No mês de outubro que inicia somos convidados a abrir os nossos
horizontes na amplidão da visão da nossa Igreja através de dois eventos
que atraem a atenção do mundo todo, de maneira muito especial dos seus
fiéis e de quantos, embora pertencendo a outras denominações cristãs ou
outras religiões, tem sensibilidade para com o anúncio do evangelho e
os valores da fé no mundo de hoje.
1. "A nova evangelização para a transmissão da fé
cristã!" Este é o título que focará a reflexão dos bispos e dará
consistência ao Sínodo a ser celebrado de 07 até 28 deste mês de
outubro.
De fato, todas as instituições que geram sentido na vida das pessoas, como a escola, a família, as Igrejas, hoje estão preocupadas pela dificuldade de transmitir os valores do passado às novas gerações ou nos moldes da cultura pós-moderna que caracteriza o nosso tempo.
Preocupa a Igreja Católica o fato de que, apesar da sua longa
história e da sua rica tradição e apesar do esforço para adequar a sua
mensagem à linguagem de hoje, não consiga transmitir a fé de forma
satisfatória, vendo com muito sofrimento, uma parcela de seus fiéis
migrar para outras experiência religiosas ou até perdendo a fé,
declarando-se descrentes. Preocupa, sobretudo, a ausência de grande
parte da juventude da participação às suas iniciativas e aos atos de
culto: ter pouco jovens e não ter influência na juventude, significa
perder um elo importantíssimo na transmissão da fé, identificado numa
geração e, quando há uma interrupção geracional, o corte no curso da
história é muito dolorido e difícil de ser sanado.
O Sínodo dos bispos em Roma, após a contribuição de reflexão de
muitas Dioceses, procurará compreender este fenômeno e apresentará
pistas de reflexão e de ação para toda a Igreja Católica. É claro que
depois cada nação assumirá a fadiga e fará o esforço para agir
concretamente de acordo com a realidade histórica e cultural em que a
Igreja está presente em cada país.
2. Ligado a este evento e, de certa forma dando-lhe seguimento,
é o "Ano da Fé".Comemorando os 50 anos da celebração do
início do Concílio Vaticano II e dos 20 anos da promulgação do
Catecismo da Igreja Católica, o Santo Padre, o Papa Bento XVI, convocou
toda Igreja Católica a viver um ano inteiro, até a Festa de Cristo Rei
do ano que vem, na redescoberta da fé.

O Papa escreve: "Não podemos aceitar que o sal se torne
insípido e a luz fique escondida (cf. Mt 5, 13-16). Também o homem
contemporâneo pode sentir de novo a necessidade de ir como a samaritana
ao poço para ouvir Jesus que convida a crer n'Ele e a beber na sua
fonte, donde jorra água viva (cf. Jo 4, 14). Devemos readquirir o gosto
de nos alimentarmos da Palavra de Deus transmitida fielmente pela
Igreja, e do Pão da vida, oferecidos como sustento de quantos são seus
discípulos (cf. Jo 6, 51). De fato, em nossos dias ressoa ainda, com a
mesma força, este ensinamento de Jesus: "Trabalhai, não pelo
alimento que perece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida
eterna" (Jo 6, 27). E a questão, então posta por aqueles que O
escutavam, é a mesma que colocamos nós também hoje: "Que havemos
nós de fazer para realizar as obras de Deus?" (Jo 6, 28).
Conhecemos a resposta de Jesus: "A obra de Deus é esta: crer
n'Aquele que Ele enviou" (Jo 6, 29). Por isso, crer em Jesus
Cristo é o caminho para se poder chegar definitivamente à
salvação".
"Nesta perspectiva, o Ano da Fé é convite para uma
autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No
mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor
que salva e chama os homens à conversão de vida por meio da remissão
dos pecados (cf. At 5, 31)... Em virtude da fé, esta vida nova plasma
toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição. Na
medida da sua livre disponibilidade, os pensamentos e os afetos, a
mentalidade e o comportamento do homem vão sendo pouco a pouco
purificados e transformados, ao longo de um itinerário jamais
completamente terminado nesta vida. "A fé, que atua pelo
amor" (Gl 5, 6), torna-se um novo critério de entendimento e de
ação, que muda toda a vida do homem (cf. Rm 12, 2; Cl 3, 9-10; Ef 4,
20-29; 2 Cor 5, 17).
Preparemo-nos a entrar pela "porta da fé" que é o
Batismo, objeto da nossa reflexão durante a próxima Assembleia
diocesana e, sobretudo, empenhemo-nos a dar testemunho da fé pela nossa
vivência batismal e pelo compromisso concreto da caridade, através do
amor fraterno dentro da comunidade, e através do serviço aos pobres e
necessitados que estão ao nosso redor.
Com minha bênção de pastor,
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