ANO C

5º DOMINGO DA QUARESMA
Ano C – Roxo
“Eu não te condeno, vá e não peques mais!”
João 8,1-11
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A Páscoa se aproxima e a liturgia de hoje é um forte convite a reconhecermos que a presença misericordiosa de Deus se manifesta de diversos modos, entre os quais se destaca o apelo à verdade e ao perdão. A descoberta de um amor tão grande leva à adesão plena e irrenunciável ao chamado de Jesus. Encontrar-se com Ele significa mudança de vida, conversão plena e definitiva.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Eis que se aproxima a Páscoa! Por esta Eucaristia, unamo- nos mais profundamente a Cristo, cultivemos em nós os seus sentimentos de total confiança no Pai e total entrega amorosa aos irmãos e irmãs. Celebrando o memorial da sua morte e ressurreição, fortalecemos nossos laços de comunhão e de solidariedade que a Campanha da Fraternidade nos ajudou a compreender.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A celebração deste quinto domingo da Quaresma favorece a compreensão da fé como confiança em novos caminhos propostos por Deus, como acolhimento total e irrestrito de Jesus Cristo e sua Ressurreição, e como abertura de um novo caminho, através do perdão e da solidariedade. O tempo para a conversão está terminando. A fé não se expressa apenas por teorias ou conceitos teológicos, mas também em fatos concretos realizados por Deus. A fé, portanto, faz crer que Deus abre caminhos novos lá onde sequer somos capazes de imaginar alguma saída. Muitas vezes, são caminhos dolorosos, que precisam do tempo da semeadura sem saber se os frutos virão; com o tempo, contudo, se tornam canções que colhem libertação e alegria. Aproximemo-nos com confiança e com fé de nosso Deus, intercedendo uma vez mais a graça da conversão e suplicando uma nova direção para nossas vidas. O quinto domingo da Quaresma nos prepara para a Semana Santa, pois o domingo próximo é o Domingo de Ramos e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. O "farisaismo" é a doença de quem não se olha no espelho. Todo rosto tem rugas, e por detrás de uma fachada restaurada ocultam-se manchas escuras. Em todos nós existe um sentimento de culpa exacerbado, resultado de um formalismo legalista, de aspectos inconscientes e de educação ilusória. Mas há também um sentimento de culpa que põe o dedo na ferida. As chagas ardem e causam nojo; também aquelas que comprometem toda a sociedade: a prostituição, a delinquência juvenil, a droga, as mães solteiras. Há as responsabilidades de quem se deixa explorar e há a responsabilidade de quem explora; é uma sociedade sem valores. Também a nós faltam os valores, mas é mais cômodo liberar-se dessa crise de valores procurando bodes expiatórios, e é fácil encontrá-los... A satisfação de lançar a pedra nos faz esquecer de quem somos, nos liberta da responsabilidade e do sentimento de culpa. Assim, fazem-se campanhas contra a prostituição para deixar as ruas limpas; marginalizam-se os drogados, para que não possam censurar a nossa inutilidade; fazem-se casa de correção, para dizermos a nós mesmos que fazemos o possível. Deixamos de ver ou fazer algo por essas pessoas achando que não é nossa responsabilidade e assim nos sentimos limpos, mas o desprezo que tributamos a esses irmãos e irmãs é, para Cristo, acusação contra nós, e o sofrimento deles se torna sofrimento de Cristo. Quaresma é tempo de conversão, que tal começar agora?
...TAMBÉM EU NÃO TE CONDENO.
O Evangelho apresenta o episódio da mulher adúltera, frisando o tema da misericórdia de Deus. O fato tem lugar na esplanada do templo. Jesus está a ensinar à multidão, e eis que chegam alguns escribas e fariseus que arrastam diante dele uma mulher surpreendida em adultério. Assim, aquela mulher encontra-se no meio entre Jesus e a multidão, entre a misericórdia do Filho de Deus e a violência, a raiva dos seus acusadores. Na realidade, eles não vieram ter com o Mestre para lhe pedir o seu parecer, mas para lhe armar uma cilada. De fato, se Jesus seguir a rigidez da lei, aprovando a lapidação da mulher, perderá a sua fama de mansidão e de bondade que tanto fascina o povo; ao contrário, se quiser ser misericordioso, terá que ir contra a lei, que Ele mesmo disse que não queria abolir, mas cumprir.
Esta má intenção esconde-se sob a pergunta que fazem a Jesus: «Tu o que dizes?». Jesus não responde, fica em silêncio e faz um gesto misterioso: «Inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo»... Então Jesus levanta o olhar e diz: «Aquele que dentre vós estiver sem pecado atire a pedra contra ela». Esta resposta surpreende os acusadores, desarmando-os todos no verdadeiro sentido da palavra: todos abandonaram as «armas», ou seja, pedras prontas para serem lançadas, quer as visíveis contra a mulher, quer as escondidas contra Jesus. E enquanto o Senhor continua a escrever no chão com o dedo, a fazer desenhos, não sei..., os acusadores vão-se embora. Como nos faz bem estar cientes de que também nós somos pecadores! Quando falamos mal dos outros — estas são coisas que conhecemos bem — como nos fará bem ter a coragem de deixar cair no chão as pedras que temos para atirar contra os outros, e pensar um pouco nos nossos pecados!
Permaneceram ali só a mulher e Jesus: a miséria e a misericórdia, uma diante da outra. E quantas vezes isto acontece a nós quando nos ajoelhamos no confessionário, com vergonha, para mostrar a nossa miséria e pedir perdão! «Mulher, onde estão?», diz-lhe Jesus. E é suficiente esta constatação, e o seu olhar cheio de misericórdia, cheio de amor, para fazer sentir àquela pessoa — talvez pela primeira vez — que tem uma dignidade, que ela não é o seu pecado, ela tem uma dignidade de pessoa; que pode mudar de vida, pode sair das suas escravidões e caminhar por uma via nova...
(Papa Francisco. Angelus, 13 de março de 2016)
ATIRE A PRIMEIRA PEDRA
O Evangelho de hoje nos deixa sem palavras e faz pensar... Apresentam a Jesus uma mulher adúltera e querem apedrejá-la. É assim que manda “Moisés na Lei”. Mas, antes de supliciar a mulher, querem saber qual é a posição de Jesus: pode, ou não pode? A pergunta não é sincera, pois querem pegar Jesus numa violação flagrante da Lei de Moisés, para condená-lo também.
Jesus, porém, não discute; apenas escreve no chão com o dedo... E os acusadores insistem: “Pode ou não pode?”. Jesus responde: “Aquele de vocês, que não tem pecado, pode atirar a primeira pedra”. Todos vão embora em silêncio, começando pelos mais velhos, e deixam cair as pedras das mãos. A cena é patética. Jesus despede a mulher, dizendo: “eu também não te condeno. Vai, e daqui por diante, não peques mais” (Jo 8,11).
Talvez também nós estamos sempre prontos para acusar e condenar os outros. Lembramos que também nós erramos e pecamos e temos a necessidade do perdão dos outros e, sobretudo, do perdão de Deus? A Quaresma nos convida ao exame de consciência, ao arrependimento sincero e humilde e ao pedido de perdão. Já fizemos a nossa confissão nesta Quaresma? Não deixemos de o fazer, em preparação à celebração da Páscoa, que já se aproxima. Deus não quer condenar, mas é rico em misericórdia!
No próximo Domingo, já celebraremos o início da Semana Santa, com o Domingo de Ramos da Paixão do Senhor. Preparemo-nos para uma participação intensa nas celebrações da Semana Santa e, sobretudo, do Tríduo Pascal, a partir da Quinta-Feira Santa. A Semana Santa é o ponto mais alto das celebrações da Liturgia da Igreja. Não deixemos que as “distrações mundanas”, conforme palavras do Papa Francisco, nos impeçam de viver esses ricos momentos de fé e testemunho cristão.
No Domingo de Ramos também será feita em todas as Igrejas católicas do Brasil a coleta da Campanha da Fraternidade. É o gesto concreto de solidariedade, em apoio ao trabalho de caridade social da Igreja na Arquidiocese e no Brasil. A nossa oferta generosa seja sinal e fruto de nossa conversão quaresmal e da partilha com os pobres e necessitados.
Durante esta semana, conversemos em família sobre esse “gesto concreto de amor fraterno” e sobre aquilo que cada um pode oferecer na coleta do próximo Domingo.
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
Comentário do
Evangelho
Jesus é posto à prova
Neste quinto domingo da Quaresma, a liturgia da
Palavra está centrada no apelo de não permitir que a recordação do passado
impeça o progresso no caminho de Deus: ". esquecendo o que fica para trás,
lanço-me para o que está à frente." (Fl 3,13). O evangelho descreve uma
cena dramática: uma mulher pega em adultério está para ser apedrejada até a
morte. O Levítico prescreve: "o homem que cometer adultério com a mulher
do próximo deverá morrer, tanto ele como a mulher com quem cometeu o delito"
(Lv 20,10; ver também: Dt 22,22-24).
Os escribas e os fariseus, que se dizem justos,
são os que conduzem a mulher até Jesus. Mas onde está o homem envolvido no mal?
De fato, a Lei de Moisés interditava o adultério (Ex 20,14; Dt 5,18), como eles
diziam. A pergunta deles a Jesus é para colocá-lo à prova. O silêncio de Jesus
revela o pecado dos acusadores - vão se retirando um a um. No face a face entre
a mulher e Jesus, em que a verdade de cada um é iluminada, a palavra de Jesus
liberta, mostra a misericórdia de Deus e abre um caminho novo: "Ninguém te
condenou? Eu também não te condeno! Vai, e de agora em diante não peques
mais" (vv. 10-11).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, tira do meu coração a maldade e a hipocrisia que me tornam juiz iníquo do meu semelhante, não me permitindo ver a necessidade de pôr em ordem a minha vida.
Fonte: Paulinas em 17/03/2013
Vivendo a Palavra
A tentação é grande. Afinal, o adultério foi
flagrado e poderíamos condenar com facilidade aquela mulher. Mas o Mestre
ensina que o caminho deve ser diferente: ele passa pelo exame da nossa própria
consciência que, com certeza, nos fará repetir a atitude dos mais velhos;
e também nós sairemos discretamente da cena...
Fonte: Arquidiocese BH em 17/03/2013
VIVENDO A PALAVRA
Nosso coração já deveria ser fonte viva de perdão, por causa
da condicionante evangélica: «Quem de vocês não tiver pecado…» Mas, melhor do
que pensar em nós mesmos, é nos fixarmos no exemplo de Jesus de Nazaré: Ele, o
Santo, o Justo, nos ensina: «Eu também não condeno. Podem ir; e não pequem mais.»
Reflexão
AMAR O PECADOR É VENCER O PECADO
É fácil e cômodo atirar pedras, julgar e condenar
os outros. A resposta de Jesus na cena da mulher adúltera, porém, é séria
chamada de atenção para a maldade que pode se esconder no coração humano.
Quando julgamos os outros, queremos como que esconder os próprios pecados. E
então vem à tona a hipocrisia, pois como podem estar limpas mãos que apedrejam
e que escondem um coração incapaz de perdoar?
Quanto aos que se orgulhavam de ser exemplo de
piedade e aos especialistas da religião, Jesus os faz olhar para si mesmos.
Suas palavras funcionam como um espelho, um espelho libertador que pedras nunca
poderão quebrar.
No episódio, quem é que estava livre do pecado, para ter a autoridade de atirar pedras naquela mulher que, logicamente, não havia cometido adultério sozinha? E, ainda que fosse o caso de apedrejar, onde estava seu parceiro no erro?
Neste tempo de Quaresma, convite à revisão de vida e conversão para a Páscoa do Senhor, Jesus continua a nos colocar diante do espelho de sua Palavra, para que nos vejamos como somos, sem máscara ou hipocrisia.
Quando tomamos consciência de nossos limites e erros, só nos cabe a atitude de quem suplica o perdão, das pessoas e de Deus. Os acusadores de então foram embora, um a um, ao serem colocados diante dos próprios pecados.
Jesus, que não vem para condenar, mas para salvar, de fato nunca condenou ninguém. O Mestre sempre ensinou a rejeitar o pecado, mas nunca o pecador. Ensinou a nunca confundir quem peca com o pecado cometido.
Ao pecador Jesus nos ensina a amar, porque todos pecamos e necessitamos de amor. Um amor sem limites como o seu, de quem se doa e sabe perdoar. Perdoando e amando, criamos relações novas, de acolhida e inclusão. E então aprendemos, simples assim, que amar o pecador é vencer o pecado escondido em nós.
No episódio, quem é que estava livre do pecado, para ter a autoridade de atirar pedras naquela mulher que, logicamente, não havia cometido adultério sozinha? E, ainda que fosse o caso de apedrejar, onde estava seu parceiro no erro?
Neste tempo de Quaresma, convite à revisão de vida e conversão para a Páscoa do Senhor, Jesus continua a nos colocar diante do espelho de sua Palavra, para que nos vejamos como somos, sem máscara ou hipocrisia.
Quando tomamos consciência de nossos limites e erros, só nos cabe a atitude de quem suplica o perdão, das pessoas e de Deus. Os acusadores de então foram embora, um a um, ao serem colocados diante dos próprios pecados.
Jesus, que não vem para condenar, mas para salvar, de fato nunca condenou ninguém. O Mestre sempre ensinou a rejeitar o pecado, mas nunca o pecador. Ensinou a nunca confundir quem peca com o pecado cometido.
Ao pecador Jesus nos ensina a amar, porque todos pecamos e necessitamos de amor. Um amor sem limites como o seu, de quem se doa e sabe perdoar. Perdoando e amando, criamos relações novas, de acolhida e inclusão. E então aprendemos, simples assim, que amar o pecador é vencer o pecado escondido em nós.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 17/03/2013
Reflexão
Os escribas e
fariseus mais uma vez desafiam o rabino Jesus a se posicionar diante de uma
mulher “pega cometendo adultério” e que, segundo a lei, deve ser apedrejada. O
Mestre, em vez de responder à pergunta dos adversários, propõe-lhes uma
alternativa: quem não tiver pecado pode apedrejá-la. Ninguém atirou pedra
alguma. Moral da história: a mulher não era a única pecadora! Época mais, época
menos, sempre existiram moralistas de plantão – empedernidos e arrogantes –
prontos para lançar pedras contra mulheres, contra pessoas e grupos diversos
diante de qualquer deslize. Muitos atiram pedras contra os outros na tentativa
de encobrir as próprias falhas e interesses. Enquanto se fica condenando esta
ou aquela pessoa, este ou aquele grupo e não se olha dentro de si com
sinceridade, a violência, o sofrimento e a intolerância continuarão ceifando
vidas. Jesus não veio para julgar e condenar, mas para resgatar a dignidade da
pessoa. Ao tomar o partido da mulher, ele provoca as pessoas a se posicionar: a
favor ou contra ele. Ao condenarem a mulher, demonstram sua hipocrisia, pois
não questionam o “homem adúltero”.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Meditando
o evangelho
NÃO PEQUES MAIS!
Os inimigos de Jesus viviam criando armadilhas para pegá-lo, mas eles
mesmos é que acabavam caindo nelas. Não tendo motivos plausíveis para
condená-lo, buscavam, inutilmente, uma deixa para levá-lo às barras do tribunal.
O confronto com a mulher surpreendida em flagrante adultério não deixou
Jesus embaraçado. Seus adversários, tão espertos para flagrar o pecado alheio,
não foram capazes de esconder de Jesus os próprios pecados. Afinal, não é a
mulher a grande pecadora, e sim, os escribas e fariseus que a acusavam. Não só:
estes, quanto mais velhos, mais se encontravam atolados no pecado. A idade não
os levou a amadurecer na virtude. Pelo contrário, cresceram na maldade e na
malícia. Consequentemente, faltava-lhes moral para acusar aquela pobre mulher.
A exortação final que o Mestre lhe dirigiu - "Não peques
mais!" - aplica-se perfeitamente bem aos seus inimigos. Estes
intencionavam pôr Jesus à prova. Mostraram-se impiedosos com uma mulher, de
cuja fraqueza se prevaleceram. Quiseram parecer honestos, quando, na verdade,
viviam no pecado, uma vez que se insurgiam contra o enviado do próprio Deus.
Antes de mais ninguém, eles é que deveriam converter-se. A única coisa boa que
fizeram foi colocar a pecadora em contato com o coração misericordioso de
Jesus.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta,
Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a
cada mês)
Oração
Espírito de compaixão, lava meu coração de toda malícia, tornando-o
compassivo como o de Jesus.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Perdão... uma nova oportunidade
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da
Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
A pior coisa para um torcedor durante um campeonato, é quando o
time para o qual torcemos está precisando vencer, não para ser campeão, mas sim
para fugir do rebaixamento. O torcedor em cada partida nem sonha mais com o
título, mas só em não ser rebaixado.
Na nossa vida de Fé, muitas vezes, por causa do desânimo do
pecado, nosso e dos outros, paramos de sonhar com o “Céu” e ficamos a vida
inteira lutando para não sermos “rebaixados” para o inferno. Será que foi para
isso que Deus nos fez? Claro que não! Pois, para quem tem Fé, o “melhor ainda
está por vir” e podemos sonhar sim, porque Jesus Cristo, o Filho de Deus
acredita em nós, e mais ainda, nos dá condições totais na sua Graça, de
alcançarmos a plenitude do Ser, que o Pai criou, á sua imagem e semelhança.
Em nossa sociedade, sempre marcada por uma grande hipocrisia, há
certas classes sociais que são condenadas previamente enquanto que outras
“castas” podem cometer certos delitos, mesmo no campo moral ou ético, pois
gozam de certa imunidade. Mas, os mais frágeis, ou os que com nada podem
contar, como é o caso dessa “Mulher Adúltera”, ficam expostos ao ridículo e ao
moralismo exacerbado de classes sociais elitizadas, e também, de maneira
pecaminosa, por algumas categorias religiosas,que as rotulam de
“irrecuperáveis”, por outro lado, o sistema parece investir muito mais na
construção de novos presídios do que em um projeto sério de ressocialização da
população carcerária, e quando se gasta na construção de presídios, é como se
dissesse ao delinquente :: “Pode cometer crime a vontade, que vamos construir
mais presídios”.
Os escribas e Fariseus, isso é, a classe dominante e pensante,
já havia condenado a mulher pecadora, só queriam aproveitar a ocasião e colocar
Jesus contra a parede, para também condená-lo, pois um Mestre verdadeiro, no
campo da moral e dos bons costumes, concordaria com a Lei de Moisés, pecou,
tinha que pagar, e pagar caro, no caso dos fragilizados, ignorados pela lei, e
sem nenhum direito.
Eles não acreditavam que aquela mulher pudesse se regenerar, e
nem queriam lhe dar uma nova chance, estavam desejosos de mandá-la para o
“paredão” e expulsá-la do convívio dos “salvos” e moralmente perfeitos. Uma
comunidade verdadeiramente cristã, nunca irá proceder desta forma. Contrariando
esse modo preconceituoso de pensar, Jesus de Nazaré, que é o primogênito de
toda a criatura, sendo o homem perfeito, e a perfeita imagem e semelhança de
Deus, não condena, porque sabe que aquela mulher tem toda possibilidade de se
regenerar.
Não condenar, não significa concordar com o pecado, fechar os
olhos para a ação pecaminosa cometida pela pessoa, ao contrário, Jesus acredita
e aposta todas as suas fichas no ser humano, que é capaz de sair da “armadilha”
do pecado, e dar a volta por cima, resgatando a sua dignidade perdida, pois, a
partir da Encarnação do Senhor, nenhum homem será mais condenado, a Salvação
por ele oferecida dá essa possibilidade maravilhosa de recomeçar, de
levantar-se da queda e seguir em frente, para alcançar o seu destino glorioso
que é a Vida Plena na Casa do Pai.
Falta muito, em nossas relações com as pessoas, essa postura de
Jesus, que não condena e que sabe perdoar, pois perdão significa uma nova
oportunidade, uma nova chance, para a esposa infiel, para o marido que é um
traste, para o Filho ou a Filha rebelde, perdido nas drogas, no mundo da
marginalidade, para o empregado mau caráter, para o Patrão desonesto, para o
corrupto, para a prostituta, há muitos que gritam e imploram por uma nova chance,
entretanto, já estão marcados para ser “apedrejados” em praça pública, como
aquela mulher. Em nossa sociedade só se investe e se acredita em quem produz em
quem é economicamente ativo, em quem tem posses para adquirir bens de consumo,
o resto é lixo, e para esse resto não há novas chances ou oportunidades de se
reerguer.
Voltando a comparação com o time de Futebol, Jesus Cristo é como
aquele técnico paciente, empenhado, e até ousado, que quando todos estão
contra, e não acreditam em uma “virada” da equipe, ele trabalha nos
treinamentos, procura conhecer as deficiências e o potencial de cada atleta e
tem sempre palavras de incentivo “Olha, vamos recomeçar, vocês vão conseguir,
eu acredito em vocês, estamos juntos nessa, vamos em frente, vocês tem condições
de “virar esse jogo”.
“Mulher, onde estão os que te acusavam?” Ninguém te condenou,
nem eu te condeno,. “Vai e não tornes a pecar”. Isso lembra o meu confessor, no
retiro que fizemos recentemente, onde, antes da absolvição, disse-me sorrindo,
Jesus está lhe dizendo neste momento “Coragem meu amigo, tente de novo, eu
estarei contigo, você vai conseguir”. Esse é o nosso Deus, cheio de
misericórdia, que ainda aposta todas as suas fichas no Ser humano, porque o ama
apaixonadamente.
Não sei se o time de nossa cidade será campeão, certamente é
esse o desejo da direção, do seu técnico e da sua torcida. De um modo muito
mais intenso, no coração de Deus, manifestado em Jesus, há esse desejo, de que
toda a humanidade se salve, para chegar à Vida Plena, Deus acredita em nosso
potencial, foi ele que nos deu a sua Graça santificadora e restauradora, só
depende de nós... pois diferente das “oportunidades humanas”, sempre tão
“manipuladas” a favor de alguém, essa Graça Divina é para todos... Basta
querer... ”Vá e não tornes a pecar, mostra a tua força, o teu valor, mostra a
capacidade que tens, na minha graça, de virar o jogo da sua vida, e deixar que
no seu coração, o Bem supremo triunfe!”
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim
– SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
2. Eu não te condeno
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro
da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal
Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Nos domingos da Quaresma deste ano entramos, como sempre, pelo
deserto da tentação ou da provocação e depois subimos ao monte para rezar com
Jesus e vê-lo transfigurado. Fomos em seguida chamados à conversão a partir dos
acontecimentos da torre de Siloé, que desabou, e da matança dos galileus por
ordem de Pilatos. Encontramos depois o pai bondoso com os dois filhos, o
pródigo e o mal-humorado e, por fim, a mulher, conhecida como a adúltera, ou a
miséria que se encontra com a misericórdia. A cena se dá bem cedo, no recinto
do Templo. Colocam diante de Jesus uma mulher pega em adultério, com o intuito
de “experimentar Jesus e ter motivo de acusá-lo”. Não estão atrás de
misericórdia, de compreensão, justiça ou verdade. Querem armar uma cilada para
apanhar Jesus. A mulher é mero instrumento ocasional.
Jesus conhece quem está em volta dele e se posiciona claramente
tanto em relação aos escribas e fariseus quanto em relação à mulher. Quem dos
escribas e fariseus, e de todos os que lá se encontravam, estava sem pecado e
podia atirar a primeira pedra naquela mulher? Quantos adúlteros se encontravam
ali? O próprio homem com quem a mulher tinha sido surpreendida, não estaria lá
também com uma pedra na mão? Era o teatro da hipocrisia. Jesus escreve alguma
coisa no chão e os mais velhos começam a se retirar. Não devem brincar com a
misericórdia de Deus. A mísera criatura se encontra com a misericórdia.
Como sempre faz, Jesus lhe devolve a vida e a vontade de viver.
“Vai adiante e não peques mais.” Jesus é a luz que ilumina o caminho para que
ninguém tropece nas trevas. Dizem que os cristãos tiveram dificuldade com essa
passagem do Evangelho por medo de ser ela um estímulo ao pecado. O pecado,
introduzido pelo demônio, tira a vida, e Jesus quer que todos tenham vida em
abundância. Ele compreende nossa fraqueza e nossa miséria e nos tira do fosso
profundo para a claridade de sua luz. Não faz justiça com pedradas. Ao
contrário, acolhe o pecador para que mude de vida e não peque mais. Não pecará
mais por ter se sentido amado, e não pela ameaça do castigo.
REFLEXÕES DE HOJE
07 DE ABRIL-DOMINGO
VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO
HOMILIA
DIÁRIA
Postado por: homilia
março 17th, 2013
Com a expressão: “Quem não tiver pecado atire a
primeira pedra”, Jesus toca a consciência daqueles homens que se consideravam
justos, sem pecados e, por isso, sem motivos de censura.
No Evangelho deste 5º Domingo da Quaresma, uma
mulher que foi apanhada em adultério foi trazida à presença de Jesus pelos
escribas e fariseus. Jesus estava pregando no Templo e havia muitas pessoas ao
redor. E essa mulher foi posta no meio dessa multidão. Com certeza, ela passou
muita vergonha. É provável que ela estivesse com os olhos fechados de tanta
vergonha. E segundo a Palavra de Deus, ela só esperava as pedras “voando” em
cima dela, como punição. Mas no fim, quando ela percebeu, não tinha mais
ninguém ao seu redor.
Jesus pregou para essa mulher? Não, Ele não
pregou para essa mulher. Houve alguém que a condenasse? Não. Então ele disse:
“Eu também não te condeno. Vai e não peques mais”.
Se fosse meu caso – como sou padre –
provavelmente eu aproveitaria essa oportunidade e passaria um “sermão” nessa
mulher nos seguintes termos: “O que você estava pensando ao fazer uma coisa
dessas? Você conhece os mandamentos da Bíblia. Você sabe que se você adulterar,
seu castigo será o apedrejamento. Por que você fez isso? Falta juízo na sua
cabeça! Não tem jeito, a Palavra diz isso”. Mas somos convidados a contemplar o
silêncio de Jesus e a Sua misericórdia.
“Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou? –
Ninguém, senhor! – respondeu ela. E Jesus conclui – Pois eu também não condeno
você. Vá e não peque mais!”
Por outro lado, a mulher poderia ter dito: “Mas
Jesus, segundo a Lei, eu adulterei então eu preciso morrer”. Não se preocupe,
vá. Pode ser que a mulher não tenha compreendido o que aconteceu com ela. Mas,
quando Jesus foi crucificado, é provável que ela estivesse lá naquela multidão ou
olhando de longe a triste cena. E nesse momento, talvez ela tenha entendido:
“Segundo as leis de Deus, eu é que tinha que ser morta pelo meu pecado”. Eu fui
salva, mas, no meu lugar, aquele homem que me salvou está sendo crucificado”. E
eu penso que, quando ela percebeu e entendeu o que tinha acontecido, ela
chorou.
O Cristianismo tem muitos princípios bons, muitos
mandamentos, mas ele não se restringe somente a isso. Ele é, sobretudo,
misericórdia, perdão, piedade e amor de Deus entre os homens.
Somente conhecer os ensinamentos que estão
escritos na Bíblia é ser um “fariseu”. É condenar e matar. Mas praticar o amor
de Cristo nos torna testemunhas de Jesus Cristo.
Convido você a se desfazer das multidões… Nós
gostamos de juntar pessoas para criticar, fofocar, censurar e condenar.
Aprendamos com Jesus o “ir à procura” da ovelha perdida, do filho pródigo, da
pecadora, da excluída e marginalizada dando-lhe uma oportunidade na vida. Pois
a glória de Deus é que o homem viva. E viva para sempre.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 17/03/2013
Oração Final
Pai Santo, que o nosso julgamento seja sempre
voltado para o nosso limite pessoal e a nossa condenação, seja contra os nossos
pecados. Enche-nos de Esperança na Vida Nova em teu Reino de Amor, que foi
vivido e anunciado pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo
reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 17/03/2013
ORAÇÃO
FINAL
Pai Santo, dá-nos grandeza d’alma para o exercício do perdão.
A misericórdia entre irmãos é o atalho para chegarmos ao teu Reino de Amor.
Abranda os nossos corações, torna-nos humildes e compassivos, parecidos com
Jesus de Nazaré, o Cristo, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina
unidade do Espírito Santo.

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