6 de Abril de
2014
ANO A

Jo
11,1-45
Opcional
Jo
11,3-7.17.20-27.33b-45
Comentário do
Evangelho
Catequese sobre a ressurreição.
Estamos praticamente às portas da Semana Santa; no próximo
domingo, o domingo de Ramos e da paixão do Senhor, entraremos na Semana Santa.
O Evangelho desse quinto domingo da Quaresma é uma catequese sobre a
ressurreição. Situado no livro dos sinais, nosso relato é o sétimo e último
sinal que Jesus realiza. Não nos esqueçamos de que a finalidade dos sinais é
conduzir os discípulos, o leitor do evangelho, nós todos à fé em Jesus Cristo.
Dizer que se trata do sétimo sinal significa que ele é o maior de todos os
sinais, a plenitude dos sinais. Com esse relato, o autor do evangelho prepara o
leitor para entrar com esperança nos relatos da paixão, morte e ressurreição de
Jesus.
Estar longe de Jerusalém, lugar da habitação de
Deus, era como estar morto, como perder o sopro de Deus. Por essa razão,
Ezequiel utiliza a metáfora da abertura das sepulturas. A distância de Deus
fazia o povo experimentar a falta da vida. Por isso, o texto termina com a
promessa do sopro de Deus que faz viver.
O sopro de Deus faz viver para além da morte. No
centro do texto do evangelho de hoje está a afirmação de Jesus a Marta: “Eu sou
a ressurreição e a vida […]”. É pela fé que se participa dessa vida nova,
transfigurada. A pergunta que provoca e desafia a fé de Marta e a nossa fé é a
seguinte: “Crês nisto?” Marta responde afirmativamente, pois ela é no relato
símbolo do discípulo perfeito que põe a sua confiança no Senhor. Diante da
morte há duas atitudes possíveis, representadas por Marta e sua irmã Maria:
ficar prisioneiro do círculo da morte e do luto (Maria) ou romper com esse
círculo pela adesão ao Senhor da vida. Quando Marta ouviu dizer que Jesus
estava próximo, saiu correndo ao seu encontro; Maria, no entanto, permaneceu em
casa, sentada, mergulhada no luto e na tristeza. A presença do Senhor faz
surgir a esperança. Marta que crê na ressurreição de Cristo, na vida que ele
dá, será para sua irmã Maria mensageira de um chamado do Senhor que a faz sair
do mundo da morte para estar diante daquele que é o Senhor da vida. Para a
nossa reflexão, a pergunta que se nos impõe a partir do relato é a seguinte:
com qual das duas irmãs você, neste momento, se identifica? Você é portador de
que mensagem? Você se identifica com Marta, que rompe o círculo da morte e
deposita sua confiança no Senhor, que dele recebe a luz, a vida verdadeira, ou
você se identifica com Maria, prisioneira do luto, da morte e da falta de fé?
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, dá-me a graça de compreender a
ressurreição de Jesus como vitória da vida e como sinal de que a morte não tem
a última palavra sobre o destino daqueles que crêem.
Vivendo a Palavra
Não escondamos o nosso espanto e nosso encantamento diante do Mistério de Jesus Cristo, o Verbo Encarnado: tão humano, que chora a perda do amigo; tão divino que o ressuscita. O caminho da fé não passa pelo entendimento, mas pelo coração – e um coração que deve estar sempre agradecido.
Recadinho

Você
está sempre preocupado com suas amizades? - Em que circunstâncias reconhecemos
os verdadeiros amigos? - Você reza pedindo sempre que Deus o fortaleça na fé? -
Você é generoso a ponto de interceder pelo próximo? - Dê algum testemunho de
solidariedade.
Padre Geraldo
Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
O ÚLTIMO SINAL
A ressurreição de Lázaro conclui a série dos
sinais realizados por Jesus, ao longo do seu ministério, e, de certo modo,
prepara o caminho para o sinal definitivo: sua ressurreição. O último sinal
contém elementos importantes para a correta compreensão do que estava para
acontecer.
Jesus
é apresentado como vencedor da morte e doador da vida. Não importava que o
amigo estivesse doente, morresse e depois passasse quatro dias sepultado. O
Messias Jesus era suficientemente poderoso para chamá-lo de volta à vida.
Quem
estivera morto levanta-se do sepulcro e volta para a vida, obedecendo à ordem
dada por Jesus. Este se apresenta como o princípio e a causa da ressurreição da
Lázaro. A ressurreição de Jesus acontecerá por que traz dentro de si uma força
divina, que faz jorrar a vida onde reina a morte.
A
ressurreição de Lázaro possibilitará aos discípulos solidificarem sua própria
fé. Jesus se alegra por eles não terem encontrado Lázaro com vida. Assim,
teriam a chance de testemunhar uma manifestação inquestionável do poder do
Mestre, e, por conseguinte, crerem nele.
Por
sua vez, o diálogo com Marta e Maria, em torno da fé na ressurreição dos
mortos, põe as bases para a compreensão da gloriosa ressurreição do Senhor.
Desta
forma, os discípulos foram preparados para enfrentar o impacto da morte
iminente do Mestre.
Oração
Pai, dá-me a graça de compreender a
ressurreição de Jesus como vitória da vida e como sinal de que a morte não tem
a última palavra sobre o destino daqueles que crêem.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado
neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor nosso Deus,
dai-nos, por vossa graça, caminhar com alegria na mesma caridade que levou o
vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
REFLEXÕES DE HOJE

DIA 06 DE ABRIL – DOMINGO
VEJA AQUI MAIS HOMILIAS PARA O
PRÓXIMO DOMINGO
6 de abril – 5º DOMINGO DA QUARESMA
Por
Celso Loraschi
I.
INTRODUÇÃO GERAL
Deus se revela por meio da palavra profética. Na primeira
leitura, Ezequiel anuncia vida nova para os que se encontram sem esperança, no
túmulo do exílio da Babilônia. Deus ama prioritariamente o povo em situação de
sofrimento. Está junto aos exilados e promete-lhes a volta à terra de Israel,
devolvendo-lhes a liberdade. O dom do Espírito de Deus revigora o coração do
povo e lhe suscita vida (I leitura). A revelação plena de Deus se dá na pessoa
de seu Filho, Jesus. Ele é o caminho da vida por excelência. Pelo relato da
ressurreição de Lázaro, a comunidade cristã afirma que Jesus é a ressurreição.
Quem vive e crê nele jamais morrerá (evangelho). Deus se revela também por meio
do testemunho dos seguidores de Jesus, como o de Paulo. Escrevendo aos romanos,
orienta-os para uma vida nova proveniente da fé em Jesus Cristo. É a vida no
Espírito. Ele habita em cada pessoa e suscita vida aos corpos mortais (II
leitura). Os três textos enfatizam a vitória da vida sobre a morte como dom de
Deus. O seu Espírito nos faz novas criaturas: transforma, reanima, fortalece,
ressuscita…
II.
COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (Ez 37,12-14): Porei o meu Espírito em vós
Na tradição judaico-cristã, profecia é tempo de graça: tempo que
se faz pleno porque Deus se comunica e interpela seu povo, recordando a sua
aliança e demonstrando o seu amor. Ezequiel profetizou junto aos exilados na
Babilônia ao redor do ano 580 a.C. O
povo encontra-se mergulhado em profunda crise. Está longe da terra que Deus
lhes concedeu conforme a promessa feita a Abraão. Sente-se abandonado por Deus
e sem esperanças de futuro. A situação realmente parece desesperadora. Nesse
pequeno texto, aparece três vezes a palavra “túmulos”. Deus, porém, não se
conforma com a morte de ninguém. Por isso, suscita o profeta Ezequiel para
anunciar novo tempo: vai infundir nos exilados o seu Espírito, que lhes dará
força e coragem para se reerguerem das cinzas.
Em nome de Deus,
Ezequiel anuncia um novo êxodo. No primeiro êxodo, Deus libertou o seu povo da
escravidão do Egito e lhe deu a terra prometida. Deus também vai livrá-los do
domínio da Babilônia e serão reintroduzidos na terra de Israel. O jugo
estrangeiro será quebrado, e o povo disperso (parecendo ossos secos espalhados
num vale) poderá voltar a se reunir em sua própria terra, onde habitará com
segurança. Isso acontecerá pela intervenção gratuita de Deus. Ele desperta para
a vida os que se encontram em situação de morte. Faz sair os esqueletos dos
seus túmulos. Reanima os “cadáveres ambulantes”. O seu Espírito penetra nos
corpos sem vida. O povo disperso e abandonado toma consciência de que é amado
por Deus e, por isso, descobre-se como capaz de mobilizar-se para a reconquista
da terra de liberdade.
2. Evangelho
(Jo 11,1-45): Jesus é a ressurreição e a vida
A narrativa da
ressurreição de Lázaro corresponde ao último dos sete sinais de libertação
realizados por Jesus no Evangelho de João. Os relatos dos sete sinais procuram
levar os cristãos a refletir sobre o sentido profundo dos fatos da vida humana:
a falta de vinho numa festa de casamento (2,1-12), a doença do filho de um
funcionário real (4,46-54), o paralítico à beira da piscina de Betesda
(5,1-18), a fome do povo (6,1-15), o barco dos discípulos ameaçado pelas águas
do mar (6,16-21), o cego de nascença (9,1-41) e, finalmente, a morte de Lázaro.
Todos eles visam apresentar Jesus como o Messias que veio para resgatar a vida
plena para os seres humanos. Em cada sinal, percebe-se um propósito pedagógico:
a representação de um caminho novo apontado por Jesus para derrubar todas as
barreiras que impedem a pessoa de realizar-se plenamente.
Jesus é o “Bom Pastor”
que dá a vida por suas ovelhas (cf. 10,11). Ele é o verdadeiro caminho para a
vida com dignidade e liberdade, vencendo as causas de todos os males. Vence a
própria morte: é a vida definitiva. Somente os que creem em Jesus, com
convicção, compreendem e acolhem essa verdade. Portanto, a finalidade principal
dos sinais é levar os discípulos à fé autêntica. Ao informar que Lázaro havia
morrido e, por isso, iria ao seu encontro, Jesus diz aos discípulos: “É para
que vocês creiam” (11,15). Também lemos no final do evangelho: “Jesus fez ainda
muitos outros sinais, que não se acham escritos neste livro. Esses, porém,
foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e
para que, crendo, tenham a vida em seu nome” (20,30-31).
As personagens que
aparecem no relato – Marta, Maria e os judeus – refletem diferentes concepções
a respeito de Jesus. Primeiramente, podemos observar o comportamento de Marta.
Sabendo que Jesus chegara a Betânia, “saiu ao seu encontro” e a ele se dirigiu,
chamando-o pelos títulos cristológicos de “Senhor” e “Filho de Deus”. Diante da
promessa da ressurreição, declara-lhe convictamente sua fé: “Sim, Senhor, eu
creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo”. E vai anunciar à
sua irmã Maria, que, por sua vez, imediatamente segue ao encontro de Jesus, mas
não consegue declarar a fé nele como fez Marta. Está ainda angustiada e
paralisada diante da realidade da morte. Já os judeus apenas seguem Maria, sem
ter consciência de ir ao encontro de Jesus nem muito menos fazer-lhe alguma
confissão de fé.
São três modos de
comportar-se diante de Jesus. O comportamento de Marta é o retrato das pessoas
que têm fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, Salvador da humanidade. Para os
que acreditam nele, a ressurreição é uma realidade não apenas para o futuro,
mas para o presente. Toda atitude em favor da vida é sinal de ressurreição e
gesto de glorificação a Deus, criador e libertador.
Os autores do evangelho
fazem questão de mostrar o rosto humano de Jesus. Ele participa da dor das
pessoas que sofrem, comove-se e chora. Sua comoção, porém, pode ser traduzida
como impaciência com a falta de fé tanto de Maria como dos judeus. E, para além
das lamentações, Jesus reza ao Pai para que, diante desse sinal definitivo da
ressurreição, “eles acreditem” nele como enviado de Deus.
Lázaro (cujo nome
significa “Deus ajuda”) está enterrado há quatro dias. O “quarto dia” refere-se
ao tempo depois da morte de Jesus; é o tempo das comunidades que creem em Jesus
morto e ressuscitado. Portanto, é o tempo da graça por excelência, que deve ser
vivido de forma totalmente nova. Lázaro e as comunidades cristãs são chamados a
sair dos túmulos do medo, da acomodação, do egoísmo e da tristeza; são chamados
a “desatar-se” das amarras dos sistemas que oprimem e matam. As pessoas de fé
autêntica, seguidoras de Jesus, são verdadeiramente livres. O “quarto dia” é o
tempo da ressurreição, dom de Deus.
3. II leitura (Rm
8,8-11): Vida nova no Espírito Santo
Viver no Espírito de
Cristo é o que propõe são Paulo aos romanos. Somente no capítulo 8, aparece
mais de 20 vezes a palavra “espírito”. A vida no Espírito Santo contrapõe-se à
vida segundo a carne, ou seja, aos instintos egoístas. Toda pessoa carrega
dentro de si essas duas tendências, que lutam entre si permanentemente. Aquelas
que foram regeneradas em Jesus Cristo estão mergulhadas em seu Espírito. Por
isso, possuem a luz e a força do próprio Jesus, que realizou a vontade de Deus
e redimiu a humanidade. Ele nos justificou pela graça e nos tornou novas
criaturas, participantes de sua natureza divina.
Estar com o Espírito de
Cristo, porém, não significa anulação da tendência para o pecado. A tensão à
santidade deve ser permanente. É uma questão de opção fundamental pelo mesmo
modo de pensar e de agir de Jesus. Ele mesmo advertiu que “ninguém pode servir
a dois senhores”. Paulo lembra que os cristãos não podem viver segundo a carne
e segundo o Espírito ao mesmo tempo. Não se pode viver na liberdade e na
escravidão ao mesmo tempo.
Na carta aos Gálatas,
Paulo escreve: “Foi para sermos livres que Cristo nos libertou” (5,1). Ele nos
libertou da escravidão do pecado por pura graça. Portanto, somente na graça de
Jesus Cristo vivemos a autêntica liberdade. Somente no Espírito de Jesus nos
libertamos da escravidão das obras dos instintos egoístas. E, para não haver
dúvidas sobre os dois caminhos que se opõem entre si, Paulo fala a respeito das
obras que caracterizam cada um deles. “As obras da carne são manifestas:
fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes,
ira, discussões, discórdia, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas
semelhantes a estas… Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio” (Gl
5,19-23).
Uma vez que aderimos,
pela fé, a Jesus Cristo, a ele pertencemos e seu Espírito habita em nós. Esse
Espírito é o agente das obras que agradam a Deus. Podemos, então, contar com a
plenitude de sua graça. Assim, morremos para as obras do egoísmo e permanecemos
na vida. Pois o mesmo “Espírito daquele que ressuscitou Cristo Jesus dentre os
mortos dá a vida aos nossos corpos mortais”. Temos a graça de viver desde agora
a vida eterna, pois em Cristo fomos divinizados.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
– O Espírito de Deus move a história. Como foi revelado ao profeta Ezequiel, não há situação que não
interesse a Deus. Ele intervém na história humana para transformá-la em
história da salvação. Concede seu Espírito para libertar o ser humano de toda
espécie de escravidão e conduzi-lo à liberdade. O Espírito de Deus nos faz sair
dos “túmulos” da desesperança, do medo, da acomodação… Deus não se conforma com
o abandono e a morte de ninguém. Ele é o Deus da vida em plenitude. As crises e
dificuldades de nosso tempo são desafios que podem ser enfrentados como fez o
povo exilado na Babilônia: na confiança em Deus e na esperança ativa.
– Jesus é a fonte da
verdadeira vida. Como “Bom Pastor”, ele
se interessa pelas necessidades de todos nós. Oferece sua amizade e sua
companhia permanente. Conta conosco para continuar sua obra. Os sinais que ele
realizou são indicativos para a missão das comunidades cristãs. A ressurreição
de Lázaro aponta para o novo modo de ser Igreja, organizada de forma
participativa e corresponsável. Uma Igreja composta de pessoas redimidas pela
graça, ressuscitadas em Cristo. Cada um de nós é chamado a declarar sua fé de
modo prático, na certeza de que o bem pode vencer o mal e de que a morte não
tem a última palavra. Nesse sentido, é importante que prestemos atenção nos
apelos da Campanha da Fraternidade deste ano.
– O Espírito de Cristo
mora em nós. Cabe a cada pessoa viver
de tal modo que esteja permanentemente na comunhão com Jesus Cristo. Se nos
deixarmos conduzir pelo Espírito de Jesus que habita em nós, realizamos as
obras que agradam a Deus. Morremos para o egoísmo e ressuscitamos no amor.
Nosso corpo mortal recebe a graça da imortalidade. Se, porventura, quebramos
essa unidade, Deus nos concede a graça da reconciliação. Eis a Quaresma, tempo
de conversão, tempo de salvação.
Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática
com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos
dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
6 de abril: 5º
Domingo da Quaresma
AS LÁGRIMAS DE
CRISTO
Cristo não vem a nós feito filósofo, a proclamar que a vida é a doença
e a morte é o remédio. Nunca prestigiou a morte e jamais desprestigiou a vida.
Pelo contrário, entrou no mundo para ajudar a vida a derrotar a morte: a
ressurreição de Lázaro é prova disso. E suas lágrimas querem ser protesto
contra o poder abusivo da morte e hino de amor à preciosidade e beleza da vida.
Aquelas lágrimas derramadas pela morte de um amigo revelam-nos o lado
humano de Cristo, sua qualidade humana, sua dimensão humana. E sua
solidariedade com todo ser humano que chora a morte de seus entes queridos.
Elas revelam também a inconformidade de Cristo com os insultos que a
morte continuamente desfere contra a vida, bem como a determinação dele em
declarar guerra à morte e em pôr-se a serviço da vida.
Hoje as lágrimas de Cristo têm para nós sabor de provocação.
Provocam-nos a sair a descoberto contra a morte e em defesa da vida; a
abandonar o caminho da violência que favorece a morte, a intentar caminhos de
paz por onde a vida possa transitar sem sofrer atentados; a recusar o ódio e o
egoísmo, aliados da morte, e a abraçar o amor, aliado da vida.
Se olharmos em redor com atenção, perceberemos que a morte tem seu
trabalho muito mais facilitado do que a vida. Os salários insuficientes para
comprar alimentos e remédios, a falta de moradias, de saúde e segurança, o
tráfico criminoso de drogas e de humanos, a prática inconsciente do aborto são
outros tantos faróis vermelhos a segurar a marcha da vida.
Enquanto isso, tantos Lázaros debaixo da pedra sepulcral, mas ainda com
vida, ficam aguardando a hora da libertação.
Pe. Virgílio, ssp
06 de abril – 5°
Domingo da Quaresma
JESUS, FONTE DA
VIDA
A celebração
litúrgica deste domingo ressalta o tema da ressurreição e identifica na pessoa
de Jesus a fonte da vida, capaz de vivificar até os mortos.
A ressurreição de
Lázaro, operada por Cristo, é sinal da vida a nós concedida pela força do
Espírito Santo (“Em vós porei meu espírito e vivereis”, Ez 37,14) recebido no
batismo, como antecipação e garantia da nossa ressurreição final com Jesus.
De todas as
ressurreições realizadas por Jesus, a de Lázaro ganha importância maior, seja
por ser o ressuscitado um morto de quatro dias, já sepultado, seja porque é
acompanhada de fatos e diálogos que a transformam em “sinal” particular do
poder messiânico do Salvador.
Esse sinal já se
vislumbra na resposta de Jesus a quem lhe comunica a doença de Lázaro (“Esta
enfermidade não é para a morte, mas para a glória de Deus”, Jo 11,14) – atitude
que dificilmente seríamos capazes de testemunhar ao ver nossos entes queridos
enfermos –, em sua demora em ir a Betânia e, enfim, na surpreendente
declaração: “Lázaro está morto…”.
Os fatos acima se
mostram destinados a glorificar Jesus como ressurreição e vida para toda a
humanidade e, ao mesmo tempo, a aperfeiçoar a fé dos que acreditavam nele e
suscitá-la em quem ainda nele não acreditava.
Sobre esses dois
pontos insiste Jesus em seu diálogo com Marta. Ela crê. Está convicta de que,
se o Mestre estivesse ali, junto deles, seu irmão não teria morrido. Mas Jesus
quer dar vida eterna aos que nele creem, por isso declara: “Eu sou a
ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”.
Essas palavras de
Jesus ainda hoje nos são válidas. O tempo pode ter passado, nossa fé pode
sofrer abalos, o medo pode rondar nossa existência, mas tais palavras estão aí,
vivas, convidando-nos a sair em busca de nossa liberdade. De fato, Deus Pai não
nos quer como “ossos ressequidos”, abandonados nos túmulos do medo e da falta
de fé; ao contrário, pela força de sua Palavra proclamada neste domingo,
promete-nos, em Jesus, a vida, alicerçada na graça e livre de toda espécie de
escravidão.
Com sua atitude
diante da morte do amigo, Jesus mostra que ama toda a humanidade e se
solidariza com ela na pessoa dos Lázaros, Martas e Marias de todos os tempos. E
nós, como anda nossa capacidade de solidarizar-nos com os Lázaros, Martas e
Marias da vida?
Jorge Alves Luiz
5º Domingo da Quaresma - 06 de Abril de 2014
Primeira
Leituras: Ez 37,12-14;
Salmo:
129 (130)
Segunda
Leitura: Rm 8,8-11;
Evangelho:
Jo 11-1-45
Situando-nos brevemente
”Há cristãos que parecem ter escolhido
viver um a Quaresma sem Páscoa’’, constata o Papa Francisco, olhando para
situação de desânimo que, na Igreja, está invadindo a alma de certas pessoas (Exortação
Apostólica Evangelii Gaudium, 24 de novembro de 2013; n. 6).
Em verdade, deveria acontecer o
contrário, pois ‘’a alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira
daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são
libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus
Cristo, renasce sem cessar a alegria’’ (ibidem n. 1).
O Papa Francisco nos convida a abrirmos
nossos corações e nossos olhos para a liberdade e a alegria que vêm de Cristo e
nos enchem de nova energia para enfrentarmos, com confiança, os desafios de
nosso tempo.
A aventura de nossa vida de crentes, de
fato, continua se desdobrando entre a possibilidade de viver com energia vital
da ressurreição de Jesus que nos habita, pelo dom do Espírito Santo, e a
tentação de recuar para uma ‘’Quaresma sem Páscoa’’, para uma vida sem
esperança, prisioneiros dos erros, das fatigas, das decepções.
O encontro ou o reencontro com Jesus, favorecidos pela Quaresma, tem, porém, a potencialidade de uma nova renovação radical, de uma nova Páscoa: ‘’Com Jesus Cristo, nasce sem cessar a alegria’’(ibidem, 1).
Esta é a experiência pessoal de Lázaro e de suas irmãs, Marta e Maria, testemunhas surpreendidas e agradecidas do que è humanamente impossível: viver em primeira pessoa e testemunhar a ressurreição da morte. Para cada homem e mulher, marcado pela fragilidade humana, Jesus vai repetir seu potente grito: ‘’Lázaro, vem para fora!’’(Jo 11, 43). Ele está pronto a estender sua mão de amigo para nos libertar do túmulo do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento.
Na regra para os monges, São Bento resume esta constante tensão interior da vida cristã numa formulação muito eficaz: ‘’durante a Quaresma (...) ofereça cada um a Deus, de espontânea vontade, com alegria do desejo animado pelo mesmo Espírito, espera a santa Páscoa’’ (Regra Beneditina 49, 6-7).
O encontro com Cristo abre a nascente da água viva que fica escondida no poço do coração, sob os escombros de nossas contradições e insucessos (encontro com a samaritana – 3º domingo); ilumina com luz interior do Espírito o horizonte indecifrável da vida (cura do cego de nascença -4º domingo). Jesus vem ao nosso encontro, penetrando até as trevas mais obscuras da existência, quando estamos sepultados no túmulo das amarguras e do isolamento. Ele reativa as energias de uma vida nova e da esperança (ressurreição de Lázaro – 5º domingo).
Tendo experimentado primeiro a graça e a força da ressurreição, e aprendendo a pensar e atuar desde já como ‘’partícipes da ressurreição de Cristo’’ (cf. Cl 3, 1-3), sentimos a urgência interior, e não somente o convide, a nos tornarmos testemunhas da Boa Nova do amor fiel de Deus, semeadores de novas Páscoa.
Que o mundo atual, que procura, ora na angústia ora na esperança, possa receber a Boa Nova dos lábios não de evangelizadores tristes e descoroçoados, impaciente ou ansioso, mas de ministros do Evangelho cuja vida irradie fervor, pois foram os que receberam primeiro em si a alegria de Cristo (cf. Evangelii Gaudium, n.11).
O ano 2014 está marcado pela convocação do Sínodo Extraordinário dedicado à família e as suas problemáticas sociais e pastorais, que será celebrado no mês de outubro.
Com tal iniciativa, a Igreja quer mergulhar nas feridas das famílias, com o intuito de tocar, ao vivo, a dor e as esperanças que acompanham seu caminho e também deixar-se tocar; partilhar as duras quaresmas das pessoas para oferecer a esperança da ressurreição, anunciando o evangelho da Páscoa de Jesus, com a atitude de sua misericórdia e de sua compaixão.
Chama nossa atenção também o método, novo e especial, com que está sendo preparada a assembleia dos bispos. O Papa quis fazer apelo a todas as comunidades e pessoas do povo de Deus, para que, com os próprios testemunhos, sugestões, orações, elas contribuam com este caminho de Quaresma- Páscoa, que perpassa a vida cotidiana das pessoas. Que o sepulcro das relações feridas e aparentemente mortas possam abrir-se de novo para uma nova vida. Que lágrimas sejam enxugadas, cantos de esperanças possam ressoar novamente pela graça do Senhor, experimentada no cuidado misericordioso da Igreja, como ressoaram na casa de Lázaro, Maria.
O encontro ou o reencontro com Jesus, favorecidos pela Quaresma, tem, porém, a potencialidade de uma nova renovação radical, de uma nova Páscoa: ‘’Com Jesus Cristo, nasce sem cessar a alegria’’(ibidem, 1).
Esta é a experiência pessoal de Lázaro e de suas irmãs, Marta e Maria, testemunhas surpreendidas e agradecidas do que è humanamente impossível: viver em primeira pessoa e testemunhar a ressurreição da morte. Para cada homem e mulher, marcado pela fragilidade humana, Jesus vai repetir seu potente grito: ‘’Lázaro, vem para fora!’’(Jo 11, 43). Ele está pronto a estender sua mão de amigo para nos libertar do túmulo do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento.
Na regra para os monges, São Bento resume esta constante tensão interior da vida cristã numa formulação muito eficaz: ‘’durante a Quaresma (...) ofereça cada um a Deus, de espontânea vontade, com alegria do desejo animado pelo mesmo Espírito, espera a santa Páscoa’’ (Regra Beneditina 49, 6-7).
O encontro com Cristo abre a nascente da água viva que fica escondida no poço do coração, sob os escombros de nossas contradições e insucessos (encontro com a samaritana – 3º domingo); ilumina com luz interior do Espírito o horizonte indecifrável da vida (cura do cego de nascença -4º domingo). Jesus vem ao nosso encontro, penetrando até as trevas mais obscuras da existência, quando estamos sepultados no túmulo das amarguras e do isolamento. Ele reativa as energias de uma vida nova e da esperança (ressurreição de Lázaro – 5º domingo).
Tendo experimentado primeiro a graça e a força da ressurreição, e aprendendo a pensar e atuar desde já como ‘’partícipes da ressurreição de Cristo’’ (cf. Cl 3, 1-3), sentimos a urgência interior, e não somente o convide, a nos tornarmos testemunhas da Boa Nova do amor fiel de Deus, semeadores de novas Páscoa.
Que o mundo atual, que procura, ora na angústia ora na esperança, possa receber a Boa Nova dos lábios não de evangelizadores tristes e descoroçoados, impaciente ou ansioso, mas de ministros do Evangelho cuja vida irradie fervor, pois foram os que receberam primeiro em si a alegria de Cristo (cf. Evangelii Gaudium, n.11).
O ano 2014 está marcado pela convocação do Sínodo Extraordinário dedicado à família e as suas problemáticas sociais e pastorais, que será celebrado no mês de outubro.
Com tal iniciativa, a Igreja quer mergulhar nas feridas das famílias, com o intuito de tocar, ao vivo, a dor e as esperanças que acompanham seu caminho e também deixar-se tocar; partilhar as duras quaresmas das pessoas para oferecer a esperança da ressurreição, anunciando o evangelho da Páscoa de Jesus, com a atitude de sua misericórdia e de sua compaixão.
Chama nossa atenção também o método, novo e especial, com que está sendo preparada a assembleia dos bispos. O Papa quis fazer apelo a todas as comunidades e pessoas do povo de Deus, para que, com os próprios testemunhos, sugestões, orações, elas contribuam com este caminho de Quaresma- Páscoa, que perpassa a vida cotidiana das pessoas. Que o sepulcro das relações feridas e aparentemente mortas possam abrir-se de novo para uma nova vida. Que lágrimas sejam enxugadas, cantos de esperanças possam ressoar novamente pela graça do Senhor, experimentada no cuidado misericordioso da Igreja, como ressoaram na casa de Lázaro, Maria.
Recordando a Palavra“Eu
sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá
(...). Crês nisto? Ela respondeu: ‘’Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és
o Cristo, o filho de Deus, aquele que deve vir ao mundo’’(Jo 11,27).
A narração da morte e ressurreição de Lázaro converge como, a seu cume, para esta suprema autorrevelação de Jesus e a sublime confissão de fé de Marta. Jesus revela a si mesmo como fonte de vida nova e plena, e promete que a experimentarão em si mesmos, os que acreditarem nele, mediante o dom do Espírito. Marta, passando através do longo caminho da amizade com Jesus, pela dor, provocada pela morte do irmão, e pelo aparente descuido de Jesus, que não acorre logo ao pedido das irmãs, chega a reconhecer e confessar Jesus como o enviado de Deus.
Os tempos e as modalidades em que Deus atua na vida, assim como nos acontecimentos, nas pessoas, nas famílias, nas comunidades eclesiais, na história, permanecem para nós envoltos no mistério. Então como que subtraídos aos nossos cálculos humanos. Deus, porém, está ali, cuidando de cada um, como pai solícito e fiel.
Jesus nos desvenda o sentido secreto do projeto de Deus. Desconcertando os presentes, declara abertamente que Lázaro está morto. A morte do amigo, no entanto, é uma oportunidade para manifestar a potência de Deus, glorificar o Filho e despertar a fé dos discípulos. ‘’Esta doença não leva a morte, mas é para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela’’(11,4). ‘’ Lázaro morreu! E por causa de vós, eu me alegro por não ter estado lá, pois assim podereis crer’’(11,15).
O profeta Ezequiel, na primeira leitura, deixa vislumbrar que o processo da ressurreição, atuando no presente, por impulso do Espírito de Deus, não somente toca os indivíduos, mas atinge todo o povo e sua triste história, destinada a uma luminosa renovação. O povo de Israel esta sepultado como morto na experiência do exílio, desarraigado de sua terra, despojado de sua cultura e de sua liberdade civil e religiosa, oprimido pela convicção de estar sofrendo punição do Senhor, motivada por ter abandonado a aliança. O profeta anuncia que, além de toda expectativa razoável, o Senhor vai tirá-lo da trágica situação histórica, dando-lhe uma nova, inesperada oportunidade de vida.
A volta para a terra dos pais, a recuperação da liberdade política e a restauração do culto no templo reconstruído são acompanhados por uma ressurreição ainda mais radical: a renovação interior, realizada pela efusão do Espírito na consciência deles. ‘’Ó meu povo, vou abrir vossas sepulturas! (...) e vos conduzirei para a terra de Israel (...). Quando incutir em vós o meu espírito, para que revivais (...) sabereis que eu, o Senhor, digo e faço’’(Ex 37,12-14).
Esta fé e esta experiência nos fazem cantar com o salmista: ‘’Do abismo profundo clamo a ti, Senhor, escuta minha voz! Que teus ouvidos estejam bem atentos à voz da minha súplica (...). Espero no Senhor, minha alma espera na sua palavra. A minha alma aguarda o Senhor mais que as sentinelas a aurora’’(salmo responsorial- Sl 129).
O Espírito é o novo impulso vital que impele os discípulos de Jesus a viverem, de fato, como já partícipes da energia divina da sua ressurreição. Homens e mulheres, embora atravessados ainda pelas dores do parto da nova criação, são animados pela esperança de seu cumprimento e, na totalidade de sua experiência humana, aqui indicada com o termo ‘’corpo’’, guardam já o fermento da ressurreição futura e definitiva.
Quem fica atuando assim vive segundo o Espírito do Senhor ressuscitado. O Espírito habita nele e lhe faz experimentar uma profunda relação pessoal com Cristo, superando o ‘’impulso instintivo’’ a afirmar a si mesmo, o qual o apóstolo chama de ‘’carne’’(cf.2ª leitura, Rm 8,9).
A narração da morte e ressurreição de Lázaro converge como, a seu cume, para esta suprema autorrevelação de Jesus e a sublime confissão de fé de Marta. Jesus revela a si mesmo como fonte de vida nova e plena, e promete que a experimentarão em si mesmos, os que acreditarem nele, mediante o dom do Espírito. Marta, passando através do longo caminho da amizade com Jesus, pela dor, provocada pela morte do irmão, e pelo aparente descuido de Jesus, que não acorre logo ao pedido das irmãs, chega a reconhecer e confessar Jesus como o enviado de Deus.
Os tempos e as modalidades em que Deus atua na vida, assim como nos acontecimentos, nas pessoas, nas famílias, nas comunidades eclesiais, na história, permanecem para nós envoltos no mistério. Então como que subtraídos aos nossos cálculos humanos. Deus, porém, está ali, cuidando de cada um, como pai solícito e fiel.
Jesus nos desvenda o sentido secreto do projeto de Deus. Desconcertando os presentes, declara abertamente que Lázaro está morto. A morte do amigo, no entanto, é uma oportunidade para manifestar a potência de Deus, glorificar o Filho e despertar a fé dos discípulos. ‘’Esta doença não leva a morte, mas é para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela’’(11,4). ‘’ Lázaro morreu! E por causa de vós, eu me alegro por não ter estado lá, pois assim podereis crer’’(11,15).
O profeta Ezequiel, na primeira leitura, deixa vislumbrar que o processo da ressurreição, atuando no presente, por impulso do Espírito de Deus, não somente toca os indivíduos, mas atinge todo o povo e sua triste história, destinada a uma luminosa renovação. O povo de Israel esta sepultado como morto na experiência do exílio, desarraigado de sua terra, despojado de sua cultura e de sua liberdade civil e religiosa, oprimido pela convicção de estar sofrendo punição do Senhor, motivada por ter abandonado a aliança. O profeta anuncia que, além de toda expectativa razoável, o Senhor vai tirá-lo da trágica situação histórica, dando-lhe uma nova, inesperada oportunidade de vida.
A volta para a terra dos pais, a recuperação da liberdade política e a restauração do culto no templo reconstruído são acompanhados por uma ressurreição ainda mais radical: a renovação interior, realizada pela efusão do Espírito na consciência deles. ‘’Ó meu povo, vou abrir vossas sepulturas! (...) e vos conduzirei para a terra de Israel (...). Quando incutir em vós o meu espírito, para que revivais (...) sabereis que eu, o Senhor, digo e faço’’(Ex 37,12-14).
Esta fé e esta experiência nos fazem cantar com o salmista: ‘’Do abismo profundo clamo a ti, Senhor, escuta minha voz! Que teus ouvidos estejam bem atentos à voz da minha súplica (...). Espero no Senhor, minha alma espera na sua palavra. A minha alma aguarda o Senhor mais que as sentinelas a aurora’’(salmo responsorial- Sl 129).
O Espírito é o novo impulso vital que impele os discípulos de Jesus a viverem, de fato, como já partícipes da energia divina da sua ressurreição. Homens e mulheres, embora atravessados ainda pelas dores do parto da nova criação, são animados pela esperança de seu cumprimento e, na totalidade de sua experiência humana, aqui indicada com o termo ‘’corpo’’, guardam já o fermento da ressurreição futura e definitiva.
Quem fica atuando assim vive segundo o Espírito do Senhor ressuscitado. O Espírito habita nele e lhe faz experimentar uma profunda relação pessoal com Cristo, superando o ‘’impulso instintivo’’ a afirmar a si mesmo, o qual o apóstolo chama de ‘’carne’’(cf.2ª leitura, Rm 8,9).
Atualizando a Palavra
Na atitude de Jesus para com Marta e Maria, e na pedagogia que ele usa com os discípulos e com o povo, somos convidados a reconhecer a constante pedagogia com a qual Deus acompanha o caminho pessoal de cada um, e o orienta para crescer na fé e na liberdade do amor. ‘’Senhor, se tivesses estado aqui... ’’ Quantas de nossas leituras apresadas dos acontecimentos se refletem nestas palavras de Marta e de Maria! (cf. 11,32). Quantas de nossas queixas apaixonadas e doloridas elas interpretam!
O “silêncio” de Deus, frente às injustiças, aos mal-entendidos, aos perigos extremos, continua fazendo parte do drama e das esperanças do homem e da mulher de todos os tempos. Razão de escândalo e de possível ressurreição, de rebelião e de passagem do nível humano ao da misericordiosa sabedoria de Deus.
E preciso lembrar que a narração da morte e da ressurreição de Lázaro introduz, diretamente, na narração da paixão, morte e ressurreição de Jesus. O próprio Jesus vive o grande silêncio de Deus no horto das oliveiras e na cruz. Ele encontrará resposta somente na misteriosa remoção na pedra do sepulcro, no terceiro dia. Nas ultimas palavras de entrega confiante ao Pai, pronunciadas na cruz, ele abraça todos nós, e nos entrega a espera da ressurreição junto com ele: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito’’ (Lc 23,46).
No dia do Sábado Santo, a Igreja celebra somente a Liturgia das Horas, jejuando, rezando e meditando em silêncio. É o dia consagrado a meditação silenciosa do mistério de Jesus “descido a mansão dos mortos’’, extremo limite da experiência humana da morte. Somente na solene vigília da noite, chegaremos a cantar, com renovada fé e alegria, que Jesus venceu a morte e renovou a vida: junto com ele, também em nós a sua vida vence nossa morte! Agora vence a morte do coração, depois até a morte do nosso corpo!
Ao ver chorar a amiga Maria, Jesus estremece interiormente, fica profundamente comovido e chora (11,33-34.38). Que estupor e que consolo suscita este Jesus! Ele é o Verbo de Deus que habita na luz inacessível do Pai e, ao mesmo tempo, se torna tão próximo a todas as nossas paixões, sofrimentos e alegrias!
O Papa Francisco nos estimula, sem cessar, a nos deixarmos envolver por essas atitudes de misericórdia, compaixão e solidariedade de Jesus para com os mais pobres e necessitados, e a assumi-las como estilo de vida pessoal, sobretudo por parte dos ministros do evangelho.
Jesus deixa transformar sua compaixão e seu pranto, e o das amigas Marta e Maria, num grito de amor que chama os mortos para reviverem. ‘’Lázaro, vem para fora!’’(Jo 11,43). Ele fica repetindo seu grito animador para cada pessoa. Nosso nome está em seu coração e vibra em seu grito silencioso.
O encontro com Jesus faz da ‘’ressurreição’’ uma experiência que anima já o presente dos que acreditam nele. Experiência que ressoa, na voz da Igreja, como canto cheio de esperança: ‘’Nele brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição... Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada’’ (Prefácio I da missa dos defuntos).
“Desamarrai-os e deixai-o ir’’ (11,44).
Esta é a missão fundamental que Jesus entrega a seus discípulos de todos os
tempos. Partilhar com Jesus a missão de desamarrar as pessoas dos empecilhos
que as impedem de viver e caminhar com as próprias pernas, na dignidade e na
liberdade autêntica dos filhos e filhas de Deus. Libertar das correntes do
pecado e das injustiças, mesmo quando elas estão escondidas sob o manto das
observâncias religiosas. Libertar dos pesadelos impostos pelos homens, que
escravizaram ao invés de transmitir a energia libertadora da Palavra do Senhor.
Jesus foi terrivelmente crítico com os falsos religiosos de todos os tempos
(cf. Mt 11, 29-30).
O Papa Francisco não se cansa de repetir que a Igreja tem necessidade de voltar ao essencial do evangelho, em sua vida e em seu serviço de animação espiritual do povo. Não serve transmitir um acervo de doutrinas desligadas entre si, que não tocam o coração. É preciso anunciar e fazer a alegria da ressurreição: A ressurreição de Jesus não é algo do passado; contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual (...). Cada dia, no mundo, renasce a beleza, que ressuscita transformada através dos dramas da história. Esta é a força da ressurreição, e cada evangelizador é um instrumento deste dinamismo. ’’ (Evangelii Gaudium, n. 276).
O Papa Francisco não se cansa de repetir que a Igreja tem necessidade de voltar ao essencial do evangelho, em sua vida e em seu serviço de animação espiritual do povo. Não serve transmitir um acervo de doutrinas desligadas entre si, que não tocam o coração. É preciso anunciar e fazer a alegria da ressurreição: A ressurreição de Jesus não é algo do passado; contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual (...). Cada dia, no mundo, renasce a beleza, que ressuscita transformada através dos dramas da história. Esta é a força da ressurreição, e cada evangelizador é um instrumento deste dinamismo. ’’ (Evangelii Gaudium, n. 276).
Ligando a Palavra com a ação eucarística
Com bela e significativa expressão, os Padres da Igreja chamavam a Eucaristia de “ remédio que produz a imortalidade’’, pois ela nos faz participar da experiência atualizada da morte e da ressurreição de Jesus, como proclamamos na grande oração eucarística: ’’Anunciamos Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor, Jesus!’’
Conscientes de que, se não nos alimentarmos do pão da vida, não conseguiremos sustentar o caminho da fé, com imensa gratidão, acolhemos o convite de Jesus a participar da mesa da Palavra e da Eucaristia.
Sendo peregrinos rumo à casa do Pai, a Igreja tem um especial cuidado maternal pelos filhos que mais se aproximam da meta do caminho, e oferece a eles o corpo vivo de Cristo como ‘’ pão de viagem’’ para a vida eterna. Por isso, a Eucaristia dada aos que estão gravemente doentes se chama ‘’viático’’. O exercício de caridade e um grande anúncio da páscoa do Senhor para os enfermos e familiares.
Na Eucaristia, celebramos também, a cada vez, a memória dos irmãos e das irmãs que nos precederam na casa do Pai: os santos e os defuntos. Nesta memória sagrada, proclamamos que a páscoa de Jesus é a única fonte de vida para todos os membros do único povo de Deus, tanto os que ainda estão peregrinando na fé, como os que já vivem na glória do Pai. A consciência da força da ressurreição nos impele a abrir as portas da vida às surpresas de Deus e ao ‘’futuro e ao amanhã’’ de Deus. Muitas vezes, ao invés, submetidos mais à mentalidade mundana que aos critérios do evangelho, fracos na fé e na esperança, ficamos prisioneiros do que achamos importante no ‘’hoje, no aqui, e no agora’’.
A Igreja é chamada de ser sempre a casa aberta do Pai (...). Mas há outras portas que também não se devem fechar: todos podem participar de alguma forma na vida celestial, todos podem fazer parte da comunidade, e nem sequer as portas dos sacramentos se deveriam fechar por uma razão qualquer (...). A Eucaristia, embora constitua a plenitude da vida sacramental, não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos. Estas convicções têm também conseqüências pastorais, que somos chamados a considerar com prudência e audácia. ’’ (Evangelii Gaudium, n.47). Como nos interpelam estas palavras ardentes de caridade do Papa Francisco?
Sugestões para a celebração
Ø Seria conveniente celebrar de maneira comunitária, durante a
semana, no horário mais conveniente, a Unção dos Enfermos, convidando as
pessoas que, por motivos de saúde ou de idade, se encontram em situação de particular
fragilidade, como sugere o Rito da Unção dos Enfermos. Colocada no contexto
deste domingo, marcado pela ressurreição de Lázaro e pelo consolo suscitado em
Maria e Marta pelo gesto potente de Jesus, e situada na perspectiva da Páscoa
já próxima, tal celebração pode assumir o caráter de uma grande profissão de fé
na ressurreição, enquanto suscita o consolo da esperança cristã, diante da dor
e da morte.
Ø Onde houver o costume, e se for oportuno, o presbítero, nesta
semana, poderia celebrar a missa na casa de um ou de outro doente mais grave ou
impedido, por longo tempo, de participar da Eucaristia da comunidade. A
celebração da missa pode ser precedida pela confissão sacramental e pela unção
dos Enfermos ao paciente.
Ø Uma conveniente catequese deveria ajudar a iluminar os fiéis sobre
o dogma da “ressurreição da carne”, que professamos a cada domingo no ‘Creio’.
Não somente como algo que nos atingirá ao fim dos tempos, mas também como
participação de Jesus mediante a morte ao pecado e a tudo o que nos impede de
viver como filhos e filhas de deus, e na abertura ao amor e à verdadeira
liberdade interior. Aprender a reconhecer as experiências de ressurreição,
vivenciadas ao superar situações particularmente difíceis, e a agradecer ao
Senhor.
Ø A mentalidade secularizada, presente em todo ambiente, tende
a esconder de qualquer maneira a morte. Promove modelos de vida na beleza do
corpo, na juventude sem fim, nas aparências, afastando da própria vista pessoa
com deficiências físicas e idosas, mesmo quando membros da própria família.
Até o tornar-se doente faz envergonhar-se. Na luz
da profunda compaixão de Jesus com toda a forma de deficiência física e
espiritual e olhando para sua comovida participação na perda do amigo Lázaro,
ajuda a resgatar a enfermidade, a dor e a morte, na luz da morte e da
ressurreição do próprio Jesus.
Ø Cuidar que a celebração dos funerais, quer durante o velório, quer
na missa presente o defunto, ou na do 7º dia, não seja reduzida a um evento de
conveniência social, mas oportunidade de experiência de encontro dos
participantes com o Senhor ressuscitado,. Com tal finalidade, é muito
importante que a comunidade expresse aos familiares e aos presentes a própria
proximidade, como sinal de consolo e de esperança.
Ø Os cantos para as celebrações quaresmais podem ser encontrados no
CD da Campanha da fraternidade de 2014: Hino da CF 2014 e Cantos para a
Quaresma Ano A.
Fonte:
Roteiros Homiléticos da Quaresma, Março e Abril– CNBB 2014 - Ano A
Homilia do 5º Domingo
da Quaresma
Homilia de Betânia (Franciscanos da igreja de São Lázaro)
Homilia do Pe. Paulo Ricardo
Vem para fora!
A chave de leitura deste belíssimo
Evangelho, que expressa de modo dramático o afeto, a humanidade e o amor de
Jesus, são a Sua paixão, morte e ressurreição. A pedido de Marta e Maria, Jesus
sai da região da Galileia e vai a Betânia, que ficava a “uns três quilômetros”
(v. 18) de Jerusalém, consciente de que sobe para dar a vida, seja para Lázaro,
seja para todos os homens, na morte da Cruz. Os próprios discípulos, ao ouvirem
a proposta de Jesus de voltar à Judeia, respondem: “Mestre, agora há pouco os
judeus queriam te apedrejar, e vais de novo para lá?” (v. 8).
Então, para compreender em profundidade
a narrativa de São João, é preciso recorrer a outro trecho desse mesmo
Evangelho, em que Jesus diz que “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a
sua vida por seus amigos” [1]. Em Betânia, Jesus dá a vida a Lázaro e, em
troca, Ele mesmo ganha a morte.
Esse amor de amizade de Cristo
manifesta-se de modo enigmático no capítulo 11 do Evangelho de São João. É
verdade que Jesus se comove, como se lê nos versículos 33 e 38. No entanto, o
verbo grego usado para expressar a Sua reação faz referência a uma comoção por
raiva, por ira, como que a indicar o zelo de Deus pelo homem.
Ao mesmo tempo em que se comove, na
síntese do versículo 35, é dito que “Jesus chorou”. Eis uma verdadeira
epifania, uma revelação do coração de Deus que se comove diante da morte do ser
humano. A palavra usada para expressar o choro de Jesus é o grego ἐδάκρυσεν (lê-se: edákrisen), que, diferentemente do verbo usado para
expressar o choro de Maria e dos judeus (κλαίω; lê-se: klaío), faz
referência a um choro comedido e sereno; a gotas de lágrima (δάκρυ;
lê-se: dákri), literalmente.
Isso leva-nos a penetrar no segredo do
sofrimento de Deus. Se Ele chora diante da morte física de seu amigo, sofre
muito mais com a morte das almas que se afastam d’Ele pelo pecado, tornando-se
de fato inimigas de Deus [2]. O Seu choro secreto é algo que nos deve fazer
tomar a firme decisão de consolar o Seu coração, ferido por nossas culpas.
Com isso, não se está a dizer que
Lázaro não ressuscitou. Esse milagre realmente aconteceu, mas aponta para algo
mais profundo: Jesus quer dar-nos a vida eterna, como diz a Marta: “Eu sou a
ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (v.
25).
No versículo 43, Jesus dirige um
chamado a Lázaro a todos nós: “Lázaro, vem para fora!”. Ao contrário de seu
choro comedido diante da morte, quando Deus nos chama à vida, Ele brada, com
uma forte voz (φωνῇ μεγάλῃ; lê-se: foní megáli). Essa voz quer vencer a nossa surdez mortífera e
chamar-nos a uma conversão mais profunda, na qual nós abandonamos o pecado não
só por causa do inferno, mas porque ele ofende a Deus e fá-Lo chorar.
Vamos rezar, neste domingo, pedindo a
Deus o dom da contrição perfeita. Muitas vezes, arrependemo-nos de nossos
pecados por conta das penas do inferno ou pela recompensa do Céu. Neste
Evangelho, Jesus convida-nos a vir para fora, sair do pecado para corresponder
ao Seu amor e consolar o Seu coração, parar de ofendê-Lo por causa da lágrima
secreta que Ele derrama a cada pecado que cometemos. Quantas vezes Jesus não
chorou sobre o túmulo de nossa alma morta pelo pecado!
No capítulo seguinte do Evangelho de
São João, Jesus senta-se à mesa com Marta, Maria e Lázaro: é a festa dos amigos
que se sentam à mesa para agradá-Lo. Que beleza é ser amigo de Cristo, como o
foram Marta, Maria e Lázaro! Que alegria é transformar a nossa alma em Betânia,
onde Deus pode sentar-se conosco como com comensais e onde podemos, à imitação
de Maria, ungir os Seus pés com um “bálsamo de nardo puro, de grande preço”
[3]! Determinemo-nos, peçamos a Deus a graça da contrição perfeita e
aproximemo-nos da Eucaristia, como comensais que querem consolar o coração
divino.
Referências:
Jo 15, 13.
Cf. Rm 1, 30.
Jo 12, 3.
Liturgia de 06.04.2014 - 5º Domingo da Quaresma
A Voz do Pastor - 5º Domingo da Quaresma
Domingo 06/04/2014
HOMILIA
LÁZARO SÁI PARA
FORA!
Ressurreição e Luz são dois temas
intimamente ligados, porque são sinônimos da salvação: “Se alguém caminha de
dia, não tropeça; mas tropeçará, se andar de noite”(Cf. Jo 11,10).
O tema central do Evangelho de hoje é
a vida. Vida que foi restituída a Lázaro e que está ligada à amizade, ao amor
fraterno, a compaixão, atitudes cristãos que estão presentes na glorificação de
Deus, que é o destino dos homens e mulheres que crêem verdadeiramente. A vida
verdadeira, que o Cristo trouxe, tem face humana e face divina, que se
misturam.
A ressurreição de Lázaro é um dos
maiores sinais de Jesus. Jesus, assim, vai manifestando a sua filiação divina,
seu poder messiânico, sua missão salvadora, e provoca, cada vez mais, a
admiração, a fé, o testemunho daqueles que são beneficiados pela sua ação
evangelizadora. O próprio Evangelista João anuncia que Jesus fez muitos outros
sinais, e que Estes sinais foram escritos para que creiais que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, em crendo, tenhais a vida” (Jo 20,30-31).
Assim, poderíamos afirmar que a vida
do homem é a razão de ser da encarnação de Jesus. Os milagres e sinais de Jesus
foram efetuados para destacar a VIDA PLENA, a VIDA QUE SÓ ELE PODE NOS DAR.
Jesus afirmou: EU SOU A VIDA; EU SOU
O PAO DA VIDA, EU SOU A LUZ DA VIDA. Jesus veio ao mundo para despertar a
criatura humana do sono.
E esta vida nova só será possível
àqueles que viverem, com dignidade, a grandeza do seu Batismo. Aderindo a
Cristo o batizado deve viver uma vida realmente nova, animada pelo espírito de
Cristo. Mas sem a fé, traduzida em obras, o batismo ficará morto. A vida da fé
batismal se verifica, se atualiza, por exemplo, quando ela transforma a
sociedade de morte numa comunidade viva de vida, de fraternidade e de comunhão.
Como Lázaro, acolhamos a ordem de
Jesus: “SAI PARA FORA”. Peçamos ao Senhor que nos desperte e ressuscite do sono
da morte e nos revista da Sua imortalidade com a Celebração da Festa da Páscoa
que se aproxima.
Fonte Homilia Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA DIÁRIA
E o grande sinal é este: mostra que Jesus é a
vida, Ele traz Lázaro novamente à vida para nos demonstrar que Ele tem poder
sobre a vida, que Ele é o Senhor da vida.
”Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra,
viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais” (João 11, 25-26).
A maravilha da Palavra de Deus, hoje, é Jesus que vai à casa dos seus amigos: Marta, Maria e Lázaro. Ele vai especialmente para se encontrar com Lázaro, porque já recebera a notícia de que ele havia morrido fazia alguns dias. A tristeza toma conta daquele lugar e daquela casa, e as irmãs deste, Marta e Maria, vão ao encontro de Jesus e dizem: ”Mestre, se o Senhor estivesse aqui o nosso irmão não teria morrido”. E Jesus diz: ”Não, o seu irmão ressuscitará”. E Marta responde: “Sim, Senhor. Eu sei que ele há de ressuscitar na ressurreição do último dia”.
E Jesus, categoricamente, apresenta a verdadeira ressurreição, quando nos diz que: ”todo aquele que n’Ele crê, ainda que esteja morto, viverá”, porque Jesus é a ressurreição e Jesus é a vida. E quem se aproxima do Senhor, quem adere à Pessoa de Jesus, quem se coloca do lado d’Ele, se abre para Ele, não conhecerá jamais a morte.
A morte não domina aquele que é do Senhor! Algumas vezes, nós ficamos tristes, e é mais do que natural A tristeza e a dor da saudade quando alguém muito querido parte para outra vida. Até mesmo Jesus ficou comovido com a morte do amigo, Lázaro, por isso, foi ao encontro dele, para nos dar um sinal. E o grande sinal é este: mostrar que Ele é a vida, Ele traz Lázaro novamente à vida para nos demonstrar que Ele tem poder sobre a vida, que Ele é o Senhor da vida.
Mas a vida que Jesus quer nos dar é a vida plena e a vida eterna; primeiramente para nós que andamos mortos, por causa dos nossos pecados, Ele nos ressuscita e nos tira da escuridão e da zona da morte e nos traz novamente à vida. E depois, aquela morte incômoda, que tira a vida, aquele que crê em Jesus não a experimenta, é apenas uma passagem, pois o Senhor nos transforma de modo que tenhamos, já aqui na Terra, as primícias da eternidade.
A morte é para o justo, para aquele que é de Deus, a porta de entrada para a glória celeste. Hoje é dia de refletirmos sobre o valor da vida, mas não simplesmente o ”viver”; mas sim sobre a vida plena, a vida ressuscitada, a vida que o Senhor veio nos trazer com Sua morte. E todos aqueles que morrem em Cristo, no batismo, morrem para o pecado e têm com Ele o selo da vida.
Que o selo do Cristo Ressuscitado esteja em nós para que a vida nova, que Ele nos trouxe, esteja também conduzindo a nossa vida!
Deus abençoe você!
Padre
Roger Araújo
LEITURA ORANTE
Jo 11,1-45 - Jesus ressuscita Lázaro
Preparo-me para a Leitura Orante, com
todos os internautas, invocando o Espírito Santo: Espírito de
verdade,
a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
1. Leitura (Verdade)
- O que diz o texto do
dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Jo 11,1-45, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Jo 11,1-45, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Ora, havia um doente, Lázaro, de
Betânia, do povoado de Marta e de Maria, sua irmã.(Maria é aquela que ungiu o
Senhor com perfume e enxugou seus pés com os cabelos. Lázaro, seu irmão, é quem
estava doente.) As irmãs mandaram avisar Jesus: "Senhor, aquele que amas
está doente". Ouvindo isso, disse Jesus: "Esta doença não leva à morte,
mas é para a glória de Deus...". Jesus tinha muito amor a Marta, à sua
irmã Maria e a Lázaro... Depois, falou aos discípulos: "Vamos, de novo, à
Judéia". Os discípulos disseram-lhe: "Rabi, ainda há pouco os judeus
queriam apedrejar-te, e agora vais outra vez para lá?"... Logo que Marta
soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em
casa. Marta, então, disse a Jesus: "Senhor, se tivesses estado aqui, meu
irmão não teria morrido. Mesmo assim, eu sei o que pedires a Deus, ele te
concederá". Jesus respondeu: "Teu irmão ressuscitará". Marta
disse: "Eu sei que ele vai ressuscitar, na ressurreição do último
dia". Jesus disse então: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em
mim, ainda que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não
morrerá jamais. Crês nisto?" Ela respondeu: "Sim, Senhor, eu creio
firmemente que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que deve vir ao
mundo". Tendo dito isso, ela foi chamar Maria, sua irmã, dizendo baixinho:
"O Mestre está aí e te chama". Quando Maria ouviu isso, levantou-se
depressa e foi ao encontro de Jesus. Jesus ainda estava fora do povoado, no
mesmo lugar onde Marta o tinha encontrado. Os judeus que estavam com Maria na
casa consolando-a, viram que ela se levantou depressa e saiu; e foram atrás
dela, pensando que fosse ao túmulo para chorar. Maria foi para o lugar onde
estava Jesus. Quando o viu, caiu de joelhos diante dele e disse-lhe:
"Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido". Quando Jesus a viu chorar e os que estavam com ela, comoveu-se interiormente e
perturbou-se. Ele perguntou: "Onde o pusestes?".
Responderam:"Vem ver, Senhor!". Jesus derramou lágrimas. 0s judeus
então disseram: "Vede como ele o amava!". Alguns deles, porém,
diziam:"Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com
que Lázaro não morresse?". De novo, Jesus ficou interiormente comovido.
Chegou ao túmulo. Era uma gruta fechada com uma pedra. Jesus disse: "Tirai
a pedra!". Marta, a irmã do morto, disse-lhe: "Senhor, já
cheira mal: é o quarto dia". Jesus respondeu: "Não te disse que, se
creres, verás a glória de Deus?" Tiraram então a pedra. E Jesus,
levantando os olhos para o alto, disse: "Pai, eu te dou graças porque me
ouviste! Eu sei que sempre me ouves, mas digo isto por causa da multidão em
torno de mim, para que creia que tu me envias¬te". Dito isso, exclamou com
voz forte: "Lázaro, vem para fora!". O morto saiu, com as mãos e os
pés amarrados com faixas e um pano em volta do rosto. Jesus, então, disse-lhes:
"Desamarrai-o e deixai-o ir!"...
Lázaro não ressuscita
glorioso para viver sempre. Apenas volta a esta vida. Sua ressurreição
prefigura a de Jesus, através de alguns elementos: panos, sepulcro, três dias.
O milagre tem também dois objetivos: para que o povo creia na missão de Jesus e
para a glória de Deus. Demonstra também o afeto de Jesus por seus amigos:
"Jesus tinha muito amor a Marta, à sua irmã Maria e a Lázaro". E
ainda, a comoção humana de Jesus diante da morte. O texto diz:"Jesus
derramou lágrimas".
2.
Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
O texto me fala que Jesus Cristo é o Deus da vida e que, ao mesmo tempo, se sensibiliza com a dor humana. Os bispos, em Aparecida, disseram:
O texto me fala que Jesus Cristo é o Deus da vida e que, ao mesmo tempo, se sensibiliza com a dor humana. Os bispos, em Aparecida, disseram:
"Na história
do amor trinitário, Jesus de Nazaré, homem como nós e Deus conosco, morto e
ressuscitado, nos é dado como Caminho, Verdade e Vida. No encontro de fé com o
inaudito realismo de sua Encarnação, podemos ouvir, ver com nossos olhos,
contemplar e tocar com nossas mãos a Palavra de vida (cf. 1 Jo 1,1), experimentamos
que “o próprio Deus vai atrás da ovelha perdida, a humanidade doente e
extraviada. Quando em suas parábolas Jesus fala do pastor que vai atrás da
ovelha desgarrada, da mulher que procura a dracma, do pai que sai ao encontro
de seu filho pródigo e o abraça, não se trata só de meras palavras, mas da
explicação de seu próprio ser e agir”136. Esta prova definitiva de amor tem o
caráter de um esvaziamento radical (kenosis), porque Cristo “se humilhou a si
mesmo fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2,8). "
(DAp 242).
3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo com toda Igreja, a
Oração da Campanha
da Fraternidade de 2014
Ó Deus, sempre ouvis o clamor do
vosso povo
e vos compadeceis dos oprimidos e
escravizados.
Fazei que experimentem a libertação
da cruz
e a ressurreição de Jesus.
Nós vos pedimos pelos que sofrem
o flagelo do tráfico humano.
Convertei-nos pela força do vosso
Espírito,
e tornai-nos sensíveis às dores
destes nossos irmãos.
Comprometidos na superação deste mal,
vivamos como vossos filhos e filhas,
na liberdade e na paz.
Por Cristo nosso Senhor.
Amém!
4.
Contemplação(Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da
Palavra?
Quero hoje viver com o olhar solidário de Jesus e descobrir, motivações de vida nova.
Quero hoje viver com o olhar solidário de Jesus e descobrir, motivações de vida nova.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde.
Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patricia Silva, fsp
http://leituraorantedapalavra.blogspot.com.br/
http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&action=busca_result&data=06%2F04%2F2014
Oração Final
Pai Santo,
ajuda-nos a crer, superando a vaidade de tentar compreender Mistérios que não
cabem nos limites do nosso entendimento. Dá-nos força para nos jogarmos
confiantes nos teus braços paternos, certos de que em Ti encontraremos a
sonhada Paz. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito
Santo.
http://www.arquidiocesebh.org.br/mdo/pg06.php

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