domingo, 3 de novembro de 2024

COLETÂNEA DE HOMÍLIAS DIÁRIAS, COMENTÁRIOS E REFLEXÕES DO EVANGELHO DO DIA, DE ANOS ANTERIORES - 02/11/2024

ANO B


Lc 12,35-40

TODOS OS FINADOS

Para todos os povos da humanidade, seja qual for a origem, cultura e credo, a morte continua a ser o maior e mais profundo dos mistérios. Mas, para os cristãos, tem o gosto da esperança. Esse é o mistério pascal de Cristo: morte e ressurreição. Ele nos garantiu que para quem crê, for batizado e seguir Seus ensinamentos, a morte é apenas a porta de entrada para desfrutar com Ele a vida eterna no Reino do Pai.
Enquanto para todos os homens a morte é a única certeza absoluta, para os cristãos ela é a primeira de duas certezas. A segunda é a ressurreição que nos leva a aceitar o fim da vida terrena com compreensão e consolo. Para nós, a morte é um passo definitivo em direção à colheita dos frutos que plantamos aqui na Terra.
A Igreja nos ensina que as almas em purificação podem ser socorridas pelas orações dos fiéis. Assim, este dia é dedicado à memória dos nossos antepassados e entes que já partiram. Encontramos a celebração da missa pelos mortos desde o século V.
Um dos mais belos Dogmas da Igreja é o da “Comunhão dos Santos”. Dessa maneira entendemos que os que estão no Céu, na feliz morada com Deus para sempre, os que se purificam no purgatório, e nós, que ainda caminhamos pelas estradas deste mundo, formamos um só corpo. Por esse motivo, podemos e devemos rezar pelos que partiram, pois nossas orações são eficazes para ajuda-los a mais rapidamente chegarem à casa definitiva do Pai.

REFLEXÃO

A recordação dos fiéis defuntos nos projeta para o futuro. Nossa fé fala-nos de Esperança, a grande palavra chave nesse dia. Trata-se do anseio que todo homem tem de ter a verdadeira felicidade, a felicidade duradoura, sem máculas e sem fim. Essa felicidade só se pode dar no encontro definitivo com Deus, que é a essência do Amor e do Belo. A missão de Jesus, revelada nos Evangelhos, é de dar a vida eterna a todos os que creem em seu nome.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Extraído do site a12 - Santuário Nacional
Fonte: NPD Brasil em 02/11/2018

HOMILIA DIÁRIA

A morte é a porta de entrada na eternidade feliz com Deus

“Vós também ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes.” (Lucas 12,40)

Celebramos, hoje, nossos irmãos falecidos, é a comemoração dos fiéis defuntos. Não é um dia de pesar, é um dia de celebrar, de termos saudades de pessoas que fazem parte da nossa história e da nossa vida. Na fé, eles não morreram, eles foram transformados, foram para a eternidade. Hoje, nós nos voltamos especialmente para recordarmos e orarmos aos irmãos que estão sobretudo no purgatório purgando, purificando, esperando as nossas orações.
Vamos celebrar, no próximo domingo, aqueles que já participam da glória eterna: todos os Santos. Então, é a comunhão da Igreja que caminha. Somos nossa Igreja militante, unindo-nos hoje com a Igreja que padece, a Igreja que se purifica no purgatório e, no domingo, celebramos a nossa comunhão com a Igreja triunfante: a Igreja que já está na glória.

A morte é a porta de entrada na eternidade feliz que Deus preparou para nós

É o mistério da vida humana, é a beleza do amor de Deus que nos coloca na comunhão dos Santos, somos uma só Igreja. Então, não é que aqueles que morreram estão distantes, estão até mais perto de Deus muitas vezes, do que nós que já participamos ou já estamos na porta de espera para entrar no Céu. O que é importante da nossa parte? Primeiro, a nossa oração generosa. Nossa oração, hoje, é pelo sufrágio dessas almas, pela purificação, é para nos unirmos em amor e comunhão com esses nossos irmãos.
Hoje, nós oramos por eles; amanhã, eles irão orar por nós, e por isso a oração é a grande expressão do amor. Amemos e vamos dar a nossa oração com todo o nosso coração. Isto é fundamental!
Hoje, também é um dia de refletirmos sobre o sentido cristão da morte, porque ela tem outros sentidos e outros significados, mas para quem não crê, para quem é pagão, por exemplo, a morte é uma tragédia, é o fim de tudo. Para nós não! A morte é a porta de entrada na eternidade feliz que Deus preparou para nós: “Na casa do meu Pai há muitas moradas” (João 14,2), diz Jesus. Então, é a oportunidade ou o momento de entrarmos naquela morada que o Pai preparou para cada um de nós.
É verdade que precisamos estar preparados, precisamos nos preparar para morrer a cada dia, e não é que precisamos pensar: “Vou morrer…”. Não vamos cair nessa bitola, o que nós precisamos é viver bem, porque quem vive bem a vida morrerá bem, não importa o dia nem a hora.
Não sabemos quando será o nosso dia, nós temos a certeza de que iremos morrer, mas temos nessa certeza uma incerteza: quando ninguém sabe, nem o dia e nem a hora. Isso é o que menos importa, porque o que mais importa é aquilo que a Palavra hoje nos chama: Ficai preparados para hoje, para amanhã, para o tempo que for para o nosso encontro feliz com Deus.
Morte não é tragédia, ainda que, nas circunstâncias humanas, às vezes, tragédias levem a vida de muitos de nós, mas morte é vida em Deus, é ressuscitarmos para a eternidade feliz com Deus se vivermos nossa vida n’Ele. Hoje, é dia de alimentarmos a fé, é dia de alimentarmos a esperança, dia de alimentarmos a confiança, é dia de alimentarmos, mais do que nunca, o nosso amor a Deus e aos nossos irmãos que já estão na glória do Senhor ou padecendo pela purificação do purgatório, oferecemos nossas orações ou já glorificados na eternidade feliz. Em Deus encontramos a vida, porque Ele é vida.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 02/11/2021

HOMILIA DIÁRIA

Esteja preparado para entrar na vida eterna com Deus

“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: ‘Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar.’” (Lucas 12,35-37)

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos com toda a Igreja, neste dia 2 de Novembro, o dia de Finados ou a Comemoração dos fiéis defuntos. Memória e gratidão: duas palavras oportunas para o dia de hoje. Recordar os nossos entes queridos, fazer memória da vida deles e agradecer a Deus por ter nos dado cada uma dessas pessoas.
Essas pessoas não foram tiradas de nós porque elas nunca foram as nossas posses. Não possuímos as pessoas, elas são um dom de Deus na nossa vida; sejam os nossos pais, parentes, sejam os nossos amigos, os nossos irmãos de caminhada e de comunidade, elas são dons de Deus.
Não importa o tempo cronológico que tivemos com elas, importa a qualidade desse relacionamento. Por isso, esse dia também recorda para cada um de nós a responsabilidade que temos com a vida uns dos outros, sejam os familiares, sejam as pessoas que estão próximas a nós. Essas pessoas existiram em nossa vida e sempre existirão, porque a morte não foi uma ruptura.
Hoje, queremos pedir ao Senhor que nos liberte desses apegos a essas pessoas. E também vamos libertar essas pessoas da tristeza e de outros sentimentos ruins que carregamos por causa da partida delas para a vida eterna. Vamos ficar hoje só com a saudade, que é um sentimento tão nobre e tão bom!

Estejamos prontos para enfrentarmos as batalhas, preparando-nos para entrar na vida eterna com Deus

Comemoração dos fiéis defuntos — que chamamos também de Finados —, pode indicar finalizados, poderíamos dizer: aqueles que chegaram ao momento final de suas existências, ao momento pleno, por isso, não estamos falando aqui do caixão, do túmulo, do jazigo de cinzas, de ossos, mas estamos falando da finalidade da nossa existência, a meta da nossa existência que é a nossa vida eterna com Deus.
Às vezes, o que nos assusta no tema da morte, por exemplo, é justamente pensar na nossa morte, pensar que um dia também prestaremos contas da nossa vida diante de Deus, por isso, o Evangelho de hoje.
“Estar pronto” é o mais alto nível de maturidade espiritual que um cristão deve atingir, estar pronto para encontrar-se com Deus. Na verdade, aqui, esse “estar pronto” é o cume da vida espiritual de todo o cristão. Quem está pronto é quem não se aterroriza com a chegada da morte, porque sabe que a morte é apenas uma porta, é apenas a passagem para a vida plena com Deus.
E Jesus diz no Evangelho: “Tenhais os rins cingidos”, é aquela bela imagem para falar da prontidão. Os rins cingidos era a postura do guerreiro pronto para a luta. E devemos viver o aqui e o agora com essa postura de guerreiro, de quem está pronto para enfrentar as lutas do dia a dia, as tribulações e as batalhas, nos preparando para entrar na vida eterna com Deus.
Neste dia de hoje, coloque sim as suas flores e velas sobre os túmulos dos seus amados, mas volte para casa disposto a viver bem cada dia da sua vida unido ao Cristo, para que, um dia, nos encontremos todos juntos no paraíso reservado para nós.
Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Heleno
Missionário da Comunidade Canção Nova
Fonte: Canção Nova em 02/11/2023

OU

Jo 6,37-40

REFLEXÃO

DIA DOS FIÉIS DEFUNTOS
Por Celso Loraschi

I. Introdução geral

A Igreja celebra o dia dos Fiéis Defuntos ou dia de Finados imediatamente após o dia de Todos os Santos. Ambas as celebrações estão intimamente ligadas, uma vez que fazemos a memória dos que já se encontram na pátria celeste. Veneramos os santos reconhecidos oficialmente pela Igreja e pedimos a sua intercessão. No entanto, todos os que estão junto de Deus são também santos. Muitos deles foram nossos parentes, amigos ou conhecidos. Lembramo-nos deles e também de todas as pessoas que faleceram. Desde os primeiros séculos, os cristãos rezam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires e recordando seus testemunhos de fé e amor. A partir do século V, a Igreja dedica um dia do ano para rezar por todas as pessoas falecidas, também por aquelas que ninguém lembra. É um dia que evoca saudade, esperança e compromisso. Saudade daqueles que partiram e marcaram, de uma maneira ou de outra, a vida de todos nós que ainda peregrinamos neste mundo. Esperança porque nos foi revelado que a morte não tem a última palavra, é passagem para a vida em plenitude. Compromisso porque queremos que nosso tempo histórico seja vivido de acordo com o que nos exorta a palavra de Deus. Como Jó, depositamos nossa confiança naquele que é o defensor da vida (I leitura). Renovamos nossa convicção de que “a esperança não decepciona”, como afirma Paulo em sua carta aos Romanos (II leitura). E nos consolamos, agradecidos, com a declaração de Jesus: “Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia”.

II. Comentário do texto bíblico

1. Evangelho (Jo 6,37-40): A vida eterna

O capítulo 6 do Evangelho de João apresenta o ensinamento de Jesus sobre o pão da vida. Ele se dirige à multidão perto do mar da Galileia. Chama-lhes a atenção para que não se ocupem somente com o alimento que perece, e sim com o “pão da vida”, o alimento que dura para a vida eterna.
O pão da vida é o próprio Jesus, que livremente se doa como alimento: “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede” (6,35). Na caminhada do Êxodo, rumo à terra prometida, Deus enviou do céu o “maná” que alimentou o povo durante todo o tempo. É o símbolo da palavra de Deus que alimenta e dá a vida. Agora, Jesus é o verdadeiro maná descido do céu como eterno alimento para todos os que nele creem. Ele é a Palavra de Deus que se fez carne. Dele nos alimentamos (palavra e eucaristia) neste novo êxodo rumo à pátria celeste.
Toda pessoa que, pela fé, acolhe Jesus e dele se alimenta já possui a vida eterna. A fé em Jesus não se resume a um assentimento intelectual nem apenas a uma adesão religiosa, sem compromisso concreto. A fé é um jeito de ser que perpassa o cotidiano da vida. É a configuração da nossa vida na vida de Jesus. Assim, todo aquele que vive em Jesus não perecerá. Foi para isso que Deus enviou o seu Filho ao mundo. “Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”. A fé nos possibilita “ver” Jesus, penetrar no seu mistério e inundar todo o nosso ser pelo dom da verdadeira vida.
A comunidade joanina confessa que Jesus veio ao mundo “para que todos tenham vida e vida em plenitude” (Jo 10,10). Esta é também a nossa confissão de fé: ele é o doador da vida plena já para este mundo e para a eternidade. Ele mostrou o caminho da justiça e da fraternidade a este mundo e venceu a morte pela sua ressurreição. Ele não exclui ninguém. Nele já ressuscitamos para a vida. A morte não tem a última palavra.

III. Pistas para reflexão

- Meus olhos verão a Deus. Deus se revela na história humana de modo processual. Pouco a pouco, conforme atesta a Bíblia. Ele se deu a conhecer juntamente com o seu plano de amor e salvação. O livro de Jó mostra que o ser humano é um buscador de Deus. No meio de muitas perguntas, dúvidas e crises, Deus permite que amadureçamos até nos convencermos de que ele realmente existe e é a fonte de toda a vida. Reconhecemos que, sem sua presença amiga e misericordiosa, a vida perderia todo o sentido. O encontro com Deus transforma o nosso jeito de pensar e agir. Ele é defensor da vida, o doador de todos os bens. Dele viemos e para ele voltamos. Com base nessas afirmações, é importante nos perguntarmos como estamos administrando a vida que Deus nos deu. Que rumo estamos dando à nossa breve existência? Com quais valores irrenunciáveis orientamos os nossos passos na direção da morada definitiva?
- Meus olhos veem a Deus. Enquanto Jó confessa sua fé na futura visão de Deus, o Evangelho de João nos indica que já podemos “ver” a Deus na pessoa de Jesus Cristo. O processo de revelação de Deus e de seu plano de amor e salvação culminou em Jesus. Ele veio ao mundo para que tenhamos a vida, e vida plena. Ver a Jesus com os olhos da fé implica viver conforme sua prática e seus ensinamentos. Quem está em Jesus e dele se alimenta (palavra e eucaristia) já possui a vida eterna. Uma pessoa é irradiadora da verdadeira vida quando pauta seus pensamentos, projetos, palavras e ações no evangelho de Jesus Cristo…
– Caminhar como se víssemos o invisível. A saudade dos nossos entes queridos nos faz refletir sobre a nossa condição de pessoas transitórias neste mundo. Seria uma lástima viver sem conhecer o verdadeiro significado da nossa existência. São Paulo, em sua incansável missão de anunciar o evangelho, insiste na verdade da salvação gratuita de Deus. Seu amor incondicional foi definitivamente comprovado na vida, morte e ressurreição de Jesus. Por ele fomos reconciliados com Deus e, “estando reconciliados, seremos salvos por sua vida”. Essa esperança não decepciona, e sim orienta os nossos passos neste êxodo rumo à pátria eterna. Essa esperança impregna o tempo presente de um sentido “cairológico”: é tempo propício de acolher a graça divina; de desapegar-se do que é efêmero; de cultivar a amizade pessoal com Deus; de discernir e acolher a sua vontade. Como seguidores de Jesus, é tempo de defender e promover a vida neste mundo, sinal da vida futura.
Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
Fonte: Vida Pastoral em 02/11/2014

REFLEXÃO

QUE NADA SE PERCA

A comemoração de Todos os Fiéis Falecidos é ocasião para recordar aqueles que já passaram por este mundo, para agradecer o bem que puderam fazer, o amor que conseguiram espalhar.
É também ocasião para pensar na própria morte. Não para deixar de fazer planos, mas para direcionar a própria vida na perspectiva dos seguidores de Jesus, o Filho que revela o amor pleno do Pai e busca a todo custo salvar a todos.
Salvar de que, para que e como? Salvar de uma vida sem sentido, que se perde no nada; salvar para a vida eterna, na ressurreição que nos abre a visão e o ser de Deus, o tudo para sempre; salvar pela fé nele mesmo, o Filho de Deus, aderindo a suas palavras, assimilando sua vida, doada como alimento para a vida do mundo.
É oportuno, portanto, pensar na morte em relação à vida. Dizemos que o contrário da morte é a vida. Mas a morte terrena não é o fim da vida. O contrário da morte terrena é tão somente o nascimento neste mundo. A vida continua, plenificada por Deus, que nos ressuscita por sua graça. Pois é de graça que Deus nos dá a vida eterna, resgatando o pouco que aqui tivermos feito, completando o muito que ficou faltando. E isso porque ele ama.
Pensar na morte é pensar no amor que se doa, o amor que dá sentido à nossa vida; o amor que revela qual é a nossa fé, nossa adesão a Jesus; o amor que somos chamados a viver hoje, porque hoje pode ser, de fato, nosso último dia.
Ao rezar por nossos entes queridos que já vivem na comunhão dos santos, agradeçamos ao Deus da vida, que nos ama e em seu Filho dá sentido à nossa existência. A fé na eternidade e a certeza da morte terrena nos levam a relativizar o que aqui deixaremos, para dar a devida importância ao que levaremos para junto de Deus.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 02/11/2014

REFLEXÃO

CREIO NA COMUNHÃO DOS SANTOS E NA VIDA ETERNA

Ao iniciar o mês de novembro, no dia 1º celebramos Todos os Santos e Santas de Deus e hoje, no dia 2, relembramos todos os fiéis falecidos. São dois dias de reflexão e de oração, quando alegria e saudade, recordações e esperanças invadem o ânimo de quem tem o verdadeiro sentido espiritual da vida. As grandes questões acerca da nossa existência retornam à consciência. Para uma dessas tormentosas questões, temos uma resposta segura: nascemos para viver eternamente.
A morte, no seu sentido de destruição total, de retorno ao nada, para o ser humano cristão não existe. Nós viveremos sempre, mesmo depois do desfalecimento da nossa vida presente: o nosso espírito sobrevive e, em um último e definitivo dia, as cinzas dispersas do nosso corpo serão reanimadas pelo poder criador de Deus. Esta é a verdade de nossa vida e o futuro que nos aguarda.
O homem moderno, que maravilhosamente se desenvolveu no campo da ciência e da tecnologia, sofre a tremenda tentação de esquecer, de negar essa nossa futura realidade e, assim, torna-se fatalmente profeta da morte. Ao reduzir a vida ao tempo presente, ele perde a dimensão da transcendência da existência humana, exaltando os valores do tempo como se fossem os únicos e definitivos; depois se resigna ou se desespera, porque descobre que são efêmeros e passageiros.
Nós, cristãos católicos, acreditando “na comunhão dos santos e na vida eterna”, professamos que, enquanto aguardamos a gloriosa vinda do Senhor, alguns de seus discípulos são peregrinos na terra; outros, que já passaram desta vida, estão se purificando; outros, enfim, gozam da glória, contemplando a Deus. Todos, porém, comungamos na mesma caridade de Deus. Assim, aqueles que estão a caminho não têm de maneira alguma interrompida a sua união com os irmãos falecidos; ao contrário, ela é fortalecida pela comunhão dos bens espirituais (cf. LG 49).
Orani João Tempesta, O.Cist.
Cardeal Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro
Fonte: Paulus em 02/11/2014

REFLEXÃO

A IGREJA DO VATICANO II

Dando continuidade à proposta de – mensalmente ao longo deste ano, neste espaço de O Domingo-Celebração da Palavra de Deus – recordar o Concílio Ecumênico Vaticano II ao comemorarmos 50 anos de seu início, escolhemos para este mês as constituições Lumen Gentium e Gaudium et Spes, que versam sobre a Igreja.
O Vaticano II foi um concílio orientado para a vivência da fé, da esperança e da caridade.
Fixou-se nas relações da Igreja com os seres humanos e com o mundo, por trabalhar mais na dimensão pastoral. No seu precioso conjunto de documentos, podemos pinçar conceitos e propostas que dão uma face renovada à Igreja, esposa de Cristo. A dupla visão da Igreja ficou bem clara na constituição dogmática Lumen Gentium e na constituição pastoral Gaudium et Spes. A primeira define sua natureza cristológica, enquanto a segunda se volta para a vertente pastoral. Aquela começa dizendo que “a Igreja é como que o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano”, e esta assim fala: “As alegrias e as esperanças dos seres humanos de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo”.
Ambas respeitam as verdades básicas que, conforme o espírito do concílio, pedem uma atualização à luz dos sinais dos tempos. A Lumen Gentium vê a Igreja em seu viés teológico, enquanto a Gaudium et Spes é constituição pastoral centrada na presença de Deus no mundo atual.
Fotografia nítida da Igreja conciliar se encontra nesta síntese bem formulada do cardeal Aloísio Lorscheider: “O Vaticano II faz-nos passar de uma Igreja-instituição ou de uma Igreja-sociedade perfeita para uma Igreja-comunidade, inserida no mundo, a serviço do reino de Deus; de uma Igreja-poder para uma Igreja pobre, despojada, peregrina; de uma Igreja-autoridade para uma Igreja serva, servidora, ministerial; de uma Igreja piramidal para uma Igreja-povo; de uma Igreja pura e sem mancha para uma Igreja santa e pecadora, sempre necessitada de conversão, de reforma; de uma Igreja-cristandade para uma Igreja-missão, uma Igreja toda ela missionária”. Esse é o perfil da Igreja lavada nas águas puras do Concílio Ecumênico Vaticano II.
D. Geraldo Majella Agnelo
Cardeal Arcebispo Emérito de Salvador
Fonte: Paulus em 02/11/2014

REFLEXÃO

A FELICIDADE DO REINO

As bem-aventuranças, no início do Sermão da Montanha, são o ensinamento de Jesus sobre a felicidade. A primeira e a oitava bem-aventuranças dão a chave para compreender todas as outras: felizes são os pobres em espírito, felizes são os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. Felicidade, para Jesus, é já estar na dinâmica do reinado de Deus.
Num mundo que identifica a felicidade com riquezas, cargos e títulos, soam desconcertantes as palavras de Jesus, que proclama felizes os perseguidos por buscar a justiça de Deus, que proclama felizes os que vivem na simplicidade e na pobreza, guiados apenas pelo Espírito divino.
É que, deixando-se guiar pelo Espírito de Deus, os pobres entram na mesma missão de Jesus, vivendo e ensinando, como o Mestre, a solidariedade nas relações, ainda que isso venha acompanhado de perseguições e calúnias.
Para os que se afligem por buscar a justiça divina, para estes vem a consolação, que não tem nada que ver com resignação ou conformismo. A consolação é a força de Deus. E a força de Deus se mostra na certeza de que a terra será dos mansos, dos que não alimentam desejo de poder e riquezas.
Neste mundo diferente do Reino, que se começa a viver já aqui, o desejo que conta é o de justiça, e o caminho para a justiça de Deus está na misericórdia, na pureza de coração e na promoção da paz.
O reinado de Deus, de fato, já se iniciou neste mundo com a missão de Jesus. Felizes são os que já pertencem a esse reino, com um modo diferente de agir e pensar. Vivendo relações de fraternidade, sendo solidários com os sofredores, buscando quem está excluído, podemos já experimentar o reinado de Deus, que um dia será pleno. Então o Senhor da Vida, com sua graça, tornará plena e eterna a felicidade que aqui tivermos vivido, como pobres que se deixam guiar por seu Espírito.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 02/11/2014

REFLEXÃO

ANO DA FÉ

Para comemorar os cinquenta anos da realização do Concílio Ecumênico Vaticano II, celebramos o Ano da Fé – convocado pelo papa Bento XVI, hoje emérito –, com conclusão no dia 24 deste mês, domingo de Cristo Rei.
O Concílio Ecumênico Vaticano II foi um grande dom de Deus para a sua Igreja. Ainda não foram suficientemente conhecidas e meditadas nem as quatro constituições promulgadas nem as três declarações e os nove decretos emanados.
Vale a pena abrirmos a Constituição Lumen Gentium, n. 4, sobre a missão do Espírito Santo na Igreja: “Terminada na terra a obra que o Pai confiou ao Filho, o Espírito Santo foi enviado no dia de Pentecostes a fim de santificar continuamente a Igreja e, por Cristo, no Espírito Santo, terem os fiéis acesso junto ao Pai. Ele é o Espírito da vida, a fonte de água que jorra para a vida eterna. Por ele, o Pai dá vida aos homens mortos pelo pecado, até ressuscitar em Cristo seus corpos mortais.O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis como em um templo. Neles ora e dá testemunho da adoção de filhos. Conduz a Igreja ao conhecimento da verdade total, unifica-a na comunhão e nos ministérios, ilumina-a com diversos dons carismáticos e hierárquicos e enriquece-a com seus frutos.Pela força do evangelho, rejuvenesce a Igreja, renovando-a constantemente, e a conduz à perfeita união com seu Esposo. Pois o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: ‘Vem!’”
Como resolução do Ano da Fé, renovemos os grupos de formação e reflexão em nossas comunidades para buscarmos a fonte de água que jorra para a vida eterna.
No batismo, pela água e pelo Espírito Santo, fomos feitos filhos de Deus e herdeiros do céu. Enquanto estamos nesta terra, somos enviados pelo Espírito para anunciar a boa-nova do evangelho que é Cristo, nosso salvador.
D. Geraldo Majella Agnelo
Cardeal Arcebispo Emérito de Salvador
Fonte: Paulus em 02/11/2014

Reflexão

Pistas para a reflexão:
I leitura: Nosso destino é ver a Deus face a face.
II leitura: Cristo nos justifica e nos reconcilia com Deus para vivermos a esperança que não decepciona.
Evangelho: A vontade de Deus é que creiamos em Jesus e nele tenhamos a vida eterna.
Fonte: Paulus em 02/11/2014

Reflexão

Jesus pronuncia palavras de conforto e esperança. Não estamos abandonados, sozinhos, sem rumo, sem mestre, sem pastor. Jesus é o doador da vida; ele não rejeita ninguém, pois desceu do céu por nós: “Desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que me enviou é que eu não perca nenhum dos que ele me deu”. Jesus e o Pai querem vida abundante para todos. Única e indispensável exigência de Jesus é que acreditemos nele. Acreditar não é simplesmente alimentar bons pensamentos ou dizer da boca para fora “eu creio”. A fé requer a prática das obras de justiça, fraternidade e misericórdia. Então, sim, poderemos ter a certeza da vida eterna: “Eu o ressuscitarei no último dia”. A salvação só será completa com a ressurreição.
Oração
Senhor Jesus, desceste do céu para fazer a vontade do Pai. E o desejo do Pai celeste é que ressuscites a todos os que te procuram de coração sincero. Confiantes e cheios de esperança, prosseguimos nossa jornada terrena, certos de que nos ressuscitarás no último dia. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Fonte: Paulus em 02/11/2020

Reflexão

O dia dos Finados

A liturgia do dia dos Finados poderia ser chamada também a liturgia da esperança. Pois, como "o último inimigo é a morte" (1 Cor 15,26), a vitória sobre a morte é o critério da esperança do cristão. A morte é considerada, espontaneamente, como um ponto final: "tudo acabou". A resposta cristã é: "A vida não é tirada, mas transformada" (prefácio). Esta resposta baseia-se na fé na Ressurreição de Jesus Cristo.
Se ele ressuscitou, também para nós a morte não é o ponto final. Somos unidos com ele na vida e na morte (Jo 11,25-26; evangelho). Ele é a Ressurreição e a Vida: unir-se a ele significa não morrer, não parar de existir diante de Deus, embora o corpo morra e se decomponha.
Trata-se de uma fé, de uma maneira de traduzir o Mistério de Deus e da totalidade da existência. Já no AT, o autor de Sb observa que as aparências enganam: a justiça dos justos não é um absurdo diante da morte ("ele não aproveitou nada da vida!") . Pelo contrário, é o começo do "estar na mão de Deus", que não tem fim (1ª leitura). Assim também descreve Paulo a existência cristã como estar já unido com Cristo na Ressurreição, o que é simbolizado pelo batismo (2ª leitura).
O texto de Paulo introduz, porém, um importante complemento na ideia de que a existência do fiel e justo já é o início da vida eterna: Paulo não gosta nada do espiritualismo exaltado de pessoas que se consideram "nova criação" sem morte existencial da vida antiga. No primeiro cristianismo havia uma tendência para um conceito "barato" da vida eterna, um pouco ao modo dos gnósticos, que achavam que bastava participar de algum "mistério" esotérico para ter a imortalidade. Paulo insiste muito na realidade tanto da morte quanto da ressurreição do Cristo (cf. 1Cor 15,12-19). E para participar destas é preciso também crucificar o velho homem com Cristo.
Portanto, a certeza de estarmos nas mãos de Deus - pela fé em Cristo que nos torna verdadeiramente "justos"- não tira nada do caráter crítico da morte corporal: ela fica um véu, atrás do qual nosso olhar não penetra. Inclusive, para o cristão, ele é mais "séria" do que para quem vive sem se preocupar de nada, porque ela significa desde já a morte do homem "natural". Não podemos viver com a perspectiva de sermos assumidos pelo Espírito de Deus, para ressuscitar com um "corpo não carnal, mas espiritual" (1Cor 15,44ss), se não nos acostumarmos ao Espírito desde já. O corpo espiritual de que Paulo fala é a presença "ao modo de Deus". Este é o nosso destino. Mas, se não nos tornarmos aptos para este modo agora, como seremos aptos para sempre?
Assim, a morte, para o cristão, é a pedra de toque de sua vida. Dá seriedade à sua vida. Valoriza, na vida, o que ultrapassa os limites da matéria, que é "só para esta vida" (1Cor 15,19). Abre-nos para o que é realmente criativo e supera o dado natural da gente. Um antegosto daquilo que é "vida pneumática", a gente o tem quando se supera a si mesmo, p.ex., negando seus próprios interesses em prol do outro. O verdadeiro amor implica, necessariamente, o morrer a si mesmo. Superação do homem confinado na perspectiva material, tal é a realidade espiritual que encontrará confirmação definitiva e inabalável na morte. Na morte, o que é verdadeiro e definitivo em nosso existir supera a precariedade da existência. A morte é nossa confirmação na mão de Deus: Ressurreição.
Para tal existência, morta para o homem velho, é que o batismo, configuração com Cristo, nos encaminha. Portanto, vivemos já a vida da ressurreição, num certo sentido. Quem diz isto em termos expressos é João (evangelho). A Marta, que representa o conceito veterotestamentário da vida eterna - a ressurreição depois da morte, no fim dos tempos - Jesus responde que, quem crê nele, já durante sua vida tem a vida eterna (11, 25-26; cf. 5,24). O fundamento de afirmação não convencional assim é que Jesus mesmo é o dom escatológico por excelência. Quem vê Jesus, vê Deus (Jo 14,9). Quem aceita Jesus na fé, não precisa esperar a vida do além para ver Deus (na linguagem do A.T., "ver Deus" era a grande esperança).
Com isso, estamos longe dos temas tradicionais referentes aos finados. De fato, a celebração dos féis falecidos é a celebração de nossa esperança e da comunidade dos santos, da "comunhão dos santos", tanto quanto a festa do 1o de novembro. A liturgia nada diz das penas do purgatório e coisas semelhantes, que tradicionalmente estão no centro da atenção neste dia. Ao deixarmo-nos ensinar pela nova liturgia, deslocaremos o acento desta comemoração. Vamos assimilar a espiritualidade desta liturgia, para ter uma visão mais cristã da morte, o passo definitivo que conduz à vida verdadeira.
Do livro "Liturgia Dominical", de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
Fonte: Reflexões Franciscanas em 02/11/2014

Reflexão

DIA DOS FIÉIS DEFUNTOS
Por Celso Loraschi

I. Introdução geral

A Igreja celebra o dia dos Fiéis Defuntos ou dia de Finados imediatamente após o dia de Todos os Santos. Ambas as celebrações estão intimamente ligadas, uma vez que fazemos a memória dos que já se encontram na pátria celeste. Veneramos os santos reconhecidos oficialmente pela Igreja e pedimos a sua intercessão. No entanto, todos os que estão junto de Deus são também santos. Muitos deles foram nossos parentes, amigos ou conhecidos. Lembramo-nos deles e também de todas as pessoas que faleceram. Desde os primeiros séculos, os cristãos rezam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires e recordando seus testemunhos de fé e amor. A partir do século V, a Igreja dedica um dia do ano para rezar por todas as pessoas falecidas, também por aquelas que ninguém lembra. É um dia que evoca saudade, esperança e compromisso. Saudade daqueles que partiram e marcaram, de uma maneira ou de outra, a vida de todos nós que ainda peregrinamos neste mundo. Esperança porque nos foi revelado que a morte não tem a última palavra, é passagem para a vida em plenitude. Compromisso porque queremos que nosso tempo histórico seja vivido de acordo com o que nos exorta a palavra de Deus. Como Jó, depositamos nossa confiança naquele que é o defensor da vida (I leitura). Renovamos nossa convicção de que “a esperança não decepciona”, como afirma Paulo em sua carta aos Romanos (II leitura). E nos consolamos, agradecidos, com a declaração de Jesus: “Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia”.

II.  Comentário dos textos bíblicos

1. I leitura (Jó 19,1.23-27a): Eu o verei com os meus próprios olhos

O livro de Jó faz parte da literatura sapiencial. Foi escrito, em sua maior parte, no período pós-exílico, por volta do ano 400 a.C. Reflete sobre a questão do sofrimento das pessoas justas, retratadas na figura de Jó. Em situação calamitosa, abandonado por todos, Jó recebe a visita de três “amigos”. Em vez de manifestar solidariedade a Jó, procuram convencê-lo de que o sofrimento se deve aos pecados que certamente cometera. Eles representam o pensamento teológico dominante: a conhecida “teologia da retribuição”, segundo a qual Deus retribui o bem com o bem e o mal com o mal. Podemos imaginar as consequências dessa teologia na vida das pessoas empobrecidas, abandonadas, doentes… O sistema religioso oficial as considerava pecadoras ou impuras e, portanto, indignas da salvação divina.
Jó está convencido de sua inocência. Debate com os amigos até dar-se conta de que está realmente sozinho em suas convicções. Com quem poderá contar? Pouco a pouco, Jó vai abandonando suas pretensões de se fazer entender. Dentro de sua própria realidade de dor e trevas, encontra novo caminho de acesso a Deus, já não vinculado ao dogma da retribuição. Para além de qualquer instituição, abre-se para Deus, fonte de toda a vida. Jó confessa: “Eu sei que meu defensor está vivo”. Defensor, vingador ou redentor (go’el em hebraico), na antiga tradição de fé do povo de Israel, é aquele cuja função é proteger os membros mais fracos da família, como também resgatar os bens, a vida e a liberdade das pessoas endividadas.
A certeza da intervenção divina em favor da vida das pessoas justas é ressaltada nesse texto. É uma declaração cujas palavras merecem ser “consignadas num livro, gravadas por estilete de ferro num chumbo, esculpidas para sempre numa rocha”. Deus se interessa pela vida pessoal de cada um de seus filhos. Ele nos ama, nos liberta e nos salva. A experiência religiosa de Jó o leva a proclamar: “Eu mesmo o contemplarei, meus olhos o verão…”.

2. II leitura (Rm 5,5-11): A esperança não decepciona

Esse texto está relacionado com o seu contexto imediatamente anterior. Paulo refere-se à justificação pela fé, o dom gratuito da salvação que Deus nos concede por meio de Jesus Cristo. Somos todos pecadores. Eis em que consiste o amor divino: Cristo morreu por nós, pessoas fracas, injustas e infiéis. Pela morte expiatória de Jesus, revela-se o rosto misericordioso de Deus. Ele não leva em conta a nossa condição de pecadores. Seu amor não é baseado em nossos méritos. Por meio de Jesus, fomos reconciliados com Deus e, pela fé, vivemos em paz com ele.
Nessa certeza, a caminhada nesta vida terrena é marcada pela “esperança que não decepciona, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Ora, o amor de Deus em nossos corações nos dá a garantia de um futuro de plenitude e glória. A vida plena não é ilusão: é revelação divina que nos foi dada definitivamente na vida, morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, reconciliados com Deus, vivemos o nosso tempo histórico como expressão de alegria e de gratidão a Deus, que nos criou e nos salva na gratuidade de seu amor. Se Deus nos ama desse modo, também nós devemos amar uns aos outros. Se Jesus entregou sua vida livremente para a vida do mundo, também nós doamos a vida, livremente, pelo bem dos outros.

3. Evangelho (Jo 6,37-40): A vida eterna

O capítulo 6 do Evangelho de João apresenta o ensinamento de Jesus sobre o pão da vida. Ele se dirige à multidão perto do mar da Galileia. Chama-lhes a atenção para que não se ocupem somente com o alimento que perece, e sim com o “pão da vida”, o alimento que dura para a vida eterna.
O pão da vida é o próprio Jesus, que livremente se doa como alimento: “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede” (6,35). Na caminhada do Êxodo, rumo à terra prometida, Deus enviou do céu o “maná” que alimentou o povo durante todo o tempo. É o símbolo da palavra de Deus que alimenta e dá a vida. Agora, Jesus é o verdadeiro maná descido do céu como eterno alimento para todos os que nele creem. Ele é a Palavra de Deus que se fez carne. Dele nos alimentamos (palavra e eucaristia) neste novo êxodo rumo à pátria celeste.
Toda pessoa que, pela fé, acolhe Jesus e dele se alimenta já possui a vida eterna. A fé em Jesus não se resume a um assentimento intelectual nem apenas a uma adesão religiosa, sem compromisso concreto. A fé é um jeito de ser que perpassa o cotidiano da vida. É a configuração da nossa vida na vida de Jesus. Assim, todo aquele que vive em Jesus não perecerá. Foi para isso que Deus enviou o seu Filho ao mundo. “Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”. A fé nos possibilita “ver” Jesus, penetrar no seu mistério e inundar todo o nosso ser pelo dom da verdadeira vida.
A comunidade joanina confessa que Jesus veio ao mundo “para que todos tenham vida e vida em plenitude” (Jo 10,10). Esta é também a nossa confissão de fé: ele é o doador da vida plena já para este mundo e para a eternidade. Ele mostrou o caminho da justiça e da fraternidade a este mundo e venceu a morte pela sua ressurreição. Ele não exclui ninguém. Nele já ressuscitamos para a vida. A morte não tem a última palavra.

III. Pistas para reflexão

- Meus olhos verão a Deus. Deus se revela na história humana de modo processual. Pouco a pouco, conforme atesta a Bíblia. Ele se deu a conhecer juntamente com o seu plano de amor e salvação. O livro de Jó mostra que o ser humano é um buscador de Deus. No meio de muitas perguntas, dúvidas e crises, Deus permite que amadureçamos até nos convencermos de que ele realmente existe e é a fonte de toda a vida. Reconhecemos que, sem sua presença amiga e misericordiosa, a vida perderia todo o sentido. O encontro com Deus transforma o nosso jeito de pensar e agir. Ele é defensor da vida, o doador de todos os bens. Dele viemos e para ele voltamos. Com base nessas afirmações, é importante nos perguntarmos como estamos administrando a vida que Deus nos deu. Que rumo estamos dando à nossa breve existência? Com quais valores irrenunciáveis orientamos os nossos passos na direção da morada definitiva?
- Meus olhos veem a Deus. Enquanto Jó confessa sua fé na futura visão de Deus, o Evangelho de João nos indica que já podemos “ver” a Deus na pessoa de Jesus Cristo. O processo de revelação de Deus e de seu plano de amor e salvação culminou em Jesus. Ele veio ao mundo para que tenhamos a vida, e vida plena. Ver a Jesus com os olhos da fé implica viver conforme sua prática e seus ensinamentos. Quem está em Jesus e dele se alimenta (palavra e eucaristia) já possui a vida eterna. Uma pessoa é irradiadora da verdadeira vida quando pauta seus pensamentos, projetos, palavras e ações no evangelho de Jesus Cristo…
 – Caminhar como se víssemos o invisível. A saudade dos nossos entes queridos nos faz refletir sobre a nossa condição de pessoas transitórias neste mundo. Seria uma lástima viver sem conhecer o verdadeiro significado da nossa existência. São Paulo, em sua incansável missão de anunciar o evangelho, insiste na verdade da salvação gratuita de Deus. Seu amor incondicional foi definitivamente comprovado na vida, morte e ressurreição de Jesus. Por ele fomos reconciliados com Deus e, “estando reconciliados, seremos salvos por sua vida”. Essa esperança não decepciona, e sim orienta os nossos passos neste êxodo rumo à pátria eterna. Essa esperança impregna o tempo presente de um sentido “cairológico”: é tempo propício de acolher a graça divina; de desapegar-se do que é efêmero; de cultivar a amizade pessoal com Deus; de discernir e acolher a sua vontade. Como seguidores de Jesus, é tempo de defender e promover a vida neste mundo, sinal da vida futura.

Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
Fonte: Vida Pastoral em 02/11/2014

Meditando o evangelho

DIA DOS FINADOS

DIA DOS FINADOS cristãos batizados são convidados a santificar-se e os que decidem viver plenamente o mistério pascal de Cristo não têm medo da morte. Porque ele disse: "Eu sou a ressurreição e a vida". Para todos os povos da humanidade, seja qual for a origem, cultura e credo, a morte continua a ser o maior e mais profundo dos mistérios. Mas para os cristãos tem o gosto da esperança. Dando sua vida em sacrifício e experimentando a morte, e morte na cruz, ele ressuscitou e salvou toda a humanidade. Esse é o mistério pascal de Cristo: morte e ressurreição. Ele nos garantiu que, para quem crê, for batizado e seguir seus ensinamentos, a morte é apenas a porta de entrada para desfrutar com ele a vida eterna no Reino do Pai. Enquanto para todos os seres humanos a morte é a única certeza absoluta, para os cristãos ela é a primeira de duas certezas. A segunda é a ressurreição, que nos leva a aceitar o fim da vida terrena com compreensão e consolo. Para nós, a morte é um passo definitivo em direção à colheita dos frutos que plantamos aqui na terra. Assim sendo, até quando Nosso Senhor Jesus Cristo estiver na glória de seu Pai, estará destruída a morte e a ele serão submetidas todas as coisas. Alguns são seus discípulos peregrinos na terra, outros que passaram por esta vida estão se purificando e outros, enfim, gozam da glória contemplando Deus. Os glorificados integram a Igreja triunfal e são Todos os Santos, os quais, nós, os intees da Igreja militante, cristãos peregrinos na terra, comemoramos no dia 1o de novembro. Os Finados integram a Igreja da purificação e são todos os que morreram sem arrepender-se do pecado. O culto de hoje é especialmente dedicado a esses. Embora todos os dias, em todas as missas rezadas no mundo inteiro, haja um momento em que se pede pelas almas dos que nos deixaram e aguardam o tempo profetizado e prometido da ressurreição. A Igreja ensina-nos que as almas em purificação podem ser socorridas pelas orações dos fiéis. Assim, este dia é dedicado à memória dos nossos antepassados e entes que já partiram. No sentido de fazer-nos solidários para com os necessitados de luz e também para reflexão sobre nossa própria salvação. Encontramos a celebração da missa pelos mortos desde o século V. Santo Isidoro de Sevilha, que presidiu dois concílios importantes, confirmou o culto no século VII. Tempos depois, em 998, por determinação do abade santo Odilo, todos os conventos beneditinos passaram, oficialmente, a celebrar "o dia de todas as almas", que já ocorria na comunidade no dia seguinte à festa de Todos os Santos. A partir de então, a data ganhou expressão em todo o mundo cristão. Em 1311, Roma incluiu, definitivamente, o dia 2 de novembro no calendário litúrgico da Igreja para celebrar "Todos os Finados". Somente no inicio do século XX, em 1915, quando a morte, a sombra terrível, pairou sobre toda a humanidade, devido à I Guerra Mundial, o papa Bento XIV oficiou o decreto para que os sacerdotes do mundo todo rezassem três missas no dia 2 de novembro, para Todos os Finados.
Oração
Ó Deus, escutai com bondade as nossas preces e aumentai a nossa fé em Cristo ressuscitado, para que sejam mais via a nossa esperança na ressurreição dos vossos filhos e filhas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 02/11/2014

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Uma Vida que seja Eterna
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Antigamente, antes do consumismo que começou a explodir nos anos 80, a gente comprava objetos de uso pessoal, móveis e equipamentos, que duravam uma eternidade, mas com o consumismo, os bens duráveis tornaram-se descartáveis, só vou dar alguns exemplos, por aqueles tempos a gente tinha os consertadores de guarda chuva e sombrinha, e também sapateiros, consertadores de rádios, amoladores de faca, consertadores de relógios despertadores, não eletrônicos. Onde estão eles nas grandes cidades? Simplesmente não têm mais espaço na economia, esses objetos são de baixo custo, não compensa consertá-los e a maioria nem tem conserto, são produzidos para durar pouco, podem reparar os móveis compensados, que após seis meses de uso já começam a apresentar problemas nas gavetas e portas e mesmo os mais resistentes e caros, não duram a vida toda como antigamente.
Pois bem, do mesmo modo que o homem se ilude quando compra algo novo e pensa que vai durar bastante, assim também se pensa em relação a nossa existência. Queremos eternizar o que não é eterno, queremos que dure sempre, algo que é perecível, e quando o homem se depara com a sua finitude, entra em desespero e os que podem, tentam camuflar o envelhecimento, com cirurgias plásticas que esticam tudo e é até perigoso o umbigo vim parar na testa, silicones e lepto-aspiração, tingir os cabelos, cremes milagrosos para esconder as rugas e pés de galinha, enfim, tudo o que nos dá a ilusão de que a nossa matéria durará sempre, é utilizado pelo homem.
Jesus Cristo nos oferece algo muito melhor, algo que nos revestirá de imortalidade, algo que nos fará superar a nossa finitude, libertando-nos dos limites da nossa matéria. Ele nos dá uma Vida que é eterna, não algo recauchutado, reformado, remendado, mas  novo e original, que é vontade do Pai, e que não acontece por nossos méritos, e muito menos com o nosso esforço, o homem não terá nunca a chave da morte. Ele até poderá prolongar sua existência, como hoje já acontece, com muitos superando os cem anos de vida, coisa que nos anos 60 ou 70 era um recorde, hoje o homem pode atingir tranquilamente 80 a 90 anos, apesar da qualidade de vida não ser das melhores. Mas Jesus tem a chave de algo que está fora do alcance do homem.
O Homem quer ter vida longa, Deus quer que o Homem seja eterno e por isso, vai esperá-lo no lugar do aniquilamento, do despojamento, quando este homem, purificado de todas as suas misérias se apresenta diante de Deus exatamente no momento da sua morte, naquilo que ele realmente é, uma pessoa na sua totalidade, livre da matéria que o limitava e que o fazia tão frágil. Ali Deus espera cada homem de braços abertos, para acolhê-lo e confirmar nele a sua imortalidade, fazendo-o mergulhar no infinito da eternidade, em uma comunhão plena e sem interrupções...
Jesus se encarna em nosso meio para realizar a vontade do Pai, basta crer nele e fazer dele a razão e o sentido da nossa vida, e quando chegar no último dia da nossa existência, quando pensarmos que tudo se acabou, Nele e com Ele seremos novas criaturas, eternas e imortais como é o desejo e a vontade de Deus.
Pensem nisso nesse dia de Finados, pranteamos nossos mortos, mas que essa esperança de que eles estão bem vivos, nos anime a prosseguir em nossa Vida de Fé, naquele que é a Ressurreição e a Vida!

2. DIA DE FINADOS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total)

Os cristãos batizados são convidados a santificar-se e os que decidem viver plenamente o mistério pascal de Cristo não têm medo da morte. Porque ele disse: "Eu sou a ressurreição e a vida". Para todos os povos da humanidade, seja qual for a origem, cultura e credo, a morte continua a ser o maior e mais profundo dos mistérios. Mas para os cristãos tem o gosto da esperança. Dando sua vida em sacrifício e experimentando a morte, e morte na cruz, ele ressuscitou e salvou toda a humanidade. Esse é o mistério pascal de Cristo: morte e ressurreição. Ele nos garantiu que, para quem crê, for batizado e seguir seus ensinamentos, a morte é apenas a porta de entrada para desfrutar com ele a vida eterna no Reino do Pai. Enquanto para todos os seres humanos a morte é a única certeza absoluta, para os cristãos ela é a primeira de duas certezas. A segunda é a ressurreição, que nos leva a aceitar o fim da vida terrena com compreensão e consolo. Para nós, a morte é um passo definitivo em direção à colheita dos frutos que plantamos aqui na terra. Assim sendo, até quando Nosso Senhor Jesus Cristo estiver na glória de seu Pai, estará destruída a morte e a ele serão submetidas todas as coisas. Alguns são seus discípulos peregrinos na terra, outros que passaram por esta vida estão se purificando e outros, enfim, gozam da glória contemplando Deus. Os glorificados integram a Igreja triunfal e são Todos os Santos, os quais, nós, os integrantes da Igreja militante, cristãos peregrinos na terra, comemoramos no dia 1o de novembro. Os Finados integram a Igreja da purificação e são todos os que morreram sem arrepender-se do pecado. O culto de hoje é especialmente dedicado a esses. Embora todos os dias, em todas as missas rezadas no mundo inteiro, haja um momento em que se pede pelas almas dos que nos deixaram e aguardam o tempo profetizado e prometido da ressurreição. A Igreja ensina-nos que as almas em purificação podem ser socorridas pelas orações dos fiéis. Assim, este dia é dedicado à memória dos nossos antepassados e entes que já partiram. No sentido de fazer-nos solidários para com os necessitados de luz e também para reflexão sobre nossa própria salvação. Encontramos a celebração da missa pelos mortos desde o século V. Santo Isidoro de Sevilha, que presidiu dois concílios importantes, confirmou o culto no século VII. Tempos depois, em 998, por determinação do abade santo Odilo, todos os conventos beneditinos passaram, oficialmente, a celebrar "o dia de todas as almas", que já ocorria na comunidade no dia seguinte à festa de Todos os Santos. A partir de então, a data ganhou expressão em todo o mundo cristão. Em 1311, Roma incluiu, definitivamente, o dia 2 de novembro no calendário litúrgico da Igreja para celebrar "Todos os Finados". Somente no inicio do século XX, em 1915, quando a morte, a sombra terrível, pairou sobre toda a humanidade, devido à I Guerra Mundial, o papa Bento XIV oficiou o decreto para que os sacerdotes do mundo todo rezassem três missas no dia 2 de novembro, para Todos os Finados.
Fonte: NPD Brasil em 02/11/2019

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. OS QUE MORRERAM EM CRISTO...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

(Uma palavrinha sobre Finados)

Pouco se falava em ressurreição dos mortos no Antigo Testamento, a não ser em uma linguagem figurativa, na verdade algo incomodava a crença dos judeus, O Deus todo Poderoso da Aliança, não tinha nenhum domínio sobre o Xeol, Mansão dos Mortos.
Jó em meio ao sofrimento irá reafirmar a sua fé e esperança ao dizer “Eu sei que o meu Redentor está vivo”, os irmãos macabeus, diante da opressão helenista, ameaçados de perder a vida, encorajados pela própria mãe, afirmarão a crença em um Deus que irá restaurar seus corpos mortais, mas é o profeta Ezequiel que chegará mais perto, nesse sonho de uma vida no pós-morte, com o seu clássico texto da visão dos ossos secos, e mesmo assim, a exegese deixa claro que se tratava de um encorajamento ao povo exilado, lembrando-os que o Deus da Aliança não é indiferente ao sofrimento, e que irá trazê-los de volta, seria uma ressurreição de idéias, vida nova e animo novo, cobrindo a secura dos sonhos de liberdade, mortos pelo poder Babilônico. De qualquer forma, o profeta vislumbra uma nova pátria, um retorno á Deus e a vida.
Esse Deus dos vivos e dos mortos, vencedor da escuridão, que oferece a libertação dos grilhões da morte, ganha um nome e um rosto, deixa de ser um sonho, e no mistério da encarnação e desvenda o Xeol, estendendo sobre ele o seu domínio, não mais só nos horizontes da Religião de Moisés, mas em sentido universal, a partir de Jesus, nunca mais a morte terá a última palavra.
Porém, no caminhar do homem por esta vida, em busca dessa terra prometida, não mais restrita aos limites geográficos, o momento da morte aparenta ser uma grande tragédia, o homem tem medo do desconhecido, aquilo que seus sentidos não experimentaram, que nenhum olho humano viu, nem o ouvido escutou, ainda permanece como um grande mistério impenetrável pela compreensão humana.
A Fé na ressurreição não é a crença em algo ilógico, irreal, obscuro, o cristão não crê numa possibilidade de vida após a morte, ele tem a certeza, porque Cristo percorreu esse mesmo caminho, o caminho do esmagamento, de um corpo destruído, arrebentado, e que em um momento real e histórico, experimentou na cruz a inércia da morte, sua musculatura enrijeceu, seus olhos se fecharam seus órgãos, como todo o resto do seu corpo, em processo hemorrágico violento, por causa das chagas, perdeu totalmente a sua força, seus pulmões não tinham mais o ar vital, e seu coração humano, dilacerado pela lança que o traspassou, interrompeu sua função de bombear sangue para aquele corpo na juventude dos 33 anos, e aquele corpo do jovem Galileu foi sepultado, por um gesto piedoso de José de Arimatéia.
Jesus de Nazaré percorreu esses mesmos caminhos, que desembocam na fatalidade da morte biológica, que ninguém quer, e da qual todos têm medo. Mas há na vida do cristão algo fascinante, quando tudo parece tenebroso e a derrota parece eminente, quando a escuridão parece que vai nos tragar, eis que sucede um encontro único, imemorável, indescritível: Deus e Homem se encontram, para sacramentar a eterna aliança, selada pelo Cordeiro. Eis que o novo Adão é acolhido com festa na casa paterna, com a dignidade de Filho, herdeiro dos tesouros do céu, guardados por Deus desde os primórdios da Criação.
Finados é dia de lembrar com intensa alegria, os entes queridos, que morreram em Cristo, configurados a ele pelo Batismo, e confirmados Nele pela Crisma. Finados é dia de juntar nossas vozes com as vozes eternas das Igrejas Triunfante e Padecente, para em um único louvor, bendizer o Dom da vida, derramado pelo Espírito em nossos corações. A morte é passagem, transformação, abertura de um Novo Horizonte, jamais vislumbrado pelo homem. Morte é demolir a velha casa, a tenda judiada pelas chuvas, ventos e temporais dessa vida, mudando-nos para a casa nova, permanente, onde pode se desfrutar da plenitude do amor Divino.
“Fiquei feliz quando me disseram, vamos à casa do Senhor!”. Que nosso choro se transforme em risos, nossos prantos em belas canções. Aquilo que chorando semeamos, iremos colher sorrindo. Na luz da fé, as covas transformam-se em berços, onde nasce a verdadeira Vida, aquela que Cristo nos antecipa, à luz da Fé, emergindo das águas do Batismo.
"Que as almas de todos os fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus descansem em paz. Amém".
Fonte: NPD Brasil em 02/11/2020

COMENTÁRIO

Catequese Bíblico-Missionária

A celebração do dia de hoje é dedicada à memória de nossos parentes e amigos, que nos antecederam no grande mistério que é a morte. Diante da morte nós nos calamos e também nos assustamos. Morrer é uma certeza e, ao mesmo tempo, um mistério que ultrapassa nosso entendimento. Sabemos que todos nós, um dia, vamos passar por esta experiência e isto nos assusta.
As leituras da celebração de hoje nos ajudam a acolher, viver e proclamar este mistério: a morte não é o fim! O livro de Jó parte desta certeza quando diz: “Eu sei que o meu Redentor vive”. Seguindo os passos deste Redentor, que é Jesus, nós também viveremos e veremos a Deus. Pois de maneira única o mistério da morte foi assumido e vencido por Jesus. A fé na ressurreição de Jesus é o coração do Evangelho de hoje. Por sua maneira serena de entrar na morte, Jesus mostrou que já a tinha vencido e que ele, no dizer do centurião, era verdadeiramente o Filho de Deus.
Na Carta aos Filipenses, Paulo ensina que nossa plenitude como criaturas de Deus está nos céus, junto ao Criador, quando então teremos atingido a maturidade da Criação. Nosso corpo limitado e miserável será transformado e nos tornaremos semelhantes ao corpo glorioso de Jesus ressuscitado. Essa certeza da nossa fé deve encher-nos de alegria e de esperança. Então, viveremos na plenitude da Criação. Jesus ressuscitado é a amostra daquilo que um dia seremos. A ressurreição de Jesus nos abre o caminho para a Nova e definitiva Criação.
Mas, enquanto ainda vivemos aqui na terra, ficamos mergulhados na dúvida e na incerteza. Como acolher o mistério da morte? O Salmo de Meditação nos ajuda a vencer nossas dúvidas. Esse Salmo é um hino de súplica que traz uma reflexão sapiencial. A vida traz dificuldades e desafios. Viver o caminho de Deus não é fácil. Exige fé e aceitação, mesmo quando esse caminho nos parece difícil de acolher e de entender. Gritamos, então, como o salmista: “Mostra-me teus caminhos e guia-me na tua verdade! Alivia-me de minhas angústias e tira-me de minhas aflições!”
Nesta celebração queremos acolher o Deus que nos instruirá no caminho da verdade e nos ajudará a encontrar a felicidade. É nessa felicidade que, temos certeza, já vivem nossos parentes e amigos que nos antecederam na glória.
Francisco Orofino e Frei Carlos Mesters
Oração
Ó Deus, fizestes o vosso Filho único vencer a morte e subir ao céu. Concedei a vossos filhos e filhas superar a mortalidade desta vida e contemplar eternamente a vós, Criador e Redentor de todos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Fonte: a12 - Reze no Santuário - Deus Conosco em 02/11/2018

HOMILIA DIÁRIA

Desejemos a vida eterna

O Pai preparou uma morada para cada um, e a vontade d’Ele é que todo aquele que veja o Filho, creia e tenha a vida eterna

“Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda a pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6, 40)

Hoje é dia de celebrarmos os fiéis falecidos, todos aqueles que já partiram para a eternidade. Para alguns um dia de dor, para outros um dia de saudade, de boas lembranças, talvez um dia que bata tão forte ao nosso coração, que gere um vazio e uma incerteza; há uma falta muito grande da pessoa que se foi em nós.
A morte é um mistério na vida de cada um de nós. Não encaramos mistério no sentido daquilo que é misterioso, onde ninguém sabe o que será e nem como será. É a própria fé que nos faz penetrar na beleza de um mistério tão sagrado: o mistério da morte.
É através da morte que temos um encontro pessoal e definitivo com Deus. Aqui na terra caminhamos na presença de Deus e Ele caminha conosco, mas é na morte que fechamos os nossos olhos e acordamos para a eternidade.
Deus nos quer no céu, e o preparou para nós! Queremos que os nossos que já faleceram estejam também no céu, porque o Pai preparou uma morada para cada um, e a vontade d’Ele é que todo aquelque veja o Filho, creia e tenha a vida eterna, pois o Filho na ressurreição final há de ressuscitar a cada um.
Não podemos abrir mão do nosso lugar no céu, precisamos aqui na terra tomar posse dessa verdade definitiva, última e maravilhosa da nossa vida.
Hoje, não é um dia de tristeza e nem de velório, ainda que a morte represente uma certa tristeza, por tudo aquilo que ela possa significar de saudade e perda. Cremos e vivemos da fé, que nos coloca de pé, para cima e nos dá a certeza de que Cristo venceu a morte e todo aquele que morre com Ele, ressuscita para viver junto d’Ele no céu.
Hoje é dia de fazermos comunhão de fé, de amor, de esperança e certeza de que o céu tem muito mais para nós. Caminhamos num vale de lágrimas, e por mais que vida aqui na terra tenha um sentido, um valor sublime, estamos passando por ela. Mas não podemos nos esquecer para onde estamos indo, não podemos nos esquecer que fomos feitos para o céu, para a eternidade. Lá onde Deus pode enxugar nossas lágrimas e nunca mais haverá dor, fome, morte, tragédia… Nunca mais haverá morte porque seremos um só com Deus, e Ele será uma realidade única e eterna na vida de cada um de nós!
Aspiremos e desejemos o céu, façamos da nossa vida o início da nossa eternidade. A morte não pode ser para nós uma realidade obscura de medo,  pavor e pânico. Que isso fique para os descrentes, para aqueles que não conhecem o Senhor da Vida.
Para aqueles que creem em Jesus, para aqueles que colocam n’Ele sua fé, sua confiança, sua esperança, a morte não é o fim, mas é a passagem, a porta que se abre para cada um de nós para a eternidade!
Rezemos no dia de hoje, pelos nossos irmãos que já partiram, eles precisam de nossa intercessão amiga para a purificação que ainda faltou de seus pecados. Por isso, no dia de hoje, lembremos sobretudo as almas daqueles fiéis que padecem no purgatório e necessitam da nossa oração fraterna. É a nossa comunhão, Igreja militante, que caminha na terra com a Igreja que padece no purgatório em vista da Igreja que já triunfa no céu.
Oremos por nossos irmãos que já se foram e caminhemos na santidade, porque quando chegar o nosso dia caminharemos também para o céu, pois é lá que o Pai nos espera!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 02/11/2016

HOMILIA DIÁRIA

Jesus nos dá a vida em plenitude

Aquele que nos deu a vida, aqui na Terra, é o mesmo que nos dá a vida em plenitude

“Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda a pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6,40)

Que bênção! Que graça! Hoje, celebramos a nossa salvação. Pode ser que o dia de comemorarmos todos os fiéis falecidos seja um dia pesaroso no coração de muitas pessoas. Há saudade, faz falta aquela pessoa querida. No entanto, não podemos deixar de olhar para o fio da fé e da esperança, pois é para lá que Deus nos conduz, para a presença d’Ele.
Se nós olharmos as coisas somente de forma humana, vamos encarar a morte como uma tragédia, como algo triste, como um fim. Aquele que nos deu a vida, aqui na Terra, é o mesmo que nos dá a vida em plenitude, na casa d’Ele, junto d’Ele. É essa certeza, essa confiança que precisamos ter.
Não podemos encarar a morte como os pagãos nem como aqueles que não conhecem Deus. Há uma tendência de olharmos a morte como o fim de tudo: “Acabou. A vida foi até aqui e ponto final”. Aquilo que para muitos é o ponto final, para nós é o ponto inicial, o ponto de chegada, é o ponto da glória, a glorificação de todo esforço humano.
Não olhamos para a morte com descrença, não a encaramos como tragédia. Ainda que, muitas vezes, ela chegue no meio de nós de forma inesperada, por meio de situações trágicas ou tristes, Deus é aquele que transforma todas as coisas, não deixa nada se perder. Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que n’Ele esperam.
Se, de um lado, não podemos nos deixar contaminar por uma visão de vida ou de espiritualidade que semeia a reencarnação, a comunicação com os mortos ou qualquer coisa parecida, porque não fazemos comunicação como muitos querem fazer, nós fazemos, sim, comunhão com os santos, com a Igreja, que padece no purgatório. A Igreja que está glorificada no Céu, que faz comunhão conosco que militamos, aqui na Terra, em busca da eternidade. Essa comunhão precisa estar muito clara em nosso coração, ela nos dá a certeza de que estamos unidos num único corpo, que é o de Cristo, e Ele é a cabeça.
Há aqueles que já se foram, partiram na nossa frente; mas; daqui a pouco; todos nós iremos também e viveremos uma única realidade: a vida que Deus preparou para nós.
Não nos esqueçamos de rezar pelos irmãos que já faleceram, porque muitos precisam de oração pela reparação dos seus pecados, pela purificação das suas faltas. Que tudo isso sirva também para nos prepararmos melhor, para nos empenharmos, cada dia, na busca da eternidade, do lugar que Deus nos preparou na cada do Pai.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 02/11/2017

HOMILIA DIÁRIA

Que a esperança seja o motor a motivar a nossa vida

Que a esperança da eternidade seja o motor a motivar o nosso coração a ter sempre mais confiança e esperança no Senhor

“Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6,40)

Hoje, celebramos o Dia dos Fiéis Defuntos, de todos aqueles que já partiram para a eternidade. Alguns já triunfam na glória celeste, onde celebraremos o Dia de Todos os Santos, mas muitos padecem no purgatório, esperando a purificação para também fazerem parte do festim celeste. Celebramos a nossa comunhão com essa igreja padecente, celebramos a comunhão com os nossos que já partiram para a outra vida.
A esperança é importante neste dia. Sabemos em quem colocamos a nossa esperança, é no Cristo Jesus, nosso Senhor. O nosso Deus é o Deus da vida e não o Deus da morte, Ele transforma a nossa morte em vida eterna, vida que ninguém mais poderá nos roubar. É essa esperança que deve sempre mover o nosso coração!
O dia de hoje não é um dia de tristeza; pode ser um dia de saudade, porque as pessoas que amamos estão dentro de nós, deixaram uma marca em nossa alma e coração. Podemos e devemos sentir saudade dessas pessoas amadas e queridas, são parentes, familiares, amigos, pessoas que fazem parte da nossa história e da nossa vida, porém, eles já foram para onde nós também iremos.
Em Deus todos nós nos encontramos, Ele reúne toda a família em um só lugar. Eles foram primeiro que nós, já estão participando daquilo que Deus preparou para quem O ama, e também estamos nos preparando para ir.
O dia de hoje precisa ser de reflexão sobre a nossa própria vida. Como estamos conduzindo a nossa vida? Como estamos nos preparando para participar da eternidade? Estamos guardando o nosso lugar no Céu? Estamos cuidando da casa que o Pai nos preparou na eternidade?
É Jesus quem nos disse, quem nos deu essa certeza e esperança: “Na casa do meu Pai há muitas moradas!”. Então, lá tem uma morada para cada um de nós, e precisamos cuidar dela. Como vamos cuidar dessa morada no Céu? Vivendo bem a nossa vida aqui na Terra, sendo honestos, justos e fiéis a Deus, vivendo a nossa fé com intensidade e confiança sem jamais nos deixar desanimar por tudo que enfrentamos de contrariedades e dificuldades nesta vida.
Que a esperança da eternidade seja o motor a motivar o nosso coração a ter sempre mais confiança e esperança no Senhor.
Deus abençoe!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 02/11/2018

HOMILIA DIÁRIA

Dedique sua oração aos fiéis defuntos

“É esta a vontade de quem me enviou que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas que eu os ressuscite no último dia.” (João 6,39)

Meus irmãos, hoje, dia 2 de novembro, comemoramos os fiéis defuntos. A Liturgia de hoje é a comemoração dos fiéis defuntos. Hoje é o dia de rezarmos pelos nossos falecidos, por aqueles que já partiram.
Hoje é um dia de muita saudade também, não é? Quantos de nós não temos os nossos pais, avós, parentes, amigos. Um dia de saudades, um dia de oração. Um dia de saudades, mas também hoje é um dia de esperança.
Nosso Senhor nos disse aqui, no Evangelho, que Ele não quer perder nenhum, mas que Ele quer ressuscitar a todos os Seus; ressuscitar os Seus no último dia. Dia de oração, dia de saudades, dia de esperança. Vamos rezar sim pelos nossos que partiram!
Ensina-nos a nossa Igreja, ensina-nos o Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 953, que nós como Igreja somos esta Igreja visível. Sou eu, você é, mas existe também a Igreja invisível. A Igreja triunfante, a Igreja padecente e a Igreja militante.
Pio XII escreveu esta Carta Encíclica (Evangelli Praecones, ou seja, Arautos do Evangelho) onde fala a respeito da Igreja triunfante — que já está na glória (os santos); a Igreja padecente — aqueles que já partiram, mas que ainda precisam das nossas orações, precisam ser purificados; e a Igreja militante — que somos nós.

Façamos este caminho hoje: de oração, saudades e esperança

Diante desse ensinamento da Igreja, rezamos pelos nossos irmãos que precisam ainda de algum tipo de purificação, porque não morreram totalmente Santos. Aqueles que morreram santamente, puramente, estão sim na glória. É esta a nossa fé!
Aqueles que, infelizmente, negaram Nosso Senhor Jesus Cristo e não quiseram a salvação, infelizmente estão no inferno. Mas aqueles que não levaram uma vida tão santa assim, mas buscaram a santidade, nós cremos que esses precisam de algum tipo de purificação ainda. Por isso a nossa oração, por isso os nossos sacrifícios por eles. E assim nos ensina o segundo Livro dos Macabeus, capítulo 12, versículo 46: “Pensamento santo e salutar rezar pelos mortos, para que sejam livres de seus pecados”.
Por isso que nós rezamos pelos defuntos, por aqueles que partiram, para que eles também alcancem a glória, para que alcancem o Reino dos Céus. O Catecismo da Igreja Católica, número 962: “Cremos na comunhão dos Santos, cremos no amor misericordioso do Pai, por isso rezamos por aqueles que partiram”.
Meus irmãos, rezemos por aqueles que partiram, renovemos a nossa fé na ressurreição. Dia de saudades, dia de oração, dia de esperança. Que nós façamos este caminho hoje: de oração, de saudades, de esperança, mas também a mensagem é para nós que estamos aqui.
Olhando para aqueles que partiram, identifiquemos: estamos levando uma vida santa? Porque o nosso destino é a eternidade; levemos uma vida santa para que contemplemos o Senhor no Céu; e rezemos para que aqueles que precisam ainda de purificação, alcancem a eternidade.
Abençoe-vos o Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Márcio Prado
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 02/11/2022

OU

Jo 19,17-18.25-39

VIVENDO A PALAVRA

A certeza da Ressurreição ilumina a memória dos nossos mortos que celebramos hoje. Sabemos que o destino glorioso de filhos do Pai Celeste e irmãos de Jesus de Nazaré é o abraço misericordioso e eterno que nos espera e do qual o Corpo e o Sangue do Cristo que recebemos hoje são sinais e parte, já nesta terra abençoada.
Fonte: Arquidiocese BH em 02/11/2018

Meditando o evangelho

Os cristãos batizados são convidados a santificar-se e os que decidem viver plenamente o mistério pascal de Cristo não têm medo da morte. Porque ele disse: "Eu sou a ressurreição e a vida".
Para todos os povos da humanidade, seja qual for a origem, cultura e credo, a morte continua a ser o maior e mais profundo dos mistérios. Mas para os cristãos tem o gosto da esperança. Dando sua vida em sacrifício e experimentando a morte, e morte na cruz, ele ressuscitou e salvou toda a humanidade. Esse é o mistério pascal de Cristo: morte e ressurreição. Ele nos garantiu que, para quem crê, for batizado e seguir seus ensinamentos, a morte é apenas a porta de entrada para desfrutar com ele a vida eterna no Reino do Pai.
Enquanto para todos os seres humanos a morte é a única certeza absoluta, para os cristãos ela é a primeira de duas certezas. A segunda é a ressurreição, que nos leva a aceitar o fim da vida terrena com compreensão e consolo. Para nós, a morte é um passo definitivo em direção à colheita dos frutos que plantamos aqui na terra.
Assim sendo, até quando Nosso Senhor Jesus Cristo estiver na glória de seu Pai, estará destruída a morte e a ele serão submetidas todas as coisas. Alguns são seus discípulos peregrinos na terra, outros que passaram por esta vida estão se purificando e outros, enfim, gozam da glória contemplando Deus.
Os glorificados integram a Igreja triunfal e são Todos os Santos, os quais, nós, os integrantes da Igreja militante, cristãos peregrinos na terra, comemoramos no dia 1o de novembro. Os Finados integram a Igreja da purificação e são todos os que morreram sem arrepender-se do pecado.
O culto de hoje é especialmente dedicado a esses. Embora todos os dias, em todas as missas rezadas no mundo inteiro, haja um momento em que se pede pelas almas dos que nos deixaram e aguardam o tempo profetizado e prometido da ressurreição.
A Igreja ensina-nos que as almas em purificação podem ser socorridas pelas orações dos fiéis. Assim, este dia é dedicado à memória dos nossos antepassados e entes que já partiram. No sentido de fazer-nos solidários para com os necessitados de luz e também para reflexão sobre nossa própria salvação.
Encontramos a celebração da missa pelos mortos desde o século V. Santo Isidoro de Sevilha, que presidiu dois concílios importantes, confirmou o culto no século VII. Tempos depois, em 998, por determinação do abade santo Odilo, todos os conventos beneditinos passaram, oficialmente, a celebrar "o dia de todas as almas", que já ocorria na comunidade no dia seguinte à festa de Todos os Santos. A partir de então, a data ganhou expressão em todo o mundo cristão.
Em 1311, Roma incluiu, definitivamente, o dia 2 de novembro no calendário litúrgico da Igreja para celebrar "Todos os Finados". Somente no inicio do século XX, em 1915, quando a morte, a sombra terrível, pairou sobre toda a humanidade, devido à I Guerra Mundial, o papa Bento XIV oficiou o decreto para que os sacerdotes do mundo todo rezassem três missas no dia 2 de novembro, para Todos os Finados.
Oração
Dai, Senhor, vós que sois infinitamente misericordioso, a paz eterna aos que esperam por vós.
Fonte: Dom Total em 02/11/2018

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Uma Vida que seja Eterna
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Antigamente, antes do consumismo que começou a explodir nos anos 80, a gente comprava objetos de uso pessoal, móveis e equipamentos, que duravam uma eternidade, com o consumismo os bens duráveis tornaram-se descartáveis, só vou dar alguns exemplos, por aqueles tempos a gente tinha os consertadores de guarda chuva e sombrinha, e também sapateiros, consertadores de rádios, amoladores de faca, consertadores de relógios despertadores, não eletrônicos. Onde estão eles nas grandes cidades?
Simplesmente não têm mais espaço na economia, esses objetos são de baixo custo, não compensa consertá-los e a maioria nem tem conserto, são produzidos para durar pouco, podem reparar os móveis compensados que após seis meses de uso já começam a apresentar problemas nas gavetas e portas e mesmo os mais resistentes e caros, não duram a vida toda como antigamente.
Pois bem, do mesmo modo que o homem se ilude quando compra algo novo e pensa que vai durar bastante, assim também se pensa em relação a nossa existência. Queremos eternizar o que não é eterno, queremos que dure sempre, algo que é perecível, e quando o homem se depara com a sua finitude, entra em desespero e os que podem tentam camuflar o envelhecimento, com cirurgias plásticas que esticam tudo e é até perigoso o umbigo vim parar na testa, silicones e lepto-aspiração, tingir os cabelos, cremes milagrosos para esconder as rugas e pés de galinha, enfim, tudo o que nos der a ilusão de que a nossa matéria durará sempre, é utilizado pelo homem.
Jesus Cristo nos oferece algo muito melhor, algo que nos revestirá de imortalidade, algo que nos fará superar a nossa finitude, libertando-nos dos limites da nossa matéria. Ele nos dá uma Vida que é eterna, não algo recauchutado, reformado, remendado, mas algo sempre novo e original, que é vontade do Pai, e que não acontece por nossos méritos, e muito menos com o nosso esforço, o homem não terá nunca a chave da morte. Ele até poderá prolongar sua existência, como hoje já acontece, com muitos superando os cem anos de vida, coisa que nos anos 60 ou 70 era um recorde, hoje o homem pode atingir tranquilamente 80 a 90 anos, apesar da qualidade de vida não ser das melhores. Mas Jesus tem a chave de algo que está fora do alcance do homem.
O Homem quer ter vida longa, Deus quer que o Homem seja eterno e por isso, vai esperá-lo no lugar do aniquilamento, do despojamento, quando este homem, purificado de todas as suas misérias se apresenta diante de Deus exatamente no momento da sua morte, naquilo que ele realmente é, uma pessoa na sua totalidade, livre da matéria que o limitava e que o fazia tão frágil. Ali Deus espera cada homem de braços abertos, para acolhê-lo e confirmar nele a sua imortalidade, fazendo-o mergulhar no infinito da eternidade, em uma comunhão plena e sem interrupções...
Jesus se encarna em nosso meio para realizar a vontade do Pai, basta crer nele e fazer dele a razão e o sentido da nossa vida, e quando chegar no último dia da nossa existência, quando pensarmos que tudo se acabou, Nele e com Ele seremos novas criaturas, eternas e imortais como é o desejo e a vontade de Deus.
Pensem nisso nesse dia de Finados, pranteamos nossos mortos, mas que essa esperança de que eles estão bem vivos, nos anime a prosseguir em nossa Vida de Fé, naquele que é a Ressurreição e a Vida!

2. Carregando a sua cruz, ele saiu para o Calvário...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - comece o dia feliz)

Jesus morreu como todos nós morremos. E tinha de morrer por força da sua encarnação. O ser humano tem um tempo de vida neste mundo. Nasce, cresce, envelhece e morre. Jesus não poderia ficar aqui, de forma visível, para sempre. Não teve tempo de envelhecer por ter morrido na cruz como um condenado. Vendo Cristo morrer e ressuscitar, nossa posição diante da morte é muito tranquila. Adormecemos e despertamos do outro lado, na casa do Pai. No entanto, a ausência de alguém que estava conosco, o estado inerte de um corpo sem movimento, o profundo silêncio do sono da morte não deixam de ser uma grande interrogação. Por quê? E agora, o que está acontecendo?
Fonte: NPD Brasil em 02/11/2019

HOMILIA

A morte é a porta de entrada para a bem-aventurança em Deus

A morte é a porta de entrada para a bem-aventurança eterna e feliz ao lado de Deus!

“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais.” (João 11, 25-26)

Nós hoje celebramos todos os fiéis falecidos, todos os homens e mulheres que viveram uma vida conosco e já partiram para a casa de Deus. Celebramos a nossa fé, baseada naquelas três virtudes teologais muito importantes: a fé, a esperança e a caridade.
Primeiro: nós cremos que o Nosso Deus é o Senhor da vida e não da morte. Nós não estamos celebrando a morte como o fim, pois a fé nos dá a convicção de que a morte é a porta de entrada para a bem-aventurança eterna e feliz ao lado de Deus!
Segundo: nós celebramos a esperança. Não podemos viver sem esperança, sem saber em quem esperar e em quem depositar a nossa esperança. É em Deus em quem nós esperamos, esperamos encontrar os nossos que já partiram, esperamos viver para sempre ao lado do Senhor, esperamos ser purificados dos nossos pecados, sermos lavados na imensidão da Sua misericórdia e participarmos para sempre da feliz bem-aventurança junto a Deus Nosso Senhor!
Terceiro: nós hoje também celebramos a caridade. Quando vamos ao cemitério, quando vamos à Missa, quando prestamos homenagens, preces e orações pelos nossos entes queridos que já faleceram, sobretudo por aqueles que ainda esperam na porta de entrada do céu, que se chama purgatório, onde estão sendo purgados, isto é, purificados dos resquícios de pecado e de impureza que ainda têm da vida terrena, nós contribuímos, ajudamos, colaboramos para aquilo que nós chamamos de comunhão dos santos. A comunhão entre a Igreja que está aqui, que está no céu e a Igreja padecente no purgatório.
A melhor maneira de exercermos a virtude da caridade no dia de hoje é visitarmos o cemitério ou a igreja e rezarmos pelos nossos entes, amigos, pessoas queridas já falecidas, e as recomendarmos sempre à misericórdia de Deus. “É, pois, santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados”, diz o Livro dos Macabeus.
Que o dia de hoje não seja um dia de tristeza, nem um dia de nos entregarmos à depressão! Muito pelo contrário, é dia de celebrarmos a fé e a esperança por maior que seja a saudade. Quem já viu um ente, uma pessoa querida sair desta vida e ir para a eternidade, saiba que hoje não é dia de más lembranças, por mais que aperte um pouco a dor da saudade, é dia de celebrarmos a fé, a confiança, a certeza da vida eterna!
Que façamos essa comunhão com os nossos que já partiram orando, pedindo por eles e, ao mesmo tempo, cuidando de nossa própria vida para vivermos na santidade, porque um dia nós também iremos ao encontro de Deus!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 02/11/2014

HOMILIA DIÁRIA

Deus é o consolo para a nossa saudade

“Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros.” (Jó 19,25-26)

Hoje, celebramos nossos irmãos falecidos, a Igreja comemora todos os fiéis defuntos. Fazemos memória a todos aqueles nossos entes que já partiram para a eternidade.
Um dia por ano, a Liturgia nos dá a graça de celebrarmos todos eles. Na verdade, trata-se da comunhão dos santos, a comunhão da Igreja.
A Igreja vive a comunhão conosco que estamos aqui, somos a Igreja peregrina, fazemos comunhão com a Igreja que está no Céu, que já é a Igreja triunfante com Deus; e fazemos comunhão com a Igreja padecente, nossos irmãos que partiram desta vida mas ainda passam pelo processo de purificação no purgatório.
É uma realidade linda, maravilhosa e admirável da nossa fé, é a maior expressão da misericórdia de Deus. Deus não é oito nem oitenta, Ele é a extrema bondade e misericórdia.

Que a saudade seja cultivada pela fé e pela certeza de que nos encontraremos todos juntos na casa do Pai

A bondade e a misericórdia de Deus comportam também a justiça de Deus. Se não nos santificamos de forma suficiente para estarmos na presença d’Ele (porque precisamos ser totalmente santos, purificados e renovados) teremos a antessala do Céu que é o purgatório. E tantas almas estão ali padecendo, esperando a purificação plena para poder participar da glória de Deus.
No dia de hoje, somos convidados a orarmos pelas almas do purgatório, pelos nossos irmãos que já foram para a eternidade para que possam alcançar plenamente a purificação dos seus pecados.
O Livro dos Macabeus fala-nos da importância da oração pelos mortos, o quanto é importante oferecermos o sufrágio pelos seus pecados, para que, eles também sejam considerados justos e dignos de participarem da glória celeste. Um dia também seremos nós. E quanto precisaremos da oração dos irmãos que estarão juntos.
No dia de hoje, façamos comunhão, ofereçamos nossa oração, nossa penitência e nossa presença nos cemitérios para orarmos pelos nossos irmãos que já partiram.
É verdade que, o dia de hoje, provoca muita saudade no nosso coração, quando fazemos memória de tantas pessoas queridas. A saudade é saudável se é movida, sobretudo pela fé, quando deixamos que a fé guie, ilumine e direcione, para que a saudade não se transforme num remorso, numa dor profunda e mortal, mas que a saudade seja cultivada pela fé e pela certeza de que nos encontraremos todos juntos na casa do Pai.
Que os nossos irmãos falecidos encontrem em Deus o repouso eterno. E, o nosso coração, cheio de saudade, encontre em Deus o consolo.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 02/11/2019

Oração Final
Pai Santo, nós damos graças porque a certeza da morte não nos traz medo nem desesperança, mas traz a certeza de que nos aproximamos, unidos aos irmãos peregrinos, do teu abraço definitivo no Reino de Amor. Dá-nos, Pai amado, sabedoria, força e coragem para seguirmos Jesus Cristo, na certeza de que Ele é o Bom Caminho.
Fonte: Arquidiocese BH em 02/11/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, nós Te pedimos que a realidade que vivemos – nosso corpo que se desfaz com o tempo – não nos impeça de celebrar, por todo o curso da vida, o teu infinito Amor e a tua misericórdia de Pai que também é Mãe. Damos graças, amado Pai, pois sentimos que já caminhas conosco, até que um dia sejamos acolhidos no teu Reino glorioso com o Filho Unigênito, o Cristo que se fez carne em Jesus de Nazaré, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 02/11/2018

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