
VATICANO, 06 Fev. 13 / 03:57 pm (ACI/EWTN Noticias).-
Em sua catequese semanal da Audiência Geral das quartas-feiras, o Papa Bento XVI refletiu novamente sobre o Credo,
desta vez sobre Deus criador do céu e da terra, e explicou que o Senhor cria
tudo bom e que o ápice desta criação é o homem e a mulher, criados para o amor
e não para o pecado que "destrói tudo".
Ante milhares de fiéis presentes na Sala Paulo VI no Vaticano, o Papa sublinhou que "Deus se manifesta como Pai na criação, enquanto origem da vida e, ao criar, mostra a sua onipotência. A fé implica, portanto, saber reconhecer o invisível, identificando o seu traço no mundo visível".
"O crente pode ler o grande livro da natureza e entender sua
linguagem; mas é necessária a Palavra de revelação, que suscita a fé, para que
o homem possa chegar à plena consciência da realidade de Deus como Criador e
Pai".
O Papa explicou a importância da criação, relatada no primeiro
capítulo do livro do Gênesis onde se pode ver que "a vida surge, o mundo
existe, porque tudo obedece à Palavra divina".
"Mas a nossa pergunta hoje é: na época da ciência e da
técnica, ainda tem sentido falar de criação? Como devemos compreender as
narrações de Gênesis? A Bíblia não
quer ser um manual de ciências naturais; quer, em vez disso, fazer compreender
a verdade autêntica e profunda das coisas".
O Santo Padre ressaltou logo que "a verdade fundamental que
os relatos de Gênesis nos revelam é que o mundo não é um conjunto de forças
entre conflitantes, mas tem a sua origem e a sua estabilidade no Logos, na
Razão eterna de Deus que continua a sustentar o universo".
"Há um desígnio sobre o mundo que nasce desta Razão, do
Espírito criador. Acreditar que na base de tudo esteja isto, ilumina cada
aspecto da existência e dá coragem para enfrentar com confiança e com esperança
a aventura da vida".
"Então, a escritura nos diz que a origem do ser, do mundo, a
nossa origem não é o irracional ou as nossas necessidades, mas a razão e o amor
e a liberdade. Disto a alternativa: ou prioridade do irracional, da
necessidade, ou prioridade da razão, da liberdade, do amor. Nós acreditamos
nesta última posição".
Bento XVI disse que o ápice da criação é o homem
e a mulher, o ser humano, criados a imagem e semelhança de Deus por amor e para
o amor; que vivem o paradoxo de ser algo pequeno no meio do universo, frente à
grandeza do amor eterno que o Senhor quer para todos.
O Papa assegurou que a dignidade humana é inviolável porque é
imagem e semelhança de Deus, o que "indica, então, que o homem não é
fechado em si mesmo, mas tem uma referência essencial em Deus".
Depois de ressaltar que o homem deve cuidar e cultivar a criação
de acordo ao plano divino, o Pontífice se referiu à tentação personificada pela
serpente no relato do Gênesis: "a serpente levanta a suspeita de que a
aliança com Deus seja como uma prisão que une, que priva da liberdade e das
coisas mais belas e preciosas da vida".
"A tentação convida a construir sozinho o mundo no qual viver,
não aceitar os limites do ser criatura, os limites do bem e do mal, da
moralidade; a dependência do amor criador de Deus é visto como um fardo do qual
libertar-se. Este é sempre o núcleo da tentação. Mas quando se distorce a
relação com Deus, com uma mentira, colocando em seu lugar, todos os outros
relacionamentos são alterados".
Então, continuou o Papa, "o outro transforma-se em um rival,
em uma ameaça: Adão, depois de ter cedido à tentação, acusa imediatamente Eva;
os dois se escondem da vista daquele Deus com o qual conversavam em amizade; o
mundo não é mais o jardim no qual viver com harmonia, mas um lugar para
desfrutar e no qual se escondem armadilhas; a inveja e o ódio contra a outro
entram no coração do homem: a exemplo de Caim que mata o próprio irmão
Abel".
"Indo contra o seu criador, na verdade o homem vai contra si
mesmo, renega a sua origem e também a sua verdade; e o mal entra no mundo, com
a sua penosa prisão de dor e de morte. E assim tudo quanto Deus havia criado
era bom, na verdade, muito bom, depois desta livre decisão do homem pela
mentira contra a verdade, o mal entra no mundo".
Bento XVI se referiu logo ao pecado, concretamente ao pecado
original, e disse que "em primeiro lugar, devemos considerar que nenhum
homem é fechado em si mesmo, nenhum pode viver sozinho, por si só; nós
recebemos a vida do outro e não somente no momento do nascimento, mas a cada
dia".
"O ser humano é relacional: eu sou eu mesmo somente no tu e
através do tu, na relação do amor com o Tu de Deus e o tu dos outros. Bem, o
pecado é perturbar ou destruir a relação com Deus, esta é a sua essência:
destruir a relação com Deus, a relação fundamental, colocar-se no lugar de
Deus".
"O Catecismo da Igreja Católica afirma que com o primeiro pecado o
homem "fez a escolha de si mesmo contra Deus, contra as exigências da
própria condição de criatura e consequentemente contra o próprio bem" (n.
398). Perturbada a relação fundamental, são comprometidos ou destruídos também
os outros polos da relação, o pecado arruína as relações, assim arruína tudo,
porque nós somos relações".
Ante a realidade do pecado, explica o Santo Padre, "o homem
sozinho não pode sair desta situação, não pode redimir-se sozinho; somente o
próprio Criador pode restabelecer as relações certas. Somente se Aquele do qual
nós fomos desviados vem a nós e nos toma pela mão com amor, as relações
corretas podem ser retomadas".
Cristo é o que restaura ao ser humano: "Jesus, o Filho de
Deus, está em uma relação filial perfeita com o Pai, reduz-se, transforma-se
servo, percorre o caminho do amor humilhando-se até a morte de cruz, para
reordenar a relação com Deus. A Cruz de Cristo transforma-se assim na nova
árvore da vida".
Para concluir o Papa disse: "Queridos irmãos e irmãs, viver
de fé quer dizer reconhecer a grandeza de Deus e aceitar a nossa pequenez, a
nossa condição de criatura deixando que o Senhor a transborde com o seu amor e
assim cresça a nossa verdadeira grandeza. O mal, com a sua carga de dor e
sofrimento, é um mistério que vem iluminado pela luz da fé, que nos dá a
certeza de poder ser libertos: a certeza de que é bom ser um homem".
http://www.acidigital.com/noticia.php?id=24823
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