4 de Maio de 2014
ANO A

Lc 24,13-35
Comentário do
Evangelho
Do ver ao reconhecer
A riqueza do evangelho é tal que ele precisa ser saboreado
internamente. Todo o capítulo 24 de Lucas pode ser considerado como um resumo
de todo o seu evangelho. Cada um dos evangelhos é fruto da experiência pascal
dos discípulos. Nesse sentido, trata-se de um testemunho de fé. Cada trecho do
evangelho é uma verdadeira Páscoa: da cegueira à visão, da enfermidade à cura,
da morte à vida, da tristeza à alegria, da falta da esperança à esperança, do
ódio e rancor ao amor. O relato dos discípulos de Emaús é, do início ao fim,
uma Páscoa. O caminho que separa Jerusalém de Emaús é metáfora de um caminho
muito mais longo, o caminho através das Escrituras, em que a lição de exegese
dada por Jesus aos dois discípulos oferece condições de eles reconhecerem o
Senhor no partir o pão.
A morte de Jesus representou uma forte frustração
para aqueles que punham nele as esperanças messiânicas (cf. v. 21) e fez com
que, por um instante, a comunidade dos discípulos entrasse em crise. O nosso
texto visa transmitir o fato que permitiu a passagem do abatimento à alegria,
do ver ao reconhecer. O espaço teológico-espiritual entre o ver e o reconhecer
permitiu a Jesus a lição de exegese. No tempo do reconhecimento os discípulos
confessarão que foi ela que os transformou (cf. v. 32). A explicação e
compreensão da Escritura, à luz da ressurreição do Senhor, abriram os olhos
para o reconhecimento. A primeira ressurreição, para os discípulos é, então, a
da memória. Eles compreenderam, então, que o Senhor que se apresenta vivo no
meio deles, de alguma forma, estava presente em toda a Escritura que, por sua
vez, encontra nele sua plenitude e sentido. Quando do reconhecimento o Senhor
desapareceu da vista deles. É que a visão física não é mais necessária para
“ver” o Senhor. Mesmo invisível aos olhos, o Senhor está e permanecerá
presente. A invisibilidade não significa, no que diz respeito à fé, ausência.
Fato, aliás, que eles nem sequer mencionam, como se a visibilidade não tivesse
a menor importância. O que retém a atenção deles, e torna-se objeto da mensagem
transmitida aos demais discípulos, é o acontecido no caminho para Emaús, no
tempo que precedeu o reconhecimento (cf. v. 35), tempo de escuta, em que o
Mestre ressuscitado continua a instruir os seus discípulos. Se a morte
dispersou os discípulos, a experiência do Ressuscitado os congrega (cf. v. 33).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, não permitas que eu caia na tentação
de viver distante de meus irmãos e irmãs de fé, pois o Senhor Ressuscitado nos
quer todos reunidos em seu nome.
http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&action=busca_result&data=04%2F05%2F2014
Vivendo a Palavra
Vivendo a Palavra
Sob variadas formas o Cristo Jesus se faz também
nosso companheiro de viagem. Estejamos vigilantes e atentos à sua Presença. Ele
vem até nós nos irmãos de caminhada, na natureza, na história, nos sinais dos
tempos, nas Escrituras Sagradas e na Igreja-Povo de Deus, com seu Magistério e
Tradição.
Recadinho

Quando
Deus se manifesta em sua vida? - Você se desespera facilmente ou confia em
Deus? - Você sabe encontrar a força de sua fé na Eucaristia? - Você faz como os
discípulos de Emaús: caminha desanimado pelo mundo afora? - Você vê Deus
presente e que lhe fala através dos acontecimentos da vida?
Padre Geraldo
Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
A FRUSTRAÇÃO
SUPERADA
A crucifixão de Jesus foi um duro golpe para a
comunidade cristã. Com ela, vieram abaixo os projetos de libertação,
carinhosamente acalentados pelos discípulos. As palavras e as ações do Mestre
pareciam dignas de fé. Seu modo de ser tinha algo de especial, bem diferente do
que até então se tinha visto. Sua morte na cruz, no entanto, deixou, nos
discípulos, o sabor da frustração e da desilusão!
Foi
preciso que o Ressuscitado os chamasse à realidade. Eles não estavam
dispensados da missão. Por conseguinte, não havia motivo para se dispersarem e
voltarem para sua cidade de origem, uma vez que tinham, diante de si, um mundo
a ser evangelizado. Era insensato cultivar sentimentos de morte, quando a vida
já havia despontado e se fazia presente no Ressuscitado. Por que fixar-se no
aspecto negativo da vida, já que a realidade vai muito além?
Os
discípulos de Emaús retratam os cristãos desiludidos de todos os tempos, uma
vez que não acreditam na possibilidade de se criar um mundo fraterno. São os
pessimistas, centrados em si mesmos, incapazes de projetar-se para além dos
próprios horizontes. Ou seja, são cristãos nos quais a ressurreição ainda não
produziu frutos.
Só a
descoberta do Ressuscitado permite ao cristão superar os reveses da vida. Aí
então, ele se dará conta de que, apesar da cruz, vale a pena somar esforços
para construir o Reino.
Oração
Espírito de otimismo, abre
meus olhos para que eu perceba a presença do Ressuscitado junto de mim, e
assim, reencontre a razão de viver.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado
neste Portal a cada mês)
Oração
Ó Deus, que o vosso povo
sempre exulte pela sua renovação espiritual, para que, tendo recuperado agora
com alegria a condição de filhos de Deus, espere com plena confiança o dia da
ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
REFLEXÕES DE HOJE

DIA
04 DE MAIO – DOMINGO
VEJA AQUI MAIS HOMILIAS
PARA O PRÓXIMO DOMINGO
4 de maio – 3º DOMINGO DA
PÁSCOA
*Por Pe. Johan Konings, sj
I. INTRODUÇÃO GERAL
A liturgia do
segundo domingo pascal apresentou a comunidade apostólica e sua fé em Jesus
Cristo ressuscitado. Agora, o terceiro domingo apresenta a mensagem que essa
comunidade anunciou ao mundo, a pregação dos apóstolos nos primórdios da
Igreja: o “querigma”. A perspectiva do anúncio universal é criada pela antífona
da entrada, com o Salmo 66[65],1-2: “Aclamai a Deus, toda a terra”, enquanto a
oração do dia evoca a renovação espiritual dos que creem e recebem a condição
de filhos de Deus.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (At 2,14a.22-33)
A primeira leitura
apresenta o “querigma” apostólico, o anúncio – no discurso de Pedro em
Pentecostes – da ressurreição de Jesus e de sua vitória sobre a morte. É o
protótipo da pregação apostólica. Suprimida a introdução do discurso, por ser a
leitura de Pentecostes (At 2,15-21), a leitura de hoje se inicia com o v. 22,
anunciando que o profeta rejeitado ressuscitou, cumprindo as Escrituras (Sl
16[15],8-10). Não se trata de ver aí uma realização “ao pé da letra”, mas de
reconhecer nas Escrituras antigas a maneira de agir de Deus desde sempre, a
qual se realiza num sentido “pleno” em Jesus Cristo. Ou melhor: naquilo que se
vê em Jesus, aparece o sentido profundo e escondido das antigas Escrituras. O
importante nesse querigma é o anúncio da ressurreição como sinal de que Deus
“homologou” a obra de Jesus e lhe deu razão contra tudo e todos. Isso é
atestado não só por testemunhas humanas, mas também pelo testemunho de Deus
mesmo, na Escritura. O Salmo 16[15], por exemplo, originalmente a prece de quem
sabe que Deus não o entregará à morte, encontra em Cristo sua realização plena
e inesperada. Esse salmo é também o salmo responsorial de hoje e terá de ser
devidamente valorizado.
2. II leitura (1Pd 1,17-21)
Na segunda leitura,
continua a leitura da 1Pd iniciada no domingo passado. Jesus Cristo é visto
como aquele que nos conduz a Deus. Sua morte nos remiu de um obsoleto modo de
viver. Por meio de Cristo, ou seja, quando reconhecemos e assumimos a validade
do seu modo de viver e de morrer, chegamos a crer verdadeiramente em Deus e o
conhecemos como aquele que ressuscita Jesus, aquele que dá razão a Jesus e
“endossa” a sua obra. Isso modifica nossa vida. Desde o nosso batismo, chamamos
a Deus de Pai; mas ele é também o Santo que nos chama à santidade (1Pd 1,16;
cf. Lv 19,2). O sacrifício de Cristo, Cordeiro pascal, obriga-nos à santidade.
Os últimos versículos desta leitura (v. 19-21) constituem uma profissão de fé
no Cristo, que desde sempre está com Deus: ele nos fez ver como Deus
verdadeiramente é, e por isso podemos acreditar que Deus nos ama.
3. Evangelho (Lc 24,13-35)
O evangelho é preparado pela aclamação, que evoca o ardor dos discípulos ao escutar a Palavra de Deus (cf. Lc 24,32). Trata-se da narrativa dos discípulos de Emaús (lida
também na missa da tarde no domingo da Páscoa). A homilia pode sublinhar
diversos aspectos.
1) “Não era
necessário que o Cristo padecesse tudo isso para entrar na glória?” (Lc 24,26).
Cabe parar um momento junto ao termo “o Cristo”. Não é apenas de Jesus como
pessoa que se trata, mas de Jesus enquanto Cristo, Messias, libertador e
salvador enviado e autorizado por Deus. Não se trata apenas de reconhecer a
vontade divina a respeito de um homem piedoso, mas do modo de proceder de Deus
no envio de seu representante, o “Filho do
homem” revestido de sua autoridade (cf. Dn 7,13-14), que deve levar a termo o
caminho do sofrimento e da doação da vida (cf. Lc 9,22.31).
2) Jesus “lhes
explicou, em todas as Escrituras, o que estava escrito a seu respeito” (Lc
24,27). Em continuidade com a primeira leitura, podemos explicitar o tema do
cumprimento das Escrituras. As Escrituras fazem compreender o teor divino do
agir de Jesus. Enquanto os discípulos de Emaús estavam decepcionados a respeito
de Jesus, fica claro agora que, apesar da aparência contrária, Jesus agiu certo
e realizou o projeto de Deus. As Escrituras testemunham isso. Jesus assumiu e
levou a termo a maneira de ver e de sentir de Deus que, embora de modo
escondido, está representada nas antigas Escrituras. Ele assumiu a linha
fundamental da experiência religiosa de Israel e a levou à perfeição, por assim
dizer. Mas só foi possível entender isso depois de ele ter concluído a sua
missão. Só à luz da Páscoa foi possível que as Escrituras se abrissem para os
discípulos (cf. também Jo 20,9; 12,16).
3) Reconheceram-no
ao partir o pão (cf. Lc 24,31 e 35). A experiência de Emaús nos faz reconhecer
Cristo na celebração do pão repartido. Na “última ceia”, o repartir o pão fora
reinterpretado, “ressignificado”, pelo próprio Jesus como dom de sua vida pelos
seus e pela multidão (Lc 22,19); e à comunhão do cálice que acompanhava esse
gesto, Jesus lhe dera o sentido de celebração da nova e eterna aliança (Lc
22,20). Assim puderam reconhecê-lo ao partir do pão. Mas o gesto de Jesus na
casa dos discípulos significava também a rememoração do gesto fundador que fora
a Última Ceia, a primeira ceia da nova aliança. Desde então, esse gesto se
renova constantemente e recebe de cada momento histórico significações novas e
atuais. Que significa “partir o pão” hoje?Não é apenas o gesto eucarístico; é
também o repartir o pão no dia a dia, o pão do fruto do trabalho, da cultura,
da educação, da saúde… Os discípulos de Emaús, decerto, não pensavam num mero
rito “religioso”, mas em solidariedade humana. Ao convidarem Jesus, não
pensaram numa celebração ritual, mas num gesto de solidariedade humana: que o
“peregrino” pudesse restaurar as forças e descansar, sem ter de enfrentar o
perigo de uma caminhada noturna. O repartir o pão de Jesus é situado na comunhão
fraterna da vida cotidiana. Esse é o “aporte” humano que Jesus ressignifica,
chamando à memória o dom de sua vida.
III. DICAS PARA
REFLEXÃO: Entender as Escrituras e partir o pão
A liturgia de hoje
nos conscientiza de que Jesus, apesar – e por meio – de seu sofrimento e morte,
é aquele que realiza plenamente o que a experiência de Deus no Antigo
Testamento já deixou entrever, aquilo que se reconhece nas antigas Escrituras
quando se olha para trás à luz do que aconteceu a Jesus. Ao tomarmos consciência
disso, brota-nos, como nos discípulos de Emaús, um sentimento de íntima
gratidão e alegria (“Não ardia o nosso coração…?” [Lc 24,32]) que invade a
celebração toda, especialmente quando, ao partir o pão, a comunidade
experimenta o Senhor ressuscitado presente no seu meio.
A saudade é a
benfazeja presença do ausente. Quando alguém da família ou uma pessoa querida
está longe, a gente procura se lembrar dessa pessoa. É o que aconteceu com os
discípulos de Emaús. Jesus fora embora… mas, sem que o reconhecessem, estava
caminhando com eles. Explicava-lhes as Escrituras. Mostrava-lhes o veio
escondido do Antigo Testamento que, à luz daquilo que Jesus fez, nos faz
compreender ser ele o Messias: os textos que falam do Servo Sofredor, o qual
salva o povo por seu sofrimento (Is 52-53); ou do Messias humilde e rejeitado
(Zc 9-12); ou do povo dos pobres de Javé (Sf 2-3) etc. Jesus ressuscitado
mostrou aos discípulos de Emaús esse veio, textos que eles já tinham ouvido,
mas nunca relacionado com aquilo que Jesus andou fazendo… e sofrendo.
Isso é uma lição
para nós. Devemos ler a Sagrada Escritura por intermédio da visão de Jesus
morto e ressuscitado, dentro da comunidade daqueles que nele creem. É o que
fazem os apóstolos na sua primeira pregação, quando anunciam ao povo reunido em
Jerusalém a ressurreição de Cristo, explicando os textos que, no Antigo
Testamento, falam dele, como mostra a primeira leitura de hoje. Para a compreensão cristã da Bíblia, é preciso ler a
Bíblia na Igreja, reunidos em torno de Cristo ressuscitado.
O que aconteceu em
Emaús, quando Jesus abriu as Escrituras aos discípulos, é parecido com a
primeira parte de nossa celebração dominical, a liturgia da Palavra. E muito
mais parecido ainda com a segunda parte, o rito eucarístico: Jesus abençoa e
parte o pão, e nisso os discípulos o reconhecem presente. Desde então, a Igreja
repete esse gesto da fração do pão e acredita que, neste, Cristo mesmo se torna
presente.
Emaús nos ensina as
duas maneiras fundamentais de ter Cristo presente em sua ausência: ler as Escrituras à luz de sua
memória e celebrar a fração
do pão, o gesto pelo qual
ele realiza sua presença real, na comunhão de sua vida, morte e ressurreição. É
a presença do Cristo pascal, glorioso – já não ligado ao tempo e ao espaço, mas
acessível a todos os que o buscam na fé e se reúnem em seu nome.
*Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica,
reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia
e mestre em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de
Lovaina. Atualmente é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte.
Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos: Bíblia – Antigo e Novo
Testamento (tradução), evangelhos (especialmente o de João) e hermenêutica
bíblica. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia;
A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos
fiéis – anos A-B-C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A
Bíblia nas suas origens e hoje; Sinopse dos Evangelhos de Mateus, Marcos e
Lucas e da “Fonte Q”.
04 de maio – 3º Domingo da Páscoa
ALGUÉM CAMINHA CONOSCO
Nem sempre a nossa fé é tão firme, forte e convicta que nos garante a
certeza da presença do Ressuscitado caminhando conosco. Mais difícil ainda é
imaginar que um suposto morto esteja vivo e fazendo história com a humanidade.
Dois discípulos voltam de Jerusalém desanimados depois dos últimos
acontecimentos trágicos que lá se sucederam. Deixam a esperança para trás,
enterrada em Jerusalém, e voltam para sua vidinha do dia a dia, acompanhados
por um “estranho”.
Conversa vai, conversa vem, e o “estranho” só escutando. Até que se
interessa, toma parte na conversa e pergunta “o que aconteceu de importante em
Jerusalém?” – que é o assunto da conversa. De ouvinte, o “estranho” começa a
explicar os acontecimentos na perspectiva do Primeiro Testamento. Assim a volta
para casa torna-se também um retorno à Escritura.
Agora o “estranho” torna-se também “hóspede”. A partir da casa, acontece
a iluminação. Na casa há pão sobre a mesa. Casa sem pão é sinal de morte, casa
com pão é sinal de vida. É na mesa que acontece a partilha e, a partir dela,
revela-se o rosto de Jesus.
Segundo Lucas (e Mateus), Jesus nasce na “casa do pão” (Belém).
Aprendeu, com certeza, desde pequeno a importância do pão e o jeito de
partilhá-lo. Seu nascimento na “casa do pão” dá o rumo de sua atividade e do
seu projeto.
A eucaristia é o grande símbolo de partilha e a maior demonstração da
presença de Deus. Alimentados com a eucaristia, aprendemos a partilha e a
solidariedade que nos darão a certeza da presença de Deus em nossa vida de
caminhantes. A partilha destrói barreiras, cria laços e constrói comunhão e
solidariedade.
Pe. Nilo Luza, ssp
3º Domingo da Páscoa - 4 de Maio de 2014
’NÃO ARDIA NOSSO CORAÇÃO QUANDO
ELE NOS FALAVA PELO CAMINHO E NOS EXPLICAVA AS ESCRITURAS?’’
Primeira leitura: Atos 2,14. 22-33;
Salmo 15 (16), 1-2a. 5.7-8.9-10.11 (R.1a);
Segunda leitura1Pedro 1,17-21;
Evangelho: Lucas 24,13-35.
Salmo 15 (16), 1-2a. 5.7-8.9-10.11 (R.1a);
Segunda leitura1Pedro 1,17-21;
Evangelho: Lucas 24,13-35.
Situando-nos brevemente
Neste terceiro domingo da Páscoa, o Senhor Ressuscitado caminha conosco e nos revela Palavra viva, senta à mesa e reparte conosco sua vida.
Nesta reunião, partilhamos com Ele as incertezas, as dúvidas e as dificuldades em compreender o caminho pascal. Somos iluminados pela Palavra da Escritura que faz arder nosso coração e nos prepara para o banquete da aliança, onde Ele mesmo se dá como alimento.
Ele vem ao nosso encontro, caminha conosco, abre nossos olhos e ouvidos para compreendermos o sentido da cruz. Deixemo-nos guiar por sua Palavra que nos tira do medo e da timidez e nos faz anunciadores da Boa Notícia.
Recordando a Palavra
A leitura do evangelho de Lucas narra o encontro do Ressuscitado com os discípulos de Emaús. Esse texto, exclusivo de Lucas, convida a percorrer o caminho do discipulado para encontrar Jesus ressuscitado, que parte o pão conosco e revela seu amor que inflama nosso coração. Os dois discípulos representam os cristãos de todos os tempos, sempre a caminho com o Senhor. Na década de 80 do primeiro século, quando o evangelho foi escrito, os cristãos necessitavam reavivar a fé em Cristo ressuscitado, presente na comunidade solidária que se reúne para partir o pão.
Os dois discípulos, após a morte de seu Mestre, na cruz, partem de Jerusalém em direção ao povoado de Emaús. Jesus de Nazaré, que ‘’foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante do povo’’ (24,19), havia suscitado a esperança messiânica de libertação. Os discípulos estão tristes e desiludidos, pois tinham colocado a expectativa num messianismo político nacionalista: ‘’Esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel’’ (24,21). Apesar de não terem acolhido o anúncio pascal das mulheres que diziam: ‘’o Crucificado está vivo’’, eles lembram, conversam e discutem a respeito de Jesus, mas seus olhos são incapazes de reconhecer a presença viva de Jesus que estava próximo e caminhava com eles.
O ressuscitado se faz presente no caminho dos que procuram descobrir o significado da suas palavras e obras, dos que fazem sua memória de sua vida doada totalmente. À luz das Escrituras, os discípulos e discípulas encontram o verdadeiro sentido da paixão e ressurreição de Cristo: ‘’Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrara na glória?’’ (24,26). Compreendem que Jesus é o verdadeiro Messias, que realizou o projeto salvífico, passando pelo sofrimento da cruz. ‘’Começando por Moisés e passando por todos os profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele’’ (24,27). A presença do Ressuscitado ilumina os discípulos, fazendo-os compreender a palavra: ‘’Não ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?’’ (24,32).
A adesão à palavra de Jesus manifesta-se na hospitalidade: ‘’Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!’’(24,29). O gesto de partir e compartilhar o pão suscita a fé no Ressuscitado. Os olhos dos discípulos se abrem e reconhecem a presença de Jesus, quando ele sentou-se à mesa, ‘’tomou o pão, pronunciou a benção, partiu-o e deu a eles’’ (24,30). Na última ceia, Jesus repartiu o pão como dom de sua própria vida (cf. 22,19). Os discípulos de Emaús celebram o memorial de Jesus como gesto de solidariedade, acolhendo o ‘’peregrino’’ para que pudesse restaurar as forças. Ao repartir o pão de Jesus na comunhão fraterna da vida, eles fazem a experiência de sua presença viva e atuante.
O gesto de Jesus, que recorda sua vida compartilhada, doada por amor, reconduz os discípulos ao caminho. Reavivados na fé e na esperança, os discípulos levantam-se e voltam para Jerusalém, para testemunhar a experiência do encontro com Cristo ressuscitado: ‘’Realmente, o Senhor ressuscitou!’’ (24,34). Jerusalém, lugar onde Jesus concluiu sua obra de salvação, torna-se o marco inicial da missão dos discípulos, que deve se estender até os confins da terra (cf. At 1,8).
Na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos, Pedro, porta-voz dos demais discípulos, apresenta o querigma cristão. Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai, realizou-se ‘’milagres, prodígios e sinais’’ em favor do povo (2,22). Ele foi acolhido por muitos e rejeitado por outros até a morte na cruz. ‘’Mas Deus o ressuscitou, libertando-o das angústias da morte’’ (2,24)), revelando a eficácia de sua doação a serviço do projeto divino de salvação. Em Cristo realiza-se plenamente o sentido do salmo de hoje (cf. At 2,25-28; Sl 15,811(16)). O Pai não abandonou o Filho na morada dos mortos, mas o ressuscitou para a vida plena em sua glória.
A vitória da vida sobre a morte, manifestada em Cristo, plenifica a promessa messiânica de estabelecimento de um reino eterno de salvação (cf. 2Sm 7,12-16). Na obra de Jesus, o Messias (= ungido), a qual culminou com sua exaltação à direita do Pai, cumprem-se as Escrituras. Jesus venceu a morte através da ressurreição, instaurando o reinado eterno da justiça e paz. Os cristãos tornam-se testemunhas da vida nova, revelada em Cristo: ‘’Deus ressuscitou este mesmo Jesus, e disso todos nós somos testemunhas’’ (2,32).
O salmo 15 (16) é uma prece de confiança em Deus: ‘’não vais abandonar minha vida no sepulcro’’. A experiência da salvação em Deus leva a seguir o caminho da vida, abandonando as falsas seguranças. Assim, o salmista encontra a verdadeira felicidade, que faz exultar de alegria. Cristo ressuscitado, exaltado na glória do Pai, realiza plenamente a esperança de salvação anunciada no salmo.
A segunda leitura da primeira carta de Pedro convida a testemunhar a fé e a esperança, durante ‘’o tempo de permanência como migrantes’’ (1,17). Os cristãos, que estavam sofrendo discriminação, opressão, como no tempo do Egito e da Babilônia, são fortalecidos pala presença de Deus, o Pai que ama e acolhe a todos como filhos. O amor do Pai, revelado ao povo ao longo da história da salvação, culminou na vida, morte salvífica e ressurreição de Cristo.
‘’Fomos resgatados (...) pelo precioso sangue de Cristo, cordeiro sem defeito e sem mancha’’ (1,19). Jesus, como cordeiro pascal (cf. Ex 12,5), realiza o êxodo que liberta plenamente, conduzindo à comunhão filial com o Pai. O seguimento a Cristo, a fidelidade ao seu projeto testemunham a verdadeira fé e esperança em Deus (cf.1,21). A esperança em Deus, que ressuscitou Jesus dos mortos, assegura o compromisso em defesa da vida e da dignidade dos que são discriminados, marginalizados.
Atualizando a Palavra
O Ressuscitado caminha conosco. Sua presença viva torna-se perceptível aos nossos olhos, quando acolhemos os irmãos e nos reunimos para ‘’partir o pão’’. Ele alimenta nossa vida, nossa fé, fortalece nosso caminho e nossa missão. A força de sua ressurreição faz renascer nossa esperança, que deve ser testemunhada através de gestos de hospitalidade, de partilha. ‘’A ressurreição de Cristo produz por toda a parte rebentos deste mundo novo; e, ainda que os cortem, voltam a despontar, porque a ressurreição do Senhor já penetrou a trama oculta desta história; porque Jesus não ressuscitou em vão. Não fiquemos à margem desta marcha da esperança viva!’’ (Evangelli Gaudium, n.278).
A Palavra transforma nosso coração e revela sua eficácia na Eucaristia, lugar privilegiado do encontro e do reconhecimento do Ressuscitado. ‘’A Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro do discípulo com Jesus Cristo. Com este sacramento, Jesus nos atrai para si e nos faz entrar em seu dinamismo em relação a Deus e ao próximo. Existe estreito vínculo entre as três dimensões da vocação cristã: crer, celebrar e viver o mistério de Jesus Cristo, de tal modo que a existência cristã adquira verdadeiramente forma eucarística. Em cada eucaristia, os cristãos celebram e assumem o mistério pascal, participando nele. Portanto, os fiéis devem viver sua fé na centralidade do mistério pascal de Cristo através da eucaristia, de maneira que toda sua vida seja cada vez mais vida eucarística. A Eucaristia, fonte inesgotável da vocação cristã é, ao mesmo tempo, fonte inextinguível do impulso missionário. Aí, o Espírito Santo fortalece a identidade do discípulo e desperta nele a decidida vontade de anunciar com audácia aos demais o que tem escutado e vivido’’ (Documento de Aparecida, n. 251). O Papa Francisco mostra que a palavra alcança a máxima eficácia no sacramento: ‘’Não é só a homilia que se deve alimentar da palavra de Deus. Toda a evangelização está fundada sobre esta palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. A Sagrada Escritura é a fonte da evangelização. Por isso, é preciso formar-se continuamente evangelizar. É indispensável que a palavra de Deus ‘se torne cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial’. A Palavra de Deus ouvida e celebrada, sobretudo na eucaristia, alimenta e reforça interiormente os cristãos e torna-os capazes de um autêntico testemunho evangélico na vida diária. Superamos já a velha contraposição entre palavra e sacramento: a palavra proclamada, viva e eficaz, prepara a recepção do sacramento e, no sacramento, essa palavra alcança a sua máxima eficácia’’ (Evangelli Gaudium, n. 174).
O gesto de partir e compartilhar o pão, que levou os discípulos de Emaús a reconhecer a presença viva do Ressuscitado, revela a prática das comunidades primitivas de celebrar a Eucaristia. Os cristãos costumavam se reunir para escutar a Palavra, esta reunião culminava na fração do pão, na ceia eucarística (cf. At 2,42. 46). Justino, mártir, ao falar sobre a Eucaristia ressalta que ‘’no chamado dia do Sol, reúnem-se em um mesmo lugar todos os que moram nas cidades ou nos campos. Leem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, na medida em que o tempo permite. Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos. Reunimo-nos todos no dia do Sol, não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque neste mesmo dia Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos’’.
Ligando a Palavra com a ação eucarística
É o primeiro dia da semana, dia do Senhor. Ele está no meio de nós. Somos uma comunidade reunida em nome d’Ele. Ele nos revigora, abre nossos olhos e nossos ouvidos para lermos os acontecimentos à luz do seu mistério pascal.
Não há do que duvidar: Ele é aquele de quem falava as Escrituras, como testemunhavam as leituras de hoje.
Na celebração, a proclamação da Palavra ganha pleno significado, como relata a introdução do lecionário: ‘’a economia da salvação, que a palavra de Deus não cessa de recordar e prolongar, alcança seu mais pleno significado na ação litúrgica, de modo que a celebração litúrgica se converta numa contínua, plena e eficaz apresentação desta palavra de Deus, Assim, a palavra de Deus, proposta continuamente na liturgia, é sempre viva e eficaz pelo poder do Espírito Santo, e manifesta o amor ativo do Pai, que nunca deixa de ser eficaz entre as pessoas’’ (Ordo Lectjonum Missae – OLM, n. 4).
Ele é também aquele que entra em nossa casa, senta à mesa conosco e partilha conosco seu Corpo entregue e seu sangue derramado.
Vale lembrar o que afirma o Elenco das Leituras da Missa: ‘’Espiritualmente alimentada nestas duas mesas, a Igreja, em uma, instrui-se mais, e na outra se santifica mais plenamente; pois na Palavra de Deus se anuncia a aliança divina, e na Eucaristia se renova esta mesma aliança nova e eterna. Numa, recorda-se a história da salvação com palavras; na outra, a mesma história se expressa por meio de sinais sacramentais da Liturgia. Portanto, convém recordar sempre que a divina que a Igreja lê e anuncia na Liturgia conduz, como seu próprio fim, ao sacrifício da aliança e ao banquete da graça, isto é, à Eucaristia. Assim, a celebração da missa, na qual se escuta a palavra e se oferece e se recebe a Eucaristia, constitui um só culto divino, com o qual se oferece a Deus o sacrifício de louvor e se realiza plenamente a redenção do homem’’ (OLM, n.10).
Alimentados nestas mesas, recebemos do Senhor força e coragem para a entrega de nosa própria vida para a vida do mundo.
Sugestões para a celebração
Cuidar do espaço para que seja expressão da Páscoa do Senhor, destacando o círio pascal, a fonte batismal, a mesa da Palavra e a mesa eucarística.
Depois da saudação inicial, a comunidade pode fazer a recordação da vida, ou seja, de fatos, acontecimentos, dores e alegrias – a páscoa do povo, na páscoa de Cristo – a exemplo dos discípulos de Emaús que conversam com o Senhor sobre os acontecimentos.
Preparar bem os leitores e salmistas para que o pão da Palavra seja bem repartido.
‘’A verdade do sinal exige que a matéria da celebração eucarística pareça realmente um alimento. Convém, portanto, que, embora ázimo e com a forma tradicional, seja o pão eucarístico de tal modo preparado que o sacerdote, na Missa com o povo, possa de fato partir a hóstia em diversas partes e distribuí-las ao menos a alguns dos fiéis’’ (Instrução Geral do Missal Romano – IGMR 321).
‘’A Comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal, quando sob as duas espécies. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no reino do Pai’’ (IGMR 281).
Os cantos sejam preparados com antecedência,
prevendo ensaios. O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As
melodias estão gravadas no CD Liturgia XVI – Páscoa – Ano A.
Fonte: Eis a Luz de Cristo! - Roteiros Homiléticos para o
Tríduo Pascal e Tempo Pascal l– CNBB 2014 - Ano A
A luz sobrenatural da
fé
O Evangelho deste domingo, que narra o
episódio dos discípulos de Emaús, é muito importante para nós, que já cremos,
mas temos consciência de que precisamos aumentar a nossa fé. Note-se que
aqueles homens que iam para Emaús eram bons discípulos – no caminho, falam de
Jesus como "um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e
diante de todo o povo", e narram perfeitamente os acontecimentos relativos
aos últimos dias. Tinham entrado em contato com o que era necessário para ter
fé – a obra de Cristo e a Sua pregação –, mas terminaram escandalizados com a
Sua morte, com o absurdo do amor de Deus escondido nessa injustiça; tinham
diante de si todos os preambula fidei, mas, ao invés de crerem, se
detiveram diante da Cruz.
Hoje, é possível que muitos ainda
conheçam o Cristianismo de forma puramente carnal, como os discípulos de Emaús.
Eles viam que havia, na história de Jesus, algo de sobrenatural, mas não
creram, porque a fé não é uma dedução simples de raciocínios humanos, mas uma
virtude teologal infundida por Deus no coração do homem. É claro que os
raciocínios são importantes – existe na fé um aspecto racional –, mas o simples
olhar à "história profana", por assim dizer, não conduz à fé. A fé é
um dom sobrenatural, está além de nossa natureza. Por isso, não se pode lidar
com as verdades de fé como se lida com as coisas meramente naturais. Seria como
tentar carregar um tesouro de muitas toneladas com as próprias forças. Para
"carregar" a verdade sobrenatural da vida de Cristo, é necessário um
"guindaste" também sobrenatural: a fé. Nas palavras de Santo Tomás de
Aquino:
"Quanto ao assentimento do homem
às verdades da fé, podem ser apontadas duas causas. Uma o induz exteriormente,
por exemplo, a visão de um milagre ou a pregação de outros homens que o
impulsiona à fé. Mas esta causa não é suficiente, porque a experiência ensina
que, vendo um mesmo milagre e ouvindo um mesmo pregador, uns creem e outros
não. É preciso, pois, apontar outra causa que mova interiormente o homem para
que preste seu assentimento às verdades da fé. Os pelagianos diziam que esta
causa interior era unicamente o livre arbítrio do homem... Mas isto é
completamente falso porque, como o homem, ao assentir às verdades da fé, se
eleva sobre sua própria natureza, é necessário que esta elevação seja produzida
por um princípio sobrenatural que a mova interiormente, que é o próprio Deus.
Portanto, a fé, quanto ao seu ato principal, que é o assentimento, procede de
Deus, que nos move interiormente pela graça." [1]
Portanto, a fé não vem de nós mesmos,
como queriam os pelagianos. Podemos preparar todo o terreno, estudar
assiduamente o Catecismo, perscrutar obras de teologia e apologética e meditar
todas as Sagradas Escrituras; se Deus não intervier, não teremos a fé. O padre
Reginald Garrigou-Lagrange, em um artigo a respeito da certeza sobrenatural da
fé, cita as seguintes palavras de Lacordaire:
"Um convertido vos dirá: eu li,
raciocinei, quis, e não consegui; mas um dia, sem que eu possa dizer como, na
esquina de uma rua, ao pé da minha lareira, eu não sei, mas já não era mais o
mesmo, eu tinha fé; depois li de novo, meditei, confirmei minha fé pela razão;
mas o que se passou em mim no momento da convicção final é de uma natureza
absolutamente diferente de tudo que havia precedido..." [2]
O que se passou com o convertido desta
passagem foi ação da graça. Os seus esforços humanos não conseguiram conduzi-lo
à fé, assim como a mera investigação histórica não tornou crentes os discípulos
de Emaús. Só quando Jesus – depois de repreendê-los e explicar-lhes "todas
as passagens da Escritura que falavam a respeito dele" – partiu o pão foi
que caíram as escamas de seus olhos e eles reconheceram que estavam andando com
o Senhor: "Não estava ardendo o nosso coração, quando ele nos falava pelo
caminho e nos explicava as Escrituras?"
Quando alguém, à procura da verdade,
espera um "argumento fatal" para crer, está cometendo um grande erro,
pois a fé é livre. É claro que existe, para todos, o dever moral de crer. A
incredulidade, por exemplo, é um pecado terrível. E pode acontecer com pessoas
que, tendo a fé, a corroem com seus hábitos imorais. No entanto, um pecado, por
si mesmo, não destrói a fé na alma. Como ensina o Concílio de Trento, "por
qualquer (...) pecado mortal se perde a graça (...), embora não se perca a
fé" [3].
Ao encontrar-se com Jesus Eucarístico,
os discípulos de Cristo saem de Emaús e voltam para Jerusalém, porque agora
creem no Amor que os amou. Nesta Liturgia, também nós, ajoelhemo-nos diante da
Cruz de Cristo e peçamos o dom da fé.
Referências:
Suma Teológica, II-II, q. 6, a. 1
Denzinger-Hünermann, 1544
Liturgia de 04.05.2014 - 3º Domingo de Páscoa
A Voz do Pastor - 3º
Domingo da Páscoa -- Domingo 04/05/2014
REFLEXÃO - São
Lucas 24, 13-35
RECORDE-SE MAIS DE
JESUS
O relato dos discípulos de Emaús nos
descreve a experiência de dois seguidores de Jesus durante o caminho de
Jerusalém para a pequena aldeia de Emaús, a oito quilômetros de distância da
capital. O narrador faz isso com tal habilidade que nos ajuda hoje também a
reavivar a nossa fé em Cristo ressuscitado.
Dois discípulos de Jesus se afastam
de Jerusalém, abandonando o grupo de seguidores que se formou ao redor dele.
Morto Jesus, o grupo vai se desfazendo. Sem ele, não tem sentido continuar
reunidos. O sonho se desmanchou. Quando Jesus morreu, morreu também a esperança
que ele havia despertado em seus corações. Não está acontecendo algo assim em
nossas comunidades? Não estamos deixando morrer a fé em Jesus?
No entanto, estes discípulos seguem
falando de Jesus. Eles não conseguem esquecê-lo.Comentam o acontecido. Tratam
de buscar algum sentido para o que viveram junto com ele."Enquanto
conversam, Jesus se aproxima e se põe a caminhar com eles." É o primeiro
gesto do Ressuscitado. Os discípulos não são capazes de reconhecê-lo, mas Jesus
já está presente caminhando junto com eles, Não caminha Jesus hoje veladamente
junto a tantos crentes que abandonam a Igreja, mas continuam recordando-se
dEle?
A intenção do narrador é clara: Jesus
se aproxima, quando os discípulos se recordam dEle e falar dEle. Ele se faz
presente ali onde se comenta o seu evangelho, onde há interesse por sua
mensagem, onde se conversa sobre seu estilo de vida e seu projeto. Não estaria
Jesus tão ausente entre nós porque pouco falamos dele?
Jesus está interessado em falar com
eles: "que conversa é essa que fazeis durante o vosso caminho?" Não
se impõe revelando-lhes a sua identidade. Pede-lhes que continuem contando a
sua experiência. Falando com Ele, irão descobrindo a sua cegueira. Seus olhos
se lhes abrirão quando, guiados por sua palavra, fazem um itinerário interior.
É assim. Se na Igreja se falar mais de Jesus e falar mais com Ele, nossa fé vai
reviver.
Os discípulos lhe falam de suas
expectativas e decepções, e Jesus os ajuda a aprofundar mais a identidade do
Messias crucificado. O coração dos discípulos começa a arder, eles sentem a
necessidade de que o "desconhecido" permaneça com eles. Ao celebrar a
ceia eucarística, os olhos deles se abrem os olhos e o reconhecem: Jesus está
com eles!
Nós, cristãos, temos de recordar-nos
mais de Jesus: citar suas palavras, comentar o seu estilo de vida, mergulhar em
seu projeto. Devemos abrir mais os olhos da nossa fé e descobri-lo cheio de
vida nas nossas Eucaristias. Ninguém há de estar mais presente. Jesus caminha
junto conosco.
Fonte José Antonio Pagola. Tradução: Redacción de Eclesalia – Irmãs
Franciscanas de Allegany
HOMILIA
DOS NOSSOS DIAS Lc
24,13-35
Naquela hora de desespero, alguém se
aproxima e começa a caminhar com eles. Uma simples pergunta do novo companheiro
os faz parar: De que estais falando? Não é possível que exista uma única pessoa
neste país que desconheça os fatos cruéis da semana passada! Poderia ser a
primeira reação. Mas logo aproveitam para partilhar a dor, a saudade, a frustração.
Corriam notícias sobre o túmulo vazio e a aparição de anjos. Mesmo assim
continuam inconsoláveis e reclamam: Ninguém viu Jesus!
Como sois sem inteligência e lentos
para crer em tudo o que os profetas falaram! Que voz é esta? Os dois a
conhecem. Soa-lhes tão familiar! Embora os olhos permaneçam vedados e a razão
obscurecida, o coração se abre, se dilata, começa a arder no peito. Ninguém
jamais falou como esse homem! responderam até os guardas, tempos atrás
encarregados de prender Jesus. Nem estes homens rudes conseguiram resistir às
suas palavras! As multidões ficaram extasiadas com o seu ensinamento, porque as
ensinava com autoridade. Toda experiência do convívio com o Mestre nos anos que
passaram emerge do fundo da alma, vem, de repente, à tona enquanto o
companheiro de viagem explica as passagens da Escritura, evocando Moisés e os
Profetas. Sua fala pelo caminho alivia a dor, derrete a saudade, afoga o
desânimo. Não querem deixá-lo ir adiante quando chegam ao destino. “Fica
conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando! É como se dissem: A quem
iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! A solidão machuca. Ficar
novamente só, fará reaparecer a tristeza e a dor. “Fica conosco!“ é o pedido
insistente, dirigido a quem ainda não reconhecem. No fundo do coração, porém,
já experimentam a alegria que tantas vezes sentiam quando o Mestre lhes falava.
“Fica conosco, pois já é tarde e a
noite vem chegando!“ “Tu tens palavras de vida eterna!“ O companheiro do
caminho para Emaús não abandonou os discípulos! “Entrou para ficar com eles.
Sentou-se à mesa com os dois, tomou o pão e abençoou, depois o partiu e deu a
eles“ (Lc 24,29-30). E na fração do pão acontece o milagre da Páscoa: os dois
reconhecem o Mestre. Vêem as mãos perfuradas e aquele inigualável semblante do
Filho de Deus. Mas, ao mesmo tempo, Ele “tornou-se invisível“ (Lc 24,31).
Ficou o pão partido e uma taça de
vinho partilhada. Ficaram as palavras que fizeram arder os corações. Ficou a
inebriante alegria em que Ele transformou o desespero dos discípulos. Agora não
é mais necessário ver Jesus com os olhos do corpo. Com a experiência que
tiveram em Emaús, os discípulos encarregar-se-ão de anunciá-lo e testemunhá-lo
pelo mundo afora.
Nos momentos difíceis grite como os
dois Apóstolos: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Ele
entra para ficar com eles. À mesa, Jesus toma o pão, abençoa e lhes dá. “Seus
olhos se abriram, e eles o reconheceram”. Jesus desaparece da vista deles, mas
fica no seu coração. “Não estava ardendo o nosso coração, quando ele nos
explicava as Escrituras?” A experiência é tão extraordinária, que os discípulos
precisam levar à notícia, naquela mesma noite, a Jerusalém.
No momento em que Jesus parte o pão,
os discípulos de Emaús se tornam missionários, mensageiros da Boa Nova. “Na
mesma hora eles se levantaram e voltaram para Jerusalém… e contaram o que tinha
acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o pão.
Ao distanciarem-se da comunidade, caminharam para Emaús à luz do dia, mas havia
escuridão por dentro. Depois que o Mestre se revelou, atravessam a escuridão da
noite, sem medo de tropeçar, porque o coração pulsa de alegria, cheia de luz.
Há um novo olhar, uma nova motivação, uma nova e luz no horizonte.
A missão nasce sempre de um encontro
com Jesus vivo, com o Cristo pascal. Os Evangelhos não terminam na Sexta-feira
Santa, com o Cristo morto e sepultado. O grande e retumbante final da sinfonia
é a esplêndida aurora da Páscoa, aquele deslumbrante primeiro dia da semana: o
Cristo ressuscitado, vivo, vencedor da morte, o triunfo do bem sobre o mal, a
vitória da graça sobre o pecado, a alegria do amor e da paz contra as tramas
diabólicas do ódio e da guerra. “Realmente o Senhor ressuscitou! Proclamam os
“Onze, reunidos com os outros“ em Jerusalém.
Celebramos a real presença deste Deus
conosco na Eucaristia, memória do mistério pascal, mistério da cruz e
ressurreição, mistério da redenção e reconciliação, que inicia a Nova Aliança.
Em cada Eucaristia olhamos para Deus, celebramos o Deus conosco, sua
encarnação, paixão morte e ressurreição. “É Deus Pai quem nos atrai por meio da
entrega eucarística de seu Filho, dom de amor com o qual saiu ao encontro de
seus filhos, para que, renovados pela força do Espírito, possamos chamá-lo de Pai”
. Da ação de graças, da doação gratuita do Cordeiro de Deus, emerge a energia
missionária da Eucaristia. A Eucaristia é a ponte para o ministério apostólico.
Eucaristia é Nova Aliança que pressupõe reconciliação, unidade na diversidade,
solidariedade até as últimas conseqüências.
Ao partir o pão, eles o reconhecem e
retornam ao Caminho. Nossa fé é o encontro pascal com o Senhor Jesus. É a
certeza de que ele está vivo. Nossa fé é uma fé pascal e pessoal. Não se trata
apenas de crer em alguma coisa. A profissão fundamental é: “Eu creio em Ti,
Senhor! E por isso me comprometo e me torno evangelizador.
Evangelizar, ser missionário, é
irradiar “o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o
que nossas mãos apalparam do Verbo da vida porque a Vida manifestou-se. Sejam
quais forem nossas fraquezas, misérias, limitações, o que contagia todas as
culturas, o que convence todos os povos e raças, é o testemunho da alegria e da
graça de termos encontrado o Senhor Ressuscitado. Tudo isso é graças à força do
pão partido de Emaús, é o vigor do fruto da videira no cálice da Nova Aliança,
é o corpo entregue e o sangue derramado de Jesus, morto e ressuscitado.
Fonte Canção Nova
Fonte Canção Nova
HOMILIA DIÁRIA
Tenha um encontro pessoal com a
Palavra de Deus!
É na Eucaristia e alimentados pela Palavra de
Deus que os nossos olhos vão reconhecer a presença do Senhor no meio de nós por
intermédio da Eucaristia!
”Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o,
partiu-o e lhes distribuía. Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles
reconheceram Jesus” (Lucas
24, 30-31).
Os discípulos de Emaús caminham tristes, lembrando-se de todos
os acontecimentos que ocorreram em Israel por aqueles dias. Ainda estavam
pesarosos com a Morte do Senhor Jesus e com todo o drama que fora a perda de
Jesus no meio deles. No entanto, quando o próprio Jesus Ressuscitado se
manifestou a eles, estes não foram capazes de O reconhecer. Seus olhos estavam
vendados, como que cegos, a mente fechada, então eles não foram capazes de
reconhecer a presença de Jesus no meio deles.
Deixe-me dizer uma coisa
a você: assim acontece também com a nossa vida, muitas vezes, o próprio Senhor
se manifesta a nós, se faz presente em nossa vida, Ele está no meio de nós, mas
nós não somos capazes de reconhecê-Lo, porque nossos olhos estão fechados, nós
estamos demasiadamente pesarosos, tristes, preocupados, tensos, nervosos.
Estamos envoltos em nossos ressentimentos, em nossas mágoas, em nossas dores,
em nossas paixões e nas nossas tristezas, de modo que os nossos olhos também se
fecham e não somos capazes de reconhecer a presença de Jesus no meio de nós.
A pedagogia que Deus usa
para abrir os nossos olhos é a mesma que Ele usou para com aqueles discípulos.
O Senhor caminha conosco, primeiro para nos relembrar das Sagradas Escrituras,
para abrir a nossa mente, para que nela entre a Palavra de Deus. A Palavra de
Deus semeada em nosso coração, semeada em nossos pensamentos e em nossos
sentimentos vai quebrando o que há de mais duro em nós, vai quebrando a nossa
ignorância, a nossa resistência; vai amolecendo o nosso coração para que
possamos na verdade encontrar o Senhor.
Você sente Deus distante
de você? Você não consegue reconhecer a presença d’Ele na sua vida? Comece pela
Palavra de Deus, se alimente dela, medite-a, tenha um encontro pessoal com o
Senhor na Sua Palavra!
Depois os discípulos
reconheceram o Senhor ao partir o pão. É na fração do pão, é na Eucaristia e
alimentados pela Palavra que os nossos olhos vão reconhecer a presença do
Senhor no meio de nós por intermédio da Eucaristia! Seu Corpo e Seu Sangue são
o alimento para a nossa vida, por meio dos quais Ele mesmo vem socorrer a nossa
pobreza e a nossa fraqueza.
Que hoje nossos olhos se
abram, a nossa inteligência se abra e todo o nosso ser possa estar aberto para
reconhecer Jesus, porque Ele está vivo, está presente no meio de nós! O que nós
precisamos é abrir os nossos olhos e abrir a nossa cabeça para poder
reconhecê-Lo vivo e presente no meio de nós!
Que Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. Facebook Twitter
LEITURA ORANTE
Lc 24,13-35 - "Fica conosco, Senhor"
Preparo-me para a Leitura Orante,
rezando:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser.
Eu vos adoro, amo e agradeço.
1. Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz?
Leio atentamente o texto do Evangelho do Dia: Lc 24,13-35.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser.
Eu vos adoro, amo e agradeço.
1. Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz?
Leio atentamente o texto do Evangelho do Dia: Lc 24,13-35.
Naquele mesmo dia,
dois dos seguidores de Jesus estavam indo para um povoado chamado Emaús, que
fica a mais ou menos dez quilômetros de Jerusalém. Eles estavam conversando a
respeito de tudo o que havia acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o
próprio Jesus chegou perto e começou a caminhar com eles, mas alguma coisa não
deixou que eles o reconhecessem. Então Jesus perguntou:
- O que é que vocês
estão conversando pelo caminho?
Eles pararam, com
um jeito triste, e um deles, chamado Cleopas, disse:
- Será que você é o
único morador de Jerusalém que não sabe o que aconteceu lá, nestes últimos
dias?
- O que foi? -
perguntou ele.
Eles responderam:
- O que aconteceu com Jesus de Nazaré. Esse homem era profeta e, para Deus e para todo o povo, ele era poderoso em atos e palavras. Os chefes dos sacerdotes e os nossos líderes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. E a nossa esperança era que fosse ele quem iria libertar o povo de Israel. Porém já faz três dias que tudo isso aconteceu. Algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram espantados, pois foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Voltaram dizendo que viram anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. Alguns do nosso grupo foram ao túmulo e viram que realmente aconteceu o que as mulheres disseram, mas não viram Jesus. Então Jesus lhes disse:
- O que aconteceu com Jesus de Nazaré. Esse homem era profeta e, para Deus e para todo o povo, ele era poderoso em atos e palavras. Os chefes dos sacerdotes e os nossos líderes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. E a nossa esperança era que fosse ele quem iria libertar o povo de Israel. Porém já faz três dias que tudo isso aconteceu. Algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram espantados, pois foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Voltaram dizendo que viram anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. Alguns do nosso grupo foram ao túmulo e viram que realmente aconteceu o que as mulheres disseram, mas não viram Jesus. Então Jesus lhes disse:
- Como vocês
demoram a entender e a crer em tudo o que os profetas disseram! Pois era
preciso que o Messias sofresse e assim recebesse de Deus toda a glória.
E começou a
explicar todas as passagens das Escrituras Sagradas que falavam dele, iniciando
com os livros de Moisés e os escritos de todos os Profetas.
Quando chegaram
perto do povoado para onde iam, Jesus fez como quem ia para mais longe.Mas eles
insistiram com ele para que ficasse, dizendo:
- Fique conosco
porque já é tarde, e a noite vem chegando.
Então Jesus entrou
para ficar com os dois. Sentou-se à mesa com eles, pegou o pão e deu graças a
Deus. Depois partiu o pão e deu a eles. Aí os olhos deles foram abertos, e eles
reconheceram Jesus. Mas ele desapareceu. Então eles disseram um para o outro: -
Não parecia que o nosso coração queimava dentro do peito quando ele nos falava
na estrada e nos explicava as Escrituras Sagradas?
Eles se levantaram
logo e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os onze apóstolos reunidos com
outros seguidores de Jesus. E os apóstolos diziam:
- De fato, o Senhor
foi ressuscitado e foi visto por Simão!
Então os dois
contaram o que havia acontecido na estrada e como tinham reconhecido o Senhor
quando ele havia partido o pão.
O Evangelho de hoje apresenta uma
cena magistral: Jesus ressuscitado com os discípulos no caminho de Emaús. Eram
dois: Cleopas e provavelmente sua esposa, Maria, aquela que estava ao pé da
cruz com Maria, a Mãe de Jesus, e com Maria Madalena. É uma caminhada dura,
triste, dolorosa, recordando o caminho feito até o Calvário, onde o Mestre foi
crucificado e morto. Uma palavra que poderia definir o estado de ânimo de ambos
é: decepção! Até que alguém, acerta o passo com eles e caminha junto, ouvindo
suas dores e seu desalento. O caminhante os ouve e os ajuda a refletir,
recordando as Escrituras e o que haviam profetizado sobre o Messias. Os fatos
vão tomando novo significado, à luz da Palavra. Os olhos dos discípulos de
Emaús passam a ver com clareza quando Jesus senta-se à mesa com eles e parte o
pão.
A Palavra e a Eucaristia são dois
momentos privilegiados em que Jesus Ressuscitado se manifesta e é percebido
pelos que crêem.
2.
Meditação (Caminho)
- O que a Palavra diz para mim?
Quando meu coração sofre, quando está
frio busco o calor da Palavra e sento-me à mesa com Jesus?
Convido-o para estar
comigo?
Percebo na pessoa que caminha a meu lado o ritmo do andar de Jesus
Ressuscitado?
3.
Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a
Deus?
Com os dois discípulos de Emaús e os
bispos, em Aparecida, faço de minha oração um convite a Jesus: “Guiados por Maria,
fixamos os olhos em Jesus Cristo, autor e consumador da fé e dizemos a Ele com
o Sucessor de Pedro:
“Fica conosco, pois cai a tarde e o
dia já se declina” (Lc 24,29).
Fica conosco, Senhor, acompanha-nos
ainda que nem sempre tenhamos sabido reconhecer-te.
Fica conosco, porque ao redor de nós
as mais densas sombras vão se fazendo, e Tu és a Luz; em nossos corações se
insinua a falta de esperança, e tu os faz arder com a certeza da Páscoa.
Estamos cansados do caminho, mas tu nos confortas na fração do pão para
anunciar a nossos irmãos que na verdade tu tens ressuscitado e que nos tem dado
a missão de ser testemunhas de tua ressurreição.
Fica conosco, Senhor, quando ao redor
de nossa fé católica surgem as névoas da dúvida, do cansaço ou da dificuldade:
tu, que és a própria Verdade como revelador do Pai, ilumina nossas mentes com
tua Palavra; ajuda-nos a sentir a beleza de crer em ti.
Fica em nossas famílias, ilumina-as
em suas dúvidas, sustenta-as em suas dificuldades, consola-as em seus
sofrimentos e no cansaço de cada dia, quando ao redor delas se acumulam sombras
que ameaçam sua unidade e sua natureza. Tu que és a Vida, fica em nossos lares,
para que continuem sendo ninhos onde nasça a vida humana abundante e
generosamente, onde se acolha, se ame, se respeite a vida desde a sua concepção
até seu término natural.
Fica, Senhor, com aqueles que em
nossa sociedade são os mais vulneráveis; fica com os pobres e humildes, com os
indígenas e afro-americanos, que nem sempre encontram espaços e apoio para
expressar a riqueza de sua cultura e a sabedoria de sua identidade. Fica,
Senhor, com nossas crianças e com nossos jovens, que são a esperança e a
riqueza de nosso Continente, protege-os de tantas armadilhas que atentam contra
sua inocência e contra suas legítimas esperanças. Oh bom Pastor, fica com
nossos anciãos e com nossos enfermos! Fortalece a todos em sua fé para que
sejam teus discípulos e missionários!” (DAp 554).
4. Contemplação
(Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou estar atento/a para ouvir os passos do Ressuscitado ao meu lado, para ouvi-lo na sua Palavra e encontrá-lo na Eucaristia.
Vou estar atento/a para ouvir os passos do Ressuscitado ao meu lado, para ouvi-lo na sua Palavra e encontrá-lo na Eucaristia.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, dá-nos ouvidos
capazes de ouvir, coração sábio para compreender, disposição e coragem para
viver a tua Mensagem de Amor à humanidade – trazida, proclamada e vivida pelo
Cristo Jesus, teu Filho Unigênito que se fez nosso Irmão e contigo vive e reina
na unidade do Espírito Santo.

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