ANO A

Jo 20,19-31
Comentário do
Evangelho
O dinamismo da fé
Para bem compreender o texto do evangelho nessa oitava da
Páscoa, pode nos ajudar responder a uma dupla questão: Como se chega à fé na
ressurreição do Cristo nosso Senhor? Como se chega à fé de que Cristo
ressuscitou dos mortos e está vivo no meio de sua Comunidade? Nosso texto
apresenta duas etapas com um intervalo de oito dias. Na primeira etapa, Tomé
não estava, na segunda ele estava reunido com os outros discípulos. É no
primeiro dia da semana que os discípulos se encontram reunidos. É como se fosse
o primeiro dia da criação em que a luz foi feita (Gn 1,3). Efetivamente, a
ressurreição do Senhor é luz que anuncia uma nova criação em Cristo. No lugar
em que os discípulos estavam reunidos, as portas estavam aferrolhadas por medo
dos judeus. Essa observação seguida da notícia de que Jesus se colocou no meio
deles é importante para compreender que a presença do Senhor não exige mais ser
reconhecida como um corpo carnal. O seu corpo é glorioso e sua presença
prescinde da visibilidade. O que ele comunica é a paz, sinal e dom de sua
presença. É nesse primeiro dia da semana que o Espírito é dado como sopro do
Senhor para a missão e a reconciliação. A ausência de Tomé (v. 24) é importante
para o propósito do texto. Ele se recusa a crer no que os outros discípulos anunciavam:
“Vimos o Senhor”. Passados oito dias, estando Tomé com os demais discípulos, no
mesmo lugar da reunião, Jesus se faz presente e é sentido e reconhecido com o
sinal de sua presença: a paz. O diálogo de Jesus com Tomé permite ao leitor
compreender que se chega à fé no Cristo Ressuscitado e na sua gloriosa
ressurreição através do testemunho da Comunidade. Não há acesso imediato à
ressurreição de Jesus Cristo, mas somente mediato, isto é, através do
testemunho. É a recepção desse testemunho que permite experimentar na própria
vida os efeitos da Ressurreição do Senhor. Mas Tomé não é no relato o homem da
dúvida somente e que busca crer por si mesmo, ou que julga que só é digno de fé
o que pode ser tocado ou demonstrado. Ele é o homem de fé, transformado pelo
Senhor, capaz de reconhecer o dinamismo próprio pelo qual se chega à fé.
Carlos
Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, abre todas as portas que me mantém
fechado no medo e na insegurança, para que eu vá ao encontro do mundo a ser
evangelizado.
Vivendo a Palavra
Pedro diz à Igreja: «Vocês nunca viram Jesus e,
apesar disso, o amam; não o vêem, mas acreditam.» Ele confirma a promessa do
Ressuscitado: «Felizes os que acreditaram sem ter visto.» O não-ver deixa de
ser um obstáculo para se tornar um privilégio. Neste tempo de Páscoa,
agradeçamos ao Pai a fé que nos traz ‘gloriosa alegria’.
Recadinho

Como
você definiria o que é fé? - O que você faz para que sua fé aumente? - Consegue
manter-se firme em meio ao sofrimento que a vida lhe traz? - É difícil vive em
paz? - O que será que mais dificulta a vivência da paz em nossas comunidades?
Padre Geraldo
Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
CRER SEM VER
A bem-aventurança de crer no Senhor
Ressuscitado, sem tê-lo visto, diz respeito a todos os cristãos. Neste caso, o
pré-requisito para se tornar bem-aventurado consiste em dar crédito ao
testemunho de quem "viu" o Senhor, e anunciou que ele está vivo. A
tradição cristã, ao longo dos séculos, foi se formando a partir do testemunho
dos primeiros cristãos. Estes saíram pelo mundo inteiro para anunciar que o
Senhor ressuscitou, testemunhando o fato, não só com palavras, mas também com a
vida. O testemunho de fé - palavra e vida - da comunidade é a única forma de
ter acesso ao Senhor. Só por este caminho é que se chega a Jesus.
Como
conseqüência, cada cristão deve estar convicto de que é mediação da experiência
do Ressuscitado, para todas as pessoas com quem se defronta. Quando o cristão,
realmente, assimila a dinâmica da ressurreição, e a deixa transformar sua vida,
torna-se uma prova convincente de que o Senhor está vivo, e sua presença tem a
força de mudar, radicalmente, a vida de quem o acolhe. Este é o testemunho que
atrairá muitas pessoas para a fé.
Assim,
embora não vejamos Jesus ressuscitado com os nossos olhos, é possível acolhê-lo
na fé, e testemunhar que ele, de fato, está no meio de nós.
Oração
Espírito de fé tira de mim
tudo o que me impede de acolher, com docilidade, a presença do Ressuscitado em
minha vida e na de minha comunidade.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado
neste Portal a cada mês)
Oração
Ó Deus de eterna
misericórdia, que reacendeis a fé do vosso povo na renovação da festa pascal,
aumentai a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o batismo que
nos lavou, o espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos redimiu. Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
http://www.domtotal.com/religiao/meu_dia_com_deus/evangelho_dia.php?data=2014-4-27
REFLEXÕES DE HOJE
REFLEXÕES DE HOJE
DIA 27 DE
ABRIL – DOMINGO
VEJA AQUI
MAIS HOMILIAS PARA O PRÓXIMO DOMINGO
Reflexão
27 de abril – 2º DOMINGO DA PÁSCOA
Por Pe. Johan Konings, sj
I. INTRODUÇÃO GERAL
Nos domingos depois da Páscoa, a liturgia nos põe em contato com a primeira comunidade cristã. As primeiras leituras são uma sequência de leituras tomadas dos Atos dos Apóstolos. Nas leituras do evangelho, é-nos apresentada a “suma teológica” do século I, o Evangelho de João. As segundas leituras são tomadas de outros escritos muito significativos quanto aos temas batismais e da fé; no ano A, a primeira carta de Pedro.
O segundo domingo
pascal, especificamente, é marcado pelo tema da fé batismal. É o antigo
domingo in albis (“em vestes brancas”). Nesse domingo, os neófitos (os novos fiéis,
literalmente “brotos novos”), batizados na noite pascal, apresentavam-se
vestidos com a veste branca que receberam na noite de seu batismo: são “como
crianças recém-nascidas” (como se dizia no canto da entrada). A oração do dia
pede que progridamos na compreensão dos mistérios básicos da nossa fé, os
“sacramentos da iniciação cristã” – batismo, eucaristia e confirmação –, e a
oração final reza por mais profundo entendimento do mistério da ressurreição e
do batismo. Quanto às leituras, embora não exista estrita coerência temática
entre as três, todas elas nos fazem participar do espírito do mistério pascal.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (At 2,42-47)
A primeira leitura
nos apresenta o ideal da comunidade cristã: a comunidade primitiva dos cristãos
de Jerusalém. A descrição de At 2,42-47 acentua especialmente a comunhão dos
bens, que corresponde ao sentido do partir o pão – comemoração do Senhor Jesus.
Outros textos semelhantes sobre a vida da comunidade encontram-se em At 3,32-37
e 5,12-16. Tanto essa comunhão perfeita como os prodígios operados pelos
apóstolos serviam de testemunho para os demais habitantes de Jerusalém,
testemunho que não deixava de ter sua eficácia. Essa leitura é, portanto, mais
do que um documento histórico sobre os primeiros tempos depois da Páscoa: é
convite para restabelecermos a pureza cristã das origens.
2. II leitura (1Pd 1,3-9)
A segunda leitura é tomada da primeira carta de Pedro, que é uma espécie de homilia
batismal. Na perspectiva de seu autor, a volta gloriosa do Senhor estava
próxima; os cristãos deviam passar por um tempo de prova, como ouro na
fornalha, para depois brilhar com Cristo na sua glória. Nessa perspectiva, a fé
batismal se concebe como antecipação da plena revelação escatológica: é amar
aquele que ainda não vimos e nele crer, o coração já repleto de alegria diante
da salvação que se aproxima (e já alcançada na medida em que a fé nos põe em
verdadeira união com Cristo).
3. Evangelho (Jo 20,19-31)
O evangelho
constitui o fim do Evangelho de João: Jo 20,19-31 (o capítulo 21 de João é um
epílogo que excede a estrutura literária do evangelho propriamente). O
Evangelho de João é composto de dois painéis, introduzidos pelo prólogo
(1,1-18). O primeiro painel, 1,19-12,50, narra os “sinais” de Jesus. Esses
sinais manifestam que Jesus é o enviado de Deus e que Deus está com ele e, ao
mesmo tempo, revelam simbolicamente o dom que Jesus mesmo é. No segundo painel,
os capítulos 13-20, Jesus, na hora de sua despedida, abre o seu mistério de
união com o Pai e inclui nele os seus discípulos, antes de assumir, livremente,
a morte por amor e ser ressuscitado por Deus. Sua ressurreição é o sinal de que
ele vive e sobe à glória do Pai (20,17). No trecho que ouvimos hoje,
manifesta-se o dom do Espírito de Deus a partir da glorificação/exaltação de
Jesus (cf. 7,37-39). Na sua despedida, Jesus prometeu aos seus o Espírito e a
paz (14,15-17.26-27). Agora, o Ressuscitado, enaltecido e revestido com a
glória do Pai, traz esses dons aos seus (20,21-22), que serão seus enviados
como ele o foi do Pai (20,21). Para essa missão, recebem o poder de perdoar,
poder que, segundo a Bíblia, é exclusivo de Deus e, portanto, só pode ser
comunicado por quem comunga de sua autoridade. De fato, já no início do
Evangelho de Marcos, Jesus se caracteriza como o “Filho do homem” (cf. Dn
7,13-14), que recebe de Deus esse poder (Mc 2,10). Segundo Jo 20,19-23, o
Ressuscitado dá à comunidade dos fiéis o Espírito de Deus e a missão de tirar o
pecado do mundo – também a missão que João Batista reconheceu em Jesus no
início do evangelho (Jo 1,29). À maneira semítica e bíblica, a missão de
perdoar é expressa na forma afirmativa (“a quem perdoardes os pecados, serão
perdoados”) e negativa (“a quem os retiverdes [= não perdoardes], serão
retidos”, Jo 20,23). Mas isso não significa que os seguidores e sucessores de
Jesus poderão administrar o perdão arbitrariamente. Muito antes, trata-se do
poder de administrar o
perdão concedido por Deus: munida do Espírito de Deus, a comunidade
reconhecerá quem recebe dele o perdão e quem não. E não deixa de ser
significativo que Jesus exprima essa presença do Espírito exatamente pelo
perdão e não pelo dom das línguas ou algo assim. Pois o que o ser humano procura,
em profundidade, é exatamente esse “estar bem com Deus e com os irmãos”, que o
pecado impede, mas o perdão possibilita. Todo o culto judaico girava em torno
da reconciliação com Deus e com a comunidade. A carta aos Hebreus explica que
Jesus, enquanto sumo sacerdote definitivo, realiza essa reconciliação de uma
vez para sempre. O que Jesus confia aos seus em Jo 20,22-23 é mais que mera
“jurisdição”. É o dom da vida nova, na “paz”, no shalom, o dom do Messias
por excelência. Unidos na comunhão da verdadeira videira que é Jesus (Jo
15,1-8), temos a vida em abundância (Jo 10,10).
A segunda parte do
evangelho de hoje conta a história de Tomé. O texto põe em evidência Tomé entre
os que viram o Ressuscitado (cf. At 10,41; 1Jo 1,1-3), mas visa às gerações
seguintes, que, sem terem visto, deverão crer – com base no testemunho das
testemunhas privilegiadas. “Felizes os que não viram e, contudo, creram” (Jo
20,28) é bem-aventurança que se dirige a nós (cf. 1Pd 1,8, primeira leitura de
hoje). E é para esse fim que os que viram nos transmitiram, por escrito, o
testemunho evangélico, como diz o autor nas palavras finais (Jo 20,30-31).
Daí podermos dizer:
“Cremos na fé dos que testemunharam”, a fé dos apóstolos, a fé apostólica. A
Tomé é dado experimentar a realidade do Crucificado que ressuscitou, e o
apóstolo proclama a sua fé, tornando-se verdadeiro fiel. Mas há outros a quem
não será dado esse tipo de provas que Tomé requereu e recebeu; eles terão de
acreditar também e são chamados felizes por crerem sem ter visto. Esses
“outros” somos todos nós, cristãos das gerações pós-apostólicas. Mas, em vez de
provas palpáveis, a nós é transmitido o testemunho escrito das testemunhas
oculares, para que nós creiamos e, crendo, tenhamos a vida em seu nome
(20,30-31). A fé dos apóstolos
é nossa.
III. DICAS PARA REFLEXÃO: Nossa fé “apostólica”
Todo o mundo gosta
de ter provas palpáveis para acreditar. Mas para que ainda acreditar quando se
têm provas palpáveis? E as pretensas provas, que certeza dão? Nossa fé não vem
de provas imediatas, mas da fé das “testemunhas designadas por Deus” (At
10,41), principalmente dos apóstolos.
Os apóstolos foram
as testemunhas da ressurreição de Jesus. Eles puderam ver o Ressuscitado e por
isso acreditaram. Tomé foi convidado por Jesus a tocar nas chagas das mãos e do
lado (evangelho). Tomé pôde verificar e acreditou: “Meu Senhor e meu Deus!” Nós
não temos esse privilégio. Seremos felizes se crermos sem ter visto (Jo 20,29).
Mas, para que isso fosse possível, os apóstolos nos deixaram os evangelhos,
testemunho escrito do que eles viram e da fé no Cristo e Filho de Deus que
abraçaram (Jo 20,30-31).
O Cristo descrito
nos evangelhos é visto com os olhos da fé
dos apóstolos. Um incrédulo o veria bem diferente. Nós cremos em Jesus como os
apóstolos o viram. A participação na fé dos apóstolos nos dá a possibilidade de
“amar Cristo sem tê-lo visto” e de “acreditar nele (como Senhor e fonte de
nossa glória futura), embora ainda não o vejamos” (2ª leitura).
Nós acreditamos na
fé dos apóstolos e da Igreja que eles nos deixaram. Então, nossa fé não é coisa privada. É apostólica e eclesial. Damos
crédito à Igreja dos apóstolos. Os primeiros cristãos faziam isso
materialmente: entregavam os seus bens para que ela os transformasse em
instrumentos do amor do Cristo. Crer não é somente aceitar verdades. É agir
segundo a verdade do ser discípulo e seguidor do Cristo.
É inútil querer
verificar e provar nossa fé sem passar pelos apóstolos e pela corrente de
transmissão que eles instituíram, a Igreja. É impossível verificar, por
evidências fora do âmbito dos evangelhos, a ressurreição de Cristo. Ora, o
importante não é “verificar”, ao modo de Tomé, mas viver o sentido da fé que os
apóstolos (incluindo Tomé) transmitiram. A fé dos apóstolos exige que creiamos
em seu testemunho sobre Jesus morto e ressuscitado e também que pratiquemos a
vida de comunhão fraterna na comunidade eclesial que brotou de sua pregação.
Num tempo de
hiperindividualismo, como é o nosso, essa consciência de acreditarmos naquilo
que os apóstolos acreditaram é muito importante. Deles recebemos a fé, nossa
“veste branca”, e, na comunidade que eles fundaram, nós a vivemos. Ora, por
isso mesmo é tão importante que essa comunidade, por todo o seu modo de viver o
legado do Ressuscitado, seja digna de fé.
Pe. Johan Konings, sj
Reflexão
O SOPRO QUE REVITALIZA
Durante o tempo pascal, ouvimos o relato de várias manifestações de
Jesus ressuscitado. Com suas aparições, o Mestre quer dar aos seus discípulos,
ainda medrosos e inseguros, a certeza de que ele não permanece sob a pedra
sepulcral, mas se encontra bem presente na vida das comunidades.
Reunidos por medo e buscando certa segurança trancando as portas, os
discípulos recebem a visita inesperada de Jesus, que lhes deseja o dom da paz e
sopra sobre a comunidade o Espírito de vida e esperança. As aparições de Jesus
têm como objetivo alimentar a fé e provocar a transformação dos apóstolos
medrosos em homens e mulheres corajosos e testemunhas da ressurreição.
Com a presença e o sopro do Ressuscitado, é possível abrir as portas e
partir com otimismo e sem medo para a missão. Com ele somos capazes de
compartilhar os valores do evangelho: o amor, a paz, a solidariedade e a
justiça.
O Vaticano II, que completou cinquenta anos, promoveu a abertura de
portas e janelas para que o sopro de Deus entrasse novamente na Igreja e a
transformasse numa comunidade dinâmica, viva, aberta, presente no mundo e
comprometida com o projeto de Jesus. Nada de portas e janelas trancadas! A
Igreja é a “advogada da justiça e a defensora dos pobres diante das
intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam ao céu” (DAp 395).
Como diz o papa Francisco, nada de medo e encurralamento, é preciso ir
às periferias de nossas cidades e proclamar o amor e a misericórdia de Deus.
“As paróquias, as escolas, as instituições são para sair. Se não o fizerem,
tornam-se uma ONG, e a Igreja não pode ser uma ONG”. Nada de se encastelar em
sacristias confortáveis nem de ficar sentados em cátedras macias. A Igreja não
pode mofar, enclausurada entre quatro paredes com portas e janelas fechadas.
Pe. Nilo Luza, ssp
Reflexão
‘’JESUS
ENTROU, PÔS-SE NO MEIO DELES E DISSE: A PAZ ESTEJA CONVOSCO’’.
Primeira Leitura: Atos 2,42-47;
Salmo 117(118),
Segunda Leitura: 2-4. 13-15.22-24
Evangelho: João 20,19-31.
Situando-nos brevemente
Este
é o domingo da oitava da Páscoa, Estamos reunidos, no primeiro dia da semana,
para celebrar a Páscoa do Senhor que está vivo entre nós.
Como
narra o evangelista, quem não está na comunidade não vê o Senhor. Oito dias
depois, novamente Jesus se põe no meio deles e Tomé faz sua grande profissão de
fé, em comunidade.
A
certeza que o Senhor está vivo faz com que os discípulos vençam o medo e a
insegurança.
Como
Tomé e os outros discípulos, professemos nossa fé no Senhor Ressuscitado, que
passou pela paixão e morte.
Convocados
pelo Senhor, como uma só família, guardada no amor e animada pelo Espírito,
vivamos com um só coração e uma só alma.
Recordando a Palavra
Recordando a Palavra
A
leitura do evangelho de João começa com a manifestação de Jesus ressuscitado
aos discípulos, na tarde do mesmo dia da ressurreição. ‘’Ao anoitecer daquele
dia, o primeiro da semana’’, o Ressuscitado se faz presente no meio dos
discípulos reunidos com as portas fechadas por medo (20,19ª). Após a
crucificação do Mestre Jesus, os discípulos estavam com medo, fechados. No
final do primeiro século, época em que o evangelho foi escrito, os seguidores
de Cristo também estavam com medo, por causa das hostilidades e das
perseguições.
O Ressuscitado
oferece a paz, que transforma os discípulos e infunde confiança: ‘’Jesus entrou
e pôs-se no meio deles. Disse: a paz esteja convosco’’ (20,19b). Conforme havia
prometido (cf. Jo 14,27), Jesus transmite a verdadeira paz, dom de sua entrega
por amor. Os sinais da paixão ‘’nas mãos e no lado’’ revelam sua doação até a
cruz e levam os discípulos a reconhecerem sua presença viva no meio deles. ‘’Os
discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor’’ (20,20), o Ressuscitado.
A
paz do Ressuscitado é a plenitude da salvação, que confirma os discípulos na
missão libertadora: ‘’Como o Pai me enviou também eu vos envio’’ (20,21). Os
discípulos são enviados para anunciarem a alegria e a paz, dádivas do
Ressuscitado. Eles são renovados, investidos com o Espírito Santo, com o sopro
da vida nova de Cristo ressuscitado. Em Gn 2,7, Deus soprou sobre o ser humano,
infundindo-lhe o dom da vida divina, que o tornou um ser vivente. A força do
Espírito torna os discípulos instrumentos de paz e de reconciliação, portadores
da misericórdia e do perdão de Jesus: ‘’A quem perdoardes os pecados, serão
perdoados’’ (20,23).
‘’Oito
dias depois’’ (20,26), Jesus revela novamente sua presença de paz no meio da
comunidade reunida, para celebrar o memorial de sua Páscoa. Tomé, que era um
dos Doze, representa as dificuldades dos discípulos em crer na ressurreição de
Jesus. A insistência de Tomé, em comprovar as marcas da paixão, mostra que a fé
em Cristo ressuscitado brota de sua doação total. A aclamação litúrgica: ‘’Meu
Senhor e meu Deus’’ (20,28) expressa a fé da comunidade em Jesus
crucificado/exaltado como Senhor e Deus. É a profissão de fé de quem encontra o
Senhor no caminho do discipulado. Jesus proclama ‘’bem-aventurados os que não
viram e creram’’ (20,29), os que crêem e vivem conforme seus ensinamentos. O
encontro com o Senhor, na comunidade que se reúne para celebrar a memória de
sua vida, morte e ressurreição, leva ao testemunho da fé, como os primeiros
discípulos e discípulas.
A
ressurreição de Jesus é o grande sinal de amor, que plenifica os demais,
realizados ao longo de seu ministério (cf 1,19-12-50). Os sinais que Jesus, o
enviado de Deus, realizou foram testemunhados e escritos, para levar os
seguidores de todos os tempos à adesão da fé e à vida plena em seu nome (cf
20,31). O caminho da fé em Cristo ressuscitado é a fonte de vida eterna, que
torna possível um mundo novo, novo céus e nova terra.
A
primeira leitura dos Atos dos Apóstolos sublinha que o encontro com Cristo
ressuscitado leva á formação de verdadeiras comunidades de irmãos e irmãs. A
comunidade ideal está centrada na comunhão fraterna (koinomia), na escuta da
palavra, na fração do pão, memorial da ceia do Senhor e nas orações. A vida
nova de comunhão com Jesus manifesta-se no compromisso solidário com os irmãos:
‘’Todos os que abraçavam a fé, viviam unidos e possuíam tudo em comum; vendiam
suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a
necessidade de cada um’’(2,44-45).
O testemunho da
vida de Cristo, doada totalmente por amor, fortalece a confiança na presença de
Deus e na manifestação da salvação. O louvor comunitário e a comunhão fraterna,
a alegria de vida, no seguimento a Jesus e no serviço ao reino, interpela todo
o povo e assegura o crescimento contínuo da comunidade: ‘’A cada dia, o Senhor
acrescentava a seu número mais pessoas’’ (2,47), que aderiam `a sua proposta
salvífica. No
salmo 117 (118), o salmista agradece porque o Senhor manifestou sua eterna
misericórdia, transformando ‘’a pedra que pedreiros rejeitaram ficou sendo
pedra principal’’. As comunidades primitivas viram a realização plena desse
salmo em Cristo (cf. Mt 21,42; At 4,11; 1Pd 2,7). Por meio da vitória sobre a
morte pela ressurreição, Jesus tornou-se a pedra principal do edifício, o
alicerce da vida cristã.
A segunda leitura da
primeira carta de Pedro começa com um pequeno hino litúrgico (cf. 1,3-4), que
acentua a salvação realizada pelo Pai através do Filho. Bendito seja o Pai, que
em sua grande misericórdia, ‘’pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos, ele nos fez nascer de nova para uma esperança viva, para uma herança
(...) reservada nos céus’’ (1,3). Os cristãos, pelo Batismo, renasceram para a
vida nova, que provém da ressurreição de Cristo. A comunhão com Jesus leva a
manter esperança, alicerçados na promessa da salvação definitiva, da vida plena
em Deus.
O exemplo de Cristo, que
passou pela paixão e morte para chegar à glória da ressurreição, impulsiona o
testemunho da fé com alegria, em meio ao sofrimento e às provações. A imagem do
ouro que, purificado pelo fogo, manifesta todo seu esplendor, ilustra o caminho
existencial de transformação pela ação do Espírito até a identificação com
Jesus ressuscitado. A adesão ao Senhor, na esperança e no amor solidário,
torna-se ‘’fonte de alegria inefável e gloriosa’’ (1,8), pois proporciona
experimentar, desde já, a vida nova de ressuscitados.
Atualizando a Palavra
Atualizando a Palavra
A
presença de Jesus ressuscitado oferece o dom da paz e o seu Espírito, que
recria e vivifica a comunidade, em meio às dificuldades e perseguições, fazendo
renascer a fé e a esperança na missão evangelizadora. A força do Ressuscitado
nos transforma em instrumentos de misericórdia, justiça e paz. ‘’A paz é
possível, porque o Senhor venceu o mundo e sua permanente conflitualidade,
pacificando pelo sangue da cruz’ (Cl 1,20). Ao anunciar Jesus Cristo, que é a
nossa paz (cf. Ef 2,14), todo batizado é chamado a ser instrumento de
pacificação e testemunha credível duma vida reconciliada’’ (Evangelii Gaudium,
n. 229; 239).
O
encontro de Tomé com o Senhor indica o caminho de fé do discipulado. Quem
acredita e segue o caminho da vida nova indicado pelo Ressuscitado é
bem-aventurado. ‘’Cristo foi verdadeiramente crucificado, verdadeiramente
sepultado e ressuscitou verdadeiramente. Tudo isto foi para nós um dom de
graça, a fim de que, participando de sua paixão através do mistério
sacramental, obtenhamos na realidade a salvação. Ó maravilha de amor pela
humanidade! Em seus pés e mãos inocentes, Cristo recebeu os cravos e suportou a
dor; e eu, apenas pela comunhão em suas dores, recebo gratuitamente a
salvação’’.
Como
nas comunidades primitivas, o encontro com o Ressuscitado nos impele a
construir comunidades centradas na Palavra, na Eucaristia, nas orações e na
comunhão fraterna, manifestada no compromisso solidário com as pessoas
necessitadas. Justino, mártir, ao falar sobre a Eucaristia testemunha o sentido
da koinomia, do ter tudo em comum: ‘’Com o que possuímos, socorremos a todos
necessitados e estamos sempre unidos uns aos outros. E por todas as coisas com
que nos alimentamos, bendizemos o Criador do universo, por seu Filho Jesus
Cristo e pelo Espírito Santo’’. O Papa Francisco afirma que ‘’à medida que o
Senhor conseguiu reinar entre nós a vida social será um espaço de fraternidade,
de justiça, de paz, de dignidade para todos. Por isso, tanto o anúncio como a
experiência cristã tender a provocar conseqüências sociais’’ (Evangelii Gaudium,
n. 180).
Neste
Domingo da Divina Misericórdia, instituído por João Paulo II, somos convidados
a professar a fé em Jesus, o Senhor, que revelou a misericórdia infinita do Pai
através de sua obra redentora. A paz do Ressuscitado nos liberta, para
construirmos um mundo reconciliado de amor, justiça e fraternidade. O Espírito
de Cristo ressuscitado nos ilumina e fortalece, para anunciarmos seu perdão,
sua misericórdia em meio aos desafios da missão cotidiana.
Ligando a Palavra com ação eucarística
Ligando a Palavra com ação eucarística
Os cristãos e as
cristãs compreenderam, desde o início, que a Igreja é essencialmente assembleia
convocada pelo Senhor que nela se torna presente e atuante. Fazer parte da
assembleia litúrgica é fruto da fé e da comunhão com a Igreja em torno do
Ressuscitado, pois a Igreja, povo da nova aliança, nasceu da Páscoa de Cristo.
Hoje,
estamos reunidos para celebrar, na certeza de que Ele está no meio de nós.
Afirma a Sacrosanctum
Concilium:
‘’Para realizar tão grande obra, Cristo está presente em sua Igreja, e
especialmente nas ações litúrgicas. Está presente no sacrifício da missa, tanto
na pessoa do ministro, pois aquele que agora se oferece pelo ministério
sacerdotal é o mesmo que, outrora, se ofereceu na cruz’, como, sobretudo nas
espécies eucarísticas. Ele está presente pela sua virtude nos sacramentos, de
tal modo que, quando alguém batiza, é o próprio Cristo quem batiza. Está
presente na sua palavra, pois é ele quem fala quando na Igreja se lêem as
Sagradas Escrituras. Está presente, por fim, quando a Igreja ora e salmodia,
ele que prometeu: ‘onde se acharem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou
eu no meio deles’ (Mt 18,20)’’ (n.7).
Que
os dons pascais recebidos do Senhor nos ajudem a edificarmos a Igreja – casa da
Palavra – sobre os quatros fundamentos: perseverança na escuta dos ensinamentos
dos apóstolos, comunhão fraterna, fração do pão e oração.
Reunidos
em torno do Senhor ressuscitado, nos tornamos lugar espiritual, ou seja,
sacramento da sua presença.
Então,
‘’neste dia que o Senhor fez para nós’’, experimentamos sua presença viva na
assembleia reunida, na palavra repartida e no mistério de sua entrega na
Eucaristia. Assim, ‘’podemos compreender melhor o batismo que nos lavou, e o
sangue que nos redimiu’’ (cf. oração do dia).
Que
sejamos um só corpo e um só espírito, enviados para espalhar, no mundo, a paz e
a reconciliação, que dele recebemos,
Sugestões para a celebração
Sugestões para a celebração
· A característica mais destacada do Templo Pascal é a alegria. A
cor branca, as flores, tudo é orientado para expressar o sentimento de festa.
· Destacar o círio pascal, a fonte batismal, as mesas da Palavra e
da Eucaristia.
· A bandeira da paz pode ser entronizada na procissão de entrada.
· Acender solenemente o
círio pascal. Uma proposta: A pessoa que carrega o círio, ao chegar ao presbitério, se volta
para a assembleia e reza: Bendito sejais, Deus da vida,
pela ressurreição de Jesus Cristo, e por esta luz radiante! Esta oração pode
ser feita por outra pessoa. Alguém incensa o círio, ou
queima ervas cheirosas, enquanto todos cantam: Bendito sejas, Cristo Senhor. Que é do Pai imortal esplendor! Em seguida coloca-se o círio em seu devido lugar.
· Incensar a assembleia,
sacramento do Senhor ressuscitado.
· O ato penitencial pode ser substituído pelo rito da aspersão com
a água batismal, abençoada na Vigília Pascal, fazendo memória do Batismo.
· O abraço da paz pode ser realizado após a proclamação do
Evangelho.
· Os cantos sejam
preparados com antecedência, prevendo ensaios. O Hinário Litúrgico da CNBB
possui ótimas sugestões. As melodias estão gravadas no CD Liturgia XVI – Páscoa –Ano A.
http://www.emanarp.com.br/index.php/biblia/comentarios-do-evangelho-dominical/3538-2o-domingo-da-pascoa-27-de-abril-de-2014-
DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014
Homilia do 2º Domingo da Páscoa, por Pe. Paulo
RicardoReflexão
Recebei o Espírito
Santo
Este segundo Domingo da Páscoa era
conhecido, na Liturgia antiga, como Dominica in Albis, porque os
que foram batizados na Vigília Pascal se apresentavam ao bispo, uma semana
depois, com as suas vestes cândidas, para mostrarem que se esforçavam para
viver a candura batismal.
Hoje, o Domingo da Oitava da Páscoa
também é a festa da Divina Misericórdia. A celebração foi
instituída pelo bem-aventurado Papa João Paulo II – a ser canonizado neste fim
de semana –, por conta das revelações particulares de Nosso Senhor à religiosa
polonesa Santa Faustina Kowalska. Tendo morrido cedo, com apenas 33 anos (a
idade de Cristo), ela experimentou, ainda em vida, as várias purificações que
recebem os místicos que se aproximam cada vez mais de Deus, além de dons
sobrenaturais e dos santos estigmas. A pedido de seu confessor, Faustina
escreveu um diário no qual colocou por escrito aquilo que Cristo lhe falava em
Suas aparições. Em uma dessas aparições, Ele pediu que se fizesse um quadro e
que fosse instituída uma festa em honra à Sua Misericórdia, pois “a falta de
confiança das almas”, especialmente “a desconfiança da alma escolhida”,
ofendia-Lhe muito [1].
Quando Santa Faustina morreu, alguns
padres ficaram responsáveis pela propagação dessa devoção, que Jesus prometeu
que se espalharia pelo mundo inteiro. Graças ao empenho do então arcebispo de
Cracóvia, Karol Wojtyla, o Diário de Santa Faustina teve sua proibição retirada
pela Igreja, em 1978, quase vinte anos depois de uma intervenção do Santo
Ofício. No mesmo ano, providencialmente, Wojtyla foi eleito Papa João Paulo II
e o reconhecimento da santidade de Faustina Kowalska andou a passos largos. Em
2000, a devoção à Divina Misericórdia foi estendida ao mundo inteiro, recebendo
indulgências especiais e uma festa litúrgica, no primeiro domingo após a
Páscoa.
Então, neste domingo, somos chamados a
louvar a Deus por Sua infinita misericórdia. Ela é, nas palavras da própria
Santa Faustina, um fruto do amor de Deus: “O amor de Deus é a flor – e a
misericórdia é o fruto” [2]. Em Si mesmo, Deus é amor; mas, ao manifestar-se na
história para os homens, esse amor é misericórdia. Antes da Criação, não era
possível a misericórdia, porque, para existir, é necessário haver um
“miserável”. É com a economia divina, portanto, que se manifesta a Sua
misericórdia: na Criação, na Redenção, nos Sacramentos, no envio do Espírito
Santo etc. Com razão, pode-se dizer que a misericórdia divina é uma árvore com
vários galhos [3], dentre os quais se sobressai a Cruz de Nosso Senhor,
fortaleza e esperança dos que padecem por Ele.
A devoção à Divina Misericórdia é
importante porque nela está o coração do Evangelho. A segunda leitura da
Liturgia deste domingo diz: “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo. Em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos, ele nos fez nascer de novo, para uma esperança viva, para uma herança
incorruptível, que não se mancha nem murcha, e que é reservada para vós nos
céus” [4].
No Evangelho que cobre o arco dessa
Oitava de Páscoa, Jesus ressuscitado aparece aos apóstolos e sopra sobre eles o
Espírito Santo. Santo Tomás, em seu comentário ao Evangelho de São João, diz
que é próprio da terceira pessoa da Santíssima Trindade o perdão dos pecados. É
evidente que, na economia da salvação, quem age é toda a Trindade: Pai, Filho e
Espírito Santo. Mas, na teologia, utiliza-se um recurso chamado “apropriação”.
Por apropriação, é conveniente que se chame o Pai de Criador, o Filho de
Redentor e o Espírito de Santificador. Também por apropriação se diz que o
responsável por perdoar os pecados é o Espírito Santo, manifestação da
caridade, que “supre todas as faltas” [5]:
“Uma vez que é o Espírito Santo que nos
constitui amigos de Deus, é normal que seja por ele que Deus nos perdoe os
pecados. Por isto o Senhor disse aos discípulos: ‘Recebei o Espírito Santo;
aquele a quem perdoardes os pecados, serão perdoados’, e em São Mateus (12, 31)
o perdão dos pecados é negado àqueles que blasfemam contra o Espírito Santo,
porque não têm em si aquilo por que o homem pode obter o perdão dos seus
pecados. Daí decorre também dizermos, do Espírito Santo, que ele nos renova,
que ele nos purifica, que ele nos lava.” [6]
Todo o tempo pascal aponta para o
Domingo de Pentecostes e, desde já, é possível ver que o Espírito Santo – o
amor-caridade que brota do lado de Cristo – é o grande fruto da Ressurreição.
No mesmo dia em que ressurge dos mortos, Jesus aparece aos Seus discípulos e
sopra sobre eles o Espírito Santo, oferecendo-lhes o dom da remissão dos
pecados e manifestando-lhes a Sua misericórdia.
Santa Teresinha do Menino Jesus, grande
devota da Divina Misericórdia, na enfermaria, alguns meses antes de morrer,
confidenciou à sua irmã:
“Poderiam pensar que é porque não
cometi pecados que tenho uma confiança tão grande no Bom Deus. Dizei
claramente, minha Mãe, que se eu tivesse cometido todos os crimes possíveis,
teria sempre a mesma confiança. Sinto que toda essa multidão de ofensas seria
como gota de água lançada num braseiro ardente.” [7]
Cresçamos em confiança na misericórdia
divina e lancemos a gota d’água de nossos pecados e misérias no braseiro
ardente do amor de Deus.
Referências:
Cf. Diário, 49-50.
Diário, 949.
O Pe. Reginald Garrigou-Lagrange faz
essa comparação em sua obra
Providence (V, 26), disponível em inglês no site
da EWTN.
1 Pd 1, 3-4.
Pv 10, 12.
Santo Tomás de Aquino, Comentário sobre
São João, 20, I, 4.
Últimos Colóquios, Caderno Amarelo, 11
de julho, 6.
http://www.reflexoesfranciscanas.com.br/2014/04/homilia-do-2-domingo-da-pascoa-por-pe.html
Liturgia de 27.04.2014 - 2º Domingo de Páscoa
Liturgia de 27.04.2014 - 2º Domingo de Páscoa
A
Voz do Pastor - 2º Domingo da Páscoa - Domingo 27/04/2014
Canal
do Youtube:
arqrio
arqrio
Reflexão
Evangelho- 2º
Domingo da Páscoa (Jo 20,19-31)
Neste segundo domingo da páscoa, como
comunidade de fé, nos reunimos na comunhão fraterna, na escuta atenta da
Palavra, na fração do pão e nas orações, vencendo o medo e testemunhando a
presença do Senhor ressuscitado no mundo.
A cena do evangelho deste domingo é
marcada por sinais que apontam para grandes dificuldades em reconhecermos a
presença do ressuscitado entre nós: Já é noite (domínio das trevas), as portas
do lugar onde os discípulos encontram-se reunidos estão fechadas e o medo toma
conta de todos! Um ambiente praticamente impenetrável, onde é destacável o
fechamento tanto estrutural quanto dos corações.
Entretanto Jesus rompe todas as
barreiras, entra no recinto, põe-se no centro, mostra as marcas da paixão e faz
a primeira, das duas, proclamações pascais: “a paz esteja convosco” (v.19 e
21), sendo que na segunda vez o dom da paz é tomado como base ou pressuposto
para o envio na missão: “Como o Pai me enviou também eu vos envio”(v.21b).
O Senhor também além da paz nos dá
outros dons como fruto de sua ressurreição: o Espírito Santo, a reconciliação e
a fé; esta proclamada por Tomé na expressão: “Meu Senhor e meu Deus!” Aliás,
este discípulo representa todas as nossas aspirações em fazer, verdadeiramente,
uma experiência pessoal com o ressuscitado.
Por muitas vezes poderemos somente
pensar que Tomé é um homem apenas sem fé, pois o próprio Senhor o exorta dizendo:
“Não sejas incrédulo, mas fiel”! (v.27) Além do mais ele não aderiu à fé quando
os seus irmãos atestaram que viram o Senhor (V.25). Entretanto, por meio dele,
recebemos uma belíssima promessa de Jesus: “Bem-aventurados os que creram sem
terem visto” (V.29).
Somos testemunhas privilegiadas por
meio da fé que temos em Jesus ressuscitado e também convidados a ajudar a
construir o reinado de Deus por meio de relações comunitárias diferentes do que
normalmente encontramos em nosso cotidiano.
Em outras palavras; a comunidade que
tem Jesus ressuscitado no centro de sua vida é marcada por valores próprios
desta presença divina, tais como a oração, a partilha comum dos bens e dos
dons, a perseverança na orientação recebida, a capacidade de bendizer a Deus,
em sua grande misericórdia que nos fez “nascer de novo, para uma esperança
viva, para uma herança incorruptível” (1Pd 1,3-4) mesmo diante das provações e
dificuldades dos tempos presentes!
Celebramos a páscoa de Jesus
juntamente com todos os trabalhadores deste nosso país que com as dificuldades
cotidianas lutam por melhores e justas condições de trabalho, de remuneração e
de oportunidades. Também agradecemos a Deus por sua misericórdia com seus
filhos e também pela beatificação de João Paulo II.
Em Jesus, o bom pastor e Maria nossa
Mãe.
Fonte Pe. Fernando Antonio Carvalho Costa – Arquidiocese de Fortaleza
Fonte Pe. Fernando Antonio Carvalho Costa – Arquidiocese de Fortaleza
HOMILIA
COMPROMISSO COM CRISTO
RESSUSCITADO
Nas tradições das primeiras
comunidades circulavam dois tipos de textos sobre a ressurreição: uns relativos
à constatação do túmulo vazio e outros relacionados às aparições do
ressuscitado. Em Marcos encontramos apenas a tradição do túmulo vazio. Os
demais evangelistas combinam-se ao coletar textos extraídos das duas tradições.
No texto de hoje, do Evangelho de João, temos a narrativa do encontro do túmulo
vazio. Em continuação, o Evangelho apresentará as narrativas de aparições. A
tradição do túmulo vazio suscita a fé no ressuscitado sem vê-lo.
Precisamos fazer um rebusco ao que
Jesus disse aos discípulos na última ceia. Ele já comunicara aos discípulos, de
maneira expressiva, a sua paz; e agora, na condição de ressuscitado, a renova.
Jesus aparece entre os discípulos reunidos, anuncia-lhes a paz e mostra-lhes as
chagas.
A primeira testemunha do cumprimento
destas palavras foi Maria Madalena que chega ao túmulo. Vê a pedra que o
fechava removida e acha que roubaram o corpo. Ela o comunica a Pedro e ao
discípulo que Jesus amava. Este discípulo é mais ágil do que Pedro ao
dirigir-se ao túmulo; porém, em consideração a ele, deixa que entre primeiro. O
pano que tinha coberto a cabeça de Jesus estava enrolado num lugar à parte. O
discípulo que Jesus amava viu e creu na presença viva de Jesus. Até então não
tinham compreendido que Ele ressuscitaria. Contudo, os sinais do túmulo vazio
são suficientes para o discípulo amado crer que Jesus continuava vivo.
No Evangelho de hoje, os discípulos
estão com as portas trancadas com medo dos judeus. Este detalhe exprime a
situação da comunidade de João, excluída pelos judeus, os quais, inclusive,
denunciavam os cristãos aos romanos. Porém, a presença do ressuscitado liberta
a comunidade do medo e lhes traz a alegria. O mostrar as chagas das mãos e a do
lado é a confirmação de identificação do ressuscitado com Jesus de Nazaré, que
foi crucificado. Agora, conforme anunciara nos discursos de despedida, Jesus
comunica aos discípulos o Espírito, soprando sobre eles.
Os discípulos são enviados em missão,
com o conforto do Espírito. Suas comunidades, que vivem na comunhão e partilha,
movidas pela fé em Jesus, são responsáveis pela prática da misericórdia no
acolhimento dos excluídos como pecadores e de todos aqueles que se sentem
atraídos por Jesus. A partir da experiência de Tomé, Jesus proclama a
bem-aventurança da fé. Começa o tempo dos bem-aventurados que não viram e
creram.
Em Atos, Lucas narra o anúncio de
Pedro: a partir do batismo de João, iniciou-se o ministério libertador de
Jesus, por toda parte, até sua morte na cruz. Porém, ressuscitado, continua
presente entre os discípulos. É o mesmo Jesus de Nazaré, Filho de Deus encarnado,
que a todos comunicou eternidade e vida divina. As primeiras comunidades tinham
consciência de que, pelo batismo, já viviam como ressuscitadas, isto é, em
união com Jesus em sua eternidade e divindade.
Comprometer-se, hoje, com o projeto
vivificante de Jesus, na justiça, no amor, na partilha, é viver a ressurreição,
em comunhão com o Deus eterno.
Fonte Canção Nova
HOMILIA DIÁRIA
A fé alimenta nossa
relação com Deus
Hoje, mais do que nunca, somos convidados a ser homens e mulheres
do Espírito e a alimentarmos a nossa fé, porque é ela quem nos mantém de pé.
”Jesus lhe disse: ‘Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados
os que creram sem terem visto!”.’ (João 20, 29)
Nós hoje queremos mergulhar
na profundidade da misericórdia e do amor de Deus, porque Tomé precisou tocar
nas mãos e nas chagas do Senhor para que ele pudesse acreditar e para que ele
pudesse ter fé. É o tipo de fé que exige prova racional, é a fé que exige o
conhecimento experimental: ”Se não me provar por A mais B, eu não creio, eu não
acredito!”
Infelizmente,
no mundo de ontem e, sobretudo, no mundo de hoje, muitas pessoas estão
mergulhadas no racionalismo e na incredulidade diante das coisas da fé, dos mistérios
de Deus, porque põem a fé à prova, submetem a fé – algo tão genuíno do
Espírito e da profundidade da nossa alma e do nosso ser – à prova da
razão.
Não,
não é que tenhamos de ignorar a razão, não! Porque ela nos faz muito bem, ela
nos dá pressupostos [para discernirmos entre o certo e o errado]. O que nós não
podemos é diminuir a nossa fé, o que nós não podemos é ignorar a nossa
experiência mística, o que nós não podemos é deixar de alimentar a nossa
espiritualidade.
Porque
fé é acreditar no que não se vê, é ter convicção daquilo que não estamos vendo,
mas, mesmo assim, nós temos certeza, porque nosso espírito toca nas realidades
divinas e nas realidades espirituais à medida que alimentamos o homem
espiritual que somos, à medida que alimentamos a nossa espiritualidade, à
medida que nós aumentamos e invistimos em nossa relação com Deus.
Quando
nós não alimentamos a nossa relação com o divino, com o sagrado, a nossa
relação pessoal com Deus, é óbvio que a nossa fé diminui ou se torna
extremamente racional.
A
bem-aventurança que Jesus, hoje, nos apresenta é fundamental para permanecermos
firmes na fé e no seguimento do Senhor. A bem-aventurança de hoje nos permite
experimentarmos a bondade e a misericórdia de Deus; a bem-aventurança da fé, a
bem-aventurança de acreditar para além de nossas incredulidades. A
bem-aventurança de alimentar o nosso espírito, porque não só de pão vive o
homem, não só da matéria vive o homem, não só dos pressupostos racionais vive
nossa humanidade, mas de tudo aquilo que vem da Palavra de Deus, do coração de
Deus e da nossa experiência com Ele.
Somos,
hoje, mais do que nunca convidados a ser homens do Espírito, mulheres do
Espírito, e a alimentarmos a nossa fé, porque, no final das coisas, no fim de
tudo, é ela quem nos mantém de pé. Mesmo sem ver eu creio, mesmo sem ter visto
eu acredito, porque eu experimentei, do fundo de minha alma e do meu coração,
um encontro pessoal com Deus vivo!
Deus
abençoe você e uma feliz Páscoa!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
LEITURA ORANTE
Jo 20,19-31 - A paz de Jesus - Hoje, canonização de João Paulo II e João XXIII
Preparo-me para
rezar a Palavra, com a prece de São Tomás de Aquino:
Espírito Santo,
Deus de amor,
concede-me:uma
inteligência que te conheça,
uma inquietação que
te procure,
uma sabedoria que
te encontre,
uma vida que te
agrade,
uma perseverança
que,
enfim, te possua.
Amém.
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na minha Bíblia, o texto: Jo 20,19-31, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Leio atentamente, na minha Bíblia, o texto: Jo 20,19-31, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Naquele mesmo
domingo, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos de portas trancadas,
com medo dos líderes judeus. Então Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:
— Que a paz esteja
com vocês!
Em seguida lhes
mostrou as suas mãos e o seu lado. E eles ficaram muito alegres ao verem o
Senhor. Então Jesus disse de novo:
— Que a paz esteja
com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.
Depois soprou sobre
eles e disse:
— Recebam o
Espírito Santo. Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados são
perdoados; mas, se não perdoarem, eles não são perdoados.
Jesus e Tomé
Acontece que Tomé,
um dos discípulos, que era chamado de “o Gêmeo”, não estava com eles quando
Jesus chegou. Então os outros discípulos disseram a Tomé:
— Nós vimos o
Senhor!
Ele respondeu:
— Se eu não vir o
sinal dos pregos nas mãos dele, e não tocar ali com o meu dedo, e também se não
puser a minha mão no lado dele, não vou crer!
Uma semana depois,
os discípulos de Jesus estavam outra vez reunidos ali com as portas trancadas,
e Tomé estava com eles. Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:
— Que a paz esteja
com vocês!
Em seguida disse a
Tomé:
— Veja as minhas
mãos e ponha o seu dedo nelas. Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de
duvidar e creia!
Então Tomé exclamou:
— Meu Senhor e meu
Deus!
— Você creu porque
me viu? — disse Jesus. — Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!
Jesus fez diante
dos discípulos muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Mas
estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Messias, o Filho de
Deus. E para que, crendo, tenham vida por meio dele.
A comunidade
reunida e unida com a presença do Senhor Ressuscitado se fortalece e cresce.
Recebe o Espírito Santo e a missão. Tomé não está presente. Por isso tem
dificuldade para crer. Não acredita no primeiro anúncio que os apóstolos fazem
depois de estarem com o Senhor. Tomé diz, em outras palavras, que precisa ver
para crer. Uma semana depois, todos estão reunidos e, desta vez, Tomé está
também. O Ressuscitado o convida para tocar as chagas. É quando ele faz aquela
bela oração: “Meu Senhor e meu Deus!” E Jesus diz: “ Felizes são os que não
viram, mas assim mesmo creram!” O Evangelho conclui com dizendo sua finalidade:
“para que crendo, tenham vida por meio de Jesus”.
2. Meditação
(Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Sou uma pessoa que
marco presença na comunidade?
Por acaso, sou como Tomé?
Preciso ver para crer?
Ou posso tomar para
mim, a afirmação de Jesus: “ Felizes são os que não viram, mas assim mesmo
creram!” Os bispos na V Conferência falaram muitas vezes da fé: “O “irmão” de Jesus
(cf. Jo 20,17) participa da vida do Ressuscitado, Filho do Pai celestial,
porque Jesus e seu discípulo compartilham a mesma vida que procede do Pai:
Jesus, por natureza (cf. Jo 5,26; 10,30) e o discípulo, por participação (cf.
Jo 10,10). A conseqüência imediata deste tipo de vínculo é a condição de irmãos
que os membros de sua comunidade adquirem.” (DAp 132).
3. Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo:
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo:
Jesus Mestre,
que eu pense com a
tua inteligência
e com a tua sabedoria.
Que eu ame com o
teu Coração...
Que eu veja sempre
com os teus olhos.
Que eu fale com a
tua língua.
Que eu ouça somente
com teus ouvidos.
Que eu saboreie
aquilo que tu gostas.
Que as minhas mãos
sejam as tuas.
Que os meus pés
sigam os teus passos.
Que eu reze com as
tuas orações.
Que meu tratamento
seja o teu.
Que eu celebre como
tu te imolaste.
Que eu esteja em ti
e tu em mim,
de modo que eu
desapareça.
(Bem-aventurado Tiago
Alberione)
4. Contemplação
(Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou estar presente na minha comunidade – família, grupo, Igreja, amigos – e descobrir junto a presença de Jesus Ressuscitado em nosso meio, com a sua mensagem de paz!
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
Vou estar presente na minha comunidade – família, grupo, Igreja, amigos – e descobrir junto a presença de Jesus Ressuscitado em nosso meio, com a sua mensagem de paz!
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva,
fsp
Oração Final
Pai Santo, nós queremos
crer! Aumenta nossa fé, para que tenhamos a Vida no Nome de Jesus Cristo.
Faze-nos fontes de Esperança para a humanidade, a começar pelos companheiros de
caminhada que nos deste. Com eles, sejamos testemunhas do Teu Amor, revelado no
Cristo Jesus, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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