ANO B
Mt 20,20-28
Comentário do Evangelho
O discípulo é chamado a servir com generosidade
O nosso evangelho de hoje é a sequência do anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Esse anúncio, de certo modo, desconcerta os discípulos e faz com que manifestem desejos contrários aos valores do evangelho de Jesus e não compreendam o mistério de Cristo. Esse desconcerto, associado à incompreensão dos discípulos, é a causa do pedido da mãe de João e Tiago. A opção livre de seguir Jesus deve ser acompanhada da decisão de renunciar a privilégios e interesses pessoais, assim como a qualquer desejo de recompensa. O pedido da mãe dos filhos de Zebedeu visa a um futuro fora dos limites temporais da história humana. Ela postula um lugar privilegiado para os seus filhos no reino de Cristo. A resposta de Jesus, ao contrário, visa à história como lugar do engajamento e do testemunho dos discípulos, e recorda a eles que o ideal do discípulo é ser como o Mestre (Mt 10,24-25). Aos discípulos compete construir uma comunidade caracterizada pelo serviço gratuito e generoso, a exemplo de Jesus que se fez servo de todos. O futuro escatológico está subordinado à decisão de Deus. Mas não se chega à glória sem passar pela paixão.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Oração
Pai, transforma-me em servidor de meus semelhantes, fazendo-me sempre pronto a doar minha vida para que o teu amor chegue até eles.
Vivendo a Palavra
“Entre vocês não deverá ser assim...” Jesus se refere ao modo de proceder dos donos do mundo, apontando o caminho da humildade e da doação gratuita aos irmãos como o jeito de segui-lo. O apóstolo Tiago comungou com o Mestre o seu caminho, até o sacrifício final. Ao lembrá-lo hoje, façamos dele o nosso exemplo.
Reflexão
Estamos vivendo em uma época que é marcada pela diferença vista não pelo critério da complementariedade, mas pelo critério da oposição e da hierarquia. Esta fato faz com que vivamos em uma sociedade marcada pelo conflito e pela disputa constante de supremacia sobre os demais, de modo que o outro é sempre um concorrente, não é nunca irmão ou irmã, companheiro de caminhada na construção do Reino de Deus. O Evangelho de hoje nos mostra que esses valores que fundamentam a vida das pessoas não vêm de Deus e nem conduzem para Deus. Somente a fraternidade, a justiça e o amor vão possibilitar um mundo marcado pela convivência pacífica entre os seres humanos.
Comentário do Evangelho
O EXEMPLO DO FILHO DO HOMEM
Apesar do testemunho de Jesus, os discípulos estavam aferrados aos esquemas mundanos, mostrando-se pouco sensíveis aos ensinamentos do Mestre. O intento dos filhos de Zebedeu foi uma prova disto.
Fazendo ouvido de mercador, quando Jesus revelou seu destino de sofrimento e morte, estavam preocupados em garantir para si os melhores lugares no Reino a ser instaurado. Bem se vê que estavam longe de sintonizar com o Reino anunciado por Jesus, pois imaginavam um reino onde os chefes se tornam tiranos, e os grandes se tornam opressores, por estarem revestidos de autoridade.
No Reino almejado por Jesus, a grandeza consiste em pôr-se ao serviço do semelhante, de maneira despretensiosa, e o primeiro lugar será ocupado por quem se dispusera assumir a condição de servo. A tirania cede lugar ao serviço, e a opressão transforma-se em amor eficaz em benefício do próximo. Bastava contemplar o modo de proceder do Mestre Jesus que se autodenomina "Filho do Homem". Jamais buscara ser servido, como se a sua condição de enviado do Pai lhe desse este direito; tampouco teve a arrogância de se considerar superior a quem quer que seja. Manteve sempre sua postura de servo, consciente da missão recebida do Pai, a ponto de entregar a sua própria vida para que toda a humanidade obtivesse salvação. Dera o exemplo no qual os discípulos deveriam inspirar-se.
Oração
Pai, transforma-me em servidor de meus semelhantes, fazendo-me sempre pronto a doar minha vida para que o teu amor chegue até eles.
HOMILIA DIÁRIA
Transformemos todo sentimento de grandeza em doação
Transformemos todo sentimento de grandeza em doação e serviço. Não queiramos reconhecimentos nem títulos; queiramos lavar os pés dos irmãos. Isso é o que nos tornará grandes no Reino dos Céus.
“O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos.” (Mateus 20, 28)
A narração do Evangelho começa nos dizendo que a mãe dos filhos de Zebedeu pediu a Jesus um lugar de destaque para seus filhos no Reino dos Céus, para que um deles pudesse se sentar à direita e o outro à esquerda d’Ele.
A ambição daquela mãe é também a ambição do coração daqueles discípulos; eles serviam a Jesus, mas queriam privilégios, reconhecimento e favorecimento. Queriam que Deus realmente lhes concedesse a melhor recompensa por aquilo que faziam.
É óbvio que toda mãe quer o melhor para seu filho, é verdade que toda mãe quer um lugar de destaque para os filhos. Contudo, no Reino de Deus não é assim. No Reino de Deus o sentido não é o destaque, a promoção nem a nossa valorização em detrimento dos outros. Nele a lógica é do serviço e da entrega. Nele a lógica não do estrelato, mas sim do anonimato; não da coroa, mas do lavar os pés.
Por essa razão, quem quer seguir a Jesus deve abrir mão das ambições e das competições. Deus tem um lugar único para cada um de nós no Seu coração; contudo, não podemos querer ser mais do que os outros. Pode ser que nós não contenhamos os impulsos do coração e que o sentimento de grandeza tome conta dos nossos sentimentos, dos nossos afetos e da nossa razão.
O que precisamos é transformar todo sentimento de grandeza em serviço, em doação e entrega para o outro. Quem tem o sentimento de grandeza não queira reconhecimentos nem títulos, queira lavar os pés dos irmãos. Estes é que serão considerados grandes no Reino dos Céus!
Pode ser que muitos que recebam os aplausos e os reconhecimentos humanos não sejam conhecidos nem reconhecidos por Deus. Não basta somente servir o Senhor; é preciso servi-Lo com o coração de servo, entregue a Deus sem querer grandezas nem aplausos humanos!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, nós queremos seguir o Caminho de Jesus de Nazaré. Inspira-nos, Pai amado, para que não sejamos movidos pelo desejo da retribuição, mas que o façamos por amor, simples e gratuito, generoso e misericordioso para com os peregrinos que colocaste ao nosso lado nesta terra abençoada. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.

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