ele é preciso “escutar” (Mt 17,5) e seguir. A voz do Pai confirma a proclamação
da condição divina de Jesus, feita no batismo no Jordão (cf. Mt 3,17), e
antecipa a glorificação de Jesus através da cruz na ressurreição e sua vinda
gloriosa no fim dos tempos.
Atualizando a Palavra
O evento da transfiguração se encontra
no centro da vicissitude humana e messiânica de Jesus, quase síntese do
dinamismo de seu mistério pascal. Define sua identidade de filho amado0 do Pai
e de Messias sofredor, solidário com a condição humana, que derrama a vida nova
na ressurreição. Desta maneira, indica e abre também para nós o caminho a
seguir. Ao discípulo não é dado um caminho diferente daquele do mestre, seja no
desafio da fé, seja na partilha da glória.
A Igreja, diante de Jesus transfigurado, se põe em atitude de adoração e de
temor, como os três discípulos. Ela nos convida a permanecer nesta mesma
atitude, desde o início do caminho quaresmal que nos conduzirá a entrar mais
profundamente, junto com o próprio Jesus, na graça da nossa transfiguração
pascal. Este processo de transfiguração nos acompanha até a morte, alimentados
pela dupla mesa da Palavra e da Eucaristia, pela oração confiante, pela
purificação de nosso coração, pela esperança suscitada pelo Espírito Santo.
São Leão Magno observa que a principal finalidade da transfiguração era afastar
dos discípulos o escândalo da cruz: “segundo um desígnio não menos previdente,
dava-se um fundamento sólido à esperança da santa Igreja, de modo que todo o
corpo de Cristo pudesse conhecer a transfiguração com que ele também seria
enriquecido, e os seus membros pudessem contar com a promessa da participação
naquela glória que primeiro resplendecera a cabeça” (Sermão 51, 3; LH, 2º Domingo da Quaresma).
O convite de Jesus aos discípulos para se levantarem, tomarem novamente o
caminho da vida sem medo - embora não consigam ainda entender – e guardarem, em
silêncio, no próprio coração, a excepcional experiência sublinha a fragilidade
humana escolhida por Deus como hábito cotidiano para si e pelos seus.
A exigência do silêncio adorante diante do mistério de Deus penetra nossas
vidas e nos dá uma capacitação de ver, de julgar e de escolher diferente da
mentalidade comum. O que nos é doado por graça é inexprimível, fruto de
sabedoria divina e loucura para o mundo. “O reino de Deus”, proclama Jesus,
“não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: “Está aqui “ ou Está ali”, pois o
reino de Deus está no meio de vós” (Lc 17,20-21).
Pelo contrário, ao viver na mentalidade da imagem e da aparência, temos, muitas
vezes, urgência para que o que apenas iniciamos a descobrir ou a operar pela
graça de Deus alcance logo seu cumprimento. Temos pressa de fazer que “todo
mundo veja” o que estamos fazendo. Essa inquietação é verdadeiro desejo de
crescer no Senhor e autêntico zelo apostólico? Deixemos que a palavra de Jesus
e esta pergunta desçam em nossa consciência!
Os tempos de Deus não são tempos dos homens. A inquietação dos homens para
esclarecer o que acontece, dominar, possuir acaba por empurrá-lo a queimar
etapas, a acelerar os tempos. As irrupções de Deus na vida de Abraão, de
Moisés, de Elias, de Jesus, de Maria... surpreendem, porém, com suas novidades,
abrem gestações que amadurecem segundo tempos e passagens escolhidos pelo
próprio Deus, até chegar à plena entrega na liberdade do amor.
Ligando a Palavra com a ação
eucarística
Esta perspectiva exaltante é graça e
vocação. É objeto do desejo mais profundo e constante da Igreja, esposa de
Cristo, seu esposo e corpo vivo dele, sua cabeça.
A antífona de entrada da missa exprime
esta tensão que marca o coração de cada pessoa, consciente ou inconscientemente
à procura do sentido profundo da vida, através da fé ou através de outras
formas de busca espiritual.
“Meu coração se lembra de ti: ‘Buscai minha face!’ Tua face, Senhor, eu busco.
Não me escondas teu rosto” (Sl 27,8-9).
Na sociedade secularizada, às vezes, esta procura existencial fica escondida
atrás de percursos desviados e destruidores: drogas, poder, dinheiro, sexo,
etc. Está escondida, mas fica ali. É graça de Deus. “Fizeste-nos para ti, e
inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti” (S. Agostinho,
Confissões, 1,1).
Esta antífona dá o tom profundo da celebração do domingo e de toda a Quaresma.
O canto de entrada hoje deve valorizar esta tensão interior que caracteriza a
liturgia e o caminho espiritual cristão.
Igual anseio constitui a alma central da invocação da Igreja, na oração do dia:
“Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho amado, alimentai nosso espírito
com vossa palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com
a visão da vossa glória”.
A atitude de escuta é constitutiva da vida do cristão, como “discípulo de
Jesus”, Palavra vivente que o Pai nos convida a escutar e seguir: “Este é o meu
Filho, o Eleito. Escutai-o! O cuidado de aplicar-se com abertura de coração e
perseverança deveria ser elemento ainda mais fundamental no tempo da Quaresma.
Este anseio assinala a proximidade de Deus a seu povo peregrino na fé,
antecipa, profeticamente, sua sorte final de plena participação na glória
eterna do Senhor.
Até que não tenhamos passado através da morte do “homem velho”, autocentrado,
graças à “transfiguração” operada pela Páscoa e pela ação do espírito, não
conseguimos nos afinar com o coração de Deus. O “homem novo”, capaz de entender
as coisas de Deus e de agir com os critérios do espírito, nasce nas dores do
parto da nova criação, que envolve a pessoa e a criação, na mesma dor e na
mesma esperança (cf. Rm 8,22-25).
Estamos assistindo, a cada dia, a processos arrasadores de “desfiguração” da
dignidade das pessoas, visíveis nos rostos delas, assim como nas relações
interpessoais, e mesmo na exploração da natureza, sob a violência dos homens e
das instituições. É a transfiguração da realidade em sentido contrário.
Graças a Deus, também assistimos, contudo, ao testemunho de transformação
interior de pessoas, visível na vida e na face de homens e mulheres de Deus.
Eles irradiam serenidade, força, paz e luz, quase um doce sorriso permanente
que cura e alivia. Quem pode esquecer o sorriso luminoso de Madre Teresa de
Calcutá, brotando das profundas rugas de seu pequeno rosto, familiarizado com
as dores de tantas crianças e marginalizados e irradiantes esperança e cura?
Quem não guarda em si, com admiração e alegria, a imagem simples e irradiante
de paz das Bem-aventuradas Nhá- Chica e Ir. Dulce, ou de algum vizinho ou
vizinha de nossa casa?
Estas pessoas são o Senhor, encarnado de maneira sempre nova e transfigurado,
no meio de nós. Elas nos indicam o caminho a seguir. Elas se tornam
reintegradas na unidade do espírito e do corpo, nos sentidos e nas relações.
São a celebração vivente da transfiguração e da Páscoa, tendo percorrido com
humildade e perseverança, o caminho purificador da Quaresma existencial.
Com o apóstolo, cantemos nossa esperança: “Todos nós, porém, com o rosto descoberto,
refletimos a glória do Senhor e, segundo esta imagem, somos transfigurados, de
glória em glória, pelo Espírito do Senhor” (2 Cor 3,18).
Sugestões para a celebração
Ø A
procissão de entrada pode ser aberta com a cruz enfeitada com flores, como
sinal da vida e da glória, que estão escondidas na humanidade de Jesus e
em seu sofrimento, e da vida nova oferecida para nós ao seguir Jesus em seu
ministério pascal.
Ø Em
sintonia com o convite do Pai a escutar e seguir Jesus, encorajar os fiéis a se
dedicarem, com empenho e fidelidade, à leitura meditada e rezada da Palavra de
Deus. Motivar esta sugestão com a precisa indicação de seu sentido, destacada
por Bento XVI: “ a Palavra de Deus é viva e se dirige a cada um de nós no
momento presente da nossa vida”; “os textos bíblicos exprimem todo seu sentido
espiritual, quando são lidos sob o influxo do Espírito Santo, no contexto do
mistério pascal de Cristo e da vida nova que dele resulta” (Bento XVI, Verbum Domini, n. 37).
Ø Jesus
vive, na montanha, uma profunda experiência de oração e de intimidade com o
Pai. Dela faz partícipes os três discípulos. Durante esta experiência, ele se
transfigura, deixando irradiar sua identidade com o Pai e renovando seu
compromisso de atuar em sua missão de dar a própria vida no amor. A Quaresma é
tempo privilegiado para se deter na intimidade com Jesus e com o Pai,
cultivando a oração pessoal e na família, além de, aos domingos, participar da
celebração da Eucaristia.
Ø A
Quaresma é o tempo oportuno para descobrir, também através de adequada
catequese e de algumas experiências concretas, “a oração da Igreja” expressa na
Liturgia das Horas. Por exemplo, durante a semana, a celebração da Eucaristia
de manhã pode ser precedida pela celebração das Laudes; a da tarde pode ser
precedida pela celebração das Vésperas. Nas comunidades onde se celebra a
Eucaristia, a comunidade pode ser convocada para celebrar as Laudes ou as
Vésperas, proclamando-se, no lugar da leitura breve, o evangelho do dia, seguido
por uma breve homilia antes das preces.
Ø Reconhecendo
no irmão em necessidade, material ou espiritual, o Cristo sofredor e
desfigurado, assumir o compromisso interior e gestos concretos para fazer que o
cuidado carinhoso com ele faça brilhar, em seus olhos, a luz do consolo e da
esperança, própria do Cristo transfigurado.
Ø Os
cantos para as celebrações quaresmais do Ano A se encontram no CD da Campanha da Fraternidade 2014: Hino da CF 2014 e Cantos para
a Quaresma Ano A.
Fonte:
Roteiros Homiléticos da Quaresma, Março e Abril– CNBB 2014 - Ano A
DOMINGO, 16 DE MARÇO DE 2014
Homilia do 2º Domingo
da Quaresma,
por Pe. Paulo Ricardo
Oração, amizade com
Deus
Neste 2º Domingo da Quaresma, a Igreja
propõe para a nossa meditação a passagem da Transfiguração de Jesus. Os
discípulos de Jesus são levados "a um lugar à parte, sobre uma alta
montanha", a fim de se encontrarem com Deus, por meio da oração.
Santa Teresa de Jesus diz:
"Que não é outra coisa a oração
mental senão tratar de amizade, estando muitas vezes tratando a sós com quem
sabemos que nos ama" [1].
Então, a oração trata-se de amizade com
Deus. E essa amizade brota do relacionamento intratrinitário, da amizade que o
Pai tem pelo Filho, expressa nas palavras: "Este é o meu Filho amado, no
qual eu pus todo o meu agrado". Para que também nós entremos nessa amizade
e nos transfiguremos, por assim dizer, junto com Jesus, devemos atender ao
apelo do Pai, que diz: "Escutai-o!". Da oração brota, então, um ato
efetivo de amor a Deus: determinamo-nos a transformar a nossa vontade na
vontade de Deus, como o próprio Jesus indica em outra passagem: "Vós sois
meus amigos, se fazeis o que vos mando" [2].
Mas Jesus também quer que o nosso amor
a Deus se desdobre no amor ao próximo: "Ninguém tem maior amor do que
aquele que dá a sua vida por seus amigos" [3]. Jesus leva-nos para o
monte, mas não para que fiquemos aí, isolados em tendas, como sugeriu São
Pedro; mas, ao contrário, para que, descendo o monte, entreguemos nossa vida
por Ele e pelos outros. Então, a oração, que é amizade com Deus, desabrocha,
concretamente, na prática quaresmal da caridade.
Ainda sobre a oração, Santa Teresa
dá-nos algumas indicações preciosas:
"[O iniciante] pode fazer muito
para se determinar a servir bastante a Deus e despertar o amor. A pessoa pode
imaginar que está diante de Cristo e acostumar-se a enamorar-se da Sua sagrada
Humanidade, tendo-O sempre consigo, falando com Ele, pedindo-lhe auxílio em
suas necessidades, queixando-se dos seus sofrimentos, alegrando-se com Ele em
seus contentamentos e nunca esquecendo-se Dele por nenhum motivo, e sem
procurar orações prontas, preferindo palavras que exprimam seus desejos e
necessidades.
É excelente maneira de progredir, e com
rapidez. E adianto que quem trabalhar para ter consigo essa preciosa companhia,
aproveitando muito dela e adquirindo um verdadeiro amor por esse Senhor a quem
tanto devemos, terá grande benefício.
Para isso, não façamos caso de não ter
devoção sensível— como eu disse —, mas agradeçamos ao Senhor, que nos permite
estar desejosos de contentá-Lo, embora as nossas obras sejam fracas. Esse modo
de trazer Cristo conosco é útil em todos os estados, sendo um meio seguríssimo
para tirar proveito do primeiro e breve chegar ao segundo grau de oração, bem
como, nos últimos graus, para ficarmos livres dos perigos que o demônio pode
pôr.
Quem quiser passar daqui e levantar o
espírito a sentir gostos, que não lhe são dados, perde, a meu ver, tudo."
[4]
A oração não consiste
em "sentir gostos", mas em determinar-se no amor. Que, nesta
Quaresma, lembremo-nos de cultivar a verdadeira oração, "que não é outra
coisa (...) senão tratar de amizade (...) com Quem sabemos que nos ama".
Referências:
Livro da Vida, cap. 8, 5.
Jo 15, 14.
Jo 15, 13.
Livro da Vida, cap. 12, 2-3.
http://www.reflexoesfranciscanas.com.br/2014/03/homilia-do-2-domingo-da-quaresma-por-pe.html
16.03.2014
2º Domingo da Quaresma
A voz do pastor
2º Domingo da Quaresma
Domingo 16/03/2014
Canal do Youtube:
arqrio
HOMILIA
ESTE É O MEU FILHO
AMADO; OUVI-O
Em Mt 17, 1-9, Jesus nos mostra sua
Majestade e seus sofrimentos para nos ensinar que não há triunfo se não houver
batalha.
Pouco depois de explodir o coração de
S. Pedro em cesárea, quando proclamou Jesus Cristo como Filho de Deus, a
Transfiguração vem confirmar e vem dar aos três melhores discípulos um antegozo
da glória definitiva antes das amarguras passageiras da Paixão, Morte e
Ressurreição de Cristo.
Este Mistério é-nos contado por S.
Marcos, S. Mateus e S. Lucas. O Divino Salvador, que recapitulava em Si todas
as grandezas do povo eleito, conversa com Moiséis e Elias, os dois arautos que
tinham parcialmente preferido a Sua Missão. Tem havido santos que numa hora
decisiva da existência, ouviram uma voz divina. Assim Paulo então Saulo, perto
de Damasco, ou tiveram aparições do céu.
Na Transfiguração temos isso e mais.
A cena gloriosa do Tabor destina-se a colocar na sua verdadeira luz a
bem-aventurada Paixão do Calvário. E a nossa vida quotidiana pode ser uma
térmica de sofrimentos: oferecido a Deus, torna-se já um vestuário de glória.
Com esta visão sobrenatural Jesus
dava uma confirmação à confissão de Pedro: Tu és o Cristo, Filho de Deus Vivo.
Aquele instante de glória sobre-humana era o penhor da glória da ressurreição.
O Filho do Homem vivia na glória do Seu Pai. O próprio tema do colóquio com
Messias.
A Transfiguração que faz parte do
mistério da Salvação, é bastante merecedora de uma celebração litúrgica, que a
igreja, tanto do Ocidente como do Oriente celebrou de vários modos e em
diferentes datas, até o papa Calisto II a estender à igreja universal.
Quando Deus veio à terra, na pessoa
de Jesus, adotou uma forma humana. Fisicamente, Jesus se parecia como qualquer
outro homem. Ele teve fome, sede, cansaço, etc. Sua divindade foi vista apenas
indiretamente, em suas ações e suas palavras. Mas, numa ocasião, a glória
divina interior de Jesus resplandeceu e se tornou visível. A história é contada
em Mateus 17:1-8:
Seis dias depois, tomou Jesus consigo
a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte. E
foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas
vestes tornaram-se brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e
Elias, falando com ele. Então disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui;
se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para
Elias. Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da
nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele
ouvi. Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo.
Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não temais!
Então, eles, levantando os olhos, a ninguém viram, senão Jesus.
O mandato novo é de obediência ao
representante de Deus na terra. Quem me ouve, ouve o Pai. Mais: quem a vós ouve
é a mim que ouve(Lc 10, 16). Não somos divinos nem únicos para determinar
nossas circunstâncias. Por isso todo aquele que quiser ter uma vida própria e
independente não pode ser discípulo de Jesus: a da obediência. A regra da vida
plena não é fazer o que convém mas a obediência manifestada nas palavras da
nuvem. A vontade divina manifestada na Palavra que desceu do céu, demonstra a
vontade divina que é a norma das vidas que dEle depende.
Pai, que a transfiguração me leve a
confessar Jesus como teu Filho amado, e a reconhecer que sou chamado a
expressar o esplendor divino que trago dentro de mim.
Fonte Homilia Padre Bantu Mendonça
Katchipwi Sayla
HOMILIA DIÁRIA
O Filho de Deus Pai tem a direção para a
nossa vida!
Como nós precisamos escutar Jesus, escutar a
Sua Palavra, Seu Evangelho, escutar a direção que Ele tem para a nossa vida!
”E da nuvem uma voz dizia: ‘Este é o meu Filho amado, no qual eu
pus todo o meu agrado. Escutai-o!”’ (Mateus 17,5).
Neste segundo domingo da Quaresma nós somos convidados a subir
com Jesus ao Monte Tabor, no monte da transfiguração. Vejam que maravilha, nós
estamos a caminho de Jerusalém, e Jesus está a caminho da Sua Páscoa, da Sua
morte, do Seu sofrimento, da Sua paixão. Mas Ele concede aos Seus discípulos,
sobretudo a esses três mais próximos a Ele: Pedro, Tiago e João, a graça de
verem e viverem, de forma antecipada, o Seu momento glorioso, a Sua glória
através da transfiguração, quando, ali, no alto do monte, o Seu rosto
muda e as Suas vestes ficam resplandecentes. E, ao lado de Jesus, aparecem duas
figuras mais significativas do Antigo Testamento: Moisés, que representa a Lei
de Deus, os Mandamentos d’Ele e a Aliança de Deus com Seu povo; e, do outro
lado, Elias, o maior dos profetas.
Se para os judeus a Palavra se resume à Lei e aos profetas, ali
está Jesus, que é maior do que a Lei e do que os profetas. Os discípulos
ficaram extasiados com aquela experiência, com aquilo que os olhos deles
estavam contemplando e vendo, quando, de repente, veio uma voz do céu, a voz do
Pai dizendo: ”‘Este é o meu Filho amado, no
qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!”’ (Mateus 17,5).
Sabem, meus irmãos e minhas irmãs, para viver profundamente essa
comunhão com Deus, nós precisamos pedir, hoje, primeiro, que a graça de Deus
transfigure os nossos olhos e não permita que os nossos olhos fiquem parados
contemplando os sofrimentos, as tristezas, as angústias e as dificuldades da
vida; como se a nossa vida parasse nisso, como se qualquer sofrimento fosse o
último da nossa vida. Não, o fim último da nossa vida, o sentido dela, é a vida
plena que o Senhor nos trouxe!
Todo o sofrimento, toda a dificuldade, toda a situação de aperto
por que possamos nesta vida são coisas passageiras, é tudo muito passageiro,
tudo passa e o amor de Deus tudo transfigura! Do que precisamos é de paciência,
de fé e de esperança que nos ajudem a contemplar, de forma antecipada, tudo
aquilo que Deus prepara para nós de modo definitivo.
Não tenhamos medo, não percamos a confiança, olhemos para Jesus
e contemplemos n’Ele, em meio aos nossos sofrimentos, a Sua face transfigurada,
que nos dá a esperança e a convicção de que dias melhores sempre virão.
De outro lado também somos chamados a escutá-Lo. Como nós
precisamos escutar Jesus, escutar a Sua Palavra, Seu Evangelho, escutar a
direção que Ele tem para a nossa vida! Existem muitas vozes clamando dentro de
nós, existem muitas vozes querendo nos desanimar e nos fazer esmorecer ou
perder a direção, por isso escutemos a voz do Mestre, Ele é o Filho amado do
Pai, é Ele que tem a direção para a nossa vida!
Que Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.Facebook Twitter
LEITURA ORANTE
Mt 17,1-9 - Jesus se transfigurou
Este momento é muito especial no meu
dia. Aqui na rede da internet,
faço silêncio no meu coração e peço
luz ao Espírito.
Rezo, em comunhão com todos os
internautas, a oração do Bem-aventurado Alberione:
Mestre,
Tu que iluminas todo homem e és a
própria verdade:
eu não quero raciocinar senão como Tu
ensinas,
nem julgar senão conforme os teus
julgamentos,
verdade substancial, dada a mim pelo
Pai:
“Vive na minha
mente, ó Jesus Verdade”.
1.Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz?
Leio atentamente, na Bíblia, a
narrativa da Transfiguração em Mt 17,1-9.
Seis dias depois, Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os fez subir a um lugar retirado, numa alta montanha. E foi transfigurado diante deles: seu rosto brilhou como o sol e suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Pedro, então, tomou a palavra e lhe disse: "Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias". Ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E, da nuvem, uma voz dizia: "Este é o meu filho amado, nele está meu pleno agrado: escutai-o!" Ouvindo isto, os discípulos caíram com o rosto em terra e ficaram muito assustados. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: "Levantai-vos, não tenhais medo". Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser Jesus. Ao descerem da montanha, Jesus recomendou-lhes: "Não faleis a ninguém desta visão, até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos". que Elias já veio, e o maltrataram como quiseram, conforme as Escrituras dizem a respeito dele.
Seis dias depois, Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os fez subir a um lugar retirado, numa alta montanha. E foi transfigurado diante deles: seu rosto brilhou como o sol e suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Pedro, então, tomou a palavra e lhe disse: "Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias". Ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E, da nuvem, uma voz dizia: "Este é o meu filho amado, nele está meu pleno agrado: escutai-o!" Ouvindo isto, os discípulos caíram com o rosto em terra e ficaram muito assustados. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: "Levantai-vos, não tenhais medo". Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser Jesus. Ao descerem da montanha, Jesus recomendou-lhes: "Não faleis a ninguém desta visão, até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos". que Elias já veio, e o maltrataram como quiseram, conforme as Escrituras dizem a respeito dele.
Observo neste trecho do Evangelho
alguns símbolos:
. “Numa alta montanha” – a montanha
indica o lugar de encontro com Deus
. “Roupas brancas como a luz”,
(“luz”) ¬. Quanto mais luz coloco num ambiente escuro, mais claro ele se
tornará. Quanto mais Palavra de Deus tiver em mim, mais a luz de
Deus brilhará em minha vida.
. “Três tendas”- lugares de repouso e
de oração.
. “Nuvem luminosa e sombra”
simbolizam a presença de Deus.
Jesus se revela como verdadeiro
Filho de Deus, Mestre a quem devemos escutar e seguir em seu caminho de cruz e
ressurreição.
2.
Meditação (Caminho)
- O que a Palavra diz para mim?
Preciso me aproximar mais e
escutar a Palavra, condição para aprender do Mestre e ser seu/sua
discípulo/a. Disseram os bispos, em Aparecida: "O amadurecimento no
seguimento de Cristo e a paixão por anunciá-lo requerem que a Igreja local se
renove constantemente em sua vida e ardor missionário. Só assim pode ser, para
todos os batizados, casa e escola de comunhão, de participação e solidariedade.
Em sua realidade social
concreta, o discípulo tem a experiência do encontro com Jesus Cristo vivo,
amadurece sua vocação cristã, descobre a riqueza e a graça de ser missionário e
anuncia a palavra com alegria." (DAp 167).
3.
Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a
Deus?
Oração da Campanha da Fraternidade de
2014
Ó Deus, sempre ouvis o clamor do vosso povo
e vos compadeceis dos oprimidos e escravizados.
Fazei que experimentem a libertação da cruz
e a ressurreição de Jesus.
Nós vos pedimos pelos que sofrem
o flagelo do tráfico humano.
Convertei-nos pela força do vosso Espírito,
e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos irmãos.
Comprometidos na superação deste mal,
vivamos como vossos filhos e filhas,
na liberdade e na paz.
Por Cristo nosso Senhor.
Amém!
e vos compadeceis dos oprimidos e escravizados.
Fazei que experimentem a libertação da cruz
e a ressurreição de Jesus.
Nós vos pedimos pelos que sofrem
o flagelo do tráfico humano.
Convertei-nos pela força do vosso Espírito,
e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos irmãos.
Comprometidos na superação deste mal,
vivamos como vossos filhos e filhas,
na liberdade e na paz.
Por Cristo nosso Senhor.
Amém!
4.Contemplação
(Vida)
- Qual o meu novo olhar a partir da
Palavra?
Levo comigo a luz de Jesus
transfigurado. Quanto mais luz levar em meus olhos, em minhas mãos, em minhas
palavras, mais iluminado estará o mundo em que vivo.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde.
Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia
Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, faze brilhar em
nós a alegria porque a morte foi vencida e a Vida junto a Ti é, desde agora, o
nosso destino. Dá-nos sabedoria para comunicar aos companheiros de caminhada a
nossa certeza, baseada nas promessas do Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão,
que contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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