segunda-feira, 5 de março de 2012

HOMÍLIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 05/03/2012

5 de Março de 2012 

Lucas 6,36-38

Comentário do Evangelho

Não julgar, mas perdoar

Enquanto Mateus qualifica Deus como perfeito ("Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" - Mt 5,48), Lucas qualifica Deus como misericordioso ("Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso"). A perfeição tem um sentido muito amplo, e pode significar até autossuficiência e poder. A misericórdia, por sua vez, significa relação amorosa e humilde com o próximo. Em Jesus, Deus revela-se como sendo amor e misericórdia. 
O "julgar" no texto de Lucas é empregado com o sentido de "condenar". O exercício do julgamento crítico dos fatos para melhor compreensão da realidade é saudável. A distorção está em condenar as pessoas, pois todas são filhas de Deus e objeto do seu amor misericordioso. 
Na oração do Pai-Nosso, em Mateus, pedimos que sejamos perdoados, assim como nós perdoamos. Mantendo esta mesma estrutura, podemos orar: não nos condeneis, como nós não condenamos, dai-nos, como nós damos... 
A medida boa recebida em recompensa é uma forma de expressão para a compreensão de que a felicidade e a alegria que almejamos estão em viver em comunhão de vida com os irmãos. Perdoando, não condenando, partilhando, removendo as estruturas que geram pobres e ricos, é assim que descobrimos nossa vida em Deus, já neste mundo. 

José Raimundo Oliva



Vivendo a Palavra

A ‘pregação na planície’, em Lucas, corresponde ao ‘sermão da montanha’, em Mateus. São ensinamentos que devemos receber com gratidão, guardar com carinho e viver com zelo e amor. O exercício da Misericórdia, que define o Pai, deve ser a regra do nosso relacionamento com nós mesmos, com o próximo e com a natureza.



COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


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1. "A nossa medida para com os outros"(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Um lugar onde podemos ver e comprovar como nós não somos Misericordiosos como o Pai, é no trânsito. Não adianta fingir que não é com a gente, todos somos assim, olhamos para os outros condutores de veículos com extremo rigorismo, mas quando nos olhamos ao volante, sempre amenizamos ao máximo nossas falhas. Sempre vamos ter razões de sobra para justificar o nosso erro, cometido em uma ultrapassagem perigosa, em um excesso de velocidade, em uma fechada que demos no outro, ou em qualquer norma de segurança que quebramos, nós temos necessidade e justificativa para falar ao celular no volante, mas se flagramos o outro, dirigindo desatentamente por estar falando ao celular, rapidamente o condenamos.

O trânsito é só um exemplo bem concreto de que, a nossa medida com o próximo é bem pequena e miserável. O que nos falta é exatamente aquilo que em Deus é sempre abundantes eterna: a Misericórdia! Mas esse comportamento anticristão não é só pessoal, mas tudo e todos que nos rodeiam na Família e na comunidade, amenizamos os erros e pecados, abrandamos o impacto da ação ou do escândalo, se o fato ocorreu com um filho ou filha, ou um irmão da nossa igreja, mas se for com o Filho ou a Filha do outro, que não é parente e nem membro do nosso grupo da Igreja, ah meu irmão, olhamos com uma lupa de aumento e apregoamos aos quatro cantos o pecado escabroso que tal pessoa cometeu.

Misericórdia é acolher o outro em nosso coração, e o Judeu tem um significado ainda mais bonito, é acolher o outro em nosso útero, para dar-lhe uma vida nova com o nosso amor, é também sermos solidários com a miséria do outro, caminhar junto, sorrir  e chorar junto e foi essa misericórdia do PAI , que Jesus manifestou por todos nós.

Não julgar, não condenar, perdoar, dar e acolher, são palavras chaves do evangelho, colocadas como prática cristã em nossa relação com o próximo no dia a dia. E o próximo são todas aquelas pessoas que passam por nós na rua, no Banco, na Feira Livre, no ônibus, na escola, no trabalho, na política, no futebol, na torcida. Na comunidade somos capazes de disfarçar a nossa raiva, impaciência e intolerância com o outro, mas fora da Igreja somos quem somos, e é exatamente nesses lugares e ambientes que nos relacionamos com as pessoas.

O evangelho traz uma exortação final muito séria, se a nossa medida com o próximo ( com todas as pessoas com quem cruzamos em nosso dia a dia, não é só com o irmãozinho da comunidade...) não for larga, cheia e generosa, Deus também nos olhará com rigorismo e não vamos poder contar com a sua bondade e misericórdia sem limites. Isso porque estamos deturpando a imagem, de Deus para o irmão.

E fica aqui, no final da reflexão uma boa pergunta: as pessoas com  quem convivemos, acreditam em um Deus amoroso e misericordioso, ou em um Deus intolerante e implacável? Se  a resposta for negativa, é bom não nos esquecer que essas pessoa simplesmente refletem a imagem de Deus que a ela passamos com a nossa conduta...

2. Não julgar, mas perdoar
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

VIDE ACIMA

Oração

Pai, dispõe meu coração para o perdão, pois este é o caminho pelo qual estabeleço minha comunhão contigo.

3. O AGIR CRISTÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O cristão tem consciência de que suas ações superam os limites das relações humanas, para desembocar no Pai. Por isso, todo gesto humano, sem exceção, tem algo a ver com Deus: deve inspirar-se nele, de quem receberá o prêmio ou o castigo.

O eixo fundamental da vida cristã deve ser a misericórdia. O motivo é simples: a misericórdia é o eixo fundamental do agir do Pai. E, pela misericórdia, o cristão reproduz um modo de ser característico de Deus.

Jesus indicou-nos algumas maneiras de expressar a misericórdia: não nos tornar juízes do próximo, e por conseguinte, abster-nos de condená-lo; perdoar sempre, e sermos capazes de doar nossos bens, com generosidade. A misericórdia, portanto, consiste em colocar-se diante do próximo com a humildade de quem se sabe servidor, e com a consciência de não ter o direito de julgá-lo e condená-lo. Isto compete ao Pai. A pessoa misericordiosa está sempre disposta a reatar, mediante o perdão, os laços rompidos pela inimizade.

A contrapartida da misericórdia humana é a misericórdia divina. O Pai não julga nem condena a quem foi capaz de ser misericordioso. Perdoa a quem foi capaz de perdoar. E a quem soube doar, dá com superabundância.

O cristão não pode perder de vista esta dimensão de seu agir. A falta de misericórdia resultará fatal, no momento de seu encontro com o Pai.

Oração

Espírito de misericórdia, reveste todas as minhas ações com a misericórdia, característica do Pai, levando-me a ser, para o meu próximo, a revelação da bondade divina.



A misericórdia de Deus é bem-aventurança, profecia e terapia

Postado por: homilia

março 5th, 2012


No imenso tesouro do Evangelho, a misericórdia é como uma gema preciosa,  sólida e delicada ao mesmo tempo, verdadeira e transparente na sua simplicidade, brilhante pela vida e alegria que difunde. Compaixão, solidariedade, ternura e perdão são como seus ângulos de polimento, por onde reflete – em raios coloridos e acessíveis – o amor regenerador de Deus.
Para mim, neste tempo da Quaresma, a compaixão de Deus se traduz em resgate, cura, abrigo, libertação, sustento, proteção, acolhida, generosidade e salvação – graças tão marcantes na caminhada do povo do Senhor. No decorrer dos séculos, a comunidade cristã tem atualizado esta experiência em novos contextos, lugares e relacionamentos. A liturgia celebra a misericórdia, a prece a invoca, a pregação a proclama, os místicos a enfatizam, o magistério a propõe, as obras a cumprem.
Antiga e sempre nova, a misericórdia divina pode ser entendida, em outras palavras, sob três pontos: bem-aventurança, profecia e terapia.
Como bem-aventurança, o compadecimento aproxima o Reino de Deus das pessoas e elas do Reino. É prática que dignifica o ser humano, tanto aquele que o dá quanto aquele que o recebe. Está repleta de gratuidade e alegria como disse Jesus: “Felizes os misericordiosos, pois alcançarão misericórdia” (Mt 5,7).
As obras de misericórdia são também profecias da justiça do Reino que superam toda fronteira de raça, credo ou ideologia. Diante da humanidade ferida e carente, somos servidores da vida e da esperança – dentro e fora da Igreja -, para crentes e não-crentes, a fim de que “todos tenham vida em plenitude” (Jo 10,10). Jesus nos indicou o exemplo do bom samaritano para mostrar a todos que a misericórdia não aceita fronteiras.
Enfim, a misericórdia é também terapia, compaixão que restaura, toque que regenera e cuidado que aquece. As obras têm eficácia curadora, pois socorrem nossa humanidade ferida pelo pecado e pelo desamor, restaurando em nós a imagem do Cristo glorioso para que Suas feições resplandeçam em nossa face, na face da Igreja e de toda a humanidade redimida.
Se a compaixão é um sentir que nos comove na direção do próximo, a misericórdia se caracteriza como gesto que realiza este sentir solidário. Na compaixão temos um sentimento que mobiliza; na misericórdia, o exercício deste sentimento. Daí os verbos: cumprir, mostrar, fazer e agir – que expressam a eficácia do amor misericordioso humano e, sobretudo, divino (cf. Êx 20,6; Sl 85,8; Lc 1,72 e 10,37).
A misericórdia tem caráter operativo, é amor em exercício de salvação. Se o amor é a qualidade essencial de Deus, a misericórdia é este mesmo amor exercitado para com a criatura humana, revelando a qualidade ativa do Senhor.
Assim, a compaixão se mostra muito mais na experiência do dia a dia do que na conceituação teológica, catequética ou espiritual. E ainda que tal experiência se revista de beleza, o “lar” da misericórdia não é o discurso nem são as explicações, porque as crianças abandonadas, os andarilhos e os excluídos da sociedade não “comem” explicações. O “lar” da misericórdia é a solidariedade. Seus órgãos vitais são o coração e as mãos que erguem o caído, curam o ferido, abraçam o peregrino, alimentam o faminto.
A misericórdia que Deus exige de você e de mim não é outra senão a evangélica, que consiste em 14 obras, divididas em sete corporais: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, acolher o forasteiro, vestir quem está nu, visitar os doentes, assistir aos prisioneiros e sepultar dignamente os mortos. Todas essas obras, centradas na exortação, “cada vez que as fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim as fizestes” (cf. Mt 25,40). Também sete obras espirituais: dar bons conselhos a quem necessita, ensinar os ignorantes, corrigir os que erram, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as fraquezas do próximo, rogar a Deus pelos vivos e mortos.
Meus  irmãos, em Emaús e à beira do lago da Galileia, Jesus toma o pão, o abençoa e reparte. Os discípulos reconhecem o Cristo por causa de Seu tato característico (Lc 24,30; Jo 21,12-13). Que gestos você tem feito para que as pessoas o reconheçam como discípulo de Jesus? Saiba que os gestos alimentam, curam e restauram. Eles são toques da misericórdia divina.
O nosso mandato é a prática da misericórdia com o irmão: “Vai e faze o mesmo!”
Padre Bantu Mendonça


Leitura Orante 

Preparo-me para a Leitura da Palavra orando, 
com todos os internautas: 

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. 
Amém. 

Divino Espírito Santo, amor eterno do Pai e do Filho, eu te adoro, louvo e amo. 
Peço-te perdão por todas as vezes que te ofendi em mim e no meu próximo. 
Espírito de verdade, consagro-te a minha 
inteligência, imaginação e memória, ilumina-me. 
Dá-me conhecer Jesus Cristo Mestre. 
Revela-me o sentido profundo do seu Evangelho e tudo o que ensina a Santa Igreja. 

1. Leitura (Verdade) 

- O que a Palavra diz? 

Leio atentamente, na Bíblia, o texto de hoje:
 Lc 6,36-38. 

Jesus me recomenda a ser misericordioso como o Pai é comigo. 
E explica o que é ser misericordioso: é ser como o Pai, ou seja, não julgar, não condenar, perdoar, numa palavra: ser bom. 

2. Meditação(Caminho) 

- O que a Palavra diz para mim? 

Olho para o mundo de hoje. Parece que este mundo morre por falta de misericórdia. Os crimes estão globalizados. Por outro lado, a misericórdia de Deus, que é infinita, também está por toda parte. Basta aceita-la. Mas, muitos a rejeitam, ou a desconsideram. João Paulo II dizia: "Ajudem o homem moderno a experimentar o amor misericordioso de Deus! Lá onde dominam o ódio, a sede de vingança, lá onde a guerra semeia a dor e a morte de inocentes, a graça da misericórdia é necessária para apaziguar os espíritos e os corações e fazer jorrar a paz. Lá onde falta respeito à vida e à dignidade do homem, o amor misericordioso de Deus é necessário. A misericórdia é necessária para fazer com que cada injustiça do mundo encontre seu fim no esplendor da verdade". 

São Paulo nos lembra: "Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos pelos nossos pecados, deu-nos a vida por Cristo. (Ef 2,4-5). 

3. Oração (Vida) 

- O que a Palavra me leva a dizer a Deus? 

Rezo com toda Igreja a 

Oração da Campanha da Fraternidade 2012
 
Senhor Deus de amor, 
Pai de bondade, 
nós vos louvamos e agradecemos 
pelo dom da vida, 
pelo amor com que cuidais de toda a criação. 

Vosso Filho Jesus Cristo, 
em sua misericórdia, assumiu a cruz dos enfermos 
e de todos os sofredores, 
sobre eles derramou a esperança de vida em plenitude. 

Enviai-nos, Senhor, o Vosso Espírito. 
Guiai a vossa Igreja, para que ela, pela conversão 
se faça sempre mais, solidária às dores e enfermidades do povo, 
e que a saúde se difunda sobre a terra. 
Amém. 

4. Contemplação(Vida/ Missão) 

- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra? 

A cada pessoa que eu encontrar, no meu trabalho, estudo, em casa, na rua, no metrô, no ônibus, na rua, vou ter um olhar de misericórdia e dizer-lhes ainda que em silêncio o que Paulo sugere: "Quando for ter com vocês levarei muitas bênçãos de Cristo" (Rm 15,29). 

Bênção 

- Deus nos abençoe e nos guarde. 
Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. 
Amém. 
-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. 
Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. 
Amém. 

I. Patrícia Silva, fsp 

Oração Final

Pai Santo, faze-nos fontes de esperança para os nossos companheiros de caminhada. Que superemos o nosso egoísmo e nos tornemos generosos e cheios de misericórdia, guardando no coração o ensinamento e seguindo os passos de Jesus de Nazaré, o Cristo, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.


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