sábado, 9 de junho de 2012

HOMÍLIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 10/06/2012

10 de Junho de 2012 


Marcos 3,20-35

Comentário do Evangelho

Familiares no Reino fazem a vontade de Deus

O evangelho de Marcos revela a nova relação entre o povo e Deus, que se estabelece através de Jesus. O que se vê é uma grande multidão de excluídos (ochlós), seja dentre os gentios, seja da dispersão do judaísmo, que se reúne em torno da casa onde se encontra Jesus. Esta multidão se diferencia do "pequeno resto", estabelecido na sinagoga e no Templo, gozando de privilégios e isolado da maioria do povo, considerada pecadora por infringir qualquer um dos 613 mandamentos da Lei, tendo como protótipo Eva, que infringiu a proibição do Criador (primeira leitura). Com Jesus temos uma nova realidade, destacada pelos evangelhos ao mencionarem cento e quarenta e nove vezes a "multidão" que se relaciona com Jesus. Esta relação é uma característica muito mais marcante da índole e da personalidade de Jesus do que as narrativas de seus milagres possam significar. É uma chave de leitura para compreendermos a presença de Jesus no mundo, em relação com todos os povos e culturas, não se limitando a grupos religiosos específicos.
O termo grego traduzido por "familiares" pode significar uma proximidade consanguínea ou de amizade. Pode-se também interpretar que o verbo usado no texto, "enlouqueceu", refira-se a Jesus ou à multidão. Assim, pode-se entender que, ou os familiares ou os discípulos de Jesus, não o compreendendo e julgando-o fora de si, queiram retê-lo, ou julgando a multidão demais agitada queiram protegê-lo. 
Os escribas vindos de Jerusalém são os enviados dos chefes religiosos que tinham em mãos o culto sacrifical do Templo e o dinheiro do Tesouro, anexo ao Templo. Eles se empenham em difamar Jesus, para afastar o povo dele. O Espírito Santo é o amor. Considerar as obras de amor do Espírito como sendo obras do demônio significa o distanciamento e até a ruptura com o próprio amor de Deus. Rejeitar e matar os que com amor buscam resgatar a dignidade humana dos empobrecidos explorados e excluídos significa a rejeição da vida e do amor de Deus. 
A partir de uma referência à sua família carnal, Jesus afirma: "Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?... Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe". É a união em torno da prática da vontade de Deus que cria os novos laços familiares no Reino. Viver o amor, o serviço, a partilha, a misericórdia, solidariamente com os mais necessitados, é inserir-se na família de Jesus, quer seja por laços consanguíneos, quer não, certos da comunhão de vida eterna com Jesus (segunda leitura).

José Raimundo Oliva

Vivendo a Palavra

O Evangelho nos adverte contra as divisões internas – ‘o reino dividido’. Sejamos unidos, como Jesus e o Pai são Um. Fomos criados diferentes uns dos outros e são as diferenças que nos fazem complementares. Sem alimentar competições, coloquemos a serviço dos irmãos os dons que recebemos do nosso Pai Misericordioso.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

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1. PECADO SEM PERDÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Quando a gente está super ocupado , costuma-se dizer que não se tem tempo nem para comer, esse evangelho começa constatando exatamente isso, pois Jesus e seus discípulos chegaram na casa de alguém onde pretendiam tomar uma refeição, mas um  grande número de pessoas foram ali á sua procura e Jesus teve que lhes dar atenção. Não ter mais tempo para si,  vai ter  para os seus parentes a conotação de loucura “Ele está fora de si”.

Amar as pessoas preocupar-se com elas, doar-se aos serviços da comunidade para servir a Deus e aos irmãos, nos tempos da pós-modernidade também soa como uma loucura, pois vivermos no mundo das relações mercantilizadas onde tempo é dinheiro e perder  tempo com coisas que não dão nenhum  retorno, é realmente coisa de louco.

Pior que esses parentes de Jesus que não entendiam á sua missão, eram  os escribas que atribuíam suas ações libertadoras e curas prodigiosas  á Belzebu, príncipe dos demônios, acusando Jesus de fazer o Bem , através da força do mal, o que era uma grande incoerência, pois Bem e Mal são duas coisas que jamais podem agir em conjunto, se as obras de Jesus eram boas em si mesmo, curava e libertava as pessoas, elas jamais poderiam provir do mal.

Em nossa sociedade também sofremos desse mal,  porém no sentido contrário,  querendo atribuir ao Bem algo que provém do mal, senão vejamos, para muitos, inclusive cristãos, a pena de morte, o aborto, o divórcio, a eutanásia, são coisas do Bem, e tem até traficante de Favela pousando de herói do povo, defensor dos pobres, dos velhos e das crianças. Quando isso acontece e essa mentalidade começa a dominar a todos, é porque se está cometendo o temível pecado contra o Espírito Santo, que Jesus afirma não ter perdão. E que pecado terrível será este?

Exatamente o mesmo que os Escribas e os parentes de Jesus cometiam: o de não acreditar e não aceitar a Graça que Jesus nos trouxe, em uma recusa contra a ação Divina, libertadora e Salvadora nele presente, e colocada a favor das pessoas. Quem comete esse pecado está apostando todas as suas fichas nas forças do Mal presente no mundo, por crer no fundo, que esta é mais poderosa que o Bem supremo que Jesus nos oferece.

O Mal já foi derrotado por Jesus, mas o homem ainda não se apercebeu disso, o Reino está presente na vida da humanidade, não de maneira ostensiva como a Força do  mal, mas como semente em desenvolvimento e que requer cuidado e atenção para crescer e ser a maior de todas as árvores, mas o homem imediatista deste tempo prefere acreditar no Mal e deixa de investir e acreditar no Bem.
José da Cruz é Diácono da 
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP



2. Jesus revela novos laços familiares no Reino
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

VIDE ACIMA

Oração
Senhor Jesus, ajuda-me a reconhecer a ação do Espírito em ti e a perceber a misericórdia do Pai atuando por teu intermédio.


3. O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Existe um tipo de pecado para o qual não haverá perdão. É o pecado contra o Espírito Santo. Em que consiste a gravidade deste pecado que o torna imperdoável? Jesus, desde o seu batismo, foi apresentado como o Filho de Deus, a quem se devia dar ouvido. Ele foi constituído mediador da salvação divina oferecida a toda humanidade. Suas palavras e ações, porém, tinham como princípio dinamizador o Espírito Santo, poder de Deus atuando nele, manifestado já por ocasião do batismo.

Portanto, a atitude de seus parentes, que o acusavam de louco ao verem as multidões acorrerem a ele, e a interpretação dos mestres da Lei, para quem ele agia pelo poder de Belzebu, chocava-se com a realidade da ação divina em Jesus. Pois significava negar que o Espírito Santo agia através de Jesus e atribuir ao demônio o que pertencia ao Espírito de Deus. Eis uma autêntica blasfêmia!

As acusações contundentes levantadas contra Jesus manifestam um fechamento à ação do Espírito. Assim como Jesus agia pela força do Espírito, do mesmo modo só quem se deixasse iluminar pelo Espírito poderia percebê-la. Quem se fechava ao Espírito, tornava-se incapaz de discernir a manifestação da misericórdia de Deus, em Jesus. Fechar-se para Jesus, portanto, significa fechar-se para Deus e, por conseguinte, tornar-se indigno de perdão.

Oração
Senhor Jesus, ajuda-me a reconhecer a ação do Espírito em ti e a perceber a misericórdia do Pai atuando através de ti.



Pe. Jacir de Freitas Faria, ofm

10º DOMINGO DO TEMPO COMUM (10 de junho)
SAUDADE DO PARAÍSO, VIVÊNCIA DO REINO E IMORTALIDADE NA RESSURREIÇÃO 

I. INTRODUÇÃO GERAL

As leituras de hoje nos levam a refletir sobre a nossa condição humana de viver optando ora pelo bem, ora pelo mal. Estivemos no simbólico paraíso terrestre e decidimos sair dele para viver lutando pela sobrevivência, em meio a espinhos e dores. Muitos dos conterrâneos de Jesus não o aceitaram como enviado de Deus e lhe fizeram oposição, até mesmo seus irmãos. Após a morte de Jesus, viver, para o cristão, passou a ser a certeza de que reconquistaremos a nossa morada eterna e definitiva. Vejamos como as leituras que ouvimos nos ajudam a compreender esses mistérios.
  
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS 

1. I leitura (Gn 3,9-15): A estulta serpente / o mal engana as pessoas

A primeira leitura de hoje faz parte de um bloco maior de texto: Gn 2,4b-3,24, escrito no século IX a.E.C. Trata-se de narrativa mitológica da condição humana no paraíso e fora dele. O trecho do qual nos ocupamos aqui fala da expulsão do paraíso. O que vem antes é bem conhecido de todos nós, ou seja: não havia ser humano para cultivar o solo. Havia um jardim com quatro rios e, no meio dele, duas árvores, uma da vida e outra do conhecimento do bem e do mal. Deus cria os seres humanos com o objetivo de eles gerarem filhos; Adão e Eva, o tirado da terra e a mãe dos viventes, que representam o ser humano de forma geral. Nunca existiram como personagens. Trata-se de profundo simbolismo; sua verdade não é da ordem da história positivista. 

O casal é colocado nu no jardim, com a proibição de comer o fruto da árvore do conhecimento. Até que um dia a serpente, na sua estultícia, os engana, e eles comem do fruto proibido. O medo se apodera deles. Ambos abrem os olhos, veem-se nus e passam a ter vergonha, a ponto de terem de se cobrir com vestes de folhas que eles mesmos teceram. Ouvindo os passos de Deus, que passeava pelo jardim, eles se escondem, porque também já sentem medo. Deus os interroga pelo ato de desobediência. Homem e mulher acusam a serpente. Todos os três recebem um castigo do Criador. A serpente se arrastará e será pisada pela mulher, que, agora, chamada de Eva – a mãe dos viventes –, passará a ter dores de parto e desejo voltado para o homem; já o homem terá de tirar do solo maldito o sustento com o suor do seu rosto. O fim é trágico: a perda do paraíso. Para cobrir as vergonhas, eles recebem de Deus uma roupa de pele. Fora do paraíso, uma nova etapa se inicia na vida deles. O cultivo do solo para comer passa a ser um labor pesado e diário. O paraíso é lacrado. Um querubim e uma espada fulgurante passam a guarnecê-lo, impedindo ao ser humano o acesso ao caminho da árvore da vida.

Esse clássico texto da literatura bíblica foi, ao longo da história da humanidade, fonte de inspiração para tantos outros, para pinturas, discursos poéticos e moralistas. A esperança de retorno ao paraíso perdido e a saudade dele foram, e continuam sendo, objeto de desejo dos humanos, sejam eles judeus, sejam cristãos. Na sinagoga judaica, a árvore da vida recebe os nomes dos falecidos. Para os cristãos, Jesus é o caminho, a verdade e a vida em Gn 2,4b-3,24. Com a sua morte e o seu sangue derramado na terra outrora maldita, a vida eterna volta a ser condição para o ser humano, que ressuscitará com ele. Na organização dos livros que compõem a Bíblia, há o cuidado de colocar, como livro final, o Apocalipse, que descreve uma nova Jerusalém Celeste – um novo Éden Celeste –, tendo no seu centro, também, uma árvore da vida. Alguns elementos desse mito que explicam a condição humana e sua relação com o sagrado merecem destaques, tais como:

a) Jardim: símbolo do paraíso terrestre. “Jardim” em hebraico é gan, que também significa proteger. No Oriente Antigo, na Pérsia e na Babilônia, era muito comum a construção de um jardim cercado. Os jardins podiam ser propriedade exclusiva de um rei, bem como simbolizavam o poder real e o seu controle sobre a agricultura e as fontes de água. Muitos deles eram ornamentais e serviam para o descanso do rei ou para a sua sepultura (2Rs 21,18.26). Na leitura, o jardim é chamado de Éden. Éden é substantivo hebraico que significa “delícias”. O jardim passa a ser um paraíso celeste. Um paraíso das delícias em um jardim plantado no Éden (Gn 2,8), região e lugar da felicidade plena. Deus é o companheiro do ser humano, que vive em plena liberdade sem se preocupar com nada. O mito expressa o desejo humano, que, na sua relação com o Sagrado (Vida), foi possível outrora e será novamente. Jardim é sinônimo de esperança, de vida realizada. Não é por menos que Is 51,3 chama o Éden de “Jardim do Senhor”.
    
b) Árvores da vida e do conhecimento: a primeira árvore é o símbolo da imortalidade, a segunda, do conhecimento do bem e do mal. No último livro da Bíblia, o Apocalipse cita a árvore da vida no centro da Nova Jerusalém (Ap 22,2). A nova árvore da vida representa o novo céu e a nova terra. Trata-se de uma inclusão. Sabedor de sua condição mortal, o ser humano almeja a imortalidade. Ele sabe também que essa condição só é possível no Sagrado, em Deus. Por isso, o seu desejo será sempre o da imortalidade. Ninguém quer morrer, à exceção daqueles que perdem o sentido da vida. Na mitologia, a fonte da vida está na divindade, nos deuses, os quais não aceitam repassar esse segredo para o ser humano. No texto em questão, o fato de Deus passear pelo jardim demonstra que a vida humana está, no paraíso, bem próxima de Deus. Há, no entanto, um contraste: o fruto da árvore da vida confere imortalidade, o da árvore do conhecimento, a morte. Ao ser humano fica expressa a proibição divina de não comer o segundo fruto (Gn 2,17). Ao ser humano, após comer mitologicamente esse fruto, é conferida a faculdade de optar pelo bem ou pelo mal. A primeira consequência de tudo isso foi a perda do paraíso.

c) Serpente: um animal astuto e falador, portador de falsas promessas, deixando as consequências para os humanos. A serpente no mundo antigo tinha vários simbolismos, sobretudo aqueles relacionados com a vida e o poder opressor de um país. O faraó tinha uma serpente sobre a sua cabeça para representar o seu poder, a vida e sua imortalidade. Na Babilônia, a divindade principal, Marduk, era representada por uma serpente-dragão. Em Israel, a partir de Gênesis, a serpente passou a significar a força do mal.

d) Punição: o encontro da serpente com os humanos se transformou em punição para a serpente, que deverá se arrastar pela terra e terá a descendência da mulher como sua inimiga. A mulher, por sua vez, terá dores de parto, e o homem terá de cultivar a terra com seu suor. A parceria entre Eva, Adão e a serpente resulta em sofrimento. O poder da serpente leva o homem a viver de suor e fadigas. A serpente, o poder dominador, precisa desse trabalho forçado para sobreviver. O homem se torna pó da terra e morre de tanto trabalhar. O mito explica o sofrimento pelo viés da opressão, que o lavrador conhecia.

2. Evangelho (Mc 3,20-35): Escribas e irmãos de Jesus se opõem ao projeto de reino de Jesus, o novo Éden. A serpente/satanás continua agindo

O evangelho de hoje mostra Jesus na sua casa, a física e a dos pobres, por quem ele tinha especial apreço. Seus familiares, sabendo de suas ações, tentaram impedi-lo, julgando-o louco. Antes que chegassem seus irmãos, os escribas já dão a sentença: “Ele está possuído por Belzebu, bem como realiza tudo em parceria com satanás” (v. 22). Jesus se defende, dizendo que as suas ações não podem ser feitas em parceria com quem já é seu inimigo, satanás. Fazendo jogo com o substantivo “satanás”, aquele que divide, assim como a serpente da primeira leitura, Jesus demonstra que um reino e uma casa divididos não podem subsistir. Assim como no paraíso Deus condena a serpente, Jesus condena os escribas, acusando-os de blasfemadores do Espírito Santo, seu real parceiro na missão, e decreta que eles não terão perdão por tal atitude. 

Nesse momento, Maria e os irmãos de Jesus chegam para se encontrar com ele. Tendo a multidão impedido a passagem deles, Jesus, avisado do fato, declara em alto e bom som que sua mãe e seus irmãos são aqueles que fazem a vontade de Deus. A resposta de Jesus, dura em um primeiro momento, teve várias repercussões entre os intérpretes desse texto. Irmão, em hebraico ’ah, significa irmão de sangue, mas também parentes próximos, patrícios e vizinhos. São Jerônimo dirá que no evangelho se trata de primos de Jesus. Os evangelhos apócrifos nos conservaram a tradição de que José, ao ser escolhido para casar-se com Maria, era viúvo, tinha 90 anos, quatro filhos – Judas, Justo, Tiago e Simeão – e duas filhas, Lísia e Lídia. Quando Maria chegou à casa de José, logo se afeiçoou a Tiago, o filho menor de José, que ainda sofria a ausência da mãe. Maria cuidou dele como mãe. O Evangelho de Mateus fala, por isso, de Maria, a mãe de Tiago (Mt 27,56), embora ela não o fosse. Sendo assim, os irmãos de Jesus são de criação. Portanto, Jesus, seguindo o mesmo trocadilho feito com o substantivo “satanás”, quis dizer que irmãos seus são também os que seguem os seus ensinamentos, povo e discípulos(as), incluindo sua mãe. Jesus não nega os seus irmãos, tampouco sua mãe. Isso não era possível na cultura judaica. Irmão aqui quer dizer aquele que assume a causa, ao contrário de satanás, aquele que divide, tornando-se uma serpente, assim como agiram os escribas.

3. II leitura (2Cor 4,13-5,1): A ressurreição nos confere a imortalidade querida pelo ser humano no paraíso

A primeira leitura nos apresentou o Éden como morada paradisíaca da condição humana, que, por sua opção, diante da liberdade proporcionada por Deus, acaba por perdê-lo. O ser humano alimenta uma saudade eterna por ele. Já o evangelho nos anuncia que Jesus é a esperança que nos mostra o caminho de volta. Ele age em parceria com o Espírito Santo e com todos os que são seus irmãos. Nesta terceira leitura, Paulo expressa sua firme convicção de fé na ressurreição de todos nós, no mesmo Deus que ressuscitou Jesus (2Cor 4,13-15). O apóstolo lembra que vivemos num corpo, morada terrestre que será destruída em favor de uma morada eterna em Deus. Morre o ser humano exterior para viver o interior. É como se dissesse: saímos de Deus para morar num paraíso, perdemo-lo, mas, com a graça de Deus e o testemunho vivo de Jesus, voltaremos para a eternidade. A imortalidade querida pelo ser humano, ao comer o fruto proibido, só será possível com a ressurreição.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

– Demonstrar à comunidade que a nossa vida é marcada pela lembrança do paraíso perdido e pelo mal que nos levou a perdê-lo. A parceira com a serpente, inclinação para o mal, ocasionou isso. Cabe-nos esmagar-lhe a cabeça, o lugar pensante de toda vil estrutura humana injusta. 

– Os irmãos de Jesus somos todos nós, seus seguidores. Muitas vezes, no entanto, tornamo-nos seus opositores, com satanás. A Igreja é a grande irmã de Jesus na construção da sociedade justa, espelho de seu reino. É uma pena que muitos cristãos e igrejas caminhem em sentido oposto. O reino de Deus é a nossa esperança de um novo Éden, já presente, mas em caminhada para a plenitude.

Sou católico e não desisto nunca!


Postado por: homilia

junho 10th, 2012

Neste 10º domingo do Tempo Comum, vemos que a multidão procura Jesus para tocá-Lo e ser curada das suas enfermidades; ela compreende e reconhece n’Ele um poder sobrenatural. Porém, os parentes de Jesus foram segurá-Lo, porque diziam: “Enlouqueceu”. Os familiares temem que esta maneira de agir possa comprometer o nome da família, então decidem tomar o controle da situação.
Vendo a atitude dos parentes d’Ele, podemos nos perguntar: “Quantas vezes somos chamados de loucos?”. Principalmente as pessoas que assumem uma proposta de vida radical, deixando tudo para seguir Cristo mais de perto, como consagrados, casais comprometidos com as pastorais nas capelas, nas paróquias e na diocese, entre tantas outras pessoas que dedicam sua vida para que haja esperança na comunidade. São os nossos próprios parentes que, às vezes, nos acusam de loucos, de “beatos e beatas” da sacristia.
Jesus está dentro da casa. A multidão e Seus parentes estão do lado de fora e ao Seu redor, ouvindo-O. Estão reunidos os discípulos em torno de Jesus, como também as multidões, pessoas do povo capazes de deixar tudo para segui-Lo. São os aleijados, coxos, pobres, doentes que estão “como ovelhas sem pastor” (Mc 6,34).
“Participar da casa” é estar presente no banquete da vida, aproximar-se do outro como espaço de diálogo e compreensão. Mas para entrar na casa é preciso romper com o sistema de opressão que há em nossa sociedade, à medida em que faço do outro instrumento da minha vontade e o coloco em disputa com os demais. A casa é o lugar apropriado para desenhar a proposta que Jesus deseja anunciar e promover o sistema de relação social.
Um profeta só é desprezado em sua pátria, em sua parentela e em sua casa (cf. Mc 6,4) . As pessoas capazes de compreender a missão de Jesus são aquelas que fazem uma experiência com Ele. Os mais próximos se afastam diante da missão de Jesus, enquanto os mais distantes se aproximam d’Ele e de Sua missão.
“Aproximar-se da missão” é se encontrar dentro da casa e reconhecer em Jesus a presença do Reino de Deus. É preciso compreender os gestos e não ter o coração endurecido. Os que estão fora da casa são os adversários, os que querem interromper a missão, concordando com uma ideologia que domina as pessoas e que controla o sistema opressor.
Estar na casa é o principal foco e eixo de partida. Jesus se sente próximo e familiar a todos que se deixam envolver por Seu projeto. O grau de parentesco é como um título para que se possa fazer parte da nova comunidade, a qual requer fidelidade acima de tudo. Jesus se recusa a aceitar quem não aceita Sua missão.
É preciso ser obediente a Deus, estar sentado à Sua volta e atentar-se aos Seus ensinamentos. É a unidade em Jesus que se deve fazer evidente numa opção de vida, na instauração de uma família, como também na vida. Viver a vida com adesão ao projeto de Deus e na construção de um mundo novo, no qual a esperança nos mova para frente para podermos chegar à terra onde jorra leite e mel. Falem o que quiserem falar, mas nós precisamos dizer: “Sou católico e não desisto nunca!”.
A oração que devemos rezar é: “Ó Deus, assim como nos enviaste o Vosso Filho que se fez louco por amor à Vossa vontade, assim fazei de nós loucos. Loucos para aceitar qualquer tipo de trabalho e ir a qualquer lugar, sempre num sentido de vida simples, humilde, amando e promovendo a paz, a justiça, a restauração e a reconciliação entre as famílias”.
Essa pequena oração retrata a opção de vida por Jesus, a quem Sua própria parentela chamou de louco ao tenta impedi-Lo de prosseguir com Sua missão, quando julga que Ele está fora de si devido à multidão que O acompanha. Este aglomeramento da multidão suscita uma preocupação dos parentes e a intervenção destes pode ser motivada pela atividade de Jesus e Seu modo de se comportar, que fugia aos esquemas dos moldes comuns. “Ele fala com autoridade”, ou ainda, “nunca alguém falou como este homem fala”.
Padre Bantu Mendonça
Leitura Orante 
Preparo-me para a Leitura rezando, com todas as pessoas que navegam na grande "casa" da internet: 

Jesus Mestre, vós dissestes que a vida eterna consiste em conhecer a vós e ao Pai. 
Derramai sobre nós os dons do Espírito Santo! 
Que ele nos ilumine, guie e fortaleça no vosso seguimento, 
porque sois o único caminho para o Pai. 
Fazei-nos crescer no vosso amor, para que sejamos, como São Paulo, 
testemunhas vivas do vosso Evangelho. 
Com Maria, Mãe, Mestra e Rainha dos apóstolos, 
guardaremos a vossa Palavra, 
meditado-a em nosso coração. 
Amém. 

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto do dia: 
Mc 3,20-35, 
e observo pessoas, palavras, atitudes. 
A narrativa deste texto ocorre em torno da casa, onde Jesus, seus discípulos e a multidão se colocam expressando uma certa tensão pelo fato de alguns estarem dentro e outros, fora da mesma. Nesta tensão a casa ocupa um lugar central, tornando-se a chave de leitura para todo o capítulo terceiro de Marcos. 
Vários grupos se colocam dentro e fora da casa: discípulos, multidão, mestres, parentes. Os estão dentro da casa estão ouvindo a Palavra de Jesus, isto é, seguindo os seus ensinamentos. Os que se encontram fora da casa, inclusive sua família, procuram Jesus. Assim, estar dentro e fora da casa reflete uma unidade cuja síntese está em fazer a vontade de Deus (Mc 3,35). 

2. Meditação (Caminho) 
Em que lugar me situo na casa?
Dentro? 
Fora? 
Os bispos, em Aparecida afirmaram: 
"A vida em comunidade é essencial à vocação cristã. O discipulado e a missão sempre supõem a pertença a uma comunidade. Deus não quis salvar-nos isoladamente, mas formando um Povo. Este é um aspecto que distingue a experiência da vocação cristã de um simples sentimento religioso individual. Por isso, a experiência de fé é sempre vivida em uma Igreja Particular".
(DAp 164). 

3.Oração (Vida) 
O que o texto me leva a dizer a Deus? 
Rezo, espontaneamente, e concluo com a oração da unidade: 
Pai Nosso. 

4.Contemplação (Vida e Missão) 
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Como vou vivê-lo na missão? 
Meu novo olhar me leva a encontrar Jesus Cristo na "casa", ou, na comunidade. 

Bênção
 
- Deus nos abençoe e nos guarde. 
Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. 
Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. 
Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, 
Pai e Filho e Espírito Santo. 
Amém. 

Irmã Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, ensina-nos a valorizar as nossas diferenças. Dá à tua Igreja o dom da unidade. Mantém-nos atentos aos desejos dos irmãos, faze-nos cuidadosos no trato de suas carências e generosos na partilha dos nossos bens, especialmente com os mais pobres. Por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.

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