10 de
Agosto de 2014
ANO A

Comentário do
Evangelho
A travessia
A primeira leitura, assim como o evangelho, fala de
uma travessia. No caso de Elias, é uma travessia pelo deserto. Os discípulos de
Jesus fazem a travessia para a outra margem do Mar da Galileia, depois do
episódio dos pães. Jesus, a sós, vai à montanha para rezar. Uma e outra
travessia são símbolos da vida cotidiana em que se dá o encontro com Deus. É o
tempo em que Deus se aproxima do homem, como se aproximou de Elias e dos
discípulos, para revelar quem Ele é e quem é o homem.
Elias atravessa o deserto fugindo da perseguição de
Jezabel, mulher do rei Acab, que pretendia matá-lo, pois Elias havia degolado
quatrocentos profetas de Baal que estavam a serviço da rainha. No meio da
travessia do deserto, Elias pede a Deus a morte; deita-se, à sombra de um
junípero, entregue às próprias forças. Misteriosamente, aparece, ali, a comida
que ele precisa para continuar o seu caminho até o Monte de Deus. Lá chegando,
refugiou-se numa gruta. Avisado que Deus iria passar, se pôs à entrada da gruta
e experimentou a presença de Deus não como um vento impetuoso nem como um
terremoto, mas como uma brisa suave. Isso foi para Elias uma lição: O Deus de
Israel não é um Deus que promove a vingança, nem tampouco o ódio. O Deus que se
revela sobre o Monte é um Deus misericordioso, compassivo, bondoso, suave como
a brisa da tarde.
A travessia dos discípulos para a outra margem
acontece depois do episódio dos pães. O lago de Genesaré é, para o nosso texto
de hoje, símbolo da vida cotidiana. Na travessia, o barco é agitado pelas
ondas, pois o vento era contrário. O mar é, ainda, para a mentalidade do homem
bíblico, símbolo do mal e da morte. O mal agita e ameaça a vida humana e a
Igreja. Ao longe, o Senhor vê o sofrimento dos discípulos (cf. Ex 3,7ss) e sai em
socorro dos seus caminhando sobre as águas. Gesto simbólico que manifesta a
divindade de Jesus. No Antigo Testamento é Deus quem domina a fúria do vento e
do mar (cf. Sl 89,10). O medo, a escuridão da noite fazem os discípulos
confundirem Jesus com um fantasma. Mesmo diante da palavra de Jesus, “sou eu”,
Pedro o desafia. À palavra de Jesus ele sai do barco e caminha sobre a água,
mas duvida e começa a afundar. O Senhor, no entanto, o resgata. O que faz Pedro
afundar é o medo, a dúvida, a falta de confiança no Senhor. Mergulhado na sua
fraqueza, em razão da sua incredulidade, Pedro irá experimentar a força do
braço do Senhor que o arrancou do poder do mal e da morte.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que eu saiba transformar minhas quedas
e fracassos em ocasião para crescer na fé em Jesus, e para reforçar a
disposição de deixar-me guiar pela palavra dele.
Recadinho

Você
acha que Deus exige muito de você? - Você consegue se isolar de vez em quando
para rezar? - Há muitas tempestades em sua vida? - Você tem muito medo? Dê
algum exemplo. - Você se fortalece na oração?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
EM MEIO ÀS
TEMPESTADES
A cena evangélica desenrola-se em meio aos
ventos, tempestades e ondas encapeladas, que põem em risco a vida dos
discípulos, enquanto atravessam o mar da Galiléia. Além disso, é noite! A
natureza toda parece ter-se colocado contra o pequeno grupo. O quê fazer neste
contexto desesperador, quando todos já haviam sido tomados pelo medo?
A
salvação aparece com a chegada de Jesus. Embora a tempestade continue, ele lhes
recomenda a não temer, mas confiar. Quando o Mestre está com eles, podem estar
seguros de que não perecerão.
A
ousadia de Pedro, querendo por à prova o Mestre, acabou em fracasso.
Amedrontado pelo vento furioso, começou a afundar. Sua falta de fé levou-o a
duvidar da presença do Senhor. Donde o risco de quase ter sido tragado pelas
ondas. Só se salvou porque recorreu a Jesus.
Este
fato ilustra a vida da comunidade cristã, atribulada por perseguições,
verdadeiras tempestades que devem enfrentar. Quando tudo parece concorrer para
fazer a comunidade sucumbir, é preciso reconhecer a presença salvadora do
Mestre. Até mesmo as lideranças, representadas por Pedro, correm o risco de
perder a fé. Atitude arriscada, que pode levar a todos de roldão. Só é possível
salvar-se, recorrendo a Jesus: "Senhor, salva-nos!"
Oração
Espírito de entrega nas
mãos de Deus, nos momentos de tempestade, faze-me perceber a presença salvadora
de quem pode impedir-me de sucumbir.
(O comentário do
Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese
Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Deus eterno e
todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração
de filhos, para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

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