ANO C

Mt 15,21-28
Comentário do
Evangelho
“Mulher, grande é tua fé”
Depois da discussão com os fariseus acerca do
descanso sabático (15,1-9) e a instrução às multidões sobre o puro e o impuro,
e também aos discípulos, Jesus vai para a região de Tiro e de Sidônia, região
pagã. Quem diz pagão, diz impuro.
Assim como os discípulos, que na barca
ameaçada pelas ondas e pelo vento contrário gritam de medo, e Pedro, que grita:
“Senhor, salva-me!” (14,30), a mulher grita: “Senhor, filho de Davi, tem
compaixão de mim” (v. 22). O seu grito é uma profissão de fé no Messias, descendente
de Davi. A razão de sua súplica veemente é sua filha “atormentada por um
demônio”. Jesus nada diz – silencia. Silencia de admiração? De reflexão? O
silêncio de Jesus deixo espaço para a intervenção dos discípulos, que desejam
que Jesus a dispense, pois gritava atrás deles. A resposta de Jesus é coerente
com as instruções do discurso sobre a missão. Mas, aqui, não é senão um recurso
que valoriza a fé da cananeia, que continua a gritar: “Senhor, socorre-me!” (v.
25).
Jesus admirou-se da fé dela: “Mulher, grande é tua
fé” (v. 28). Ao contrário de Nazaré, protótipo da rejeição de Israel, onde
Jesus não pôde realizar muitos milagres por causa da incredulidade dos
nazarenos, a fé da mulher permite a Jesus realiza o que ela suplica. A fé abre
para os pagãos as portas do Reino dos céus. É a fé que permite à mulher
cananeia ver e reconhecer Jesus como Messias de todos os povos.
Carlos Alberto Contieri, sj
Fonte: Paulinas em 07/08/2013
Vivendo a Palavra
O Espírito do Pai usa a fé daquela mulher Cananéia
para iluminar o caminho do Filho: o Reino do Céu não se restringe a um povo ou
um país, mas veio para toda a humanidade, até os confins da terra. A cura
realizada por Jesus quebra barreiras nacionalistas e é o sinal da
universalidade do Reino do Pai.
Fonte: Arquidiocese BH em 07/08/2013
VIVENDO A PALAVRa
O Espírito do Pai usa a fé daquela mulher
cananeia para iluminar o caminho do Filho: o Reino do Céu não se restringe a um
povo ou a um território, mas veio para toda a humanidade, até os confins da
terra. A cura realizada por Jesus quebra barreiras nacionalistas e acende o
sinal da universalidade do Reino do Pai.
Reflexão
O Evangelho de hoje nos revela a diferença
fundamental entre o judaísmo e o cristianismo, entre as idéias do povo de
Israel e as idéias que devem marcar a vida da Igreja. Para o povo de Israel,
ele era o único povo de Deus e não poderia haver outro e as demais nações da
terra não poderiam receber os benefícios de Deus. Para a Igreja, todos os
homens e mulheres do mundo, de todas as classes, línguas e nações, são objetos
da ação salvífica de Deus, de modo que a graça divina é para todos e a salvação
é universal. No primeiro momento do Evangelho de hoje, Jesus nos mostra que é
verdadeiramente um judeu, mas no segundo, nos mostra como verdadeiramente
devemos ser e agir.
Fonte: CNBB em 07/08/2013
Reflexão
Admirável
é a fé da mulher cananeia. É Jesus quem o reconhece e proclama em voz alta:
“Mulher, é grande a sua fé”. Na verdade, Jesus se havia retirado para essa
região estrangeira e pagã, a fim de espairecer um pouco, já que tinha tido
anteriormente uma desgastante audiência com os doutores da Lei e os fariseus
sobre a questão do que é puro ou impuro. Ao ouvir os rogos da mulher para
libertar sua filha, Jesus parece não querer dar-lhe ouvidos. Seus apóstolos
intercedem: “Atende-a”. Pelo diálogo forte entabulado com a mulher, ficamos com
a impressão de que Jesus queria testar a qualidade de sua fé. Logo veio a
comprovação de que se tratava de fé profunda. Por isso o milagre se deu em
benefício da mãe, atendendo sua súplica; e da filha, libertando-a das forças
malignas.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
A fé que a mulher Cananéia demonstra ultrapassa a
dos discípulos. O que pensar disso? - Como a mulher Cananéia, diante de seus
problemas você se entrega a Jesus? - Você espera a ajuda de Deus como um
cachorrinho que quer as migalhas que caem da mesa? - Sua súplica é humilde e
persistente? - Lembre-se sempre: a fé perseverante da mulher lhe valeu ser
atendida.
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário em 07/08/2013
Meditando o evangelho
QUEM SÃO AS OVELHAS PERDIDAS?
O encontro com a mulher pagã, como que obrigou Jesus a alargar as
dimensões de sua missão. No diálogo tenso com a mulher cananéia, ele deu a
entender que os destinatários de sua missão era o estreito grupo das
"ovelhas perdidas da casa de Israel". Sua salvação tinha um destino
certo: única e exclusivamente, o povo judeu, povo da predileção divina com o
qual Deus havia feito uma aliança. Esta predileção levou à idéia do
exclusivismo: só Israel seria objeto da salvação. Jesus também pensava assim.
A cananéia convenceu-o com um argumento irrefutável: se aos filhos é
reservado o pão, pelo menos sobram as migalhas para os cachorrinhos. Nem se
importou de comparar-se aos cachorrinhos, à espreita de um pedacinho de pão
caído da mesa de seu dono. Existia fé maior do que esta?
Este incidente bastou para que Jesus tomasse consciência de que existem
muitas ovelhas perdidas, fora da casa de Israel. Assim como viera para os de
Israel, era mister acolher indistintamente a quantos dele se aproximavam.
Ovelha perdida era qualquer pessoa carente de ajuda, que não tinha com quem
contar; era o povo abandonado, expoliado e explorado, largado à mercê dos
prepotentes; era o povo marginalizado, sem distinção de raça. Jesus compreendeu
que tinha sido enviado para todos. Que os discípulos aprendessem esta lição e
deixassem de lado seus preconceitos.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da
FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Pai, dá-me um coração suficientemente grande para compreender que tu
queres a salvação de todos, sem distinção, pois para todos enviaste teu Filho
Jesus.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1 - “MULHER, GRANDE É A TUA FÉ!”. – Olívia
Coutinho
Tudo que Deus mais quer, é estar
conosco, principalmente nos nossos momentos mais difíceis.
Jesus é a prova concreta da imensidão do amor de
Deus por cada um de nós, Ele é o próprio Deus que se humanizou para ficar
mais próximo de nós, respeitando sempre a nossa liberdade, só entrando na nossa
vida quando chamamos por Ele!
A fé, é que nos impulsiona a ir ao encontro
de Jesus! Nele, encontramos a força, a coragem para enfrentar as nossas
dificuldades!
O que seria de nós sem a fé?
Quando saímos de algum sofrimento e olhamos para
traz, vamos perceber com maior intensidade, o valor da fé, pois somente pela
fé, conseguimos atravessar os inúmeros desertos de nossa vida!
A fé é o pilar que nos sustenta, é a força que nos
move, a raiz que nos mantém de pé nos vendavais da vida!
Ter fé, não significa simplesmente acreditar em
Deus, é muito mais que isto, é comprometer-se com Ele, é depositar toda a nossa
segurança Nele!
A fé, é um dom de Deus, cabe a nós abraçá-la
com firmeza, na certeza de que com Deus, venceremos todos os desafios!
Quem abraça a fé, nunca perde a esperança, não se
deixa enganar pelos caminhos tortuosos, e nem se abate diante das dificuldades,
pois carrega consigo a certeza de que em Deus está o seu porto seguro!
O Evangelho de hoje, nos fala da essencialidade da
fé, da confiança que devemos ter no nosso Deus libertador!
O texto nos mostra com clareza, que não é pela
religião que se dá testemunho de fé, e sim, pela confiança no poder de Deus,
manifestado em Jesus!
Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia,
entrou numa casa, e não queria que ninguém soubesse que Ele estava ali.
Mas a fé de uma mulher pagã encontrou Jesus, e não O deixou ficar
escondido.
O episódio nos mostra que pela fé, é possível
vencer todas as barreiras que nos impede de aproximar da Luz que é Jesus!
Certamente, aquela mulher, já tinha ouvido falar da
bondade de Jesus, por isto, ela não queria perder aquela oportunidade única de
aproximar-se Dele! Para ela, somente Jesus, poderia dar fim ao sofrimento de
sua filha. Movida pela fé, aquela mãe, tomada pelo sofrimento, vence todos os
obstáculos e com grande humildade, prostra-se diante de Jesus e suplica
insistentemente para que Ele libertasse a sua filha do mal terrível que a
atormentava.
“Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-los
aos cachorrinhos”. A princípio, estas palavras de Jesus, dirigidas a aquela
mulher, podem parecer duras demais, mas ao longo do texto, vamos perceber, que
o que Jesus quis com estas palavras, foi provocá-la, arrancar dela, o grande
testemunho de fé, que mudaria a mentalidade dos discípulos, que insistiam na
exclusão dos outros povos.
“É verdade Senhor; mas os cachorrinhos também comem
as migalhas que caem da mesa dos seus donos.” Este belíssimo testemunho
de fé, encantou Jesus e serviu de lição para os discípulos e hoje para
nós: A fé não tem fronteira!
A postura de Jesus, colocando um primeiro obstáculo
mediante a suplica daquela mãe sofrida, não foi por não querer atende-la e sim,
provocar uma oportunidade para conscientizar os discípulos,
que a salvação trazida por Ele, não é privilégio de um só povo, a
misericórdia de Deus é para todos.
Deste episódio, fica para nós um grande
ensinamento: precisamos ter uma fé consistente, e insistente, a promessa
é de Jesus: batei, e a porta vos abrirá, buscai e achareis.
Exercitemos pois, a nossa fé, na oração, na
reflexão da palavra, na vivencia em comunidade e principalmente,
na eucaristia.
FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olívia
2 - Mulher, grande é a tua fé!
"Disse-lhe, então, Jesus: Ó mulher, grande é
tua fé! Seja-te feito como desejas. E na mesma hora sua filha ficou
curada."
Hoje, novamente Jesus nos ensina que a fé é a única
coisa que nos basta. É claro, que temos de fazer a nossa parte, não podemos
ficar de braços cruzados alegando ter fé, e esperar que todas as coisas que
precisamos nos caia do céu.
Ter fé é acreditar no Pai e no mistério de seu
Filho Jesus Cristo, e não precisamos de mais nada, mesmo por que não interessa
ficar acumulando tesouros nesta vida, onde a traça e os ladrões podem destruir
e roubar. Mais sim, interessa acumular tesouros no céu. Já sei o que
você pensou. Você está imaginando que eu sou um franciscano descalço com uma
túnica marrom e mais nada. Não. Eu sou um pecador igual a todo mundo, que
preciso vigiar-me dia e noite, para desapegar-me dos bens materiais,
e dos enganos desse mundo cheio de ofertas nos comerciais de televisão.
Precisamos das coisas materiais, que são como ferramentas que nos facilitam a
sobrevivência, e a nossa atuação como missionários na divulgação do Reino de
Deus. E veja. Como eu poderia escrever estas reflexões e postá-las na
internet se não tivesse um computador?
Então não se trata de não possuir absolutamente
nada e viver "franciscanamente". Porque assim, não
poderemos evangelizar em grande escala.
Então como devemos ser para imitar a
Cristo? Desapego, meu caro, minha cara! Desapego. Precisamos de um
carro, podemos comprá-lo mais vamos usá-lo como se não estivesse usando, sem
nos apegar a ele mais do que nos apegamos a Deus e nos dedicamos às pessoas.
Jesus não tinha onde encostar a cabeça, e não precisava de mais nada nas
circunstâncias, daquela época. Hoje, se Jesus estivesse aqui, Ele teria que
andar de Carro, de avião, almoçar em restaurantes, a menos que usasse os seus
poderes infinitos.
Tentando concluir, é o seguinte: Ter fé é confiar
em Deus, e não no dinheiro e nos bens materiais. Fazer a nossa parte, e confiar
no poder de Deus e no seu amor para conosco, e usar as coisas que
possuímos com se fossem apenas ferramentas para conseguirmos os nossos
objetivos existenciais, sem nos apegar a elas.
José Salviano
3 - Mulher, grande é a tua fé!
Mulher, grande é a tua fé!
Este Evangelho narra a cena de uma mulher pagã que
pede a Jesus a cura de sua filha. De início, Jesus recusa, dizendo que foi
enviado para as ovelhas perdidas da casa de Israel. E ele fala uma frase que, à
primeira vista, parece dura, mas era um dito popular: “Não fica bem tirar o pão
dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”.
Entretanto, a mulher não se deu por vencida e
respondeu de forma criativa. “É verdade, Senhor, mas os cachorrinhos também
comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” Diante dessa resposta, Jesus
lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde
aquele momento sua filha ficou curada.
Ter fé é vencer os obstáculos, venham de onde
vierem, até da parte de Deus. Exemplos de obstáculos que podem chocar-se com a
nossa fé: Aparente recusa de Deus em nos atender, como o caso de uma pessoa
doença que reza e, em vez de sarar, fica ainda pior fisicamente. Claro que a
cura de Deus é mais para o doente, não tanto para a doença. Mas a pessoa pode
não conhecer essa distinção e pensar que Deus não lhe está atendendo.
Jó (Cf seu livro, na Bíblia) é um exemplo nesse
ponto, pois, mesmo não sendo atendido, persistiu na oração, na fé e na
esperança.
A nossa fé não fica parada. Ela é como uma planta:
ou cresce ou morre. E ela cresce na direção da fidelidade, isto é, da firmeza
diante dos obstáculos.
Aquela mulher era pagã, não pertencia à
descendência de Abraão, que era o povo eleito.
Entretanto, ela tinha uma fé correta e bonita.
Pagãos, para nós, são os não batizados. É uma situação cuja superação é aberta
a todos e é facílima, basta receber o batismo. Já ser pagão no tempo de Jesus
era um estigma indelével, uma barreira intransponível, pois dependia da raça,
da família em que nasceu, que ninguém pode mudar.
Sabemos que a primeira Aliança, feita com o povo
hebreu, era provisória. Ela tinha o objetivo de preparar a vinda do Messias.
Com a chegada de Jesus, ela caducou e passou a valer a nova e eterna Aliança,
que Deus fez definitivamente com a humanidade toda, em Cristo. Esta não tem
distinção de raça, é baseada na fé e na obediência aos mandamentos. Como disse
S. Paulo: “Não há mais judeu ou grego, escravo ou livre, homem ou mulher, pois
todos vós sois um só, em Cristo Jesus” (Gl 3,28).
Mas, apesar da primeira Aliança já ter caducado,
Deus, na sua extrema fidelidade, quis que seu Filho, inicialmente, desse
preferência ao povo de Israel. Entretanto, Jesus sempre acolhia bem os pagãos
que o procuravam. Inclusive, várias vezes, elogiou a fé dos pagãos, como a do centurião
romano: “Nunca encontrei tamanha fé em Israel”.
Esta fato da mulher cananéia nos mostra a força que
tem a oração perseverante e feita com fé. A oração é mais forte que as
estruturas humanas, inclusive as religiosas. Pela oração, nós somos capazes de
“transportar montanhas”, como disse Jesus. Contra tudo e contra todos, devemos
continuar pedindo a Deus as coisas, mesmo com a impressão de que ele virou as
costas para nós; e argumentar com Deus, como fez a mulher: “Os cachorrinhos
também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!”
A mesma mensagem vemos em algumas parábolas de
Jesus, como a da viúva pedindo para o juiz a solução do seu caso judicial (Cf
Lc 18,1-8), a do vizinho que, altas horas da noite, bate na porta do outro pedindo
pães (Cf Lc 11,5-8)...
Havia, certa vez, um pequeno lago que tinha muitos
peixes. Por isso faltava comida para eles. Viviam magros e famintos. Um
peixinho não se conformou com a situação e queria sair dali. Como havia uma
pequena corrente de água que saía do lago, ele arriscou e entrou nessa
corrente. Para surpresa sua, chegou a um grande lago, onde havia comida à
vontade, pois os peixes ali eram poucos. Que delícia! O peixinho estava
exultante de alegria. Quanto espaço para nadar! Isso que é vida! Mas logo se
lembrou dos colegas e ficou com dó. Decidiu: Quando der uma chuva grande e
aumentar a água dessa corrente, voltarei lá para convidá-los. Assim ele fez.
Após uma chuva, com grande esforço e destreza, subiu pela corrente de água e
voltou ao pequeno lago onde nascera e vivera. Foi logo contando para os colegas
a sua descoberta. Entretanto, teve uma surpresa: ninguém acreditou! Triste,
voltou para o lago da fartura que havia descoberto. Dias depois, alguns peixes
mais jovens, da sua turminha antiga apareceram. E começou um intercâmbio, que
mudou a vida dos peixes dos dois lagos.
Ter fé é ter coragem. Não podemos ficar acomodados
ou desanimados, como aquele homem da mão seca que estava marginalizado, em um
cantinho da sinagoga (Cf Mc 3,1-5). “Levanta-te e fica de pé no meio”,
disse-lhe Jesus. Precisamos arriscar um pouco e enfrentar a correnteza. A vida
é bela e cheia da fartura das bênçãos de Deus!
Peçamos a Maria Santíssima: “Ensina teu povo a
rezar, Maria Mãe de Jesus, que um dia teu povo desperta e na certa vai ver a
luz!”
Mulher, grande é a tua fé!
Padre Queiroz
4 - “ exemplo da mulher Cananéia ” - Helena
Serpa
- Números 13, 1-2.25—14,1.26-30.34-35 –
“Perseverança e não covardia”
Deus tem um plano perfeito para que nós nos
apossemos da “terra prometida”, no entanto, a nossa humanidade fraca se
acovarda diante das primeiras dificuldades e ficamos rodopiando na mesmice
porque não enfrentamos com fé em Deus os desafios da nossa caminhada. Muitas
vezes morremos “na beira da praia” e não alcançamos os nossos propósitos porque
nos apavoramos diante dos obstáculos, por isso, nos sentimos fracassados. Foi
também isto que aconteceu com o povo de Deus quando teve notícia de que lá na
terra para onde ele caminhava e onde corria leite e mel, os habitantes eram
fortíssimos, como gigantes e eles teriam que combatê-los para se apossarem da
promessa do Senhor. Os israelitas só viram as dificuldades e, motivados por
alguns que haviam explorado a terra, desanimaram e começaram a murmurar. As
nossas palavras têm poder! O Senhor pode tomá-las a sério e realizar aquilo que
por inconsequência nós estamos afirmando. Por isso, as lamúrias do povo
irritaram o Senhor, e Ele os deixou morrer na sua incompreensão, pisando no
mesmo lugar durante quarenta anos e nem todos viveram para pisar na terra da
promessa, embora já estivessem bem pertinho. Fazendo uma analogia com a nossa
caminhada nós percebemos a semelhança que existe entre nós e o povo de Israel.
Almejamos alcançar a terra da felicidade e o Senhor nos instrui e nos orienta,
porém Ele não nos promete vida fácil e sem luta. Ele nos garante a vitória
depois da batalha e receber o troféu como prêmio da nossa perseverança, mas nós
entendemos que com Deus nós teremos as coisas como passe de mágica e nos
acovardamos quando antevemos que teremos que enfrentar os gigantes ao longo do
caminho. Precisamos confiar em Deus que nos garante a chegada na terra
definitiva. Não há felicidade sem busca nem vitória sem luta. Se Deus é por nós
quem será contra nós? Quanto mais difícil for o caminho, maior será a
conquista. Perseverança e não covardia é o que o Senhor nos propõe. Chegaremos
lá, pois Deus combate por nós! – Você costuma morrer na “beira da praia” por
medo de enfrentar os gigantes? – Você é daqueles (as) que quer desistir porque
é muito difícil? – Você gosta das coisas “práticas” ou adere às sugestões do
Espírito, embora sejam mais trabalhosas? – Você acha que alcançará a terra
prometida?
Salmo 105 – “Lembrai-vos de nós, ó Senhor, segundo
o amor para com vosso povo!
A caminhada do povo de Deus pelo deserto é para nós
um referencial para que nós aprendamos as lições que nos ajudarão a caminhar no
deserto da nossa vida terrena. Por isso, precisamos confiar nos projetos do
Senhor não somente nas horas dos livramentos, mas também nos momentos de
dificuldades. Deus faz também hoje coisas assombrosas no meio de nós, abre o
mar para nós e nos guia de noite e de dia. O Seu amor nos conduz, a Sua graça
nos preenche e disso nunca podemos nos esquecer.
Evangelho – Mateus 15, 21-28 – “exemplo da mulher
Cananéia”
A mulher Cananéia não se rendeu diante dos
argumentos de Jesus de que Ele fora enviado somente às ovelhas perdidas da casa
de Israel, mas com fé e convicção, mesmo não se reconhecendo merecedora pediu a
Jesus as migalhas que sobrassem da “mesa dos judeus”, por isso, foi atendida. O
Senhor faz em nós na medida do que nós queremos de coração. A força do nosso
“querer” é sinal de Fé e é uma motivação para que Jesus realize em nossa vida
os milagres que almejamos. Realmente Jesus foi enviado somente às ovelhas
perdidas da casa de Israel e nós também não pertencíamos àquela casa, porém
Jesus nos acolhe como acolheu aquela mulher. Somos pecadores e, assim sendo,
nós mesmos não temos merecimentos, não podemos cobrar nem exigir direitos porém
“grande é a nossa fé” e isto basta para que Jesus venha também alimentar a nós
e a todos que são humildes para reconhecê-lo e perseverantes quando não
cessamos de gritar também: “Senhor, socorre-me!" Jesus, muitas vezes, não
nos responde palavra alguma, contudo, nem por isso, nós podemos dizer que Ele
nos abandonou, pois assim falando estamos dando provas de que não temos fé. A
fé é o argumento que mantêm a nossa esperança na hora do desespero! - A sua fé
também é grande como a da cananeia? – O que tem atraído você para Deus? - Você
se acha um “caso liquidado” ou tem esperança de plantar e colher frutos de
conversão? - Você se acha merecedor (a) da Salvação que Jesus veio trazer ao
mundo?
Helena Serpa
5 - Mulher, grande é a tua fé!
Mulher, grande é a tua fé!
Mateus identifica a mulher
como cananéia porque quer insistir
na abertura geográfica, social e de gênero que caracteriza a mensagem de
Jesus. A Palavra de Deus é sempre inclusiva. Estamos na presença do amor de uma
“mãe” que suplica por sua filha. Ela sabe que Jesus pode curar, por isso
enfrenta, sem medo, os discípulos que não ouvem seus gritos.
A mulher se aproxima, prostra-se e
grita com humildade: “Senhor, ajuda-me”. Apesar da carga social que a exclui
por ser mulher, é capaz de replicar as palavras de Jesus. Como sempre, as
necessidades foram ouvidas e a fé foi o veículo para a cura. Desta vez é a
mulher que torna possível a multiplicação do pão da mesa.
O que dela cai alcança a todos,
incluindo os pagãos. A fé deve convocar os cristãos a unir esforços para
curar no mundo as feridas que deixam a discriminação cultural, racial,
religiosa, política e econômica. A fé é o pão do amor, capaz de curar os
males do mundo.
Claretianos
Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 07/08/2013
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Graça Poderosa atinge a todos...
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP)
Se nos lembrarmos da reflexão do evangelho de ontem, vamos
compreender que a Graça de Deus é Soberana e autônoma, não estando atrelada a
nenhum sistema institucionalizado, ou estruturas humanas que aprimorem a sua
eficácia. A Graça operante e santificante é eficaz em si mesma cabendo ao
homem apenas acolhê-la em sua vida e seu coração, nada mais.
Poderá o leitor questionar, com toda razão: “Então as
instituições, inclusive a religiosa, não serve para nada, por causa da sua
neutralidade na questão Salvívica?” As estruturas institucionais mostram o
esforço do homem em buscar a Deus e a Graça que ele tem para nos oferecer, e
como de fato nos oferece, através de Jesus Cristo. Nesse sentido a Igreja é o
grande, único e verdadeiro Sacramento de Jesus Cristo para o mundo.
A mulher Cananéia percebeu isso, que a Salvação estava em Jesus
Cristo, e por isso não deu a mínima para a Rigorosa Instituição judaizante e
aproximou-se de Jesus, que aqui, falando sob o ponto de vista da instituição
religiosa, vai lembrar a mulher que a Salvação é exclusiva de Israel, Nação
Santa e Raça escolhida. E nesse sentido o seu Messianismo estava focado na
nação de Israel, e jamais fora dela.
Mas a mulher não vê sob o olhar da instituição, ela crê na
misericórdia Divina que tem algo precioso a oferecer a todas as pessoas, e não
apenas aquelas que estão dentro de um sistema religioso. Então aquela mulher
pagã ganhou definitivamente o coração de Jesus que percebe nela a grandeza de
uma Fé, que não pauta pelos compromissos e obrigações decorrentes do
legalismo Mosaico, mas que vislumbra a gratuidade do seu amor, capaz de salvar
qualquer homem...
E Jesus inverte a ordem estabelecida, até agora Israel é a única
referência e modelo de Povo Salvo, porque cumpre a Lei de Moisés, mas doravante
o modelo e referência é aquela mulher Cananéia, que vislumbrou a Salvação
enquanto dom gratuito, oferecida por Deus em Jesus Cristo, e por isso ali
diante da comunidade dos discípulos Jesus a exalta, colocando-a acima de
Israel, onde ele próprio ainda não tinha visto, até o momento, alguém com uma
Fé assim.
2. Grande é tua fé!
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’,
Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Jesus vai a Tiro e Sidônia, que não faziam parte da terra dos
judeus. Uma mulher o vê e grita: “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim,
minha filha está cruelmente atormentada por um demônio”. Os discípulos queriam
mandá-la embora. Jesus ficou quieto. Depois disse a eles, quase em voz baixa:
“Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”. A mulher,
porém, pede socorro. Chama Jesus de Senhor, título de divindade. Chama-o de
Filho de Davi, título messiânico. E, por fim, faz uma humilde profissão de fé:
“Os cachorrinhos comem das migalhas da mesa dos seus donos”. Aí está a porta
que se abre para todos, a porta da fé. Deus não faz acepção de pessoas. Ela
incomodava com os seus gritos, mas eram gritos de fé do coração sofrido de uma
mãe. “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim”. Frase a ser repetida
centena de vezes.
HOMILIA DIÁRIA
Por que você desanima tão facilmente?
Por que você desanima tão facilmente? Por que a sua fé não o leva a
desafiar as próprias circunstâncias, as quais, muitas vezes, o afastam do
Senhor?
“A mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus e começou a
implorar: ‘Senhor, socorre-me!’ Jesus lhe disse: ‘Não fica bem tirar o pão dos
filhos para jogá-los aos cachorrinhos’. A mulher insistiu: ‘É verdade, Senhor;
mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!’” (Mateus 15, 25-27).
Quando nós escutamos esse Evangelho, ficamos até um
pouco assustados, porque essa mulher não fazia parte da região de Jesus como
diziam os judeus: “Ela não fazia parte do povo eleito, era uma cananeia”. Mas
era uma mulher insistente, por isso aproximou-se do Senhor, pois tinha uma
filha cruelmente atormentada pelo demônio, e ela sabia que Jesus poderia fazer
algo por ela.
No primeiro momento, ela grita, pede, e o Senhor,
em passos lentos, continua Seu caminho, até que os discípulos querem afastá-la
de Jesus. Então, Ele lhe responde: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas
da casa de Israel”. Nesse instante, a mulher mais uma vez insiste e diz:
“Senhor, por favor, cure minha filha”.
A resposta de Jesus parece dolorosa, mas, na
verdade, é um provérbio. Os judeus consideravam que aqueles que não faziam
parte do povo eleito eram como cães. O Senhor foi até carinhoso ao dizer: “Não
fica bem eu tirar o pão dos filhos para dar aos cachorrinhos”.
Que mulher de fé extraordinária! Ela não se
convenceu com a colocação proverbial do Senhor. Nesse dia, ela venceu até Deus
– a exemplo de Israel, quando este brigou com o Senhor e O venceu. Ela disse:
“Senhor, é verdade, mas os cachorrinhos têm o direito de comer das migalhas que
caem da mesa”. Ela implorou a Jesus o seu direito, nem que fossem as migalhas
d’Ele.
A graça de Jesus veio para todos. Então, essa
mulher não poderia ser excluída, por isso ela foi agraciada nesse primeiro
instante, pois confiou, acreditou e foi insistente.
Por que você se exclui de Deus? Por que desanima
tão facilmente? Por que a sua fé não o leva a ser confiante? Por que a sua fé
não o leva a desafiar as próprias circunstâncias, as quais, muitas vezes, o
afastam do Senhor?
Diga: “Senhor, eu, como um cachorrinho, tenho
direito às migalhas”. Essas migalhas do Senhor cairão na sua mesa e no seu
coração.
Deus abençoe você no dia de hoje!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, dá â tua Igreja - hoje somos nós! –
espírito aberto aos companheiros de jornada nesta terra. Faze-nos acolhedores e
cuidadosos com todos os irmãos, incluindo aqueles que não podem ou não sabem
retribuir. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do
Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 07/08/2013
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, dá à tua Igreja – que hoje, somos
nós! – um espírito aberto aos companheiros de jornada nesta terra. Faze-nos
acolhedores e cuidadosos com todos os irmãos, incluindo aqueles que não
caminham conosco, os que não sabem agradecer e, especialmente, os que não podem
retribuir. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito
Santo.

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