30 de Março de
2014
ANO A

Jo 9,1-41
Opcional
Jo
9,1.6-9.13-17.34-38
Comentário do
Evangelho
A fé batismal é iluminação
Este texto do evangelho de João pode ser caracterizado como uma
catequese sobre a fé, num contexto batismal. Temática, aliás, muito apropriada
para o tempo da Quaresma, pois, além de ser um itinerário penitencial, esse
tempo de preparação para a Páscoa do Senhor é um convite a aprofundarmos a
nossa vocação cristã a partir do Batismo. O texto, grosso modo, é a afirmação
de que a fé que recebemos é iluminação. É pela fé que chegamos a contemplar e
professar a verdadeira identidade de Jesus de Nazaré.
É preciso, antes de tudo, ter presente essa
afirmação que está no centro do trecho do livro de Samuel: o Senhor não vê a
aparência, mas o que está no coração (cf. 1Sm 16,7). O Senhor não julga à
maneira dos homens. Deus não se deixa levar pela aparência. No contexto da
Quaresma, e para além dela, somos convidados a desejar ver para além das
aparências, e considerar o coração, o que a pessoa efetivamente é. Aí não há
engano. O que transforma o nosso olhar e faz com que seja semelhante ao olhar
de Deus sobre cada pessoa é a fé, que é iluminação.
No centro do evangelho de hoje está a afirmação de
Jesus: “Enquanto eu estou no mundo eu sou a Luz do mundo” (v. 5). O que
interessa nesse relato do cego de nascença não é propriamente a sua cura,
palavra, aliás, que não figura no texto, mas o seu itinerário de fé, itinerário
ao fim do qual ele chega a professar que Jesus é o Senhor (v. 38). Quando foi
expulso da sinagoga, imagem dos cristãos expulsos da sinagoga, era a fé em
Jesus que o sustentava. O seu itinerário é um caminho de amadurecimento da fé,
que o permitiu professar a fé ao modo de Tomé no final desse mesmo quarto
evangelho (Jo 20,28). Tomé passa da dúvida e da tentação de querer chegar à fé
por si mesmo a uma adesão incondicional à pessoa de Jesus Cristo. O Senhor professado
pelo que antes era cego não é alguém distante, mas uma pessoa que fala com ele,
que entra em diálogo com ele (cf. Jo 9,35-38), aquele que lhe abriu os olhos. A
mesma luz que faz o cego ver, cega os que pensam ver. É Deus, e somente Ele,
que faz com que a luz brilhe nas trevas. Que o Senhor nos conceda sempre a luz
da fé e, por ela, mantenha acesa em nós a chama da esperança. Que Deus nos dê a
todos a graça da coragem, da audácia, do testemunho que brota e é exigido da fé
em Jesus Cristo.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, abre meus olhos para que eu reconheça
Jesus como teu Messias Salvador. Livra-me da cegueira provocada por falsos
raciocínios, mesmo com roupagem religiosa.
Vivendo a Palavra
O fato essencial é inquestionável e não pode ser
negado: o cego de nascença ficou curado. A discussão se perde, então, no detalhe:
era dia de sábado... João descreve longa e minuciosamente a cena para nos
lembrar que ela não é estranha à nossa cultura. Somos mestres em discutir
detalhes, esquecendo-nos do essencial da Vida.
Recadinho

Você
procura notar a presença e manifestação de Deus em tudo? - Nosso dia de repouso
é o domingo. Como você vive este dia? - Aproveite a oportunidade para renovar
sua fé em Jesus Cristo. - Você pode dizer que faz sua parte para aliviar os
sofrimentos do próximo? - Temos muitos sacramentais que a Igreja nos oferece.
Cite um que lhe é muito caro.
Padre Geraldo
Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
CEGUEIRA E
VISÃO
As duas posturas diante dos sinais realizados
por Jesus podem ser definidas como cegueira e visão. São a dos fariseus e a do
cego de nascença. O incidente em torno da cura do cego revelou a cegueira dos
fariseus e o alto grau de visão daquele que tinha sido curado. Tudo se define
em torno da capacidade de confessar Jesus como o Messias, diante do testemunho
de suas obras.
Os
fariseus, aferrados aos seus esquemas mentais, recusavam-se a admitir que
realmente foi Jesus quem restituíra a visão ao cego de nascença. Eles
raciocinavam assim: as Escrituras afirmam que o Messias, quando vier, haverá de
curar os cegos. Como o milagre tinha sido operado em dia de sábado e o Messias,
no pensar deles, seria fidelíssimo às leis religiosas do povo; e já suspeitando
de Jesus, concluíram que ele não se encaixava na categoria de Messias. Embora
não encontrassem explicação plausível para a cura do cego, não mudavam suas
idéias a respeito de Jesus. Eles pensavam que Jesus não podia ser de Deus, pois
era um pecador.
O cego
de nascença, porém, adquiriu tanto a visão física quanto a visão da fé. Tendo
sido procurado por Jesus, e dando-se conta de tratar-se do Messias, prostrou-se
diante dele, fazendo sua confissão de fé: "Eu creio, Senhor!"
Só
quem, de fato, "vê", pode fazer a experiência de fé; não quem se
deixa enganar por falsos esquemas teológicos.
Oração
Pai, abre meus olhos para
que eu reconheça Jesus como teu Messias Salvador. Livra-me da cegueira
provocada por falsos raciocínios, mesmo com roupagem religiosa.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado
neste Portal a cada mês)
Oração
Ó Deus, que por vosso
Filho realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano, concedei ao
povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam cheio de fervor e
exultando de fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
http://www.domtotal.com/religiao/meu_dia_com_deus/evangelho_dia.php?data=2014-3-30
REFLEXÕES DE HOJE
REFLEXÕES DE HOJE

30 DE MARÇO – DOMINGO
VEJA AQUI MAIS HOMILIAS
PARA O PRÓXIMO DOMINGO
30 de março – 4º DOMINGO DA
QUARESMA
Por Celso Loraschi
I. INTRODUÇÃO GERAL
I. INTRODUÇÃO GERAL
Os textos bíblicos deste domingo refletem sobre a luz divina que
se manifesta na história humana. Deus se revela ao mundo de modo original e
surpreendente. É soberano em suas decisões e não se deixa levar pelas
aparências. Nas pessoas pobres e frágeis, ele manifesta a grandeza de seu amor.
Escolhe Davi, um humilde pastor, para governar o seu povo com justiça (I
leitura). Deus envia seu Filho ao mundo como expressão máxima de sua bondade.
Jesus solidariza-se com as pessoas necessitadas e oferece-lhes vida saudável e
íntegra: cura a cegueira, liberta o ser humano de toda espécie de opressão e
ilumina o caminho dos que se encontram desorientados (evangelho). O texto da
carta aos Efésios incentiva a comunidade cristã a viver como filhos da luz,
renunciando às obras próprias das trevas e praticando cotidianamente a bondade,
a justiça e a verdade (II leitura). Deus é luz. Portanto, quem vive em Deus se
torna uma pessoa iluminada: é autêntica e livre, pois nada tem a esconder ou do
que se envergonhar.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (1Sm 16,1b.6-7.10-13a): Deus não leva em conta
as aparências
Na tradição bíblica, Davi é um dos personagens mais lembrados
pelo povo. Ao redor de seu nome criou-se verdadeiro movimento. É a figura do
governante “segundo o coração de Deus”, rei que segue a justiça e não despreza
os pobres. A primeira leitura deste quarto domingo da Quaresma narra a eleição
de Davi.
Samuel foi um dos últimos juízes de Israel. Viveu a fase
conflituosa de transição entre o tribalismo e a monarquia. É um homem de Deus.
Sofre muito quando o povo pede a mudança de regime (cf. 1Sm 8). Conforme o
mandato divino, busca reconhecer, entre vários irmãos, qual seria o escolhido
para governar o povo. Após analisar os sete filhos de Jessé, Samuel declara que
nenhum deles havia sido chamado por Deus. O menor deles, ausente por estar
cuidando do rebanho, é o eleito. A unção é o meio pelo qual se confere uma
missão sagrada. É significativa a transmissão do cargo realizada por Samuel.
Tendo a função de juiz de Israel, transmite a Davi o que ele próprio considera
ser a vontade divina. O governo deve ser realizado sob a autoridade de Deus.
A eleição de Davi é uma narrativa popular que transmite
importante conteúdo teológico e sociológico. Deus não se deixa conduzir pelas
aparências. Ele conhece o coração de cada pessoa e, por isso, chama os que se
encontram em último lugar para realizar o seu plano na história. Como dirá
Jesus: “Muitos dos primeiros serão últimos, e muitos dos últimos, primeiros”
(Mt 19,30). Sociologicamente, é um texto de denúncia ao poder monárquico e de
valorização dos caminhos alternativos que emergem com a mobilização dos
pequenos e marginalizados.
2. Evangelho (Jo 9,1-41): Jesus é a luz do mundo
O Evangelho de João aprofunda a identidade de Jesus narrando
sete sinais. Um deles é a cura de um cego de nascença. Esse sinal reflete o
debate existente nas comunidades joaninas entre os cristãos e o grupo de judeus
apegados ao legalismo religioso. Conforme podemos perceber no texto, a cegueira
era considerada um castigo divino, seja pelos pecados da pessoa, seja pelos de
seus antepassados. Um dos agravantes muito sérios para o cego era o seu
impedimento de ler a Sagrada Escritura e estudar a Lei, sendo, por isso,
considerado um ignorante da vontade de Deus.
Segundo o mesmo Evangelho de João, Jesus veio “para que todos
tenham vida, e vida em abundância” (10,10). Sua prática não está atrelada à
ideologia da pureza dos líderes religiosos judaicos. Ele conhece suas intenções
e seus interesses: “São cegos guiando outros cegos” (Mt 15,14). Diante da
pergunta sobre “quem pecou”, Jesus procura “abrir os olhos” dos próprios
discípulos, pois também eles estão contaminados com a ideologia dos doutores da
Lei. Em vez de achar um culpado, Jesus põe a situação da cegueira em relação
direta com o plano de Deus, que resgata a dignidade do ser humano. As “obras de
Deus” são realizadas agora por Jesus, a Luz do mundo. Acontece em Jesus o que
foi anunciado pelo profeta Isaías, quando este se referiu ao “Servo de Javé”
como “luz das nações” (Is 49,6).
Jesus, em caminhada, vê o cego de nascença e toma a iniciativa
de curá-lo. Ele o faz por meio da junção de dois elementos: a terra e a saliva.
Formam o barro, que lembra a criação do ser humano, conforme descreve o livro
do Gênesis: “Deus modelou o homem do barro” (2,7). A ação de Jesus visa recriar
a pessoa, oferecendo-lhe nova vida. Conforme o pensamento da época, a saliva
transmite a energia vital da pessoa. Portanto, a energia divina de Jesus
possibilita a cura.
A graça divina, porém, não exclui o empenho humano. A cura e a
libertação que Deus oferece não se dão de modo mágico. O cego deverá seguir a
palavra de Jesus e lavar-se na piscina de Siloé, que significa “Enviado”. É
convidado a aceitar livremente a luz que Jesus lhe oferece. Seguir o caminho apontado
por Jesus significa entrar no processo de conquista de liberdade e autonomia.
De fato, o cego recuperará a visão e também a capacidade de pronunciar
livremente as próprias palavras, já não oprimido pelo legalismo dos fariseus e
também já não dependente de seus pais, representativos da tradição que buscava
“segurar” sob sua guarda os filhos de Israel. A conquista da visão verdadeira
passa por processos de conflitos e crises, pois mexe com as concepções
dominantes. Uma pessoa livre, conduzida por profundas convicções, torna-se
ameaça para o poder constituído, pois este procura impor “obrigações”, mantendo
a consciência do povo alienada.
O cego de nascença, junto com a recuperação da vista, recebe de
Jesus o dom da fé e torna-se seu discípulo. No relato de sua cura aparece,
várias vezes, o verbo “nascer”. Demonstra íntima ligação com o episódio do
encontro de Nicodemos com Jesus, que lhe indica o caminho do “novo nascimento”.
Podemos, então, discernir em que consiste a recuperação da verdadeira visão: é renascer,
pela fé, acolhendo a Jesus e deixando-se conduzir pela sua palavra: “Se
permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e
conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32). A tradição cristã
vai interpretar o ato de lavar-se na piscina de Siloé como o símbolo da
regeneração cristã pelo batismo.
3. II leitura (Ef 5,8-14): Viver como filhos da luz
São Paulo, em seus escritos, dedica-se de modo muito especial à
tarefa de aprofundar a vida nova que provém da fé em Jesus Cristo. O texto da
carta aos Efésios é reflexo dessa teologia paulina. Demonstra a preocupação de
manter a comunidade cristã no caminho do amor, “do mesmo modo como Cristo amou
e se entregou por nós a Deus” (5,1).
Existem dois caminhos: o das trevas e o da luz. O caminho das
trevas era bem conhecido pelos cristãos de Éfeso. Pelo que se constata ao ler o
texto, muitos deles, antes de sua adesão a Jesus Cristo, experimentaram um modo
de viver alicerçado no egoísmo, na avareza, na fornicação e em outras coisas
vergonhosas que expressam uma vida nas “trevas”.
O caminho da luz se manifesta por uma vida em Cristo. Ele não só
andou como filho da luz, mas revelou-se a Luz verdadeira. Ele não somente
assumiu atitudes de amor, mas é a essência do amor. A pessoa unida a ele também
é filha da luz: sabe discernir “o que é agradável ao Senhor” e produz “frutos
de bondade, justiça e verdade”. Quem se decide a seguir Jesus não só rompe com
as “obras infrutuosas das trevas”, como também exerce a função profética de
denúncia dessas obras. O que é mau e feito às ocultas deve ser trazido à luz, a
fim de que se torne manifesto ao público e seja corrigido para o bem de todos.
Quem segue Jesus jamais pode ser cúmplice da maldade, da corrupção, da mentira…
Jesus nos fez participantes da sua própria natureza divina.
Portanto, tal como viveu Jesus – a Luz de Deus no mundo –, também nós temos a
graça de viver de tal modo, que a luz divina brilhe no mundo por meio da
inteireza do ser e da retidão do agir.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
– Viver na luz de Deus é o tema central das leituras deste domingo. Pelo relato da
eleição de Davi, conforme o primeiro livro de Samuel, Deus chama as pessoas não
com base nas aparências. Ele não segue o padrão dominante da sociedade. A unção
de Davi aponta para o nosso batismo. Fomos ungidos: revestidos de Cristo. Fomos
eleitos por Deus, que concede a cada um de nós uma missão segundo os diferentes
dons. Deus quis contar com Davi para que assumisse a missão de servir ao povo
como um governante justo. É uma indicação muito importante para quem assume
cargos de responsabilidade social. Deus conta conosco para levar adiante o seu
plano de amor e justiça no mundo. Ele é a Luz que brilha nas trevas. A salvação
que ele oferece à humanidade depende da resposta que damos ao seu chamado.
– Jesus é a Luz do mundo. Caminhou neste mundo fazendo o bem, curando as pessoas e
dissipando as trevas. A cura do cego de nascença vai além do sentido físico. É
libertação das influências das ideologias dominantes. Somos cegos quando
entramos no jogo da ambição de poder e deixamos de servir humildemente o
próximo; quando nos consideramos superiores aos outros e quebramos a
fraternidade; quando acumulamos para nós mesmos o que Deus ofereceu para a vida
de todos… Jesus curou o cego misturando a sua saliva com a terra. A terra que
Deus nos deu é sagrada, manifesta a sua bondade, oferece recursos para uma vida
saudável. Podemos ampliar esse sentido, estabelecendo relações com o tema da
CF: “Fraternidade e tráfico humano”.
– Viver como filhos da luz. Deus nos concede a liberdade de escolha: caminhar na luz ou nas
trevas. São bem conhecidas as obras das trevas: corrupção, mentira, violência,
hedonismo e tudo o que prejudica o ser humano e a natureza. É tempo de revisão
de vida e de conversão: Deus nos oferece a oportunidade de sair das trevas para
a luz. O discípulo missionário de Jesus escolhe o caminho da verdade, da
justiça e da bondade; assume o risco de ser autêntico e se empenha na
construção de outro mundo possível.
Celso
Loraschi
Mestre
em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de
evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa
Catarina (Itesc).
E-mail:
loraschi@itesc.org.br
30 de março: 4º
Domingo da Quaresma
CRISTO, LUZ DA HUMANIDADE
Como a água, a luz tem um significado forte na liturgia. Luz é sinal de
vida, de alegria, ela dissipa as trevas da noite, é símbolo da própria presença
de Cristo. O relato do evangelho de hoje tem também forte conotação batismal: o
gesto de Jesus de fazer lama com a saliva e colocá-la nos olhos do cego lembra
a criação do homem do barro e a unção com o óleo, e o lavar-se na piscina
simboliza a água com a qual sebatiza. O relato não deve ser tomado como
“milagre”, mas é um “sinal” – como o próprio evangelista o define – que faz um
apelo à fé em Cristo e aponta para as exigências do reino de Deus.
Neste relato, temos dupla progressão: a do cego, que passa das trevas à
luz, e a das autoridades, que se deixam envolver cada vez mais pelas trevas. A
iluminação do cego é progressiva: para ele Jesus é um homem (v. 11), é um
profeta (v. 17), procede de Deus (v. 33) e é Senhor (v. 38). Em contrapartida,
a cegueira progressiva das autoridades, que resistem a compreender e não querem
ver: estão divididas, mostram-se cheias de certezas, recorrem ao insulto e, por
fim, à expulsão.
O texto descreve o caminho interior que toda pessoa pode trilhar até
encontrar-se com Jesus, luz do mundo, e – após ser iluminada por ele – se
comprometer com seu projeto. O caminho se iniciou com a cura física; depois,
aos poucos, o “cego curado” vai aderindo a Jesus.
Diz o ditado que “o pior cego é aquele que não quer ver”: este, nem um
milagre consegue transformar. Curar o cego foi relativamente fácil para Jesus;
o mais difícil é curar as autoridades que dizem ver bem, mas continuam
obstinadas na sua cegueira e hipocrisia. Difícil é mudar a visão daqueles que
têm solução para todos os problemas, que privilegiam o “código” em detrimento
da vida, que detêm o monopólio da verdade, que utilizam seu saber para
manipular e seu poder para desprezar sempre mais os grupos discriminados.
Pe. Nilo Luza, ssp
Pe. Nilo Luza, ssp
30 de março – 4°
Domingo da Quaresma
CRISTO, LUZ DA HUMANIDADE
Como a água, a luz tem um significado forte na liturgia. Luz é sinal de
vida, de alegria, ela dissipa as trevas da noite, é símbolo da própria presença
de Cristo. O relato do evangelho de hoje tem também forte conotação batismal: o
gesto de Jesus de fazer lama com a saliva e colocá-la nos olhos do cego lembra
a criação do homem do barro e a unção com o óleo, e o lavar-se na piscina
simboliza a água com a qual se batiza. O relato não deve ser tomado como
“milagre”, mas é um “sinal” – como o próprio evangelista o define – que faz um
apelo à fé em Cristo e aponta para as exigências do reino de Deus.
Neste relato, temos dupla progressão – em sentido oposto: a do cego, que
passa das trevas à luz; e a das autoridades, que se deixam envolver cada vez
mais pelas trevas. A iluminação do cego é progressiva: para ele, Jesus é um
homem (v.11), é um profeta (v.17), procede de Deus (v.33) e é Senhor (v.38). Em
contrapartida, a cegueira progressiva das autoridades, que resistem a
compreender e não querem ver: estão divididas, mostram-se cheias de certezas,
recorrem ao insulto e, por fim, à expulsão.
O texto descreve o caminho interior que toda pessoa pode trilhar até
encontrar-se com Jesus, luz do mundo, e – após ser iluminada por ele – se
comprometer com seu projeto. O caminho se iniciou com a cura física; depois,
aos poucos, o “cego curado” vai aderindo a Jesus.
Diz o ditado que “o pior cego é aquele que não quer ver” – este, nem um
milagre consegue transformar. Curar o cego foi relativamente fácil para Jesus;
o mais difícil é curar as autoridades que dizem ver bem, mas continuam
obstinadas na sua cegueira e hipocrisia. Difícil é mudar a visão daqueles que
têm solução para todos os problemas, que privilegiam o “código” em detrimento
da vida, que detêm o monopólio da verdade, que utilizam seu saber para
manipular e seu poder para desprezar sempre mais os grupos discriminados.
Pe. Nilo Luza, ssp
4º Domingo da
Quaresma - 30 de Março de 2014
“OUTRORA
ÉREIS TREVAS, MAS AGORA SOIS LUZ NO SENHOR. VIVEI COMO FILHO DA LUZ”.
Primeira Leitura:
1Sm 1b.6-7.10-13a;
Salmo 22 (23)
Segunda Leitura: Ef 5,8-14;
Evangelho: Jo 9,1-41.
Situando-nos brevemente
A época atual é cheia de contradições. Por um lado, oferece oportunidades de desenvolvimento pessoal e social, que as anteriores não tiveram sorte de encontrar. Por outro, estamos sofrendo aridez espiritual, desequilíbrios sociais, violência nas cidades, corrupção, guerras e fome endêmicas em algumas regiões do mundo, que obrigam milhões de pessoas a abandonarem os próprios países na esperança da busca de melhor condição de vida para si e para seus filhos. Ao longo desta autêntica ‘’travessia do deserto’’, muitas vezes as pessoas se tornam vítimas de traficantes cruéis que exploram a miséria delas até a perda da vida (Campanha da Fraternidade 2014).
‘’O pobre e o desamparado’’ – esta gritando repetidas vezes Papa Francisco – ‘’é a carne de Cristo!’’. O grito do amor rasga a cortina do silêncio culpado e tira o véu da cegueira voluntária. Indica o caminho da conversão para a Páscoa.
Os poderes fortes, políticos, econômicos, ideológicos conhecem bem estas tragédias, mas fazem conta de não ver, de não saber. Não querem ver que isso é fruto amargo e envenenado de um sistema político e econômico, que põe, ao centro, dinheiro e o lucro, em vez da pessoa humana.
Certas praças e ruas das grandes cidades do Brasil apresentam um rosto de humanidade desfigurada, parecido com o rosto sangrento de Lampedusa. Os poderes o ignoram. É melhor conduzir os olhos do povo para os sonhos reluzentes da Copa do Mundo...
Silenciosos e generosos discípulos e discípulas de Jesus, de dia e de noite, se aproximam a estes feridos da vida, como o bom samaritano ao homem assaltado pelos ladrões (cf. Lc 10,29-37), versam sobre suas pragas o óleo do consolo e oferecem um abrigo de esperança. E nas casas e nas ruas da vida cotidiana que Jesus estende suas mãos, com o cego de nascença. Cura a cegueira do egoísmo, faz enxergar o que o egoísmo procura esconder. A luz que vem de Jesus produz frutos de dignidade, de esperança e de alegria.
‘’Laetare, Jerusalém! – Alegra-te, Jerusalém!’’. Com o nome derivado da primeira palavra latina da antífona de entrada, este 4º domingo da Quaresma é denominado ‘’Domingo Laetare’’, dia de alegria e de luz que antecipa a grande alegria da Páscoa. ‘’Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com abundância de suas consolações!’’ (antífona de entrada – Is 66,10-1).
‘’Eis que a luz de cristo! Demos graças a Deus!’’ Eis o grito de alegria, com o qual a Igreja abre a grande Vigília da noite da Páscoa.
Recordando a Palavra
Irmãos, “outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Procedei como filhos da luz” (2ª leitura – Ef 5,8). O apóstolo destaca que, com o Batismo, não só gozamos da luz do Senhor para conduzir uma vida certa, mas também, em força desta relação vital para com ele, “somos luz” no Senhor, participamos do seu ser, da sua vida. Desta participação nasce a possibilidade e o chamado a viver como “filhos da luz”, isto é, a atuar e agir com o mesmo estilo.
Viver como filhos da luz significa viver segundo o Espírito filial e os critérios de avaliação da vida que correspondem à energia vital e à sabedoria do Espírito Santo. A situação da vida é, por sua natureza, sempre ambígua. Precisamos da luz para discernir entre o que vale de verdade e o que tem somente a aparência. “Discerni o que agrada ao Senhor e não tomeis parte nas obras estéreis das trevas, mais, pelo contrário, denunciai-as” (Ef 5,10-11).
O espírito da Quaresma nos convida a passar das aparências para a verdade profunda, em relação a nós mesmos e na relação com o Senhor, bem como com os irmãos. Esta passagem interior para a autenticidade é a Páscoa a viver cada dia mais, como diz a própria palavra “páscoa”.
O salmo responsorial (Sl 22), conhecido como o salmo do Bom Pastor, destaca como o caminho para a Páscoa feita é um longo caminho. Encontra desafios e riscos, mas o próprio Senhor cuida de nós, nos orienta, nos alimenta, nos sustenta em seus braços, nos momentos de cansaço e de perigo. “O Senhor é o meu pastor, nada me falta (...). Se eu tiver de andar por vale escuro, não temerei mal nenhum (...). Vou morar na casa do Senhor por muitíssimos anos” (Sl 22).
Nas homilias mistagógicas dos Padres da Igreja, bem como nas imagens que ornavam as paredes das igrejas antigas, a cena de Jesus que cura o cego de nascença (evangelho) ocupava lugar central.
No pano de fundo da narração, é fácil vislumbrar o caminho que na Igreja faz o catecúmeno, para chegar a celebrar, no Batismo, aquele encontro pessoal com Jesus, que muda seu coração e lhe dá uma luz interior que ilumina, de maneira radicalmente nova, a vida. É conveniente que, durante a Quaresma, a comunidade acompanhe com muita atenção, seguindo as etapas indicadas pelo Rito da Iniciação Cristã dos Adultos (RICA), os adultos que eventualmente se preparam para receber o Batismo na Vigília Pascal.
Esta atenção pastoral com os catecúmenos adultos pode ser facilmente valorizada para animar também as famílias das crianças que, na mesma noite, vão receber o Batismo.
No relato, encontramos dois processos interiores que vão em sentido contrário. O cego passa através de um caminho de iluminação interior que o conduz a penetrar sempre mais profundamente o mistério de Jesus e sua relação pessoal com ele. Ao contrário, as autoridades se envolvem numa progressiva cegueira. Não querem reconhecer a manifestação e Deus em Jesus. A aceitação ou a recusa de Jesus se torna critério autêntico para avaliar as obras de cada pessoa e sua real escolha entre a luz e as trevas.
O oposto dinamismo, que encontramos na relação do cego e das autoridades judaicas com Jesus, se tornam um critério permanente para avaliar a relação de cada um com Jesus. Na minha vida de cristão, Jesus ocupa verdadeiramente o centro e se torna critério para orientar minhas escolhas cotidianas? Ou me deixo determinado pelo costume e pela conveniência social, por critérios de aparência, orgulho, até mesmo de medo?
Atualizando a Palavra
Nas catequeses dos Padres da Igreja, o Batismo era indicado como “iluminação”. Aqueles que tinham recebido o Batismo eram chamados de “iluminados”. Ainda hoje um significativo rito complementar da celebração do Batismo põe em evidência sua dimensão iluminadora, que abre o caminho para seguir Jesus e partilhar seus critérios de julgamento, que não olham as aparências enganadoras, mas a verdade profunda das coisas e das pessoas. É o rito da vela batismal acesa no círio pascal e entregue ao batizado adulto ou aos pais e padrinhos da criança, com as palavras: “Recebe a luz de Cristo. Caminha sempre como filho da luz, para que, perseverando na fé, possas ir ao encontro do Senhor com todos os santos no reino celeste” (Rito da Iniciação dos Adultos (RICA). N. 265).
A luz/vida recebida no Batismo é uma potencialidade divina a desenvolver. É preciso deixar-se guiar pela luz interior do Espírito, procurando viver coerentemente segundo seus impulsos interiores. Ele conduz a um estilo de vida no qual se manifesta e resplandece a luz do próprio Cristo. Vivei como filhos da luz. O fruto da luz chama-se bondade, justiça, verdade. Discerni o que agrada ao Senhor. Não vos associeis às obras das trevas que não levam a nada; antes desmascarai-as (...) Desperta,tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá (cf. Ef 5,8-11;14).
Na linha da conformação progressiva a Cristo, realizada por sua luz transformadora, o caminho do discípulo, ao longo da vida, se torna um duro combate espiritual entre a luz de Cristo e as trevas do mundo que em nós habitam e nos circundam, e que tendem a nos ocupar novamente. É preciso fortalecer-se do poder de deus e revestir-se da armadura do Espírito e de todos os seus instrumentos (Ef 6,10-17).
Desde o início, a sorte do Verbo, que é a vida e a luz, é a de brilhar nas trevas, de encontrar oposição, mas as trevas não conseguem apreendê-lo, pois ele é a verdadeira luz que ilumina todo homem, ao vir ao mundo (cf. Jo 1,4-5;9).
Jesus falou ainda: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). A luz, porém, encontra sempre oposição.
A saída de Judas da sala, na última ceia de Jesus com os discípulos, marca o cume da prepotência das trevas: “Depois do bocado, Satanás entrou em Judas (...). Depois de receber o bocado Judas saiu imediatamente. Era noite” (Jo 13,27; 30). No entanto a entrega de Jesus aos seus inimigos, em plena liberdade, se torna a raiz da liberdade dos discípulos frente à violência das trevas, ao longo da história.
Jesus afirma que também os discípulos, na medida em que se deixam envolver em sua experiência de total dedicação ao Pai, se tornarão eles mesmos luz irradiante da luz de Cristo para o mundo: iluminados e iluminadores. “Vós sois a luz do mundo. Uma cidade construída sobre a montanha não fica escondida” (Mt 5,14).
Como Jesus, também os discípulos, exatamente por causa do contraste com o mundo, são destinados a enfrentar oposição e perseguição: “O servo não é maior que o seu Senhor. Se eles me perseguiram perseguirão a vós também. E se guardaram minha palavra, guardarão também a vossa” (Jo 15,20).
A crônica dos nossos dias, infelizmente, confirma esta palavra de Jesus. Quantos cristãos e cristãs estão pagando um preço muito alto pelo motivo de sua fidelidade a Cristo? Contudo as feridas deles se tornam luz que sustenta também nossa fé e nossa esperança.
Ligando a Palavra com a ação eucarística
O evento da páscoa de Jesus, com sua vitória sobre as trevas do pecado e da morte, constitui a origem e a meta do caminho do povo de Deus, que vai peregrinando na história, iluminado por Cristo. Sua celebração sacramental na noite da Páscoa constitui, por sua vez, a origem e a meta do caminho quaresmal que, a cada ano, se renova, para atingir, através do dinamismo do Espírito do ressuscitado, uma participação sempre mais profunda à vida de Cristo.
“Oh noite feliz, só tu soubeste a hora em que o Cristo da morte ressurgia; é por isso que de ti foi escrito: A noite será luz para o meu dia!” (Canto do Exultet – Proclamação da Páscoa).
A fé reconhece e proclama o evento da ressurreição de Jesus como o início de uma nova criação, que vive do reflexo da luz de cristo (cf. Gn 1,3).
A Eucaristia atualiza o evento pascal, em seu dinamismo transformador pelo Espírito derramado por Cristo e recebido na sua palavra e no seu corpo e sangue.
Iluminada por sua fé, a Igreja, depois da comunhão, experiência de encontro com Cristo luz, reza: “Ó Deus, luz de todo homem que vem a este mundo, iluminai nossos corações com o esplendor da vossa graça, para pensarmos sempre o que vos agrada e amar-vos de todo o coração.”
O encontro com Cristo, pela fé e pelo Batismo, na Eucaristia é aprofundado e atualizado, cada vez mais, e instaura um dinamismo de iluminação e transformação progressiva, que nos conduz a “pensarmos sempre o que vos agrada” (oração depois da comunhão), como acontece em toda autêntica relação entre as pessoas que se amam. O coração se torna sempre mais unificado no Senhor. O mandamento do Senhor – amarás ao Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito (cf. Mt 22,37) – não é mais um dever ou uma fadiga, mas verdadeira alegria, livre de todo medo e de toda conveniência religiosa, como convém a filhos e filhas.
O prefácio de hoje proclama o louvor ao Pai, estruturando as razões específicas de seu canto, a partir do evento do evangelho e de sua relação intrínseca com o Batismo. “Pelo mistério da encarnação, Jesus conduziu a luz da fé à humanidade que caminhava nas trevas. E elevou à dignidade de filhos e filhas escravos do pecado, fazendo-os renascer das águas do Batismo”.
Este texto é um exemplo muito significativo de como nossa oração deveria deixar-se inspirar pela Palavra proclamada na liturgia ou meditada pessoalmente. A escuta da Palavra na fé produz a resposta confiante dos filhos e das filhas. A liturgia é grande mestre de vida espiritual e de oração.
Salmo 22 (23)
Segunda Leitura: Ef 5,8-14;
Evangelho: Jo 9,1-41.
Situando-nos brevemente
A época atual é cheia de contradições. Por um lado, oferece oportunidades de desenvolvimento pessoal e social, que as anteriores não tiveram sorte de encontrar. Por outro, estamos sofrendo aridez espiritual, desequilíbrios sociais, violência nas cidades, corrupção, guerras e fome endêmicas em algumas regiões do mundo, que obrigam milhões de pessoas a abandonarem os próprios países na esperança da busca de melhor condição de vida para si e para seus filhos. Ao longo desta autêntica ‘’travessia do deserto’’, muitas vezes as pessoas se tornam vítimas de traficantes cruéis que exploram a miséria delas até a perda da vida (Campanha da Fraternidade 2014).
‘’O pobre e o desamparado’’ – esta gritando repetidas vezes Papa Francisco – ‘’é a carne de Cristo!’’. O grito do amor rasga a cortina do silêncio culpado e tira o véu da cegueira voluntária. Indica o caminho da conversão para a Páscoa.
Os poderes fortes, políticos, econômicos, ideológicos conhecem bem estas tragédias, mas fazem conta de não ver, de não saber. Não querem ver que isso é fruto amargo e envenenado de um sistema político e econômico, que põe, ao centro, dinheiro e o lucro, em vez da pessoa humana.
Certas praças e ruas das grandes cidades do Brasil apresentam um rosto de humanidade desfigurada, parecido com o rosto sangrento de Lampedusa. Os poderes o ignoram. É melhor conduzir os olhos do povo para os sonhos reluzentes da Copa do Mundo...
Silenciosos e generosos discípulos e discípulas de Jesus, de dia e de noite, se aproximam a estes feridos da vida, como o bom samaritano ao homem assaltado pelos ladrões (cf. Lc 10,29-37), versam sobre suas pragas o óleo do consolo e oferecem um abrigo de esperança. E nas casas e nas ruas da vida cotidiana que Jesus estende suas mãos, com o cego de nascença. Cura a cegueira do egoísmo, faz enxergar o que o egoísmo procura esconder. A luz que vem de Jesus produz frutos de dignidade, de esperança e de alegria.
‘’Laetare, Jerusalém! – Alegra-te, Jerusalém!’’. Com o nome derivado da primeira palavra latina da antífona de entrada, este 4º domingo da Quaresma é denominado ‘’Domingo Laetare’’, dia de alegria e de luz que antecipa a grande alegria da Páscoa. ‘’Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com abundância de suas consolações!’’ (antífona de entrada – Is 66,10-1).
‘’Eis que a luz de cristo! Demos graças a Deus!’’ Eis o grito de alegria, com o qual a Igreja abre a grande Vigília da noite da Páscoa.
Recordando a Palavra
Irmãos, “outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Procedei como filhos da luz” (2ª leitura – Ef 5,8). O apóstolo destaca que, com o Batismo, não só gozamos da luz do Senhor para conduzir uma vida certa, mas também, em força desta relação vital para com ele, “somos luz” no Senhor, participamos do seu ser, da sua vida. Desta participação nasce a possibilidade e o chamado a viver como “filhos da luz”, isto é, a atuar e agir com o mesmo estilo.
Viver como filhos da luz significa viver segundo o Espírito filial e os critérios de avaliação da vida que correspondem à energia vital e à sabedoria do Espírito Santo. A situação da vida é, por sua natureza, sempre ambígua. Precisamos da luz para discernir entre o que vale de verdade e o que tem somente a aparência. “Discerni o que agrada ao Senhor e não tomeis parte nas obras estéreis das trevas, mais, pelo contrário, denunciai-as” (Ef 5,10-11).
O espírito da Quaresma nos convida a passar das aparências para a verdade profunda, em relação a nós mesmos e na relação com o Senhor, bem como com os irmãos. Esta passagem interior para a autenticidade é a Páscoa a viver cada dia mais, como diz a própria palavra “páscoa”.
O salmo responsorial (Sl 22), conhecido como o salmo do Bom Pastor, destaca como o caminho para a Páscoa feita é um longo caminho. Encontra desafios e riscos, mas o próprio Senhor cuida de nós, nos orienta, nos alimenta, nos sustenta em seus braços, nos momentos de cansaço e de perigo. “O Senhor é o meu pastor, nada me falta (...). Se eu tiver de andar por vale escuro, não temerei mal nenhum (...). Vou morar na casa do Senhor por muitíssimos anos” (Sl 22).
Nas homilias mistagógicas dos Padres da Igreja, bem como nas imagens que ornavam as paredes das igrejas antigas, a cena de Jesus que cura o cego de nascença (evangelho) ocupava lugar central.
No pano de fundo da narração, é fácil vislumbrar o caminho que na Igreja faz o catecúmeno, para chegar a celebrar, no Batismo, aquele encontro pessoal com Jesus, que muda seu coração e lhe dá uma luz interior que ilumina, de maneira radicalmente nova, a vida. É conveniente que, durante a Quaresma, a comunidade acompanhe com muita atenção, seguindo as etapas indicadas pelo Rito da Iniciação Cristã dos Adultos (RICA), os adultos que eventualmente se preparam para receber o Batismo na Vigília Pascal.
Esta atenção pastoral com os catecúmenos adultos pode ser facilmente valorizada para animar também as famílias das crianças que, na mesma noite, vão receber o Batismo.
No relato, encontramos dois processos interiores que vão em sentido contrário. O cego passa através de um caminho de iluminação interior que o conduz a penetrar sempre mais profundamente o mistério de Jesus e sua relação pessoal com ele. Ao contrário, as autoridades se envolvem numa progressiva cegueira. Não querem reconhecer a manifestação e Deus em Jesus. A aceitação ou a recusa de Jesus se torna critério autêntico para avaliar as obras de cada pessoa e sua real escolha entre a luz e as trevas.
O oposto dinamismo, que encontramos na relação do cego e das autoridades judaicas com Jesus, se tornam um critério permanente para avaliar a relação de cada um com Jesus. Na minha vida de cristão, Jesus ocupa verdadeiramente o centro e se torna critério para orientar minhas escolhas cotidianas? Ou me deixo determinado pelo costume e pela conveniência social, por critérios de aparência, orgulho, até mesmo de medo?
Atualizando a Palavra
Nas catequeses dos Padres da Igreja, o Batismo era indicado como “iluminação”. Aqueles que tinham recebido o Batismo eram chamados de “iluminados”. Ainda hoje um significativo rito complementar da celebração do Batismo põe em evidência sua dimensão iluminadora, que abre o caminho para seguir Jesus e partilhar seus critérios de julgamento, que não olham as aparências enganadoras, mas a verdade profunda das coisas e das pessoas. É o rito da vela batismal acesa no círio pascal e entregue ao batizado adulto ou aos pais e padrinhos da criança, com as palavras: “Recebe a luz de Cristo. Caminha sempre como filho da luz, para que, perseverando na fé, possas ir ao encontro do Senhor com todos os santos no reino celeste” (Rito da Iniciação dos Adultos (RICA). N. 265).
A luz/vida recebida no Batismo é uma potencialidade divina a desenvolver. É preciso deixar-se guiar pela luz interior do Espírito, procurando viver coerentemente segundo seus impulsos interiores. Ele conduz a um estilo de vida no qual se manifesta e resplandece a luz do próprio Cristo. Vivei como filhos da luz. O fruto da luz chama-se bondade, justiça, verdade. Discerni o que agrada ao Senhor. Não vos associeis às obras das trevas que não levam a nada; antes desmascarai-as (...) Desperta,tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá (cf. Ef 5,8-11;14).
Na linha da conformação progressiva a Cristo, realizada por sua luz transformadora, o caminho do discípulo, ao longo da vida, se torna um duro combate espiritual entre a luz de Cristo e as trevas do mundo que em nós habitam e nos circundam, e que tendem a nos ocupar novamente. É preciso fortalecer-se do poder de deus e revestir-se da armadura do Espírito e de todos os seus instrumentos (Ef 6,10-17).
Desde o início, a sorte do Verbo, que é a vida e a luz, é a de brilhar nas trevas, de encontrar oposição, mas as trevas não conseguem apreendê-lo, pois ele é a verdadeira luz que ilumina todo homem, ao vir ao mundo (cf. Jo 1,4-5;9).
Jesus falou ainda: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). A luz, porém, encontra sempre oposição.
A saída de Judas da sala, na última ceia de Jesus com os discípulos, marca o cume da prepotência das trevas: “Depois do bocado, Satanás entrou em Judas (...). Depois de receber o bocado Judas saiu imediatamente. Era noite” (Jo 13,27; 30). No entanto a entrega de Jesus aos seus inimigos, em plena liberdade, se torna a raiz da liberdade dos discípulos frente à violência das trevas, ao longo da história.
Jesus afirma que também os discípulos, na medida em que se deixam envolver em sua experiência de total dedicação ao Pai, se tornarão eles mesmos luz irradiante da luz de Cristo para o mundo: iluminados e iluminadores. “Vós sois a luz do mundo. Uma cidade construída sobre a montanha não fica escondida” (Mt 5,14).
Como Jesus, também os discípulos, exatamente por causa do contraste com o mundo, são destinados a enfrentar oposição e perseguição: “O servo não é maior que o seu Senhor. Se eles me perseguiram perseguirão a vós também. E se guardaram minha palavra, guardarão também a vossa” (Jo 15,20).
A crônica dos nossos dias, infelizmente, confirma esta palavra de Jesus. Quantos cristãos e cristãs estão pagando um preço muito alto pelo motivo de sua fidelidade a Cristo? Contudo as feridas deles se tornam luz que sustenta também nossa fé e nossa esperança.
Ligando a Palavra com a ação eucarística
O evento da páscoa de Jesus, com sua vitória sobre as trevas do pecado e da morte, constitui a origem e a meta do caminho do povo de Deus, que vai peregrinando na história, iluminado por Cristo. Sua celebração sacramental na noite da Páscoa constitui, por sua vez, a origem e a meta do caminho quaresmal que, a cada ano, se renova, para atingir, através do dinamismo do Espírito do ressuscitado, uma participação sempre mais profunda à vida de Cristo.
“Oh noite feliz, só tu soubeste a hora em que o Cristo da morte ressurgia; é por isso que de ti foi escrito: A noite será luz para o meu dia!” (Canto do Exultet – Proclamação da Páscoa).
A fé reconhece e proclama o evento da ressurreição de Jesus como o início de uma nova criação, que vive do reflexo da luz de cristo (cf. Gn 1,3).
A Eucaristia atualiza o evento pascal, em seu dinamismo transformador pelo Espírito derramado por Cristo e recebido na sua palavra e no seu corpo e sangue.
Iluminada por sua fé, a Igreja, depois da comunhão, experiência de encontro com Cristo luz, reza: “Ó Deus, luz de todo homem que vem a este mundo, iluminai nossos corações com o esplendor da vossa graça, para pensarmos sempre o que vos agrada e amar-vos de todo o coração.”
O encontro com Cristo, pela fé e pelo Batismo, na Eucaristia é aprofundado e atualizado, cada vez mais, e instaura um dinamismo de iluminação e transformação progressiva, que nos conduz a “pensarmos sempre o que vos agrada” (oração depois da comunhão), como acontece em toda autêntica relação entre as pessoas que se amam. O coração se torna sempre mais unificado no Senhor. O mandamento do Senhor – amarás ao Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito (cf. Mt 22,37) – não é mais um dever ou uma fadiga, mas verdadeira alegria, livre de todo medo e de toda conveniência religiosa, como convém a filhos e filhas.
O prefácio de hoje proclama o louvor ao Pai, estruturando as razões específicas de seu canto, a partir do evento do evangelho e de sua relação intrínseca com o Batismo. “Pelo mistério da encarnação, Jesus conduziu a luz da fé à humanidade que caminhava nas trevas. E elevou à dignidade de filhos e filhas escravos do pecado, fazendo-os renascer das águas do Batismo”.
Este texto é um exemplo muito significativo de como nossa oração deveria deixar-se inspirar pela Palavra proclamada na liturgia ou meditada pessoalmente. A escuta da Palavra na fé produz a resposta confiante dos filhos e das filhas. A liturgia é grande mestre de vida espiritual e de oração.
Sugestões para a celebração
Ø Sobretudo no tempo da Quaresma – Páscoa, experimentamos a verdade profunda das afirmações do Papa Bento XVI sobre a importância do atual Lecionário das Missas: “A reforma desejada pelo Concílio Vaticano II mostrou os seus frutos, tornando mais ricos o acesso à Sagrada Escritura que é oferecida abundantemente, sobretudo nas leituras do domingo. A estrutura atual (...) favorece a compreensão da unidade do plano divino, através da correlação entre as leituras do Antigo e do Novo Testamento, centrada em cristo e no seu mistério pascal” (Exortação Apostólica Verbum Domini (2010), n.57). A partir dos textos de hoje, orientar os fiéis a esta leitura unitária da Sagrada Escritura, iluminada pela centralidade de cristo e capaz de iluminar o caminho pessoal de cada um, no momento presente de sua vida.
Ø Seguindo o “espírito de alegria”, que caracteriza de maneira especial este quarto domingo e seu nome (“Laetare – Alegra-te”), se procure oferecer aos fiéis que chegam para participar da celebração uma acolhida simples e cordial, como convém quando se é acolhido na casa do Pai).
Ø O uso de acender velas em várias circunstâncias da vida religiosa e familiar, em sinal de honra e de festa, é muito difundido no povo. Tendo como referência o evangelho de hoje e sua conexão com a Vigília Pascal, se procure evidenciar, com apropriada catequese, a conexão entre o acender as velas e a Páscoa e o Batismo, destacando a relação com Cristo, luz da vida, e a vocação dos cristãos a tornarem-se luz na sociedade, pelo próprio testemunho de fé.
Ø Durante a Quaresma,
se pode valorizar as etapas de aproximação ao Batismo, indicadas pelo Rito do
Batismo dos Adultos (RICA), como etapas de todo caminho espiritual a ser
renovado também pelos fiéis. De tal modo, a renovação das promessas do Batismo,
feita na noite de Páscoa, exprimirá o alcance de uma verdadeira meta.
Ø Sugerir aos fiéis que rezem, com confiança e perseverança, o Salmo 22, como oração muito apropriada nos momentos de provação. Tempo muito propício para este diálogo íntimo com o Senhor pode ser a oração da noite, na conclusão do dia, remetendo tudo, alegrias e sofrimentos, às mãos do Senhor, como crianças por ele amadas.
Ø Os cantos para as celebrações quaresmais podem ser encontrados no CD da Campanha da Fraternidade 2014: Hino da CF 2014 e Cantos para a Quaresma Ano A.
Fonte: Roteiros Homiléticos da Quaresma, Março e Abril– CNBB 2014 - Ano A
Ø Sugerir aos fiéis que rezem, com confiança e perseverança, o Salmo 22, como oração muito apropriada nos momentos de provação. Tempo muito propício para este diálogo íntimo com o Senhor pode ser a oração da noite, na conclusão do dia, remetendo tudo, alegrias e sofrimentos, às mãos do Senhor, como crianças por ele amadas.
Ø Os cantos para as celebrações quaresmais podem ser encontrados no CD da Campanha da Fraternidade 2014: Hino da CF 2014 e Cantos para a Quaresma Ano A.
Fonte: Roteiros Homiléticos da Quaresma, Março e Abril– CNBB 2014 - Ano A
DOMINGO, 30 DE MARÇO DE 2014
Homilia do 4º Domingo da Quaresma,
por Pe. Paulo Ricardo (Domingo Laetare)
Quem me segue não anda em trevas
Refletindo sobre o evangelho da cura do
cego de nascença, nos damos conta de que a humanidade é dividida em dois grupos
de pessoas: as que se abriram à luz de Cristo e começam a enxergar o mundo como
ele realmente é; e as que permanecem fechadas a esta luz e veem o mundo
distorcido pela cegueira do pecado.
*******
Meditação do Evangelho do cego de nascença, diretamente do local onde aconteceu: nas mediações da piscina de Siloé, em Jerusalém.
Liturgia de 30.03.2014 - 4º Domingo da Quaresma
Canal do Youtube:
Canal do Youtube:
HOMILIA
CREIO SENHOR Jo
9,1-41
Apesar de Jesus ter dado a vista ao cego de nascença, ainda continuou a ser para ele um desconhecido. Não o vira quando Ele lhe untou os olhos com o lodo; só o ouvia dizer: «vai, lava-te na piscina de Siloé». Depois quando do seu encontro com Jesus, realizado só após algum tempo, travou-se esta conversa: «Tu crês no Filho do Homem?...»; «Quem é Ele, Senhor, para que n'Ele creia?»...; «Tu já O viste; é Ele que fala contigo». Respondeu: «Creio Senhor».
Esta passagem do Evangelho tem a sua
particular motivação histórica na 4ª semana da Quaresma. Nos primeiros séculos
o período de 40 dias foi, na Igreja, o tempo de preparação especial intensiva
para o Batismo. Foi o tempo dedicado de modo especial ao catecumenato.
Realizava-se deste modo, durante ele, o processo de conversão que é necessário
considerar como o primeiro e mais fundamental: a conversão a Deus que nos dá a
nova vida em Cristo. Devemos, de fato, ser mergulhados na sua Morte para nos
tornarmos depois, no sacramento do Batismo, a nova criatura — participando, à
custa desta Morte, na Sua Ressurreição. Para nos tornarmos o sujeito vivo do
Mistério em que Deus renova, em cada um de nós, o homem velho criando-o de novo
por meio da graça, à imagem do Seu Filho Unigênito.
Olhemos com atenção para o
comportamento deste homem. Logo depois de receber a vista, torna-se objeto de
interrogações e investigações. Primeiro, são-lhe feitas perguntas pelos
conhecidos e vizinhos. Estes, em seguida, levam-no aos escribas e fariseus.
Aqui muda o caráter das perguntas. Estes não se limitam ao pasmo diante do
facto de um cego de nascença ter adquirido a vista. Nem ainda se limitam a
aceitar — como os vizinhos e os conhecidos tudo o que ele declara, quer dizer,
ter recebido a vista graças ao homem que se chama Jesus. Mais, procuram
enfraquecer nele a certeza e levá-lo a negar precisamente esta verdade. Mas não
podendo negar o fato, que é evidente — era incontestável que o cego de nascença
agora via — procuram negar as circunstâncias e o significado do acontecimento.
As circunstâncias: «Este homem não vem de Deus, pois não guarda o sábado»...
«Sabemos que esse homem é pecador». E o significado do fato, o que,
precisamente para eles, é o mais importante: «Tu que dizes daquele que te abriu
os olhos?». E ele respondeu: «Que é profeta».
A resposta perturba-os. Poderia ser
perigoso caso se difundisse entre o povo (é preciso que Jesus de Nazaré seja
considerado como pecador que transgride a lei do sábado). Os fariseus procuram
influir nele por meio dos pais. Em vão. Todos os esforços destinados a
desacreditar o Taumaturgo aos olhos do curado, acabam por gorar-se. Apertado
por tais perguntas, ele mantém grande prontidão de espírito. Faz um raciocínio
lógico e incontestável, e termina com as palavras: «Se Ele não fosse de Deus,
nada poderia fazer». Os fariseus só podem mostrar desprezo e raiva: «Tu
nasceste inteiramente em pecado e ensinas-nos a nós?». «E expulsaram-no».
Mas ele reconhecendo e acolhendo o
dom de Deus se sente seduzido e encharcado por ele se aposta e arrisca toda a
sua vida seguindo atrás de Jesus porque sabe que não se engana nem na vida nem
na morte. Jesus é o caminho certo para o Reino do Céu.
Fonte Homilia Padre Bantu Mendonça
Katchipwi Sayla
HOMILIA DIÁRIA
Cristo é a luz que ilumina
a nossa vida!
Se hoje eu e você reconhecemos
quão cegos andamos nesta vida, nos aproximemos de Jesus, aquele que é a Luz do
mundo, e peçamos que Ele abra os nossos olhos e nos permita ver aquilo que a
vida inteira não enxergamos.
”E cuspiu no chão, fez lama com
a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego” (João
9,6).
Este quarto domingo da
Quaresma nos dá a graça de refletirmos sobre a luz e a cegueira. Primeira
coisa, quem nasce cego ou torna-se cego, a grande dificuldade é não enxergar a
luz; ele pode tocar, pode apalpar e perceber as coisas, mas lhe falta a luz da
visão; a luz para enxergar o que acontece no dia a dia e assim por
diante.
Certamente
este não é o maior dos males e não é nenhum grande problema para a humanidade,
porque há muitos cegos que têm uma visão interior muito mais profunda euma
percepção das coisas, da vida e do mundo muito mais ampla do que nós que,
muitas vezes, com dois olhos enxergamos só o que queremos e o que não devemos e
não enxergamos o interior das coisas, da alma e a profundidade da vida.
Hoje,
quando Jesus cura esse cego, Ele veio mostrar a situação interior em que se
encontra a humanidade, na qual predomina uma verdadeira cegueira, na qual não
somos capazes de enxergar a Luz de Deus, a bondade de Deus e a verdade onde a
verdade se encontra. Não existe mal espiritual mais sério para um filho ou para
uma filha de Deus ser cego ou tornar-se cego espiritualmente falando. Porque,
quando a cegueira envolve o nosso ser, nós só conseguimos enxergar as coisas de
forma limitada ou, muitas vezes, só aquilo que queremos enxergar. E assim nós
não somos capazes de ver a mão de Deus, a ação de Deus agindo, também não somos
capazes de enxergar a profundidade das coisas; vemos as coisas de forma
superficial.
Quando
estamos envolvidos por essa cegueira, não somos capazes de enxergar uns aos
outros, a importância do outro em nossa vida, aquilo que o outro significa para
nós; enxergamos a vida a partir de nós e somos o centro do mundo.
Esse
tipo de cegueira é uma coisa terrível, porque quando nos tornamos cegos vamos
nos atropelando uns aos outros, passamos em cima das pessoas e não enxergamos
quem está do nosso lado, nem quem está à nossa frente. A cegueira nos leva a
nos machucarmos uns aos outros e não nos dá a possibilidade e a sensibilidade
de perceber o alcance daquilo que falamos ou fazemos para as outras pessoas.
Do
outro lado, nós contemplamos Jesus, que veio para iluminar a humanidade, veio
para abrir os olhos daqueles que estão cegos. Se hoje eu e você reconhecemos
quão cegos andamos nesta vida, nos aproximemos de Jesus, aquele que é a Luz do
mundo, e peçamos que Ele abra os nossos olhos e nos permita ver aquilo que a
vida inteira não enxergamos; nos permita ser mais sensíveis a tantas realidades
ao nosso lado e, acima de tudo, a enxergarmos onde está a Sua vontade e a Sua
mão que conduz este mundo.
Que
Deus abençoe você!
LEITURA ORANTE
Jo 9,1-41 - Luz que é Jesus

Preparo-me para a Leitura Orante, em
união com todas as pessoas
que se encontram na rede da web,
rezando ao Espírito
Espírito de verdade,
a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós
a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós
1.
Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Jo 9,1-41, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Jesus ia passando, quando viu um cego de nascença. Os seus discípulos lhe perguntaram: "Rabi, quem pecou para que ele nascesse cego, ele ou seus pais?" Jesus respondeu: "Nem ele, nem seus pais pecaram, mas é uma ocasião para que se manifestem nele as obras de Deus. É preciso que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia. Vem a noite, quando ninguém poderá trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo". Dito isso, cuspiu no chão, fez lama com a saliva e aplicou-a nos olhos do cego. Disse-lhe então: "Vai lavrar-te na piscina de Siloé"... O cego foi, lavou-se e voltou enxergando... Então levaram aos fariseus aquele que tinha sido cego. Ora, foi num dia de sábado que Jesus tinha feito lodo, e abrira os olhos do cego... Alguns dos fariseus disseram então: "Este homem não vem de Deus, pois não observa o sábado"; outros, no entanto, diziam: "Como pode um pecador fazer tais sinais?"... Os judeus não acreditaram que ele tivesse sido cego e que tivesse começado a ver, até que chamassem os pais dele. Perguntaram-lhes: "Este é o vosso filho que dizeis ter nascido cego? Como é que ele está enxergando agora? 0s seus pais responderam: "...Perguntai a ele; é maior de idade e pode falar sobre si mesmo". Seus pais disseram isso porque tinham medo dos judeus, pois estes já tinham combinado expulsar da sinagoga quem confessasse que Jesus era o Cristo... Os judeus, outra vez, chamaram o que tinha sido cego e disseram-lhe: "Dá glória a Deus. Nós sabemos que esse homem é um pecador". E1e respondeu: "Se é pecador, não sei. Só sei que eu era cego e agora vejo... Se esse homem não fosse de Deus, não conseguiria fazer nada". Eles responderam-lhe: "Tu nasceste todo no pecado e nos queres dar lição?". E o expulsaram. Jesus ficou sabendo que o tinham expulsado. Quando o encontrou, perguntou-lhe: Tu crês no Filho do homem?". Ele respondeu: "Quem é, Senhor, para que eu creia nele?". Jesus disse: "Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo". Ele exclamou: "Eu creio, Senhor!"... Então, Jesus disse: "Eu vim a este mundo para um julgamento, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se, tornem cegos". Alguns fariseus que estavam com ele ouviram isso e lhe disseram: "Porventura também nós somos cegos?" Jesus respondeu-lhes: "Se fôsseis cegos não teríeis culpa; mas como dizeis: 'Nós vemos', o vosso pecado permanece".
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Jo 9,1-41, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Jesus ia passando, quando viu um cego de nascença. Os seus discípulos lhe perguntaram: "Rabi, quem pecou para que ele nascesse cego, ele ou seus pais?" Jesus respondeu: "Nem ele, nem seus pais pecaram, mas é uma ocasião para que se manifestem nele as obras de Deus. É preciso que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia. Vem a noite, quando ninguém poderá trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo". Dito isso, cuspiu no chão, fez lama com a saliva e aplicou-a nos olhos do cego. Disse-lhe então: "Vai lavrar-te na piscina de Siloé"... O cego foi, lavou-se e voltou enxergando... Então levaram aos fariseus aquele que tinha sido cego. Ora, foi num dia de sábado que Jesus tinha feito lodo, e abrira os olhos do cego... Alguns dos fariseus disseram então: "Este homem não vem de Deus, pois não observa o sábado"; outros, no entanto, diziam: "Como pode um pecador fazer tais sinais?"... Os judeus não acreditaram que ele tivesse sido cego e que tivesse começado a ver, até que chamassem os pais dele. Perguntaram-lhes: "Este é o vosso filho que dizeis ter nascido cego? Como é que ele está enxergando agora? 0s seus pais responderam: "...Perguntai a ele; é maior de idade e pode falar sobre si mesmo". Seus pais disseram isso porque tinham medo dos judeus, pois estes já tinham combinado expulsar da sinagoga quem confessasse que Jesus era o Cristo... Os judeus, outra vez, chamaram o que tinha sido cego e disseram-lhe: "Dá glória a Deus. Nós sabemos que esse homem é um pecador". E1e respondeu: "Se é pecador, não sei. Só sei que eu era cego e agora vejo... Se esse homem não fosse de Deus, não conseguiria fazer nada". Eles responderam-lhe: "Tu nasceste todo no pecado e nos queres dar lição?". E o expulsaram. Jesus ficou sabendo que o tinham expulsado. Quando o encontrou, perguntou-lhe: Tu crês no Filho do homem?". Ele respondeu: "Quem é, Senhor, para que eu creia nele?". Jesus disse: "Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo". Ele exclamou: "Eu creio, Senhor!"... Então, Jesus disse: "Eu vim a este mundo para um julgamento, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se, tornem cegos". Alguns fariseus que estavam com ele ouviram isso e lhe disseram: "Porventura também nós somos cegos?" Jesus respondeu-lhes: "Se fôsseis cegos não teríeis culpa; mas como dizeis: 'Nós vemos', o vosso pecado permanece".
Jesus esclarece aos discípulos que doença não é sinônimo de pecado. E diz que isto aconteceu - a cegueira - para que se manfestassem nele as obras de Deus. Jesus curou o cego com o barro que fez com saliva e terra. O cego que agora passa a ver passa por inúmeros confrontos nos quais vai dando testemunho. Primeiro ele diz que Jesus é um homem, depois diz que é um profeta, depois, Senhor! O cego sabe como averiguar de onde vem Jesus. No diálogo pergunta "quem é o Senhor?" E Jesus responde de forma que o cego que agora vê, faz um profundo ato de fé: "Eu creio, Senhor!"
2.
Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Ainda hoje, há muitas pessoas que rejeitam a luz oferecida por Jesus Cristo.
Apegam-se a tantas cegueiras por orgulho e ou auto-suficiência, não
aceitam a proposta libertadora de Jesus. Os bispos, em Aparecida,
disseram:
"Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor, ao nos chamar e nos eleger, nos confiou. Com os olhos iluminados pela luz de Jesus Cristo ressuscitado podemos e queremos contemplar o mundo, a história, os nossos povos da América Latina e do Caribe e cada um de seus habitantes." (DAp 18)
"Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor, ao nos chamar e nos eleger, nos confiou. Com os olhos iluminados pela luz de Jesus Cristo ressuscitado podemos e queremos contemplar o mundo, a história, os nossos povos da América Latina e do Caribe e cada um de seus habitantes." (DAp 18)
3.Oração
(Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo:
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo:
Oração da Campanha
da Fraternidade de 2014
Ó Deus, sempre ouvis o clamor do
vosso povo
e vos compadeceis dos oprimidos e
escravizados.
Fazei que experimentem a libertação
da cruz
e a ressurreição de Jesus.
Nós vos pedimos pelos que sofrem
o flagelo do tráfico humano.
Convertei-nos pela força do vosso
Espírito,
e tornai-nos sensíveis às dores
destes nossos irmãos.
Comprometidos na superação deste mal,
vivamos como vossos filhos e filhas,
na liberdade e na paz.
Por Cristo nosso Senhor.
Amém!
4.Contemplação
(Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da
Palavra?
Meu novo olhar se direciona para a Luz que é Jesus.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
Meu novo olhar se direciona para a Luz que é Jesus.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde.
Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp

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