sábado, 13 de abril de 2013

BISPOS ANALISAM DOCUMENTO SOBRE REFORMA AGRÁRIA E REALIDADE DOS BISPOS EMÉRITOS

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A entrevista coletiva concedida pelos bispos nesta sexta-feira (12) foi marcada pelo tema da Reforma Agrária, a atuação e a missão dos bispos eméritos e uma breve explanação sobre o trabalho da Nunciatura Apostólica no Brasil.

Integraram a mesa da coletiva os bispos, dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo de Mariana (MG), dom Pedro Brito Guimarães, arcebispo de Palmas (TO) e dom Enemésio Angelo Lazzaris, bispo de Balsas (MA) e o porta-voz do evento, dom Dimas Lara Barbosa.
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Dom Geraldo Lyrio abriu a coletiva falando sobre o trabalho desenvolvido pela Nunciatura Apostólica no Brasil.

Pela manhã os bispos se encontraram com o Núncio Apostólico, dom Giovanni D’ Aniello em uma sessão reservada que aconteceu no subsolo do Santuário Nacional.
Dom Geraldo informou aos jornalistas a importância que tem o trabalho do Núncio, representante da Santa Sé junto a Igreja presente no Brasil.
“O Núncio tem um duplo papel. Ele é o embaixador da Santa Sé e representante do Papa junto ao governo brasileiro, e ele também é o representante da Santa Sé e do Papa junto a Igreja presente no Brasil. Então, ele tem um papel que é mais da ordem diplomática como embaixador, mas ele tem um papel que tem uma conotação mais pastoral”.
Dom Geraldo lembrou também o papel decisivo da Nunciatura no Acordo entre o Brasil e a Santa Sé.
Este foi o primeiro contato do Núncio com todo o episcopado brasileiro, já que a chegada de dom Giovanni ocorreu no ano passado no período da Assembleia Geral.

Em seguida, dom Pedro Brito, apresentou a realidade dos bispos eméritos no Brasil, que atualmente, conta com 299 bispos na ativa e 160 bispos eméritos, ou seja, aqueles que já completaram 75 anos de idade e pediram renúncia de cargo em uma diocese.

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Dom Pedro destacou que na assembleia de 2013, dezenas de bispos eméritos completam o trabalho da assembleia, mesmo não sendo mais obrigados a participar do evento. Na assembleia os bispos também não tem direito a voto, mas podem discursar nos plenários sobre os diversos assuntos.


Dom Pedro analisou que a presença dos bispos eméritos tem um papel relevante para a Igreja, tanto pelo papel que assumiram, como pela missão que ainda continuam realizando. Muitos continuam ativos em trabalhos da Igreja, mantendo uma agenda de trabalho intensa, outros, por motivo de saúde, estão mais afastados. Nesse sentido, o bispo informou que recentemente, foi criada uma comissão para tratar de assuntos específicos dos bispos eméritos.
Os bispos neste terceiro dia de estudos, debateram também o documento sobre a problemática que envolve a Reforma Agrária no país. O texto que foi elaborado por uma comissão de especialistas em questões agrárias, juntamente com vários bispos e outros representantes de organismos e pastorais da Igreja, passou pela análise dos bispos durante a assembleia e ainda deve sofrer algumas alterações.

Dom Enemésio, presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) contextualizou os jornalistas sobre o tema amplo e complexo da questão agrária no país, a partir de colocações sobre o conteúdo do documento.
“Este documento quer nos fazer entender de maneira crítica, as velhas e novas razões do sofrimento e da violência que marcam a nossa terra e ensanguentam a nossa terra. Hoje, talvez mais do que ontem. De maneira muito clara, o documento nos faz perceber que a sempre prometida Reforma Agrária não foi prioridade de nenhum dos governos democráticos, menos ainda, do governo atual”.
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Dom Enemésio relembrou que nos últimos trinta anos, as decisões “quase sempre favoreceram e favorecem o latifúndio, o agronegócio com financiamentos altíssimos”. 

O bispo pontuou os quatro pontos do documento:
“Ver, ouvir, descer e ser enviado. Precisamos atuar. Precisamos anunciar as coisas boas, mas precisamos denunciar as tantas formas de opressão, as tantas injustiças que são cometidas a tantas formas de vida no campo”.
O documento, segundo o bispo, faz diversos apelos e posicionamentos, entre eles, a valorização da identidade camponesa dos trabalhadores, o apoio aos pequenos que buscam dignidade de vida na terra, na floresta e nas águas,  o apoio a instituições camponesas, os trabalhadores e as lutas por políticas públicas que garantam acesso aos direitos básicos e também o apoio à agricultura familiar. O documento reforça também a luta a toda forma de violência contra o povo do campo, contra a grilagem e ao trabalho escravo.
A questão agrária está na pauta das assembleias anuais da CNBB desde a primeira edição em 1953.


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