
Redação
Portal A12
O bispo de Roraima, dom Roque Paloschi, que
presidiu a missa desta terça-feira (16) na 51ª Assembleia Geral da CNBB em
Aparecida (SP) destacou a luta que a Igreja empreende pelas causas indígenas. A
missa foi concelebrada pelos bispos que têm povos indígenas em suas dioceses.
Dom Roque lembrou que acontece no país a
Semana dos Povos Indígenas que serve para comemorar a causa indígena que é “uma
causa do Reino de Deus”.
Em sua reflexão destacou três sentimentos:
gratidão, memória e compromisso.
Gratidão aos povos indígenas pelas lições de
vida. “Os povos indígenas sabem que não podem sobreviver como povos
reproduzindo estruturas individualistas, consumistas e competitivas”, destacou
o bispo.
Dom Roque manifestou também gratidão aos
catequistas, missionários e missionárias, ao Conselho Indigenista Missionário
(Cimi); que completou 40 anos na luta dos direitos dos povos indígenas, e
lembrou o trabalho desenvolvido pelo presidente do Conselho, dom Erwin Krautler
e bispo da Prelazia do Xingu (PA).
“Apesar de perseguido e de ser muito atacado
e ignorado pelos governantes, recebeu da Universidade Federal do Pará o título
de doutor honoris causa pelo
seu trabalho profético em defesa da justiça, em defesa dos povos indígenas e de
todos os prejudicados pela construção da barragem de Belo Monte”, pontuou.
Para dom Roque, a região de Belo Monte
“deixou de ser um ‘monte belo’ para tornar-se um monte calvário”.
A presença da Igreja junto às comunidades
indígenas ao longo dos anos tem demonstrado cada vez mais a consciência dos
valores e práticas vivas do Evangelho presente nessas culturas, disse o bispo.
“Quanto mais engajados nas lutas, mais os
missionários reconhecem as sementes do Verbo presentes na vida desses povos e
em sua causa”, destacou.
Quanto à memória, o bispo lembrou a história
da Igreja desde os anos 60 em defesa dos índios.
Dom Roque enfatizou também as forças
econômicas e políticas que “em nosso país querem, a todo custo, ampliar o
acesso, o controle e a exploração dos territórios indígenas, dos quilombolas,
dos pescadores artesanais, dos camponeses, de preservação ambiental, dentre
outros”.
“Esses grupos político-econômicos (…) têm
usado diversos instrumentos legislativos e administrativos no ataque que fazem
aos povos e seus direitos”, continuou o bispo.
O bispo chamou atenção para a causa dos
índios guarani-kaiowá.

“Cerca de 45 mil
índios guarani-kaiowá vivem confinados em pequenas reservas de terra ou em
acampamentos em beiras de estrada. Não bastasse isso, muitos desses
acampamentos têm sido covarde e violentamente atacados à bala por jagunços de
fazendeiros”.
Jesus Cristo continua sendo atacado em tantos
“mártires anônimos dos pobres da terra”, completou dom Roque.
A respeito do compromisso, dom Roque explicou
que a multiplicação dos pães, destacada na liturgia deste dia, recorda o “pão
que se multiplica na medida em que o distribuímos” e questionou a luta dos
povos indígenas muitas vezes deixada sob a responsabilidade de alguns grupos.
“Onde está o pão que distribuímos aos povos
indígenas, pão de justiça e verdade? Onde foi que derramamos lágrimas e sangue
por sua causa? Muitas vezes, ‘terceirizamos’ ao presidente do Cimi e seu
pessoal o grito profético de Estevão: ‘Homens de cabeça dura, insensíveis e
incircuncisos de coração e ouvido’”, exortou.
Ao responder a pergunta, dom Roque lembra que
a causa deve ser tida não somente como a causa de outros, mas uma causa pessoal
que entende o significado da corresponsabilidade pela vida no planeta.
“Eu responderia: é gratuidade, coragem
profética, lucidez e perseverança como diaconia pastoral. Na reciprocidade com
os povos indígenas, no dar e receber, nos iniciamos numa ‘Igreja samaritana’,
numa vida despojada e pascal. Como advogados da justiça dos povos indígenas
defendemos não somente a causa dos outros, defendemos a nossa própria causa e o
futuro do planeta Terra”, finalizou.
Os bispos debatem nesse dia o tema central e
ecumenismo e o diálogo inter-religioso. Ainda na pauta do dia, uma palavra da
Comissão Episcopal para a animação bíblic0-catequética, orientações para as
novas formas de Vida Religiosa e Comunidades, criação do Regional do Tocantins,
encontros da Vida Monástica e Contemplativa, estudo de um documento sobre os
Quilombolas. No final da tarde, o encontro será encerrado com uma celebração
ecumênica.
Veja as fotos da missa:
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