
Nossa Senhora da Ripalta
"Porque me viste, creste?
"Porque me viste, creste?
Bem-aventurados os
que não
viram e creram".
Jo 20, 29
Jo 20, 29
Cerignola é uma cidade do sul da Itália, situada na
província de Puglia. A cerca de dez quilômetros ao sul de Cerignola existe o
rio Ofanto, que alí, depois de um longo curso baixo e tranqüilo, se aprofunda
entre duas margens altas e perigosas. Nesse lugar o poeta Horácio, fugindo da
clamorosa decadência moral de Roma, costumava se refugiar junto ao amigo Alfio,
para recompor as energias e tranqüilizar o espírito.
Desses tempos pagãos do Império Romano, restaram poucos, mas, significativos
traços, como a estrela da deusa Bona. Local que, depois a tradição cristã
consagrou à Nossa Senhora da Ripalta, nome que significa "beira
alta". A história sobre a aparição desse ícone milagroso foi transmitida
às gerações sob duas versões.
Uma diz que, por volta de 1172, um bando de malfeitores encontrou no vizinho
bosque, próximo à beira do rio Ofanto, uma grossa tábua, que parecia ter sido
esqueida por algum lenhador. Os bandidos a levaram para sua cabana e a usaram
na cozinha para preparar o toucinho. Um dia quando o chefe do bando fazia essa
operação, errou o golpe e o facão se fixou na madeira, da qual começou a sair
sangue vivo. Apavorado, chamou os comparsas, que, além do sangue, embaixo da
gordura viram aparecer a imagem da Mãe de Deus com o Menino, os dois com o
rosto ferido.
A outra versão conta que, nessa mesma época, a sagrada tábua foi encontrada por
alguns lenhadores que pensaram fazer dela gravetos para queimar. No primeiro
golpe dado, da tábua espirrou sangue fresco. Em seguida, teria surgido a imagem
da Virgem Maria com o Menino Jesus, ambos com o rosto cortado. Foi assim que,
no local, surgiu a capela de Nossa Senhora da Ripalta, hoje um Santuário
Diocesano. A notícia do ícone milagroso se espalhou e começaram as primeiras
romarias e peregrinações.
Porém, a muito tempo as duas cidades vizinhas, Cerignola e Canosa, disputavam a
posse desse lugar. Com a aparição da sagrada imagem a contenda ficou ainda mais
acirrada. Para resolver de vez a questão, o pároco sugeriu que o povo pedisse a
própria Santíssima Mãe para indicar a cidade. Então, o ícone foi colocado num
carro puxado por bois e os animais ficaram livres para irem onde a Senhora os
guiasse. Assim fizeram três vezes, e em todas o carro se dirigiu à Cerignola.
Mas o povo de Cerignola quis que a cicatriz na imagem da Mãe de Deus e do seu
Menino fosse coberta e restaurada. Porque, o quadro milagroso, símbolo
religioso cristão, não poderia ficar marcado pelo espírito de violência e de
opressão que, com freqüência, envergonham os relatos humanos.
Até a metade o século XIX o culto à Virgem da Ripalta se desenvolvia quase
sempre no interior da cidade, na pequena igreja erguida às margens altas do
Ofanto. Para lá iam todos os habitantes de Cerignola, Canosa e de outras
cidades vizinhas, no dia 08 de setembro, prestar as homenagens à Mãe de Deus,
pelas graças e milagres alcançados.
O culto se tornou tão vigoroso que, em 1859, o Papa Pio IX declarou Nossa
Senhora da Ripalta, Padroeira Principal de Cerignola, fixando a data de sua
celebração no dia em que a Igreja comemora o nascimento da Virgem Mãe de Deus.
Desde então foi estabelecido que a preciosa imagem por seis meses, de outubro a
abril, permaneceria na pequena igreja próxima do rio Ofanto, e nos outros seis
meses ficaria na Catedral de Cerignola.
A devoção à Nossa Senhora da Ripalta chegou ao Brasil no final do século XIX,
trazida pelos imigrantes italianos de Cerignola e Canosa. Na capital de São
Paulo, onde a maior parte se fixou no bairro do Bexiga, existe uma cópia da
imagem dessa invocação, na igreja da Paróquia de Nossa Senhora de Achiropita.
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