
São João de Brébeuf e
companheiros
Século XVII
Século XVII
No século XVII, a Companhia de Jesus participou da
aventura pelos mares desconhecidos que levou à descoberta e colonização de um
novo mundo: o continente americano. Nas expedições, os jesuítas garantiam a
chegada da Palavra de Deus e os conhecimentos do cristianismo aos povos
colonizados, e ao mesmo tempo davam apoio espiritual aos corajosos
expedicionários durante as viagens. Comandantes, navegadores e marinheiros eram
os portadores da civilização, enquanto os jesuítas tinham como bandeira a
catequese.
Hoje, a Igreja busca um convívio harmonioso com as civilizações indígenas de
todo o mundo, respeitando seus princípios culturais e religiosos. Mas até
chegar a esse ponto, os conflitos entre formas de fé diferentes fizeram muitas
vítimas, cujo sangue deve servir de ensinamento e profunda reflexão.
E se os conquistadores dizimaram populações locais, os primitivos moradores das
três Américas também produziram muitos mártires entre os que viajavam com a
palavra da paz e da salvação. A data de hoje foi incluída no calendário da
Igreja para homenagear a memória do martírio de oito missionários jesuítas,
todos de origem francesa: João de Brébeuf, chefe da missão, Isaac Jegues,
Renato Goupel, João de Landi, Gabriel Lalmant, Antônio Daniel, Carlos Gurmier e
Natal Chabanel.
Esse grupo de mártires representa a primícia da santidade do continente
norte-americano, envolta com o sangue do martírio. Mas com certeza fazem parte
da segunda geração de jesuítas e franciscanos enviados para a catequização, por
isso adentraram bastante o continente. Eles estavam espalhados na selvagem
região coberta por imensas florestas e grandes lagos, nos confins dos Estados
Unidos com o Canadá. Os povos locais, conhecidos como
"peles-vermelhas", eram formados pelas tribos guerreiras dos urões e
dos iroqueses, que disputavam o território, mas que se uniam para resistir
bravamente aos "homens brancos" invasores, vingando-se sangrentamente
em todos os que lembrassem os inimigos, principalmente nos jesuítas, cuja única
arma era a Palavra de Deus.
Foram torturados e mortos em diferentes datas, entre 1642 e 1649, num período
de inquietação na vida da recente colônia americana, não só religiosa como
também política. Deles, apenas as relíquias de João de Brébeuf e Gabriel
Lalmant foram encontradas e levadas para Quebec, Canadá, por ser colônia
francesa, onde até hoje estão expostas às orações dos devotos e peregrinos.
As duas tribos responsáveis pelos crimes contra os missionários continuaram a
guerrear entre si por muitos anos. Até que os urões, quase exterminados pelos
iroqueses, foram abrigar-se nas antigas missões de Santa Maria, que ainda se
conservavam de pé e eram mantidas por jesuítas. Lá, os mais de dois mil e
setecentos indígenas tomaram conhecimento da palavra de Jesus, converteram-se e
foram batizados.
A colina onde foram assassinados padre Jegues e seus companheiros é chamada de
"Montanha da Oração", e ainda hoje existe uma paróquia formada e
mantida pelos urões católicos. Nos locais onde os outros morreram, outras
igrejas foram construídas e destinadas à comunidade católica indígena.
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