domingo, 29 de dezembro de 2013

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 29/12/2013

29 de Dezembro de 2013

ANO A


Mt 2,13-15.19-23

Comentário do Evangelho

A família de Nazaré

Já começamos a dizer antes que Jesus realiza um novo êxodo, que vai culminar, de modo definitivo, na sua Páscoa. Já dissemos que Jesus é apresentado como o novo Israel e o novo Moisés. Ele é também comparado a Jacó (cf. Gn 46,2-5), que desceu ao Egito, aí cresceu e, ao sair, saiu como se fosse um povo numeroso. José, como no anúncio do nascimento de Jesus, é o destinatário da mensagem do anjo. É apresentado como homem justo, pois realiza o que lhe é pedido da parte de Deus (cf. vv. 13.19).
Com a citação de Oseias no centro do relato: “Do Egito chamei o meu filho” (Os 11,1), na qual o profeta se referia à saída do Egito, o evangelista parece querer comunicar que Jesus percorre as etapas fundamentais da história do seu povo, e que, por isso, ele é plenamente membro do povo eleito.
Estamos celebrando a festa da Sagrada Família de Nazaré. O que a faz santa? É a presença do Filho de Deus que assumiu a nossa humanidade. A presença do Emanuel permitiu revelar Maria como a que recebeu o favor de Deus e José, como o homem justo. A sua presença aproxima a realidade celeste da nossa humanidade. Ademais, a santidade da família de Nazaré se exprime no engajamento em realizar a vontade de Deus. Por isso, o desejável é o que São Paulo exprime tão bem: “Revesti-vos do amor, que une a todos na perfeição”. O amor é a expressão máxima da vida cristã.
Carlos Alberto Contieri, sj
ORAÇÃO
Pai, que a fidelidade demonstrada pela Sagrada Família de Nazaré seja exemplo para as famílias cristãs, cuja fé é provada em meio a tribulações.

Vivendo a Palavra

Acompanhemos José com admirada gratidão: em silêncio, ele assume seu papel na História da Salvação. Na fuga para o Egito, no retorno a Canaã, no cuidado para evitar as ameaças da Judéia e na escolha da Galiléia como nova morada, José vai se mostrando protetor do Menino e preservando sua vida para a Missão Redentora.

Recadinho


Também a Sagrada Família teve que experimentar o drama do exílio e da imigração! Tenho contato com imigrantes? Sendo a resposta positiva, como os trato?
Há muito racismo no contexto social em que vivo? - Jesus, já em pouca idade, é incômodo aos poderosos! José, deixando de lado interesses pessoais, assume sua tarefa de protetor do Menino Jesus.
Não me importando com a idade, faço o que está a meu alcance em favor da paz? - Coloco a família acima de tudo?
Jesus, Maria e José nos indicam o melhor caminho para revitalizar nossas famílias. Vamos colocar a Sagrada Família no centro de nosso lar?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R

Comentário do Evangelho

UMA FAMÍLIA PROVADA

A Sagrada Família de Nazaré, apesar de sua relação privilegiada com Deus, em nada foi poupada dos infortúnios próprios dos seres humanos. Seria enganoso imaginá-la gozando de regalias inacessíveis a qualquer pessoa comum. Talvez, exatamente porque tão intimamente ligada a Deus, tenha sido posta à prova, de maneira tão dura.
Já os fatos inerentes ao nascimento de Jesus comportaram motivos de aflição. É fácil de imaginar quanta angústia acarretaram a concepção misteriosa de Maria, a obrigação de se deslocar para Belém, quando o tempo de dar à luz estava se aproximando, a falta de lugar adequado para o parto e as condições precárias em que o menino Jesus nasceu.
A fuga apressada para o Egito, para escapar da fúria homicida de Herodes, foi mais um sofrimento imposto à Sagrada Família. À perspectiva de morte somava-se a de ver-se obrigada a fugir para o estrangeiro, de maneira imprevista, como também, a de ter de voltar para Israel, a fim de não cair nas garras de Arquelau, sucessor de Herodes, devendo escolher, como lugar de moradia, a humilde e sem importância Nazaré.
A Sagrada Família jamais esteve isenta de tribulações. Mas nem por isso desviou-se do caminho da fé e obediência a Deus. Sua fidelidade foi continuamente posta à prova. E, na provação, foi se consolidando. Desta forma, tornou-se modelo de família cristã que, experimenta as dificuldades da vida, sem se desviar dos caminhos de Deus.
Oração
Pai, que a fidelidade demonstrada pela Sagrada Família de Nazaré seja exemplo para as famílias cristãs, cuja fé é provada em meio a tribulações.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

REFLEXÕES DE HOJE


29 de DEZEMBRO – DOMINGO

Liturgia comentada

Foge para o Egito! (Mt 2,13-15.19-23)
Jamais conseguiremos esgotar o realismo da encarnação do Verbo de Deus. Jesus Cristo experimentou todos os aspectos de nossa humanidade, exceto o pecado. Entre outras facetas do drama humano – fome e sede, hesitações e cansaços, calúnias e perseguições -, Jesus passou também pela experiência da migração forçada.
Para livrá-lo da fúria infanticida de Herodes, Maria e José precisaram migrar para o Egito. Na prática, deixar a segurança da terra natal e viver em terra estranha, com tudo o que o antigo Egito oferecia: cultura diferente, idioma estrangeiro, ambiente politeísta, culinária incomum e, acima de tudo, a impressão de estar à margem da sociedade local.
Ao recordar a situação da Sagrada Família em sua “fuga para o Egito”, o cristão deveria devotar aos migrantes uma atenção especial. Ao divulgar sua Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado (2014), o Papa Francisco refletia:
“Os migrantes e refugiados não são peões no tabuleiro de xadrez da humanidade. Trata-se de crianças, mulheres e homens que deixam ou são forçados a abandonar suas casas por vários motivos, que compartilham o mesmo desejo legítimo de conhecer, de ter, mas, acima de tudo, de ser mais. É impressionante o número de pessoas que migram de um continente para outro, bem como aqueles que se deslocam dentro de seus próprios países e áreas geográficas. Os fluxos migratórios contemporâneos são o maior movimento de pessoas, se não de povos, de todos os tempos.”
“No caminho, ao lado dos migrantes e refugiados – prossegue o Papa - a Igreja se esforça para compreender as causas que estão na origem das migrações, mas também se esforça no trabalho para superar os efeitos negativos e aumentar os impactos positivos nas comunidades de origem, de trânsito e de destino dos fluxos migratórios.”
Assim, entre outras tarefas das comunidades eclesiais, não pode ser descurada a Pastoral do Migrante, em especial nos grandes centros urbanos, onde se concentram os estrangeiros e as vítimas do êxodo rural. O ideal cristão de fraternidade e comunhão nos arranca do estreito círculo de nossa vida pessoal para nos impelir n direção de todas as minorias com as quais o próprio Jesus se identifica (cf. Mt 25,35-36).
Orai sem cessar: “O Senhor protege os estrangeiros.” (Sl 146,9)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br
29 de dezembro – SAGRADA FAMÍLIA, 
JESUS, MARIA E JO
FELIZ QUEM AMA O SENHOR E ANDA EM SEUS CAMINHOS!

I. INTRODUÇÃO GERAL

A liturgia de hoje põe em relevo o fato de que o Filho inseriu-se na humanidade, numa família, ele não é um mito. Ele fez o mesmo caminho de cada ser humano, pertenceu a um lar, a uma pátria e a uma cultura. Os percalços vividos pela família de Jesus não são muito diferentes dos que são experimentados por muitas pessoas ainda hoje. A família é a base dos valores, as atitudes de José e de Maria se tornam modelo de vida para os pais e mães hoje, animando-os a percorrer sua trajetória em atenção à vontade de Deus. Os demais textos são um desdobramento do quarto mandamento da Lei de Deus.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. Evangelho (Mt 2,13-15.19-23): Quem ama o Senhor lhe obedece

O evangelho de hoje narra a fuga de José, Maria e o menino Jesus para o Egito. Revela-nos a importância da obediência e da colaboração humana para que se realizem os desígnios de Deus para a salvação humana. Em Jesus, a figura do povo de Israel é recapitulada e levada à plenitude. O que acontece a ele refere-se ao seu povo.
O Egito, em muitos textos bíblicos, é visto de forma negativa por remeter às nações que oprimiram Israel. No entanto, durante séculos o Egito havia sido um lugar de refúgio para os judeus que fugiam de risco de morte (cf. 1Rs 11,40; Jr 43,7). Daí se entende o porquê da fuga da sagrada família para lá.
Existe uma relação notável entre a ida e a saída do Egito da parte de Israel e da parte de Jesus. Quando Mateus cita de Oseias 11,1 a frase “Do Egito chamei o meu filho”, o faz indicando a nação de Israel que era conhecida como “filho de Deus” (cf. Ex 4,22; Jr 31,9). O texto refere-se a Israel, agora representado por Jesus que repete o êxodo. A vida de Jesus é a vida do povo, portanto Jesus realiza a vocação de Israel ao repetir-lhes os passos: Israel desceu ao Egito para evitar a ameaça da fome, e Jesus foi levado por seus pais para evitar a ameaça de Herodes. O Egito foi refúgio provisório para Israel e o foi também para Jesus; Moisés fugiu do Egito para escapar da ira do faraó e regressou só quando morreu esse faraó que o conhecia (Ex 4,19). Jesus fugiu da Palestina e regressou depois da morte do rei que tinha ameaçado sua vida.
Em ambos os casos, Deus deu ordens para sair do Egito e para voltar à terra prometida. Israel desceu ao Egito quando era uma nação muito jovem, e Jesus desceu quando era um menino. Deus escolheu Moisés para libertar Israel da escravidão do Egito e assim salvar o povo, levando-o à terra prometida. Da mesma forma, aconteceu com Jesus, Deus o chamou do Egito para salvar os homens de seus pecados e conduzi-los ao reino de Deus.
Em todos esses passos, Deus guiou Israel e a família de Jesus pelos caminhos que o próprio Deus escolheu. Tanto os hebreus, no tempo de Moisés, quanto a família de Jesus permitiram que Deus os conduzisse pelo caminho. É um testemunho concreto de que a salvação se torna eficaz na medida de quem colabora com a ação de Deus mediante a obediência aos seus desígnios.

2. I Leitura (Eclo 3,3-7.14-17a): Quem ama o Senhor honra pai e mãe

A fidelidade para com o Deus da aliança exige o amor ao próximo. Isso implica numerosas exigências éticas. Entre elas, o livro do Eclesiástico dá referência ao amor que deve ser dispensado ao pai e à mãe.
O texto que foi proclamado hoje é um comentário ao mandamento de Ex 20,12. Não há desculpa alguma para o não cumprimento dessa norma. Na época em que o livro do Eclesiástico foi escrito, as motivações para se seguir uma norma se davam através de um elenco de recompensas e de castigos decorrentes do cumprimento ou não do mandamento. Por isso, o texto exorta que Deus não atenderá as orações de quem não cuidar dos próprios pais. Da mesma forma, enumera as vantagens para aqueles que dão especial atenção ao pai e à mãe.
A recompensa para quem honrasse pai e mãe seria uma vida longa e próspera, porque naquela época as pessoas ainda não tinham clareza sobre a ressurreição dos mortos, portanto, a longevidade e a prosperidade eram o que de melhor poderia acontecer com uma pessoa.
Para o cristão, esse elenco de bênçãos e castigos não é necessário. Cristo nos deu o exemplo quando decidiu nascer numa família, e nós nos sentimos motivados pela ação do Espírito Santo a configurar nossa vida à vida de Cristo.

3. II Leitura (Cl 3,12-21): O amor é o vínculo da perfeição

O texto da segunda leitura faz uma descrição da vida na comunidade cristã dos primórdios.
O emprego dos termos “eleito, santo, amado”, que antigamente se referiam a Israel, sublinha o fato de que os cristãos estavam conscientes de formar uma nova comunidade como povo de Deus, e isso devia se refletir em suas mútuas relações.
Segue-se uma lista de virtudes que destacam a transformação interna necessária para se adquirir um novo comportamento, uma vida nova configurada à de Cristo, com humildade, mansidão, paciência etc.
A expressão “uns aos outros”, repetida duas vezes (v. 13.16), sublinha que as responsabilidades são mútuas. A obediência ao Senhor será demonstrada através do modo como as responsabilidades comunitárias e familiares são assumidas por todos como testemunho para o mundo. O elenco das regras familiares acentua muito mais as responsabilidades que os direitos de cada um. Isso é um testemunho para nossa época, na qual as pessoas geralmente colocam a exigência dos direitos em primeiro lugar, seja no ambiente eclesial ou familiar.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

O presidente da celebração deverá destacar alguns problemas da família na atualidade sem, contudo, cair no sermão moralista e ofensivo. Não se trata de mencionar assuntos polêmicos, mas de orientar as famílias nas luzes do Espírito Santo. Destacar que Jesus está empenhado em resgatar o valor da família, pois ele mesmo quis pertencer a uma.

Aíla Luzia Pinheiro Andrade
Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje - BH), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos. Atualmente, leciona na Faculdade Católica de Fortaleza. É autora do livro Eis que faço novas todas as coisas – teologia apocalíptica (Paulinas).
E-mail: aylanj@gmail.com.
29 de dezembro – Sagrada Família
A FAMÍLIA DE NAZARÉ E AS FAMÍLIAS DE HOJE

A fuga da família de Jesus para o Egito, relatada no evangelho deste domingo, retrata a situação de muitas famílias da atualidade, vítimas de um sistema que oprime e mata.
Vemos que o evangelho escolhido pela liturgia para a festa da Sagrada Família, em vez de apresentar momentos felizes da infância do Senhor, nos fala de circunstâncias conflituosas e difíceis da vida de Jesus, José e Maria. Entre elas, o fato de que tiveram de fugir, à noite, para uma terra desconhecida, a fim de livrar Jesus da morte.
Pensemos nisto: será que o evangelho não estaria querendo mostrar que a família é uma das realidades que carregam vários tipos de tensões, paradoxos e contradições dentro de si? E mais: frente a isso, onde nossas famílias depositam suas esperanças?
É interessante exercício pensar nas famílias sob os aspectos cultural, existencial e estatístico. Por exemplo, não raro deparamos com escritos nos quais a família é conceituada com palavras bonitas e coloridas, próprias para serem lidas nas comemorações do dia dos pais e das mães. Como resultado, alimenta-se o imaginário coletivo com a ideia de que a condição da família é marcada tão somente pela harmonia e pelo benquerer mútuo. Por outro lado, se tomamos conhecimento dos dados da realidade, acabamos descobrindo que há muitas situações de conflito – e em alguns casos até de violência — desencadeadas no âmbito familiar.
A liturgia de hoje nos apresenta o exemplo de Maria, José e Jesus, que viveram grandes tribulações. Ou seja, conflitos e perigos não pouparam a família de Jesus, já desde o seu nascimento. De fato, como nos relata o evangelho, Jesus nasceu no contexto de uma viagem, em meio ao desconforto, à pobreza e à indiferença de muitos que foram chamados a ser solidários, mas não o foram. Logo depois, ele com sua família foram forçados a fugir; mais tarde, Jesus, já jovem, perdeu-se dos pais.
A sagrada família, portanto, viveu os mesmos dramas das famílias contemporâneas. Famílias que caminham em meio às mais diversas dificuldades, sofrimentos e desânimo. A festa de hoje leva-nos a perguntar: como estamos enfrentando essas dificuldades? Onde estamos depositando nossas esperanças? A família de Nazaré depositou a sua esperança nas mãos de Deus, que jamais a decepcionou. E quanto às nossas famílias?
Jorge Alves Luiz, ssp



HOMILIA
A FUGA PARA O EGITO Mt 2,13-15.19-23

É característico de Mateus elaborar suas narrativas teológicas como sendo atualizações de antigas narrativas do Primeiro Testamento. Neste texto, sobre a ameaça de Herodes ao menino e a fuga de José, com o menino e a mãe, para o Egito, pode-se ver uma alusão à história de José do Egito. José, o sonhador, um dos doze filhos de Jacó (Ex 37,5-11.19), ameaçado de morte pelos irmãos, encontra refúgio no Egito. Depois, os descendentes de Jacó no Egito são conduzidos de volta para Canaã (Palestina) por Moisés. Na narrativa de Mateus, José, como José do Egito, também tem sonhos reveladores. Advertido em sonho por um anjo, diante da ameaça de morte para o menino Jesus, José também busca refúgio no Egito. Mateus, então, afirma o cumprimento da escritura na volta de José, do menino e da mãe: “Do Egito chamei meu filho” (Os 11,1). De volta à Judéia, José é novamente advertido em sonho sobre o cruel Arquelau, indo buscar refúgio no norte da Palestina, na Galiléia, em Nazaré. Jesus, um novo Moisés na visão de Mateus, ficou conhecido como “o nazareno”. Na família e nas comunidades de discípulos, apesar de todas as tribulações, deve vigorar sempre a harmonia, na estima, no respeito e na gratidão mútuos. Jesus testemunhou um amor vivido na família aberto e transbordante para com todos os demais carentes da sociedade e do mundo.
Aqui Mateus mostra como a revelação do nascimento de Jesus foi recusada por Herodes, que tinha de seu lado “toda a cidade de Jerusalém”, e como fracassou a trama que pretendia entravar o projeto divino.
O Egito sempre representou, para os judeus residentes na Terra Santa, o mais prático lugar de refúgio. Isso valia também no tempo de Herodes Magno, quando os romanos dominavam o Egito.
Encontramos no texto, um profeta não nomeado. Fazendo uma releitura descobrimos que se trata de Oseias (Os 11,1). O profeta fala do povo de Israel, que Deus tirou da escravidão do Egito, tratando-o como filho, enquanto este se tornou indigno desse amor. É assim acenado um tema que será bem desenvolvido no resto do evangelho de Mateus, isto é, que em Jesus se realizou plenamente tudo o que Deus havia pedido em vão ao seu povo.
Nos vv. 19-20, falando no plural “os que buscavam tirar a vida ao menino”, talvez o evangelista queira aludir a toda Jerusalém que era solidária com Herodes e, sobretudo, aos muitos futuros inimigos de Jesus que depois quiseram a sua morte. Arquelau foi mal-visto pelos seus súditos, por causa de sua crueldade, a tal ponto que os romanos o depuseram no ano 6 d. C. Portanto, é historicamente certo o julgamento de Mateus, que considera a Galileia como uma região politicamente mais tranquila do que a Judeia.
No v. 23, a frase, aqui genericamente atribuída aos profetas, não aparece em nenhum lugar do antigo testamento. É claro, porém, que o evangelista pretende retrucar a quem defendia que o Messias não poderia vir de Nazaré, nem da Galileia (cf. Jo 1,46; 7,41.52). Entretanto, juntamente com esse significado, para o evangelista, o termo “Nazareno” devia ter um outro: provavelmente aludia ao termo hebraico, que significa “broto”. Haveria assim uma alusão ao oráculo messiânico de Is 11,1. Este fato, de que Jesus realiza o Êxodo definitivo, é sublinhado pelo uso do texto de Oséias, 11, 1. Na profecia original, o “Filho” era o próprio povo de Israel. Aqui Mateus a aplica a Jesus como indivíduo, pois Ele representa o início da restauração de todo Israel. A fuga e a volta constituem o Novo Êxodo, com um novo e maior Moisés – Jesus.
No que se refere à família moderna, podemos ver como a família de Nazaré pôs-se no seguimento da vontade de Deus. Sendo pessoas “justas”, José e Maria não hesitam, mas colocam as suas vidas a serviço da vontade divina, de realizar a salvação de Jesus. Era uma família tipicamente judaica - com a sua fé alimentada pela espiritualidade dos “anawim”, ou dos “pobres de Javé”, tão bem expressada pelos profetas Segundo-Isaías, Sofonias e Segundo-Zacarias, entre outros. Foi no seio desta família, com esta espiritualidade, que Jesus descobriu a sua identidade, a sua fé e a sua missão.
Que a celebração desta festa anime a todas as famílias cristãs, num mundo onde a vida familiar é desprezada e até atacada, a fortalecer a sua vivência da fé, criando laços de amor e doação, baseando-se nos valores evangélicos de solidariedade, justiça e partilha. No nosso mundo da idolatria do consumo, do “ter”, e do ‘poder”, a nossa vivência familiar é instrumento valioso na realização permanente do processo do Êxodo em nossa vida, hoje. Que Deus abençoe as nossas família. Jesus Maria e José, nossa família vossa é!
Pai, que a fidelidade demonstrada pela Sagrada Família de Nazaré seja exemplo para as famílias cristãs, cuja fé é provada em meio a tribulações.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

A Voz do Pastor

Sagrada Família: Jesus, Maria, José

Domingo 29/12/13

Canal do Youtube: arqrio



Liturgia de 29.12.2013

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA

Canal do Youtube: Dermeval Neves



HOMÍLIA DIÁRIA
A família tem um grande valor para Deus
A sua família é a coisa mais sagrada para Deus, e toda família tem um sentindo único para o Senhor.
”Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe” (Eclo 3, 3).
Nós celebramos, hoje, a Sagrada Família, Jesus, Maria e José. Deus no Seu plano maravilhoso de amor, quis que o Seu filho único, viesse nascer no seio de uma família. Quis o Pai, que o seu Filho no meio de nós tivesse um pai e uma mãe; quis que este mesmo menino crescesse, junto a uma família e formasse o sentido ”Sagrado” da família. É por isso, que hoje, chamamos a festa da Sagrada Família, na confirmação da graça maior, de que toda família é sagrada.
A sua família é a coisa mais sagrada para Deus, e toda família tem um sentindo único para o Senhor. Deus veio no meio de nós, primeiro para resgatar, salvar e dar sentido ao ser família. Ainda que nós, contemplemos as diversas dificuldades que hoje se encontra, para uma família permanecer junta, estável, unida. Porque, são tantas as ameaças que as famílias sofrem. A ameaça do divórcio, da separação, dos desentendimentos; ameaça da traição, ameaça dos filhos que se rebelam contra os pais. São tantos pecados, e tantas coisas que impedem nossas famílias de permanecerem juntas; a família não perde diante de Deus o seu sentido.
Não importa, agora o ponto em que se encontra a sua família. Se ela já sofreu, se ela já teve altos e baixos. No ponto em que você se encontra, lute pela sua família, ore pela sua família, honre a sua família, e peça para Deus, o mesmo Jesus que habitou no meio de uma família, que Ele também habite na sua casa e na sua família.
Primeira coisa: filhos amem, respeitem e cuidem dos pais! Nada justifica os filhos serem grossos, mal educados, responderem, desrespeitarem e desonrarem os seus pais. A benção vai permanecer, para sempre na sua vida, na medida em que você saiba respeitar, honrar e compreender os defeitos do seu pai ou da sua mãe. Mas que os pais saibam ter paciência, também com seus filhos, não sejam egoístas, não tratem seus filhos da mesma forma que foram tratados. No sentido, de que um dia você foi educado com muita dureza, você foi maltratado, não significa que você precisa fazer o mesmo, também com seus filhos!
A base de uma família, é o amor de um pai e de uma mãe. Como o marido precisa se desprender para amar sua esposa, e vice-versa. Estou, hoje, pedindo a Deus, a começar de marido e mulher, de onde brota e nasce toda família; que muitas famílias sejam resgatadas, sejam ali cessadas no amor divino, que as tempestades que batem na porta, das casas de muitas famílias passe. E as famílias permaneçam firmes, de pé, lutando para dar um sentido sagrado ao ”ser família”.
Que Deus, hoje, abençoe sua casa, que Ele abençoe o seu lar. Que cada vez mais, você compreenda que a sua família, é uma Sagrada Família.
Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.Facebook Twitter
LEITURA ORANTE

Mt 2,13-15.19-23 - A Sagrada Família foge para o Egito





Preparo-me para a Leitura Orante, rezando com todos que se encontram na rede da internet:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser.
Eu vos adoro, amo e agradeço.

1. Leitura (
Verdade)
O que diz o texto do dia? Leio atentamente o texto na Bíblia: Mt 2,13-15.19-23
Depois que os visitantes foram embora, um anjo do Senhor apareceu num sonho a José e disse: 
- Levante-se, pegue a criança e a sua mãe e fuja para o Egito. Fiquem lá até eu avisar, pois Herodes está procurando a criança para matá-la.
 
Então José se levantou no meio da noite, pegou a criança e a sua mãe e fugiu para o Egito. E eles ficaram lá até a morte de Herodes. Isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta: "Eu chamei o meu filho, que estava na terra do Egito."
 
Depois que Herodes morreu, um anjo do Senhor apareceu num sonho a José, no Egito, e disse:
 
- Levante-se, pegue a criança e a sua mãe e volte para a terra de Israel, pois as pessoas que queriam matar o menino já morreram.
 
Então José se levantou, pegou a criança e a sua mãe e voltou para a terra de Israel. Mas, quando ficou sabendo que Arquelau, filho do rei Herodes, estava governando a Judéia no lugar do seu pai, teve medo de ir morar lá. Depois de receber num sonho mais instruções, José foi para a região da Galiléia e ficou morando numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que os profetas tinham dito: "O Messias será chamado de Nazareno."

José foi avisado em sonho por um anjo que devia fugir para o Egito, porque Herodes queria matar o Menino. O Evangelho diz que, muito dócil à vontade de Deus, “se levantou no meio da noite, pegou a criança e a sua mãe e fugiu para o Egito. E eles ficaram lá até a morte de Herodes”. Assim, a primeira terra de missão de Jesus foi o Egito, no grande continente da África. Lá permaneceram também como migrantes, exilados, sem parentes, sem casa, sem trabalho, sem nome. Ficaram no Egito até a morte de Herodes (que aconteceu nos primeiros três anos da vida de Jesus). O cruel e ambicioso Herodes mandou matar todos os meninos de Belém de dois anos para baixo, querendo matar entre os inocentes o Menino Jesus. Não permitia que alguém pudesse concorrer com ele, ainda que fosse uma criança.

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Os bispos, em Aparecida, disseram: "A misericórdia sempre será necessária, mas não deve contribuir para criar círculos viciosos que sejam funcionais a um sistema econômico iníquo. Requer-se que as obras de misericórdia estejam acompanhadas pela busca de uma verdadeira justiça social, que vá elevando o nível de vida dos cidadãos, promovendo-os como sujeitos de seu próprio desenvolvimento. Em sua Encíclica Deus Caritas est, o Papa Bento XVI tratou com clareza inspiradora a complexa relação entre justiça e caridade. Ali, disse-nos que “a ordem justa da sociedade e do Estado é uma tarefa principal da política” e não da Igreja. Mas a Igreja “não pode nem deve colocar-se à margem na luta pela justiça”215. Ela colabora purificando a razão de todos aqueles elementos que ofuscam e impedem a realização de uma libertação integral. Também é tarefa da Igreja ajudar com a pregação, a catequese, a denúncia e o testemunho do amor e da justiça, para que despertem na sociedade as forças espirituais necessárias e se desenvolvam os valores sociais. Só assim as estruturas serão realmente mais justas, poderão ser mais eficazes e sustentar-se no tempo. Sem valores não há futuro e não haverá estruturas salvadoras, visto que nelas sempre subjaz a fragilidade humana." (DAp 385).

O texto da fuga para o Egito me diz que é preciso estar sempre atento para discernir qual é a vontade de Deus. Se preciso, abandonar um caminho e assumir outro menos atraente, porém mais coerente com a vida. Às vezes é preciso viver no anonimato, no silêncio, para cumprir a vontade de Deus.

3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
 
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo:
Espírito vivificador,
a ti consagro o meu coração:
 
aumenta em mim o amor a Jesus, Vida da minha vida.
 
Faze-me sentir filho amado do Pai. Amém.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós
.

4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Como vou vivê-lo na missão?
Meu novo olhar é de atenção ao que Deus quer me revelar para fugir do mal e ir em direção ao bem.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
 
-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e
Filho e Espírito Santo. Amém.

Ir.Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, que o exemplo de José penetre no fundo do nosso coração, para que, como ele, nós sigamos as intuições interiores com fé. E que mantenhamos silêncio, agradecidos pela tua Presença misericordiosa em nós, assistindo-nos pelas estradas da vida. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.

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