Um dos sinais mais
curiosos e fascinantes dos verdadeiros discípulos de Cristo é sua inclinação
sobrenatural para as obras de misericórdia, se entregando em socorro do próximo
até mesmo ao ponto de sofrer algum dano ou algum prejuízo material.
A Igreja, Corpo
Místico de Cristo, recomenda fortemente as obras de misericórdia, que são
quatorze, visto que um cristão sem misericórdia não pode ser um bom cristão. O
próprio Catecismo lembra aos cristãos que não se esqueçam do próximo, pois o
próprio Cristo é misericordioso e desceu dos céus para socorrer-nos, portanto é
necessário que continuemos a obra da Encarnação socorrendo os homens e sendo
plasmados pelos Amor Divino imitando um Mestre tão santo.
Atualmente existe um
erro muito comum entender-se que a miséria só existe no âmbito material, porém
isso não é verdade, pois existem grandes misérias espirituais.
Diante disso a
Igreja apresenta as obras de misericórdia no Catecismo da seguinte forma:
"As obras de
misericórdia são as ações caridosas pelas quais vamos em ajuda do nosso
próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar,
consolar, confortar, são obras de misericórdia espirituais, como perdoar e
suportar com paciência. As obras de misericórdia corporais consistem
nomeadamente em dar de comer a quem tem fome, albergar quem não tem teto,
vestir os nus, visitar os doentes e os presos, sepultar os mortos." Catecismo
da Igreja Católica, 2447
Podemos totalizar 14
obras de misericórdia (7 corporais e 7 espirituais) e descrever a seguinte
lista que constava no Catecismo de São Pio X e foi colocada no atual Compêndio
do Catecismo:
As sete obras de misericórdia corporais:
1. Dar de comer a
quem tem fome
2. Dar de beber a
quem tem sede
3. Vestir os nus
4. Dar pousada aos
peregrinos
5. Visitar os
enfermos
6. Visitar os presos
7. Enterrar os
mortos.
As sete obras de
misericórdia espirituais:
1. Dar bons conselhos
2. Ensinar os
ignorantes
3. Corrigir os que
erram
4. Consolar os
tristes
5. Perdoar as
injúrias
6. Suportar com
paciência as fraquezas do nosso próximo
7. Rezar a Deus por
vivos e defuntos.
Compêndio do
Catecismo da Igreja Católica, Apêndice B
Estas belíssimas
obras de misericórdia são atos da mais pura caridade, ou seja, amor ao próximo
por causa de Deus, resultando em muitos bons frutos espirituais para quem as
oferece e quem as recebe.
Ao contrário do que
se pensa, a misericórdia é aceitar a miséria alheia, evitar censurar os que
erram ou simplesmente sentir pena, mas exatamente o oposto: ao contemplar a
miséria do próximo o meu coração sente um dor profunda e, por amor à Cristo,
vou ao encontro do miserável para socorrê-lo. Por isso Cristo é misericordioso,
pois sendo Deus, doeu-se pela miséria humana e veio em nosso socorro.
A quinta bem
aventurança (misericordiosos), que corresponde ao quinto degrau da vida
interior (a quinta morada), é justamente aquela preocupação com a miséria do
próximo acima das próprias misérias e problemas de modo sobrenatural.
Os santos, conforme
se aproximavam do mais alto grau de fé e caridade, começavam a exercer
incansavelmente as obras de misericórdia, pois eram tomados pela dor sentida
pelo próprio Sagrado Coração de Jesus que não descansa até que cada homem seja
socorrido em sua miséria humana.
Diante da beleza e
profundidade de cada uma destas obras será mais conveniente tratá-las
separadamente para que não nos percamos na aparente simplicidade delas.
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