ANO B

Mt 21,28-32
Comentário do Evangelho
O valor do homem está nos seus atos
Esta parábola dos dois filhos responde a uma dificuldade persistente não somente no tempo da vida terrestre de Jesus, mas igualmente na comunidade cristã primitiva, a saber, a admissão dos pagãos, dos publicanos e pecadores na mesa do Reino de Deus. A mensagem é relativamente simples e pode ser expressa nestes termos: o filho que primeiro diz não e depois diz sim vale mais do que aquele que diz sim, mas depois não obedece ao pai. O valor do homem não está na sua intenção, mas nos seus atos. Na sequência da parábola Jesus identifica os publicanos e as prostitutas com o primeiro filho. A precedência deles se dá pelo fato de terem crido na pregação de João e se arrependido de suas faltas, ao contrário dos interlocutores de Jesus, que não creram nem em João Batista nem em Jesus. Isso significa que, na nova ordem do Reino, os pecadores ocupam o lugar daqueles que se julgavam dignos, os sumos sacerdotes e os anciãos. Para a comunidade cristã primitiva, o texto apela ao acolhimento dos pecadores e publicanos para que se convertam, a exemplo de Jesus que veio “buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10).
Pe. Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, quero ser para ti um filho que escuta a tua Palavra e se esforça para cumpri-la com sinceridade. Que a minha resposta a teu apelo não seja pura formalidade.
Fonte: Paulinas em 15/12/2015
VIVENDO A PALAVRA
Mais importante do que fazer promessas, é viver com simplicidade o Caminho que a nossa consciência nos indica como o mais parecido com aquele por onde Jesus seguiria se estivesse no nosso lugar. Queremos ser Igreja que viva a Palavra de Deus, que antecipe o Reino do Céu e não apenas repetidores de conceitos abstratos, de palavras vazias.
Reflexão
Novamente o Evangelho nos mostra a pessoa de João Batista e a sua missão de precursor do Messias. Acreditar nas palavras de João acarreta na vivência do compromisso da conversão, e não uma mera conversão de palavras, mas conversão que exige gestos concretos que a demonstre. Por isso que Jesus nos conta inicialmente a parábola. Ele nos mostra que de nada adianta a adesão a uma religião formal, ritualista, que não tenha nenhum vínculo com a vivência do amor, pois o que é necessário é o cumprimento da vontade de Deus, e não o que falamos a ele, pois a fé é para ser vivida e não simplesmente anunciada.
Fonte: CNBB em 15/12/2015
Reflexão
Jesus não perde a ocasião para dar um recado sob medida aos sumos sacerdotes e anciãos, líderes religiosos de Israel. Sumos sacerdotes e anciãos formam o grupo governante em Jerusalém. Conhecem as leis, as Escrituras sagradas, mas são indiferentes e até mesmo contrários à pregação de Jesus, o Messias. Esses líderes religiosos se consideram obedientes a Deus, mas desprezam a pessoa e a mensagem do Filho de Deus. São representados pelo filho que disse sim, mas não cumpriu a vontade do pai. Cobradores de impostos e prostitutas, por sua vez, desprezados pelas autoridades religiosas, correspondem ao segundo filho. Arrependidos de sua vida passada, já experimentam a presença salvadora de Deus manifestada em Jesus, para quem João havia preparado o caminho.
Oração
Ó Jesus Messias, tomas a defesa do teu precursor, João Batista. Ele foi enviado por Deus para preparar o povo para a tua chegada. As autoridades de Jerusalém, porém, não o acolheram. Ao invés, os que eram considerados pecadores se arrependeram e creram nele. Estes terão precedência no teu Reino. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Comentário do Evangelho
AFINAL, QUEM É JUSTO?
A religião de Israel, fundada numa Aliança, distinguia duas categorias de pessoas: de um lado, os bons e justos, identificados por sua fidelidade a Deus; de outro lado, os ímpios e maus, cujo modo de proceder estava em aberto contraste com a vontade divina. Alguns grupos religiosos, no tempo de Jesus, votavam ao desprezo e à condenação certas categorias de pessoas, taxando-as de pecadoras e recusando-se a conviver com elas.
A parábola de Jesus leva em consideração este fato. Entretanto, inverte os pólos da aplicação dos títulos de justos e pecadores. Os destinatários da parábola evangélica eram os líderes religiosos de Jerusalém. Soberbamente, estes se consideravam salvos por se terem na conta de fiéis aos ditames da religião, longe do contato com os infiéis.
Jesus, porém, mostrou que a realidade era bem outra. Eles eram como o filho que se predispôs a trabalhar na vinha de seu pai, e acabou não indo. Sua fidelidade não era feita de sinais concretos de obediência à vontade divina. Viviam uma religião baseada em exterioridades, surdos aos apelos de Deus. Por isso, os cobradores de impostos e as meretrizes precedê-los-iam no Reino de Deus. Estes, por se reconhecerem pecadores e necessitados da misericórdia divina, mostravam-se mais dispostos a acolher os apelos do Batista e os de Jesus do que os chefes religiosos. E, assim, tornavam-se mais justos e dignos de salvação do que quem os desprezava.
Oração
Pai, tira do meu coração a soberba que impede que eu me converta totalmente a ti. E que eu acolha o convite que me fazes.
Fonte: Dom Total em 15/12/2015
Meditando o evangelho
QUEM FAZ A VONTADE DO PAI
Jesus denunciou, corajosamente, a atitude de certas lideranças religiosas de seu tempo. O ponto polêmico girava sempre em torno da maneira como estes líderes se relacionavam com ele. Apesar de serem tidos como piedosos e tementes a Deus, eram incapazes de perceber a presença do Pai na vida e na ação de Jesus, e de reconhecê-lo como seu enviado. Tal obstinação era insuportável para o Mestre.
Entretanto, Jesus se dava conta de estar sendo acolhido com carinho pelas pessoas, vítimas da discriminação social e religiosa. Os pecadores, as pessoas de má vida, os desprezados cobradores de impostos eram sensíveis à sua pregação e se deixavam tocar por ela. Entre eles, o ministério de Jesus produzia bons frutos e atingia seu objetivos.
O contraste entre as duas atitudes era gritante. Havia os que pretendiam estar próximos de Deus, mas se fechavam para Jesus e insistiam em não dar valor às suas palavras. E havia os que pareciam viver à margem de Deus, porém tinham suficiente clarividência para intuir que, em Jesus, a salvação se fazia presente na história humana. Assim, os primeiros estavam longe de agradar a Deus, embora aparentemente dessem mostras do contrário. Os segundos - as meretrizes e os pecadores - agiam de forma agradável a Deus, por terem chegado à fé em Jesus, reconhecendo-o como salvador. Por isso, teriam precedência no Reino.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, dá-me clarividência para reconhecer-te como presença da salvação de Deus, na história humana, e assim, fazer a vontade do Pai.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Dizemos SIM, mas…
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Vamos contar o “Sim” que damos a Deus através da Igreja, e como vamos abordar Sacramentos, é bom lembrar que o “Amém” vale por um Sim. Começando no dia do nosso Batismo. “Ah! Mas eu era um bebezinho!” pode retrucar alguém. Mas os pais e padrinhos disseram Sim em nosso favor. Depois veio os outros dois Sacramentos da Iniciação cristã, Crisma e Eucaristia, este último ecoa em toda nossa vida, em cada Eucaristia que celebramos e recebemos. Portanto, confirmados na Fé e enviados em Missão Sim. Eucaristizados para viver a comunhão com as pessoas no amor, respeito, ajuda, compreensão, misericórdia... Sim, Amém eu aceito teu corpo Senhor, amém eu assumo ser pão de amor.
Sacramento da Penitência ou Reconciliação, dizemos Amém diante do abraço cheio de perdão e misericórdias do Pai e fazemos propósito de não mais sairmos de sua casa. O grande e definitivo Sim que damos diante do altar, para o nosso cônjuge ao recebermos o Sacramento do Matrimônio. E no Sacramento da Ordem e na Vida Religiosa? Quanto Sim acabou virando Não.
E o Sim do Amém, cada vez que fazemos em nós o sinal da Cruz, prometendo manter em nosso coração e nossa alma esta comunhão com a Trindade Santa que é Pai, Filho e Espírito Santo Amém. Já deu claramente para perceber que neste evangelho estamos no lugar do Filho que disse Sim, diante do pedido feito pelo Pai!
E agora que já nos localizamos, podemos nos perguntar: quem são os que aparentemente disseram “Não”? São todas as pessoas não sacramentalizadas, as não cristãs, as de religiões diferentes do nosso Cristianismo. Gente de todas as raças e línguas, e até os ateus convictos!
Muita gente de Israel, por fazer parte do Povo Eleito da Antiga Aliança, achava que a prática religiosa, a obediência à Lei de Moisés, a participação nos ritos de purificação no templo, a compreensão dos ensinamentos da Torá nas Sinagogas, já os credenciava como prediletos de Deus, enquanto que, os impuros, os pecadores, as mulheres da Vida, os Publicanos, Leprosos, cegos, coxos, haviam dito Não, e pagavam por seus pecados ficando bem longe da possibilidade de Salvação. E de repente Jesus Cristo, o Messias, o grande Profeta, o maior de todos os Mestres, assim considerado entre eles, começa a aproximar-se dessa gente impura que havia dito Não e que não fazia parte dos “Salvos”.
Se nós cristãos vivêssemos todos os Améns e o Sim, que já demos e que vamos continuar dando a Deus, nos ritos sacramentais, o Reino da Plenitude já teria acontecido, porque nosso exemplo e testemunho seriam mais que suficiente para que a humanidade inteira acreditasse na Salvação que Jesus nos trouxe e nos oferece gratuitamente. Porém, com o nosso Cristianismo, ocorre o mesmo que no antigo Judaísmo, nosso SIM para trabalhar na Vinha do Senhor que é o seu Reino, fica restrito à liturgia e aos ritos sacramentais, belíssimos na sua forma, mas na Vivência, com atitudes, palavras e pensamentos, vamos dizendo nosso “Não”.
A advertência de Jesus é para todos nós Cristãos deste tempo: As pessoas não sacramentalizadas, e que nem professam a Fé em Jesus Salvador, poderão sim, alcançar o Reino primeiro que nós, se em seu proceder buscam a justiça, igualdade, e o resguardo da dignidade humana, respeitando a Vida do seu semelhante. Há uma massa imensa de Batizados, Casados na Igreja, Crismados e até Eucaristizados, contradizendo com a vida, o Sim que um dia deram a Deus na Vida Familiar, na política, no mundo do trabalho, nos meios empresariais, no comércio, na ética e na moral, nos bons costumes, e até na Pastoral e no Movimento…
2. Filho, vai trabalhar hoje na vinha! - Mt 21,28-32
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
João Batista continua em cena. Jesus conta uma pequena parábola às autoridades do Templo, criticando-as diretamente. “João veio até vós, caminhando na justiça, e não acreditastes nele. Mas os publicanos e as prostitutas creram nele”. Ora, vendo que João conseguia converter pecadores públicos com sua pregação e sua atitude, os sacerdotes e os anciãos podiam parar e avaliar positivamente o trabalho de João, chegando talvez até à conversão. Isso, porém, não aconteceu. Quem se considera justo acha que não precisa de conversão. Autoridade religiosa que se considera justa imagina que tem contato direto com Deus e nunca erra. Assim se explica a dificuldade das teocracias. Governantes religiosos sentam-se no trono de Deus e governam com autoridade divina. Assim pensam eles, mas não o povo. Entendendo o Reino de Deus como o céu, as prostitutas e os cobradores de impostos estão precedendo os sacerdotes e os anciãos do povo, que estão sendo deixados para trás. A advertência vale para todos os cristãos de hoje em relação aos não cristãos e aos considerados pecadores.
HOMILIA DIÁRIA
Nossa oração deve gerar amor em nós
A oração deve gerar em nós mais amor, compaixão e fidelidade a Deus e Sua vontade
“Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus” (Mateus 21,31).
Mais uma vez, Jesus está no embate com os chefes dos sacerdotes e os anciões do povo. E a pequena parábola dos dois filhos que Ele conta é, na verdade, um sinal de compreensão muito clara sobre a disposição que cada um pode ter em querer seguir Deus ou não.
Veja: o pai manda o primeiro filho trabalhar na vinha, mas este diz que não vai, porque não quer; depois, reflete bem, muda sua opinião e vai. O segundo não reflete e responde no entusiasmo: ‘Sim, senhor, eu vou!’ Mas depois não vai. (cf. Mateus 21, 29-30).
Veja mais:
Quem faz a vontade do Pai não é aquele que põe a boca para fora e diz “amém” para tudo, que reza, ora, faz isso e aquilo, mas, no fundo do coração, não faz a vontade de Deus.
É preferível amar mais e rezar menos
Às vezes, passamos muitas horas rezando, mas amamos e vivemos tão pouco os mandamentos do Senhor nosso Deus. É preferível amar mais e rezar menos, porque a nossa oração tem de transformar a nossa vida, tem de atingir a nossa vontade e disposição! A oração não pode fazer de nós pessoas mais orgulhosas e insensatas; ao contrário, deve gerar em nós mais amor, mais compaixão e fidelidade a Deus e Sua vontade.
Quantas prostitutas, quantas pessoas julgamos que sejam de má vida, e irão nos preceder no Reino de Deus! Porque, muitas vezes, o pecador parece que não se converte, mas quando este ouve a Palavra de Deus e se deixa crer e se convencer por ela, muda de vida de verdade.
Como seguir Jesus?
Aquele que, muitas vezes, está na igreja e sempre reza, acha que o outro precisa de conversão; está sempre reparando a vida das outras pessoas. Na verdade, seguir Jesus quer dizer: “Repare sua própria vida, corrija a si mesmo e converta-se a cada dia!”. Se não, daqui a pouco será também doutor da Lei. Conhecemos muita coisa de Deus, mas sabemos praticá-las pouco demais.
Para Deus o mais importante não é o conhecimento, mas a vida; para Ele, o mais importante não é a quantidade, mas a intensidade e a qualidade de vida moldada pelo Seu Evangelho.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
ORAÇÃO FINAL
Pai querido, que ouves os simples e os pobres! Em cada momento de prece que fazemos nós nos lembramos, cheios de confiança e gratidão, da oração que teu Filho Unigênito nos ensinou. Dá-nos sabedoria, vontade e força suficientes para fazer daquelas palavras o nosso programa existencial, transformando em vida cada desejo que ali lembramos e expressamos. Pelo mesmo Jesus, o Cristo teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
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