domingo, 28 de julho de 2019

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 28/07/2019

ANO C


17º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano C – Verde

“Senhor, ensina-nos a rezar.”(Lc 11,1b)

Lc 11,1-13

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Celebrando a Eucaristia descobrimos a face de Deus, que sempre se mostra favorável quando o invocamos. A oração alimenta a fé e o testemunho evangelizador, sobretudo quando se vive dentro de um contexto social corrompido pela maldade. Celebremos o Mistério Pascal de Jesus, rezando para sermos livres do mal e para que a bondade divina habite em nós.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, aqui nos encontramos para celebrar o Mistério da Morte e Ressurreição do Senhor. Por esta Eucaristia, o Senhor, Esposo da Igreja, renova sua aliança de amor conosco e nós com Ele. Viemos para dialogar com Ele, ouvir sua Palavra e responde-la; viemos comungar seu Corpo e Sangue e assim entrar em comunhão mais profunda com Ele.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Em sua definição mais universal e partilhada por todas as religiões, a oração é um diálogo com Deus. Mas, pôr-se em diálogo com Deus pode ser um desafio para o homem. Na oração, o homem pode desfigurar-se a sí mesmo e a Deus. Pode reduzir Deus a um bem de consumo, a uma solução fácil para suas próprias insuficiências e preguiça. E pode reduzir-se a sí mesmo a um ser que lança sobre outro suas próprias responsabilidades.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Hoje, Cristo nos estimula a praticar a oração contínua, a qual garante que o amor de Deus chegue a todos os corações. Aproveitemos para rezar pela juventude, que hoje encerra a Jornada Mundial, no Rio de Janeiro. Neste ano da fé, tem sentido especial esse evento, que se tornou também motivo para a visita do Papa Francisco em nosso País.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Em sua definição mais universal e partilhada por todas as religiões, a oração é um diálogo com Deus. Mas, pôr-se em diálogo com Deus pode ser um desafio para o homem. Na oração, o homem pode desfigurar-se a sí mesmo e a Deus. Pode reduzir Deus a um bem de consumo, a uma solução fácil para suas próprias insuficiências e preguiça. E pode reduzir-se a sí mesmo a um ser que lança sobre outro suas próprias responsabilidades.
Fonte: NPD Brasil em 28/07/2013

“ENSINA-NOS A REZAR...”

“... O Evangelho deste domingo tem início com o episódio no qual Jesus reza sozinho, separadamente; quando acaba, os discípulos pedem-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar” (v. 1); e Ele responde: “Quando orardes, dizei: “Pai...” (v. 2). Esta palavra é o segredo da oração de Jesus, é a chave que Ele mesmo nos oferece a fim de podermos entrar também nós na relação de diálogo confidencial com o Pai que acompanhou e amparou toda a sua vida.
Ao apelativo “Pai” Jesus associa duas solicitações: “santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino” (v. 2). Portanto a oração de Jesus — a oração cristã — é antes de tudo dar lugar a Deus, deixando que ele manifeste a sua santidade em nós, fazendo com que se aproxime o seu reino, a partir da possibilidade de exercer o seu senhorio de amor na nossa vida.
Outros três pedidos completam esta oração que Jesus ensina, o Pai-Nosso. Três solicitações que exprimem as nossas necessidades fundamentais: o pão, o perdão e a ajuda contra as tentações (cf. vv. 3-4). Não podemos viver sem pão, sem perdão, sem a ajuda de Deus contra as tentações. O pão que Jesus nos ensina a pedir é o necessário, não o supérfluo; o pão dos peregrinos, o justo, um pão que não se acumula nem se desperdiça, que não pesa durante a nossa marcha.
O perdão, antes de tudo, é aquele que nós mesmos recebemos de Deus: só a consciência de sermos pecadores perdoados pela infinita misericórdia divina pode tornar-nos capazes de realizar gestos concretos de reconciliação fraterna. Se uma pessoa não se sente pecadora perdoada, nunca poderá fazer um gesto de perdão nem de reconciliação. Começa- -se pelo coração, onde nos sentimos pecadores perdoados. O último pedido, “não nos deixeis cair em tentação”, exprime a consciência da nossa condição, sempre exposta às insídias do mal e da corrupção.
O ensinamento de Jesus sobre a oração prossegue com duas parábolas, com as quais Ele cita a atitude de um amigo em relação a outro amigo e a de um pai em relação ao seu filho (cf. vv. 5-12). Ambas pretendem ensinar-nos a ter plena confiança em Deus, que é Pai. Ele conhece melhor do que nós as nossas necessidades, mas quer que as apresentemos com audácia e com insistência, porque este é o nosso modo de participar na sua obra de salvação...”
José Antônio Pagola

A ORAÇÃO DO SENHOR

A expressão tradicional «oração dominical» (isto é, «oração do Senhor») significa que a prece dirigida ao nosso Pai nos foi ensinada e legada pelo Senhor Jesus. Tal oração, que nos vem de Jesus, é verdadeiramente única: é «do Senhor». Efetivamente, por um lado, nas palavras desta oração o Filho Único dá-nos as palavras que o Pai Lhe deu: Ele é o mestre da nossa oração. Por outro lado, sendo o Verbo encarnado, Ele conhece no seu coração de homem as necessidades dos seus irmãos e irmãs humanos e essas necessidades nos são reveladas: Ele é o modelo da nossa oração.
Mas Jesus não nos deixa uma fórmula para ser repetida maquinalmente. Como em toda a oração vocal, é pela Palavra de Deus que o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a orar ao seu Pai. Jesus dá-nos, não somente as palavras da nossa oração filial, mas também, ao mesmo tempo, o Espírito pelo qual elas se tornam em nós «espírito e vida» (Jo 6, 63).
Mais ainda: a prova e a possibilidade da nossa oração filial é que o Pai «enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho que clama: "Abbá! ó Pai!"» (Gl 4, 6). Uma vez que a nossa oração traduz os nossos desejos diante do Pai, é ainda «Aquele que sonda os corações», o Pai, que «conhece o desejo do Espírito, porque é de acordo com Deus que o Espírito intercede pelos santos» (Rm 8, 27).
A oração ao nosso Pai insere-se na missão misteriosa do Filho e do Espírito.
Catecismo da Igreja Católica, nn. 2765 – 2766

Comentário do Evangelho

O que pedir? O que Deus oferece?

No texto do evangelho deste domingo é enquadrado à menção do “pedido”: no v. 1, “um dos discípulos pediu-lhe: ‘Senhor, ensina-nos a orar…?”; no v. 13 é Jesus quem diz: “… quanto mais o Pai do céu saberá dar o Espírito Santo aos que lhe pedirem!”. O “pedido” é o tema principal de nossa perícope. Qual deve, então, ser o pedido que caracteriza a súplica do discípulo? Pedido e promessa visam ao Espírito Santo. Não é, aqui, o espaço de fazermos um comentário sobre o Pai-Nosso.
Basta simplesmente dizer que, o que nos permite entrar no dinamismo da relação filial entre Jesus e o Pai, é o Espírito Santo, que o Pai dará.
Segue à oração do Pai-Nosso, que é a oração do Senhor e da comunidade que ele reúne, uma parábola (vv. 5-8) e sua interpelação para o discípulo (vv. 9-12). O que pedir? O que Deus oferece?
É preciso mover a vontade e pedir insistentemente (cf. vv. 8-9), sem desanimar.
A súplica é exercício de humildade e confiança. Mas o que pedir? O Pai-Nosso ilustra: pão, perdão, não ceder às tentações. Pedir não só para o indivíduo, mas para todos. Mas não é só, ou não é tudo, pois a vida do ser humano não se reduz ao imediato. Deus nos oferece gratuitamente o Espírito Santo (v. 13); Jesus sugere que nós o supliquemos ao Pai. É o Espírito Santo, Deus em nós, que ilumina nossa vida para que possamos discernir as soluções dos dramas humanos. É o Espírito Santo quenos permite entrar na intimidade divina.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Espírito que despoja do egoísmo, sintoniza-me com a misericórdia do Pai, tirando de mim tudo quanto me fecha nos estreitos limites de minhas ambições pessoais.
Fonte: Paulinas em 28/07/2013

Vivendo a Palavra

A oração ensinada por Jesus deve ser assumida como programa de vida. Nós nos comprometemos diante do Pai a fazer aos nossos irmãos tudo aquilo que desejamos que o Pai faça para nós. A oração de Jesus não deve ser repetida automaticamente, mas cada pedido deve ser assumido como nova promessa.
Fonte: Arqidiocese BH em 28/07/2013

VIVENDO A PALAVRA

A oração ensinada por Jesus deve ser assumida como programa de vida: nela nós manifestamos o desejo de glorificar o Nome Santo do nosso Pai e de que o seu Reino venha a nós. Também prometemos fazer pelos irmãos tudo que desejamos que o Pai faça por nós. A oração não pode ser repetida distraidamente, mas deve ser assumida como um renovado e consciente jeito de viver.

Reflexão

Em sua caminhada para Jerusalém, Jesus continua ensinando seus discípulos. Vendo o Mestre rezar, um discípulo lhe pede que os ensine a rezar, como os rabinos faziam. Diante da pergunta do discípulo, o Mestre lhes oferece um modelo de oração, o pai-nosso. O primeiro aspecto dessa oração é nossa filiação divina. Dirigimo-nos a Deus como a um pai. Ele é o Pai de todos nós. Além disso, o pai-nosso contém outros cinco elementos: os dois primeiros nos levam à abertura para Deus; os três últimos têm a ver conosco e com o próximo. Pedimos que o nome de Deus seja santificado, o que significa reconhecê-lo como aquele que age na história; pedimos a vinda de seu Reino, ou seja, acolhemos o projeto de Jesus. Depois disso, pedimos o que é necessário no dia a dia para uma vida digna, sem pensar em acumular; pedimos o perdão e o compromisso de reconciliação com os nossos devedores; por fim, pedimos que o Pai nos afaste das tentações que levam a abandonar o projeto de Jesus, o qual propõe uma sociedade fraterna, igualitária e solidária. A parábola nos ensina a perseverar na oração, a confiar no Pai, o qual nos oferece o Espírito para discernir o que é mais importante para a vida.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

Meditação

Você reza? - Em que circunstâncias reza? - Qual e sua oração preferida? - Quando pede o pão, a que pão se refere? - Sua oração é de alguém que tem fé?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário 28/07/2013

Meditando o evangelho

A MISERICÓRDIA DO PAI CELESTE

O traço mais característico do Pai, transmitido nos Evangelhos, é a misericórdia. Por isso, ao ensinar os discípulos a rezar, Jesus revela-lhes o rosto misericordioso do Pai, e os exorta a contar sempre com ele. Um dado fundamental: é preciso ser perseverante, quando se trata de recorrer ao Pai. Só ele conhece o momento oportuno de atender a quem lhe pede ajuda. Contudo, ninguém perde por esperar.
A argumentação de Jesus funda-se na insuperável misericórdia divina. Se nenhum pai humano, por pior que seja, responderia à súplica de um filho, dando-lhe algo nocivo, quanto mais o Pai celeste. Sua bondade infinita responde generosamente a quem lhe suplica. E ninguém fica decepcionado, pois é garantida a sua intervenção em favor de seus filhos.
A oração do Pai-Nosso é o resumo de tudo de que há de bom e que o discípulo pode desejar obter do Pai. Para rezá-lo, o orante deverá despojar-se de suas ambições pessoais e sintonizar-se com a misericórdia divina. Por isso, seu desejo é ver santificado o nome do Pai celeste, e concretizado seu Reino, na história humana. Seus anseios abrem-se para as relações interpessoais e se manifestam na esperança de ver o pão ser partilhado entre todos, os pecados, perdoados, e o ser humano, livre das insídias do Maligno. Só um coração misericordioso, à imitação do Pai, poderá nutrir tais desejos!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Espírito que despoja do egoísmo, sintoniza-me com a misericórdia do Pai, tirando de mim tudo quanto me fecha nos estreitos limites de minhas ambições pessoais.

COMENTÁRIO

A ORAÇÃO DO DISCÍPULO

I. INTRODUÇÃO GERAL

Pessoas muito racionalistas não raro experimentam dificuldade com a oração de súplica. Acham bom rezar para adorar ou agradecer, pois reconhecem que a vida é um dom e existe um ser transcendente e perfeito chamado Deus. Mas pedir que esse ser se ocupe com o dia a dia de suas criaturas lhes parece metafisicamente ingênuo e praticamente pouco atraente, pois torna Deus muito familiar. Preferem não depender dele em seus negócios. Ora, aquele que sustenta todo o ser também não sustenta nosso dia a dia? Ou será que as poucas leis físicas, psicológicas, econômicas e sociológicas que conhecemos são realmente tão abrangentes, que já não sobra espaço para Deus? (Em vez de pensar que essas leis são uma parte do sustento que ele nos fornece em cada momento).
Seja como for, Jesus nos ensinou a pedir e suplicar, e até com insistência. Cita o exemplo de alguém que, em plena noite, vai acordar o vizinho e bate à sua porta até que ele se levante para ver-se livre do incômodo (evangelho). Isso lembra a “pechincha de Abraão”, que, ao rezar por Sodoma e Gomorra (primeira leitura), se atreve a lembrar a Deus: “Não podes perder os justos com os injustos, é uma questão de honra!”. E Deus atende. A frase do salmo responsorial: “Cada vez que te invoquei, me deste ouvido”, pode ser repetida como lema durante os vários momentos da celebração.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Gn 18,20-32)

A primeira leitura narra a oração de Abraão por Sodoma e Gomorra. O pecado de Sodoma e Gomorra, sobretudo o abuso contra a hospitalidade e contra o respeito sexual (cf. o episódio a seguir, Gn 19,1-11), clama ao céu. Diante da ameaça de Deus, Abraão pede-lhe que não a execute, pois não deve condenar a cidade por causa dos muitos injustos, mas poupá-la por causa de poucos justos. É uma questão de honra para Deus, diz Abraão. Essa história contracena com o Novo Testamento. O Juiz do mundo (Gn 18,25) é também o amigo, o Pai (Lc 11,8, evangelho). Para salvar Sodoma e Gomorra, cinco justos (mas nem estes se encontraram) teriam sidosuficientes para Deus; na nova “economia da salvação”, a vida de um único justo, o Filho de Deus, salva a todos.

2. Evangelho (Lc 11,1-13)

O evangelho nos propõe a oração do cristão. Os discípulos encontram Jesus em oração. O fato e o modo de Jesus rezar provocam o pedido: “Ensina-nos a rezar”. Então, Jesus ensina-lhes o pai-nosso, protótipo da oração cristã (11,1-4). A versão de Lucas é mais breve que a de Mateus (Mt 6,9-13). Mateus tem sete pedidos, Lucas cinco, mas em ambos está central o pedido do pão de cada dia. Antes de pedir o pão de cada dia, ora-se pela glorificação de Deus e pela vinda de seu reino; depois, pelo perdão do pecado e pela proteção na tentação. Quem pode rezar assim, com sinceridade, é discípulo de Jesus.
Depois da instrução do pai-nosso, Lucas acrescenta dois ensinamentos de Jesus sobre a oração de pedido: a parábola do “vizinho chato” (11,5-8) e as palavras sobre o dom do Pai (11,9-13).
A parábola do “vizinho chato” é provocante. Alguém acorda seu vizinho em plena noite para lhe pedir comida, porque chegou um hóspede imprevisto e a despensa está vazia. O que bate à porta certamente está bem-intencionado, pois, no Oriente, a hospitalidade é um dever muito importante. Mas o vizinho vê nisso um problema, porque deverá levantar-se e passar por cima de mulher e filhos, que estão dormindo, deitados no único quarto da casa simples. Mas o outro continua insistindo e, finalmente, o vizinho, para se ver livre dele, concede-lhe o pedido.
A oração de Abraão como também a do vizinho (e a da viúva insistente, Lc 18,3) nos ensinam uma coisa importante: pedem coisas com que Deus se possa comprometer. Pedem a Deus o que, no fundo, Deus mesmo deseja. Esse (além de nossa insistência) é o segredo da oração eficaz. Saber pedir como convém (cf. Tg 4,3). Deus é nosso Pai. Ele deseja comunicar suas dádivas, especialmente seu Espírito, força e ânimo de nosso existir (Lc 11,9-13).
Por isso, no pai-nosso, Jesus ensina seus discípulos, e a todos nós, a rezar primeiro para que o nome de Deus seja santificado (isto é, para que Deus encontre reconhecimento no mundo) e seu reino venha (Lc 6,2; Mt 6,10 explicita: “Tua vontade seja feita”). Dentro desse quadro de referências, podemos e devemos rezar por nosso pão de cada dia, pelo perdão (pois somos eternos devedores) e para ficarmos incólumes na tentação. Devemos rezar por isso, com insistência, não tanto porque Deus não soubesse de que precisamos, mas para nos abrirmos ao que ele nos quer dar. Pedindo, a gente se convence mais a si mesmo do que a Deus! Pedir é cultivar nossa fé, nossa confiança filial, é deixar “crescer Deus”, como nosso Pai, em nossa consciência e em toda a nossa vida. É voltar a sermos crianças – condição para entrar no Reino (cf. Lc 18,17). É por isso que os intelectuais tão dificilmente pedem.
Com essas considerações, não queremos justificar a oração que reduz Deus a um “quebra-galho” ou “tapa-buraco”, às vezes até para causas não condizentes com seu reino (por exemplo, para ter sucesso nos negócios ainda que outras pessoas fiquem prejudicadas). Queremos é revalorizar a oração de petição, porque nela minha confiança filial em Deus me leva a extravasar, diante dele, aquilo que habita meu coração: minha própria miséria, além das necessidades de meu irmão, o próximo a quem quero bem e vejo em dificuldades. Assim como Abraão fez pelos habitantes de Sodoma. Isso não é absurdo. O mundo não é feito somente com as leis (físicas, psicológicas e sociológicas) que conhecemos ou estão em nossos manuais de escola, mas também com o mistério da vida. Por isso, não há dúvida de que a preocupação amorosa que extravasamos diante de Deus será operante, pela graça daquele mesmo que sustenta toda a vida.

3. II leitura (Cl 2,12-14)

O pensamento da segunda leitura pode ser sintetizado nesta frase: nossas dívidas são saldadas por Cristo. O “sacramento” do Antigo Testamento era a circuncisão: constituía, para Israel, sinal de pertença a Deus, a ponto de Jesus lhe ter se submetido, como se subordinou a toda a Lei (cf. Gl 4,4-5). Mas Jesus assumiu também toda a condição humana e a sepultou consigo em sua morte, para criar o Homem Novo na ressurreição. O que acontece a Cristo acontece a nós: no batismo somos corressuscitados com Cristo. Corressuscitados com ele (cf. Rm 6,4), somos agora livres, livres de “culpa no cartório” (cf. Rm 8,34).
“Ninguém salva ninguém”, dizem os “realistas”. Será mesmo? Ninguém é salvo se não quer, mas em Cristo existe uma comunhão entre todos os que buscam a fonte da vida, Deus. Essa comunhão de vida, ensina a segunda leitura, faz que Cristo nos redima. Desde que participemos da vida que ele viveu (o que é expresso pelo batismo, imersão na sua morte, para que ressuscitemos com ele para uma vida nova), podemos dizer que a santidade de Cristo salda nossas dívidas e sua morte por amor supre nossa falta de amor (com a condição de nos arrependermos). Como nós mesmos perdoamos a outrem a pedido de uma pessoa amiga (pai, mãe, irmão…), assim nossa comunhão (amizade) com Cristo vale para nos restabelecer na amizade de Deus. E também nossa oração de intervenção junto a Deus será eficaz.
(Um texto das cartas que melhor combina com as duas outras leituras seria 1Jo 5,14-16, sobre a confiança no pedir.)

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

Orar e pedir: Certos cristãos, julgando-se esclarecidos, acham as orações de nosso povo muito egoístas, porque são quase sempre orações de pedido. Ora, as leituras de hoje sublinham a importância da petição. Abraão, com seus incansáveis pedidos, quase salvou as cidades de Sodoma e Gomorra – que, infelizmente, eram ruins demais. Jesus, por seu lado, ensina aos discípulos o pai-nosso, essencialmente uma oração de petição: pede a princípio que Deus reine, e, uma vez que rezamos em harmonia com o desejo de Deus, podemos pedir o que precisamos para nossa vida. Na parábola do homem que incomoda seu vizinho, Jesus parece ensinar-nos a vencer Deus pelo cansaço! No fundo, Deus gosta de dar-nos suas dádivas boas, especialmente seu Espírito, pois mesmo nós – que somos ruins – gostamos de dar coisas boas aos filhos.
A oração de petição não é uma forma de oração inferior, mais egoísta do que a meditação, a louvação, o agradecimento, a adoração… Na verdade, agradecer é a outra face do pedir. Quem agradece, gostou. Por que não pedir então? É reconhecer a bondade do doador! Como aquele frei que, depois de lauto almoço na casa de uma benfeitora, testemunhou sua gratidão com estas palavras: “Senhora, não sei como agradecer… Será que poderia repetir aquela gostosa sobremesa?”.
Conforme o espírito do pai-nosso, devemos pedir, antes de tudo, a realização daquilo que Deus deseja: seu reino, sua vontade. Ora, uma vez assentada essa base, pode-se pedir – com toda a simplicidade – o pão de cada dia, saúde, vida e todos os demais dons que Deus nos prepara. Também o perdão de nossas faltas. Só não se deve pedir a Deus o que ele não pode desejar: a satisfação de nosso egoísmo. E sempre se deve lembrar que Deus sabe melhor do que nós o que nos convém. Podemos insistir naquilo que achamos sinceramente nosso bem… Mas Deus sabe melhor.
É importante pedirmos. Compromete! Depois de ter pedido, a gente já não pode dizer: “Não pedi!”. Comprometemo-nos com Deus e com o que pedimos. Não é como no supermercado, onde você entra, olha e sai sem comprar. É, antes, como no armazém da esquina, onde você pede o que deseja e, caso houver, você compra. Assim, as preces dos fiéis, na celebração da comunidade, devem ter sentido de compromisso: devemos desejar que elas se realizem, e ao mesmo tempo nos oferecer a Deus para colaborar na realização daquilo que pedimos. Pedir é comprometer-se. Se pedimos a Deus saúde, não é para gozar egoisticamente a vida, mas para servir melhor. Se pedimos paz, não é para sermos deixados em paz, mas para nos dedicar à comunhão fraterna. Se pedimos por nossos irmãos e nossas irmãs mais pobres, é porque queremos ajudá-los efetivamente. Importa saber como pedimos (cf. Tg 4,3).
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e licenciado em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Leuven (Lovaina). Atualmente é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A - B - C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje.
Fonte: Vida Pastoral em 28/07/2013

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A Oração do Senhor...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

A qualidade da nossa oração depende muito da visão e do conceito que temos de Deus e nesse sentido, o “Pai Nosso” introduz algo novo na oração: Deus, cujo nome até então era até proibido de se pronunciar, é agora chamado de PAI porque Jesus tornou possível essa intimidade entre o Homem e Deus ao nos dar o seu espírito que em nós clama ao PAI. A oração ensinada pelo próprio Cristo não evoca a imagem de um Deus distante, ao contrário, esse céu, lugar da morada de Deus, desceu até os homens em Jesus Cristo, pois céu significa comunhão plena com Deus, que só foi possível porque o verbo Divino se fez homem.
Dessa invocação inicial emanam todas as demais e assim, o nome de Deus é santificado quando damos testemunho dessa santidade que se realiza e acontece somente na perfeição do amor, Deus não precisa de nenhum elogio, aplauso ou louvor, mas ele é glorificado precisamente no testemunho autêntico do evangelho de Cristo, e que consiste em ser solidário com quem sofre ter compaixão dos pobres, perdoar quem nos ofende, ser paciente com todos, essas são algumas formas de se santificar e glorificar o santo nome de Deus. Certamente fazemos isso de maneira ritualista em nossas liturgias, mas é preciso que esse louvor não fique só em nossos lábios, mas esteja em nosso coração, que desta forma, batendo no mesmo ritmo do coração misericordioso de Cristo, esteja realmente perto de Deus.
O reino de Deus precisa ser construído, ele não cai do céu, e essa construção requer em nosso dia a dia, muita paciência, mansidão e perseverança, portanto, desejar que esse Reino venha até nós, é em primeiro lugar ter total disponibilidade para acolhê-lo em nossa vida e em nosso coração. Mas há um ponto chave de toda oração, que aqui é realçado pelo Senhor “seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”. Muitas vezes entendemos como oração poderosa, aquela que consegue convencer Deus, para que ele nos socorra e nos favoreça em tudo o que pedimos, sempre de acordo com nossas conveniências e interesses. A nossa oração fica muito pobre quando se limita a apresentar a Deus o nosso mesquinho projeto humano, pedindo para ele realiza-lo exatamente dessa forma, que nos agrade e satisfaça.
Deus para muitos não passa de um super-herói a quem se recorre quando se chega ao limite. A verdadeira oração é também uma escuta em uma abertura total á vontade Divina á nosso respeito. Neste evangelho Jesus ensina que temos que ser insistentes naquilo que pedimos que o Senhor nos dê o pão de cada dia, a vida e suas múltiplas formas e manifestações, mas que haja em nós esse desejo e disposição de buscá-la, de construí-la, e principalmente de partilhá-la, pois pão que não é partilhado deixa de ser pão. Que nunca nos falte o perdão do Pai diante das nossas ofensas, mas que o nosso coração deixe de ser tão estreito e se alargue para também saber perdoar, mesmo porque, só experimentaremos a alegria do perdão de Deus, quando o nosso perdão dado de modo incondicional e gratuito, faz aflorar um sorriso de alegria no rosto de quem antes era nosso inimigo.
Que ele nos livre das tentações, principalmente da mais terrível que é a de querermos colocá-lo ao nosso dispor, para nos servir sempre que solicitado, invertendo a ordem das coisas, porque na verdade nosso Deus já fez isso em Jesus Cristo, que se aniquilou a si mesmo e por nós se entregou, fazendo-se servidor do Pai, agora é a nossa vez de nos abaixarmos para lavar os pés, na entrega generosa no amor ao próximo.
E se formos mesmo insistentes, como nos ensina o senhor, um dia alcançaremos tudo o que pedimos, porque de tanto nos entregarmos a oração, como Jesus fazia, iremos conhecer ainda mais o nosso Deus e a sua vontade a nosso respeito.
A conclusão final a que se chega com a reflexão deste evangelho, é de que nossas orações não mudam a Deus, mas, com a perseverança e insistência, ela vai transformando o nosso coração e toda nossa vida,e assim vamos nos moldando segundo a santa vontade de Deus. Nesse dia podemos afirmar categoricamente que a nossa oração foi atendida.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. Todo aquele que pede recebe
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Subindo para Jerusalém, Jesus ensina seus discípulos a serem missionários e a rezarem. Saibam, porém, que Deus não dá coisas. Deus dá o Espírito. Ele se dá a si mesmo a cada um de nós, porque nos ama de verdade. Ele ressuscitou mortos, curou doentes, acalmou tempestades, multiplicou pães e peixes, e um dia disse: “É bom para vocês que eu vá embora para que venha o Espírito Santo. Vou embora e virá o Espírito Santo que ensinará a vocês todas as coisas. Ele lhes dará seus dons para que vocês mesmos saibam resolver seus problemas, somando forças, sendo solidários e criativos”. O Espírito é Amor e o amor é criativo. Rezem, peçam o que precisarem, mas peçam: que o nome do Pai seja santificado, que seu Reino venha, que não nos falte o pão de que precisamos, que sejamos perdoados como perdoamos e que Deus não nos deixe cair em tentação. Abraão nos dá o exemplo da oração de intercessão. Ele fala e discute com Deus em favor dos habitantes de Sodoma e Gomorra. Deus vai destruir as duas cidades por causa de seus pecados. E os que não são pecadores, vão ser também destruídos? Não se pode tratar os inocentes como os culpados. Podemos, porém, tratar os culpados como os inocentes, oferecendo-lhes possibilidade de salvação. Se aceitarem o perdão de Deus e confessarem sua culpa, não continuarão fazendo o mal. Que beleza a graça de Deus e a obra de Jesus Cristo! Somos todos pecadores e tínhamos grandes dívidas para com Deus. Jesus pegou essas dívidas e as pregou na cruz, eliminando-as de uma vez por todas. A partir de agora já não devemos mais nada a ninguém, a não ser o amor. Somos livres. O que era da vida passada ficou sepultado nas águas do batismo. Somos nova criatura. Daqui para a frente será pecado o que fizermos contra o amor. Pecar contra o amor é pecar contra o Espírito Santo.

REFLEXÕES DE HOJE

28 DE JULHO-DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO

HOMILIA DIÁRIA

Precisamos ser insistentes na nossa oração

Precisamos ser muito insistentes na nossa oração. A oração com fé alcança tudo do coração de Deus.
A Palavra de Deus neste Domingo, Dia do Senhor, nos ensina o caminho da oração, a oração transformadora. A oração que alcança do coração de Deus aquilo que necessitamos.
O primeiro modelo é o de Abraão (Primeira Leitura). Aquele que intercede por Sodoma e Gomorra para que não sejam exterminadas. A intercessão de Abraão por cem, cinquenta, vinte justos (aqui não importa o número), mas essa intimidade de Abraão com Deus pela via da oração o faz capaz de interceder por aquele povo.
Hoje, Jesus no Evangelho nos mostra o modelo da oração a partir do Pai Nosso. E nos mostra o quanto a oração insistente, perseverante e, sobretudo, a oração com fé alcança tudo do coração de Deus.
Deixe-me aprofundar com você um ponto muito importante: nós precisamos ser muito insistentes na nossa oração.
A nossa oração não pode ser aquela oração que “eu fiz uma vez mas não consegui…” Não! Nós devemos ser chatos com Deus. E “chatos” quer dizer insistentes. Devemos realmente estar aos pés do Senhor buscando aquilo que nosso coração precisa.
O exemplo que Jesus nos dá: quem é aquele filho que pede ao seu pai que lhe dê pão, e o pai lhe dá pedra… Imagine! Se nós que somos maus, sabemos dar coisas boas aos outros, até porque nos pedem ou porque, às vezes, queremos nos ver livres daquela pessoa, imagina, então, o coração do nosso Pai que está no Céu! Jesus nos diz mais ainda: “quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!” (cf. Lc 11,13).
Nós deveríamos ser mais insistentes no pedido, na súplica para que o Espírito de Deus faça morada em nós, para que Ele conduza e guie os nossos passos. Como nós precisamos do Espírito Santo! Como necessitamos que Ele esteja dentro de nós!
Que o Espírito Santo seja, realmente, Aquele que nos cura, liberta e restaura. Mas para que o Paráclito seja o nosso companheiro e faça sua morada em nós, tenha uma força transformadora em nossa vida, precisamos saber pedir e pedir com insistência. Sem jamais desistir ou desanimar.
Você verá sua vida, a cada dia, ser transformada quando você se abre à força transformadora da oração.
Que Deus abençoe você.
Fonte: Canção Nova em 28/07/2013

Oração Final
«Pai Nosso, que estás no Céu, santificado seja o teu nome. Venha a nós o teu Reino e seja feita a tua vontade na terra, assim como no Céu. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia. Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.»
Fonte: Arquidiocese BH em 28/07/2013

ORAÇÃO FINAL
Pai Nosso, que estás no Céu, santificado seja o teu Nome. Venha a nós o teu Reino e seja feita a tua Vontade na terra, assim como ela é cumprida no Céu. Dá-nos hoje o pão para este dia. Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos ofende. E não nos deixes, amado Pai, cair em tentação, mas livra-nos do mal (do único mal que conta, que é nos afastarmos de Ti). Pois teus são o Reino, o Poder e a Glória!

 

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