ANO C

Mt 13,24-30
Comentário do
Evangelho
A “boa semente” designa a existência humana, que é dom de Deus.
A parábola do joio e do trigo é própria a Mateus,
e se presta a uma releitura de Gênesis 1–3.
A pergunta à
qual a parábola responde é pela origem do mal: “Donde veio então o joio?” (v.
27). O campo é onde Deus semeia a “boa semente” (v. 24).
Quem semeia, como dissemos acima, espera colher
os frutos de seu trabalho.
O Reino dos Céus pode ser comparado a uma
história, no sentido de que ele é apresentado como sendo um empreendimento de
Deus.
Podemos considerar que a “boa semente” que cresce
e dá frutos designa a existência humana, que é dom de Deus. O trigo que germina
e cresce no meio do joio perece vulnerável como a nossa existência, mas, aos
olhos de Deus, nossa existência, no campo contaminado pela erva má, é portadora
do projeto de Deus; por isso, é necessário esperar o tempo oportuno para
identificar e arrancar o joio.
A parábola não nos convida a nenhum ativismo. Ela
previne os servidores do Mestre contra uma atitude intempestiva que poderia
arruinar toda iniciativa de Deus (cf. vv. 28b-30). Mas de onde veio o mal? Na
linguagem bíblica, o mal é inimigo, adversário. Este inimigo permanece anônimo,
não tem nome próprio, mas nome comum. Ele interveio de noite, quando todos
dormiam (cf. v. 25); ele é desconhecido. Não é alguém que se pudesse nomear.
Esse anonimato do inimigo é muito importante: nós não podemos, simplesmente,
atribuir a outros, ou identificar, personalizar esse poder, isto é, imaginá-lo
fora de nós. Mas o dono do campo não renuncia à colheita, ele espera (v. 30).
O que na parábola se chama joio nos remete, em
nossos dias, a outras manifestações de uma hostilidade sem causa e sem medida
contra a ação de Deus.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, enche de misericórdia o meu coração para que,
como Jesus, eu me solidarize com os pecadores, e procure atraí-los para ti.
Fonte: Paulinas em 27/07/2013
Vivendo a Palavra
A lição delicada que nós devemos perceber neste
Evangelho é a de que não devemos condenar apressadamente ninguém neste mundo –
ainda que o consideremos como joio no meio do trigo. Sigamos amando a todos os
irmãos, sem fazermos discriminações, e deixando o julgamento para a
misericórdia do Pai do Céu.
Fonte: Paulinas em 27/07/2013
Reflexão
A contradição faz parte da vida de todos nós
porque, se por um lado temos a presença da graça em nossas vidas e o chamado à
santidade, por outro conhecemos a realidade do pecado como conseqüência da
tendência para o mal, que é a concupiscência, que ficou na natureza humana como
uma marca deixada pelo pecado original. Isso significa que a parábola do trigo
e do joio nos mostra não apenas a realidade do mundo em que vivemos e as suas
contradições, mas também a nossa própria vida, na qual sempre vemos o bem que
queremos e algumas vezes praticamos o mal que não queremos. Isso não significa
que é legítimo ceder ao joio que marca a nossa vida, mas que devemos estar
sempre atentos a ele para não cairmos em tentação.
Fonte: CNBB em 27/07/2013
Reflexão
Pelo
mundo afora já se cometeram erros clamorosos condenando pessoas inocentes a
morrer na forca ou em cadeira elétrica. O ser humano tem a tendência de querer
eliminar quem incomoda, como se o outro fosse sempre o culpado. Contra o perigo
de se cometerem injustiças, Jesus nos adverte com a parábola do joio e do
trigo. No meio dos bons, crescem os maus; a justiça vive ao lado da injustiça;
o homem de fé continua servindo a Deus em meio aos que se dizem ateus. Ora,
Deus tem plano de salvação para todos os seus filhos e filhas, bons e maus. Ele
quer que todos sejam santos. A todos dá o tempo de vida e espera a conversão
dos maus. Deus é o único juiz confiável. Nosso papel de cristãos não é destruir
as pessoas que estão no mau caminho, mas reconduzi-las aos caminhos de Deus.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
Preocupo-me com aqueles que propagam coisas
erradas? - Mas eu pessoalmente propago o bem? Como? - Eu também posso semear o
mal. Estou atento a que isso não ocorra? - Como são minhas palavras, meus
pensamentos, minhas ações?- Vivemos entre o joio e o trigo! Sejamos “trigo!”
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário em 27/07/2013
Meditando o evangelho
AS DUAS SEMENTES
Os discípulos do Reino, enviados em missão, não podem se iludir,
pensando que são os únicos a semear a Palavra de Deus no coração das pessoas.
Esta encontra sérios concorrentes, com os quais eles não podem compactuar, pois
suas propostas não se encaixam. Não existe acordo possível!
A boa e a má semente são semeadas num mesmo terreno. Ao brotarem e crescerem,
aparentemente se assemelham. É preciso ter paciência e suportar a convivência
de ambas. Virá o tempo em que a diferença entre elas será patente. Então, a
separação poderá ser feita.
A revelação deste aspecto do Reino tinha aplicação prática para os
discípulos do Reino. Havia, entre eles, uma insatisfação pelo fato de a
comunidade ser formada por gente de boa vontade, desejosa de ser fiel ao Reino
anunciado por Jesus, e por quem não se deixava transformar por esse Reino.
Instintivamente, vinha-lhes o desejo de expulsar da comunidade esta segunda
classe de gente. Parecia-lhes ser o joio em meio ao trigo semeado por Jesus. A
parábola mostra que, ao fazer a separação, poderiam se enganar. Muitos que
pareciam ser joio, no fundo, eram trigo e vice-versa. Competia a Jesus, na
condição de juiz da humanidade, determinar quem era quem. O julgamento humano
podia ser falho.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da
FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Senhor Jesus, faze-me paciente para conviver com o joio que existe em
mim e na comunidade, sem querer arvorar-me em juiz dos meus irmãos.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Quem é e onde está o Joio?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim
– SP)
Diante desta parábola, nossa primeira reação é dar uma boa olhada em
redor de nós, na comunidade e na família, para ver quem é Joio que vai ser
queimado, e quem é o Trigo bom que vai ser recolhido definitivamente nos
celeiros da Casa do Pai. Mas em um primeiro momento é bom termos consciência de
que esse Joio e esse Trigo estão primeiramente em nossa vida, bem dentro do
nosso coração, pois trigo e joio são duas possibilidades de se viver, e quem
decide somos nós, através do discernimento que o Espírito nos deu e assim será
em todo o tempo da nossa vida terrena, todo dia teremos de fazer essa escolha,
se vamos cultivar o trigo ou o joio...
Já sabemos em Jesus Cristo que um dia só irá sobrar o trigo bom, o Bem
Supremo do Reino em plenitude, pois as Forças do Mal serão todas destruídas e
sabendo disso, temos de usar bem esse discernimento para não deixar que o joio
do mal se transforme em um matagal e sufoque o trigo em nosso coração.
Lembrando que, o cultivo do trigo requer de todos nós empenho e esforço, já que
o joio, ou a tiririca, cresce em qualquer lugar, sem que seja preciso nenhum
cuidado, basta um descuido e lá está o matinho que não serve para nada senão
para ser queimado.
Então primeiro a parábola nos força a olharmos para nós mesmos, somente
depois para a Vida dos nossos irmãos na família, na comunidade, na pastoral, no
grupo ou na equipe, onde nossos olhos bem atentos conseguem ver longe e já sabe
quem é joio e quem é trigo. E o primeiro impulso é aquele demonstrado pelos
servidores do pai de Família “Senhor, quereis que arranquemos o joio?”.
Criança que na catequese não aprende nada, é melhor afastá-la, antes que
contamine as outras, na escola é a mesma coisa, na comunidade também, nos
grupos pastorais e equipes de serviço, quem de nós vai atrás do irmão que é
Joio? Quase ninguém, pois pensamos que é melhor não gastar vela com mal
defunto. Sonhamos e queremos uma comunidade feita só do Trigo bom e para isso é
preciso arrancar sem piedade o Joio que infestam nossas comunidades, pastorais
e movimentos.
É aí que aparece aquilo que Deus tem de mais grandioso e maravilhoso:
sua infinita misericórdia e paciência com o Ser humano! Deus jamais arranca o
Joio, pois sempre cultiva a esperança de que o joio se transforme em trigo bom
e assim, acredita no homem até o derradeiro instante de sua vida, e realmente a
sua graça tem o poder de penetrar no mais íntimo do ser humano para
transformá-lo de Joio em trigo. De Deus esperamos a misericórdia sempre que
escolhemos mal e deixamos o joio crescer em nosso coração, e a sua misericórdia
não nos falta, então tudo o que temos a fazer é retribuir a Deus, olhando com a
sua misericórdia todo Joio que encontrarmos nesta vida. Não o arranquemos nem o
cultivemos, mas confiemos que trigo bom da Graça de Deus o transforme... Nisso
consiste a Salvação que Jesus nos trouxe...
2. Não semeaste boa semente no teu campo?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn.
Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no
Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
O joio é muito parecido com o trigo. Sua farinha, misturada com a boa
farinha de trigo, causa mal-estar estomacal e provoca enjoo. A parábola fala de
uma terra boa, de boa semente, tudo bom para uma boa colheita, mas com um
resultado surpreendente. Ao se formarem as espigas, o joio apareceu com o
trigo. O que aconteceu? De onde vem o joio? Foi um inimigo, responde o
proprietário. E o que fazer? Primeiro, rever o que fizemos e o que não fizemos.
Peca-se por ação e por omissão. O inimigo semeou o joio enquanto todos dormiam.
Dormimos e as coisas acontecem. Dormimos e o mal se espalha. Empenho e
vigilância se fazem necessários, sobretudo quando a sementeira é recente. E
agora, já que está, deixa ficar. Que cresçam juntos e na colheita se separem.
Enquanto não chega a colheita, que é o fim dos tempos, temos que aprender a
viver com o diferente, no amor, mas também na atenção redobrada. Alguém pode
semear joio em nosso trigal.
HOMILIA DIÁRIA
Deus tem paciência de que nós seremos
transformados
Deus tem paciência de que nós
seremos transformados. E Ele quer que também tenhamos paciência e
acreditemos que muito joio pode se transformar em trigo pela Palavra de Deus.
No meio da plantação cresceu o trigo vigoroso,
bonito. Mas, no meio dessa mesma plantação cresceu também o joio. E como o
joio, a erva daninha, incomoda o agricultor, o homem do campo!
Na parábola do Evangelho de hoje, os empregados
vieram perguntar ao dono do campo: “Queres que vamos arrancar o joio?” (cf. Mt 13,28). E ele respondeu: “Não!
Pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no
tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e o
amarrai em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro” (cf. Mt 13,29-30).
Meus irmãos, no mundo em que vivemos essa
parábola do joio e do trigo é muito atual, e sempre atual. Nós caminhamos no
meio de pessoas que são boas e ruins. Estamos no meio de pessoas que são
honestas, sinceras e verdadeiras. Mas, no meio de nós, há também muita
desonestidade, falsidade e hipocrisia. Caminhamos no meio de pessoas que querem
ser melhores, mas há aqueles que praticam a maldade, fazem questão de ser
ruins.
No primeiro momento, no primeiro ímpeto, a nossa
vontade é julgar, condenar e “arrancar fora” aqueles que praticam o mal e não
são “convertidos”, como costumamos dizer.
Mas se levarmos em conta, todos nós temos um
pouco de joio. A Palavra de Deus nos encontrou, e ela, dia a dia, vai
transformando o joio que há em nós. Ela transforma aquilo que existe de mal em
nós para que sejamos o trigo puro do Senhor.
Assim como o Senhor teve – e tem – paciência para
conosco, para com nossos limites e falhas, para as coisas erradas que nós
muitas vezes cometemos consciente ou até mesmo inconscientemente. Ele tem
paciência de que nós seremos transformados.
O que o Senhor quer é que também tenhamos
paciência. Isso não significa tolerar o mal, concordar com ele, aceitá-lo, mas
acreditar que muito joio pode se transformar em trigo pela Palavra de Deus. Se
até o final da vida esse joio não se transformar, deixai para o
julgamento final, para o julgamento de Deus.
Mas a esperança que move o coração de Deus é a
mesma que deve também mover o nosso coração: todo joio pode ser
transformado pela Palavra poderosa do Senhor.
Que Deus abençoe você.
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista
e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, dá a todos nós, teus filhos, a
consciência de que o melhor – talvez o único – caminho que temos para melhorar
o mundo é nos tornarmos melhores, mais santos. Ajuda-nos a não julgar os
irmãos, nós te pedimos pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo
reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 27/07/2013

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