30 de Setembro de 2012

Marcos 9,38-43.45.47-48
Comentário do Evangelho
Acolher em nome de Jesus
Pela variedade de temas neste texto, pode-se supor que se trata de uma compilação do evangelista Marcos, talvez a partir de exortações catequéticas veiculadas pelas tradições das comunidades primitivas.
Conforme o evangelista, tendo estado nos povoados de Cesareia de Filipe, ao norte da Galileia, Jesus com seus discípulos, retornando ao sul com destino a Jerusalém, passam por Cafarnaum. Falando em nome dos demais, João, um dos doze apóstolos, diz a Jesus que, vendo alguém que expulsava demônios em nome dele, o haviam impedido porque tal pessoa não pertencia ao grupo. Na primeira leitura de hoje, temos uma narrativa semelhante que termina com a proclamação de Moisés: "Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito!".
A expulsão de demônios significava a libertação de pessoas oprimidas e atormentadas pelo sistema sociorreligioso em que viviam. Os próprios discípulos haviam falhado nesta ação libertadora (Mc 9,18) e, agora, impediam outros de agirem assim. Com isto, negam o projeto de Jesus. Pela narrativa percebe-se que havia pessoas que tinham fé em Jesus, possivelmente gentios da Galileia, e agiam em seu nome, embora não pertencessem aos doze que circundavam Jesus.
Os Doze, aqui representados por João, ainda estão apegados à esperança messiânica davídica segregacionista, característica da tradição do Primeiro Testamento, e rejeitam aqueles que estão fora do grupo. Jesus os repreende, pois a missão não está no proibir, mas, sim, no valorizar todos os gestos e todas as práticas libertadoras e promotoras da vida, mesmo que sejam praticadas por pessoas que estejam fora dos grupos missionários confessionais. Há quem julgue que o missionário é aquele que tem a salvação e vai levá-la aos pecadores; é perito na doutrina e vai ensinar os que a ignoram; recebe um poder com o qual vai dar eficiência à missão. Pelo contrário, cabe à missão, a exemplo de Jesus, reconhecer, valorizar e solidarizar-se com as manifestações de vida, de busca da liberdade e da justiça, onde quer que floresçam. Em qualquer povo, em qualquer cultura, em qualquer tempo.
A seguir, no texto de Marcos, com caráter catequético, temos uma fala de Jesus estimulando a acolhida a todos aqueles que vêm em seu nome. As sentenças sobre a queda dos pequenos são orientações para prevenir escândalos dentro da própria comunidade de discípulos. As alusões às quedas pela mão ou pelo olho são simbólicas, com variado sentido. Podem indicar más ações e aspirações de poder e prestígio. Os anúncios finais de condenação não condizem com a índole misericordiosa e compassiva de Jesus, indicando tratar-se de adaptações tardias das comunidades de origem do judaísmo, pois refletem o deus do Primeiro Testamento que é o "Terror de Isaac" (Gn 31,42), que castiga e condena. A queda dos pequenos muitas vezes é provocada pelos ricos, que vivem luxuosamente, entregues à boa vida, condenando o justo e o assassinando.
José Raimundo Oliva
Vivendo a Palavra
A carta de Tiago condena a
riqueza injusta dos que roubam os empregados. E no Evangelho Jesus aponta o
caminho mais radical para nós: devemos nos desapegar, abrirmos mão de tudo que
temos, até mesmo entregarmos nossos membros para não cometermos injustiças
contra os companheiros de jornada.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. NÃO O PROIBAIS!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Sempre tive um espírito ecumênico, desde a minha infância nos anos 60, quando os ânimos eram muito acirrados entre nós católicos e os cristãos de outras Igrejas. Meu saudoso Pai, de quem eu herdei o legado da fé e das virtudes do evangelho, era de linha tradicional e na casa de esquina em que morávamos na Vila Albertina, quando os irmãos evangélicos nas tardes de domingo vinham fazer suas reuniões com pregações e hinos, ele nos levava para os fundos do quintal para que não corrêssemos o risco de nos desviar da fé católica.
Certa ocasião, fui em um culto festivo da Igreja Presbiteriana e descobri que lá também falavam de Jesus e do seu santo evangelho, e a partir daí, na minha cabeça comecei a questionar: por que nós os chamávamos de “irmãos separados”? De 1995 a 2003, coordenei a Dimensão Ecumênica Diocesana a pedido do Bispo D. José e incentivado pelo Padre João Alfredo. Participei do grupo do falecido D. Amauri – que coordenou esta dimensão no Regional Sul 1 da CNBB. Com ele muito aprendi e em nossos encontros anuais em Itaici, que reunia trezentas pessoas de treze Denominações religiosas diferentes, vivíamos um verdadeiro céu de comunhão e alegria, amadurecendo assim o meu ideal ecumênico.
Os cristãos mais tradicionalistas, tanto católicos como evangélicos muitas vezes não vêem com bons olhos o ecumenismo. Os mais fanáticos e radicais inventam mil e um argumentos para não se “misturarem” com quem não aceita e não professa as verdades da sua igreja, preferindo ver na pessoa do outro um inimigo da fé. Quanta falta de caridade e quanta ignorância!
Fechados em suas velharias religiosas não conseguem perceber que a graça e a Salvação que Jesus nos trouxe, está acima de qualquer doutrina ou instituição humana. Anunciam um Jesus, que com sua morte e ressurreição fez do Judeu e do pagão um só homem, entretanto vivem divididos por causa da intolerância e da crença em um céu particular e exclusivo, que receberão das mãos do próprio Deus como “prêmio” pela sua virtude e fidelidade. Esbarrei e convivi com pessoas assim na minha igreja e nas demais que andei visitando, aliás, há duas coisas que fazem esses cristãos torcerem o nariz: falar sobre ecumenismo e política! Esse fanatismo religioso já vem do grupo dos discípulos, que no evangelho desse domingo demonstram indignação ao verem um homem que pregava e realizava curas em nome de Jesus e o proíbem severamente de continuar e depois, orgulhosos pelo “feito”, vão informar a Jesus que lhes censura “Quem não está contra nós, está a nosso favor!”.
Do mesmo modo, na primeira leitura, Josué demonstra-se indignado ao tomar conhecimento de que dois homens, Eldad e Medad, cujos nomes constavam na lista, mas que não foram para a reunião da tenda, estavam no acampamento profetizando porque tinham recebido o espírito que Deus havia derramado sobre os anciãos. Fez a denúncia a Moisés, que em resposta manifesta o seu desejo de que todo o povo de Israel profetizasse movido pelo Espírito de Deus, que nunca foi e jamais será monopólio de ninguém.
Qualquer gesto de aceitação da Boa Nova, ainda que seja apenas um copo de água fria, não ficará sem recompensa – afirma Jesus, mas dos seus seguidores ele exige uma atitude radical a favor do bem, da vida e da comunhão entre as pessoas. As sementes do Reino de Deus foram espalhadas por Cristo em todas as nações da terra e, portanto, em todas as culturas e línguas temos a prática do bem. Vivemos em um mundo onde as pessoas se fecham e constroem barreiras ou abismos em seu redor, para que ninguém se aproxime.
É nesse sentido que podemos escandalizar e levar ao pecado um desses pequenos, se ao invés de construir pontes, nós cavamos abismos e levantamos muros da indiferença, da rejeição e do desprezo, até mesmo em nossas comunidades. Mãos, pés e olhos são essenciais na comunicação com os irmãos, os pés podem aproximar-se ou tomar distância, as mãos podem se estender em um gesto de abertura e acolhimento ou fazer um gesto agressivo, os olhos podem olhar para o outro com um espírito de comunhão ou então de desprezo e frieza. No pecado da divisão entre os cristãos, todos têm parcela de culpa.
A tentação de olhar para a história e buscar um culpado é sempre muito forte, mas o passado não nos importa, e sim o que podemos fazer hoje para eliminar muros e levantar pequenas pontes que unem, pois de cavadores de abismos e construtores de muros, o mundo já anda infectado. Buscamos o mesmo Deus, que se manifestou em Jesus e queremos o mesmo céu, que começa a ser construído aqui, não com divisões, mas na comunhão! (26ª. Domingo do TC Marcos 9, 38-43.45.47-48)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail cruzsm@uol.com.br
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail cruzsm@uol.com.br
2. Acolher em nome de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
VIDE ACIMA
Oração
Senhor Jesus, faze-me alegrar com o Reino que dá seus frutos, na história humana, das formas mais imprevistas, para além do controle humano.
3. EM NOME DE JESUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Um fenômeno de exorcismo causou preocupação no grupo de discípulos de Jesus. A pessoa que expulsava demônios, em nome de Jesus, não pertencia ao grupo dos doze. A reação espontânea foi a de proibi-la, como se estivesse agindo de maneira abusiva.
A atitude intolerante dos discípulos escondia uma forte dose de sectarismo. Pareciam mais preocupados em garantir sua fama e o sucesso do grupo, do que com a expansão do Reino, que prescindia deles. O exorcismo, feito por um desconhecido, fora considerado como uma forma de concorrência. Os discípulos sentiam que estavam perdendo o controle da missão que lhes fora confiada por Jesus. Talvez se julgassem detentores exclusivos desta missão, não admitindo a participação de outros.
Jesus assumiu uma atitude de extrema tolerância em relação ao exorcista anônimo e não aprovou a proibição que lhe fora imposta. Se o indivíduo, de fato, foi capaz de realizar um milagre, invocando o nome de Jesus, é porque, de alguma forma, sabia-se em comunhão com ele. Seria impensável que, logo em seguida, se pusesse a falar mal do Mestre e desmerecer sua obra. Portanto, podia continuar livremente a fazer o bem em nome dele.
A orientação de Jesus evitou que a comunidade dos discípulos se fechasse em si mesma, transformando-se numa seita intolerante. Foi um orientação ecumênica.
Oração
Senhor Jesus, faze-me alegrar com o Reino que dá seus frutos, na história humana, das formas mais imprevistas, para além do controle humano.
30.09.2012
26º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
TEMPO DE AMAR E LER A BÍBLIA - SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA
__ "Quem não é contra nós é a nosso favor" __
26º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
TEMPO DE AMAR E LER A BÍBLIA - SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA
__ "Quem não é contra nós é a nosso favor" __
![]() |
|
30 de
setembro – 26º DOMINGO COMUM
O CONCÍLIO E OS LEIGOS
Dando continuidade à proposta de – mensalmente ao longo deste ano, neste
espaço de O DOMINGO-CELEBRAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS – recordar o Concílio
Ecumênico Vaticano II ao comemorarmos 50 anos de seu início, escolhemos para
este mês o decreto Apostolicam Actuositatem, que versa sobre o apostolado dos
leigos.
Uma das intenções do Concílio Ecumênico Vaticano II foi resgatar a figura do
cristão leigo na Igreja. Embora a Ação Católica, anterior ao concílio, tenha
tido a mesma motivação, nele foi mais forte a valorização, porque
consubstanciada no decreto Apostolicam Actuositatem, sobre o apostolado dos leigos,
o qual não é uma novidade. O documento relembra: “As Sagradas Escrituras provam
abundantemente quão espontânea e fecunda foi esta atividade nos primeiros
tempos da Igreja”. E fundamenta a participação dos leigos com esta afirmação:
“Nasceu a Igreja com a missão de expandir o reino de Cristo por sobre a terra,
para a glória de Deus, tornando os homens todos participantes da redenção
salutar e orientando de fato através deles o mundo inteiro para Cristo”.
A atuação dos leigos e leigas nas atividades da Igreja não é uma concessão nem
um trabalho voluntário da parte deles. É dever e direito decorrentes da sua
vocação batismal. Consta no documento: “Os leigos derivam o dever e o direito
do apostolado de sua união com Cristo-Cabeça. Pois, inseridos pelo batismo no
Corpo Místico de Cristo, pela confirmação, robustecidos na força do Espírito
Santo, recebem do próprio Senhor a delegação do apostolado”.
Apostolicam Actuositatem alerta para a necessidade de consistente vida
interior: “A fecundidade do apostolado dos leigos depende de sua união vital
com Cristo”. Essa união com Cristo depende da familiaridade do cristão com a
palavra de Deus – e, nesse sentido, o mês da Bíblia é particularmente
convidativo. A esse propósito, o documento conciliar sublinha: “Só pela luz da
fé e meditação da palavra de Deus é possível, sempre e em toda a parte,
reconhecer Deus no qual ‘vivemos, nos movemos e somos’ (At 17,28), procurar a
sua vontade em todo o acontecimento, ver Cristo em todos os homens, quer
próximos, quer afastados, ter um conceito exato do verdadeiro significado e do
valor das coisas temporais, em si mesmas e em ordem ao fim do homem”.
Acrescenta-se a isso a vida de oração e a frequência sacramental, especialmente
à eucaristia. Ninguém dá o que não tem.
Preparados interiormente, convictos da necessidade de produzir frutos, os
leigos e leigas têm condição de iluminar o mundo e salgar a terra, transformar
a sociedade numa comunidade humana em que todos sejam felizes.
D. Geraldo Majella Agnelo
Cardeal
Arcebispo Emérito de Salvador
Dia 30 de setembro – MISSA DO 26º DOMINGO COMUM
ANO B (Verde) – ANO XXXV – REMESSA X

PONTOS DE REFLEXÃO
I LEITURA – Nm 11,25-29
Para ajudar Moisés na difícil
tarefa e animação do povo
peregrino no deserto, o Senhor infunde o espírito de
Moisés sobre “setenta anciãos”, reunidos após indicação
do próprio Deus. Sãos
anciãos do povo, isto é, escolhidos
de entre os que já ocupam chefias e
responsabilidades no
contexto das diversas famílias de Israel.
O texto está colocado no
interior dos quatro capítulos do
Livro dos Números que narram a caminhada do
povo de
Israel no deserto, do Sinai até Farã. É uma caminhada
recheada de
murmurações e rebeldias, mas também
de sinais de autêntica predileção e
proximidade da parte
de IHWH. Entre estas podemos recordar o envio e dádiva
das
codornizes, com a intenção imediata de matar a fome
aos israelitas; e a
formação do grupo dos “setenta anciãos”,
como ajudantes e colaboradores
valiosos de Moisés,
na difícil tarefa de administrar a justiça entre o povo. A
opção
e a consequente designação atinge o ápice na “infusão”
sobre eles do
“espírito” de Moisés, um carisma divino, no início
pessoal e agora partilhado.
O dom de “profetizar”
não fica encerrado no restrito número
dos presentes junto à “tenda” da reunião,
mas alcança
também aqueles que, apesar de designados, tinham ficado
no
“acampamento”, e portanto fora do lugar indicado. O facto
suscita admiração! Josué
propõe a Moisés que corrija o erro.
Mas este, “o homem mais humilde” entre
todos os
homens da terra, vê no episódio um sinal claro da liberdade
com a qual
Deus costuma conceder o Seu espírito.
Sugere por isso, sapientemente, que não
se levantem
empecilhos demasiado cedo! Pelo contrário, convida todos
os que
inutilmente se preocupam com isso, a considerarem
com alegria e sem ciúmes o
que aconteceu.
O episódio, embora simples na
sua dinâmica, abre um
amplo horizonte sobre Deus e sobre a atuação eficaz
e
generosa do seu espírito naqueles que se dispõem a acolhê-Lo.
II LEITURA Tg 5,1-6
Os ricos, protagonistas desta
passagem da Carta de Tiago,
fazem provavelmente parte da comunidade cristã. O
autor
censura-lhes os delitos e preanuncia o castigo que virá em
breve, se não
houver uma rápida conversão. A vinda iminente
do Senhor fez-lhes abrir então os
olhos e descobrir que,
aquilo que parecia ouro brilhante é na realidade apenas
“ferrugem”, inútil e corrosiva.
Este texto é sem dúvida o mais
duro e cortante de toda a
Carta de Tiago. Parece-nos que quase ouvir a sua voz
acalorada e forte a discursar numa catequese! Merece
atenção – sobre o ponto de
vista estilístico- também o
emprego cuidadoso dos verbos. O presente histórico
fala
e descreve a situação de pranto e desespero iminente em
que, em breve,
virão encontrar-se os ricos: embora na altura
pareçam seguros e desdenhosos,
depressa conhecerão a
destruição e a ruína.
Depois, o passado lá está a
testemunhar a grande quantidade
de mal feito, a injustiça descarada e
desdenhosa
demonstrada por eles em relação aos mais fracos, aos
“trabalhadores”
que eles exploraram e a quem roubaram o
“salário”, afinal a única garantia de
vida no presente e
para o futuro. Na verdade, os “protestos” dos pobres ainda
não terminaram, e no entanto estão prestes a confundir-se
com os mesmos
“gritos” desesperados dos ricos. Estes
arruinaram-se com as próprias mãos,
porque – afirma o
autor com fina ironia e desprezo – se “saciaram” impiamente
e
“cevaram o seu coração para o dia da matança”. O futuro,
depois, apenas lhes
trará desventura e condenação. Eles
pensavam possuir ainda alguma coisa, ao
passo que as
suas riquezas já “apodreceram” e a própria vida está a
escorregar-lhes das mãos.
A expressão “Senhor do
Universo” quer indicar a parte que
Deus vai assumir nesta circunstância. Ele
não ficará
apenas a olhar! Como sempre, colocar-Se-á ao lado dos
“justos” e
como defesa do pobre, porque os ricos chegaram
inclusive a “condenação” e até a
“matar”, ultrapassando
todas as medidas.
EVANGELHO Mc 9,38-43.45.47-48
Jesus prossegue a Sua
catequese aos discípulos, mediante
algumas indicações práticas, expressas com
uma linguagem
no limite do “bom senso comum”. Convida-os a serem flexíveis
e
tolerantes para com os marginalizados e a viverem na
caridade; a defenderem os
mais “pequenos” do mal; a
estarem atentos às tentações e à falsa segurança em
si próprios.
João e os outros discípulos
não conseguiram ainda pensar
segundo a lógica de Jesus, seu Mestre, a qual é
para Ele, na
perspetiva da cruz, lógica de serviço e de humilde diaconia.
Preferem nesse momento a lógica comum do sectarismo e da
separação, ou seja,
pretendem ter o exclusivo e o monopólio
da salvação.
A comunidade que Jesus está a
formar e a construir
pacientemente a Seu lado deverá, pelo contrário,
colocar-se
no Seu seguimento, e portanto estar aberta a todos, sejam
eles bons
ou maus, grandes ou pequenos. Não deverá por isso
fechar-se em si mesma, mas
ser acolhedora também daqueles que
se situam além e aquém do círculo visível e
numerado
dos Seus.
Na perspectiva de Jesus, quem
luta pela justiça e faz obras em
favor do homem, está do lado de Jesus e vive
na dinâmica do
Reino, mesmo que não esteja formalmente dentro da estrutura
eclesial. A comunidade de Jesus não pode ser uma
comunidade fechada, exclusivista,
monopolizadora, que amua
e sente ciúmes quando alguém de fora faz o bem; nem
pode
sentir-se atingida nos seus privilégios e direitos pelo facto
de o
Espírito de Deus actuar fora das fronteiras da Igreja…
A comunidade de Jesus
deve ser uma comunidade que põe,
acima dos seus interesses, a preocupação com o
bem do homem;
e deve ser uma comunidade que sabe acolher, apoiar e
estimular
todos aqueles que actuam em favor da libertação
dos irmãos.
Na segunda parte do nosso texto (vers. 42-48),
temos outros “ditos” de
Jesus que abordam outros temas.
Constituem também indicações aos discípulos
sobre as
atitudes a assumir para integrar plenamente a comunidade
do Reino.
Nesses “ditos”, são usadas imagens fortes,
expressivas, hiperbólicas, bem ao
gosto dos pregadores da
época, destinadas a impressionar profundamente os
ouvintes. Não são expressões para traduzir à letra; mas
são expressões que
pretendem marcar a necessidade de
fazer escolhas acertadas, de optar com
radicalidade
pelos valores do Reino.
Padre José Granja - Reitor da Basílica dos Congregados, Braga (Portugal)
O verdadeiro discípulo não tem inveja
do bem que os outros fazem
Postado por: homiliasetembro 30th, 2012
Estamos ainda em Cafarnaum, a cidade de pescadores situada
junto ao Lago de Tiberíades. Jesus está “em casa” rodeado pelos
discípulos. A ida para Jerusalém está próxima e os discípulos estão
conscientes de que se aproximam tempos decisivos para esse projeto
em que estão envolvidos.
O tema principal aparece na primeira parte do Evangelho. Refere-se
à necessidade da comunidade cristã ser uma comunidade
aberta, acolhedora, tolerante, capaz de aceitar como sinais
de Deus os gestos de amor que acontecem no mundo.
O Evangelho deste domingo apresenta-nos um grupo de
discípulos ainda muito atrasados na aprendizagem do “caminho
do Reino”. Eles ainda raciocinam em termos de lógica do mundo
e têm dificuldades em libertar-se dos seus interesses egoístas,
dos seus esquemas pessoais, seus preconceitos e sonhos
de grandeza e poder… Eles não querem entender que, para
seguir Jesus, é preciso cortar com certos sentimentos e atitudes
incompatíveis com a radicalidade exigida pelo Reino. As
dificuldades que estes discípulos apresentam, no sentido de
responder a Jesus, não nos são estranhas: também fazem parte da
nossa vida e do caminho que, dia a dia, percorremos.
Assim, a instrução que, neste texto, Jesus se dirige aos Seus
discípulos serve também a nós. As propostas de Jesus destinam-se
aos discípulos de todas as épocas; pretendem ajudar-nos a
purificar a nossa opção e a integrar, de forma plena, a
comunidade do Reino.
Antes de tudo, Jesus mostra a eles que a comunidade do Reino
não pode ser uma seita arrogante, fechada, intolerante, fanática,
que se arroga na posse exclusiva de Deus e das Suas propostas.
Tem de ser uma comunidade que sabe qual é o seu papel e a
sua missão, mas que reconhece não ter a exclusividade do bem e
da verdade e que é capaz de se alegrar com os gestos de
bondade e de esperança, os quais acontecem à sua volta,
mesmo quando esses gestos resultam da ação de não-crentes ou
de pessoas que não pertencem à instituição da Igreja.
O verdadeiro discípulo não tem inveja do bem que os
outros fazem, não sente ciúmes se Deus atua por meio
de outras pessoas, não pretende ter o monopólio da verdade
nem ter “exclusividade” em relação a Jesus. O verdadeiro discípulo
se esforça, a cada dia, por testemunhar os valores do Reino e se
alegra com os sinais da presença de Deus em tantos irmãos
com outros percursos religiosos, que lutam por construir um mundo
mais justo e mais fraterno.
Os discípulos de que o Evangelho de hoje nos fala estão
preocupados com a ação de alguém que não é do grupo,
pois temem ver postos em causa os seus sonhos pessoais de
poder e de grandeza. Por detrás dessa preocupação dos discípulos
não está o bem do homem (aquilo que, em última análise, deveria
“mover” os membros da comunidade do Reino), mas a
salvaguarda de certos interesses egoístas. Nas nossas
comunidades cristãs ou religiosas, há pessoas capazes de gestos
incríveis de doação, de entrega, de serviço aos irmãos; mas há
também pessoas cuja principal preocupação é proteger o espaço
que conquistaram e continuar a manter um estatuto de poder e
prestígio. Quando afastamos, com o pretexto de defender a pureza
da fé, os interesses da moralidade ou tranquilidade da
comunidade, aqueles que desafiam a comunidade a purificar-se
e a procurar novos caminhos para responder aos desafios de
Deus, estaremos a proteger os interesses de Deus ou os
nossos projetos, os nossos esquemas interesseiros, as
nossas apostas pessoais?
Jesus exige dos discípulos o corte radical com os valores,
os sentimentos, as atitudes que são incompatíveis com
a opção pelo Reino. O discípulo de Jesus nunca está
acomodado, instalado, conformado, mas está sempre atento e
vigilante, procurando detectar e eliminar de sua existência tudo
aquilo que lhe impede o acesso à vida plena. Naturalmente, a
renúncia ao egoísmo, ao comodismo, ao orgulho, aos
esquemas pessoais, à vontade de poder e de domínio,
ao apelo do êxito, ao “aplauso das multidões”, é um
processo difícil e doloroso; mas é também um processo
que gera vida nova.
O que é que eu necessito, prioritariamente, de “cortar”
da minha vida, para me identificar mais com Jesus,
para merecer integrar a comunidade do Reino, para ser
mais livre e mais feliz?
O apelo de Jesus à sua comunidade, no sentido de não
“escandalizar” os pequenos, faz-nos pensar na forma
como lidamos, enquanto pessoas e enquanto comunidades,
com os pobres, os que falharam, os que têm atitudes moralmente
reprováveis, aqueles que têm uma fé pouco consistente, aqueles
que a vida marcou negativamente, aqueles que a sociedade
marginaliza e rejeita. Eles encontram em nós a proposta
libertadora que Cristo lhes faz, ou encontram em nós
rejeição, injustiça, marginalização, mau exemplo? Quem vê
o nosso testemunho tem razões para aderir a Cristo ou
para se afastar de Cristo?
Senhor Jesus, faz-me alegrar com o Reino que dá seus frutos,
na história humana, das formas mais imprevistas, para
além do controle humano.
Padre Bantu Mendonça
Leitura Orante
Mc 9,38-43.45.47-48 – Quem não é contra nós é por nós

DIA DA BÍBLIA
- A todos nós, a paz de Deus,
nosso Pai,
a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
Preparo-me para a Leitura, rezando:
Jesus Mestre, que dissestes:
"Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome,
eu aí estarei no meio deles",
ficai conosco,
aqui reunidos (pela grande rede da internet),
para melhor meditar
e comungar com a vossa Palavra.
Sois o Mestre e a Verdade:
iluminai-nos, para que melhor compreendamos
as Sagradas Escrituras.
Sois o Guia e o Caminho:
fazei-nos dóceis ao vosso seguimento.
Sois a Vida:
transformai nosso coração em terra boa,
onde a Palavra de Deus produza frutos
abundantes de santidade e missão.
(Bv. Alberione)
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto:
Mc 9,38-43.45.47-48,
e observo o
diálogo entre os discípulos e Jesus.
João disse:
- Mestre, vimos um homem que expulsa demônios pelo
poder do nome do senhor, mas nós o proibimos de fazer
isso porque ele não é do nosso grupo.
Jesus respondeu:
- Não o proíbam, pois não há ninguém que faça milagres
pelo poder do meu nome e logo depois seja capaz de falar
mal de mim. Porque quem não é contra nós é por nós.
Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem der um
copo de água a vocês, porque vocês são de Cristo, com
toda a certeza receberá a sua recompensa.
Jesus continuou:
- Quanto a estes pequeninos que crêem em mim, se alguém
for culpado de um deles me abandonar, seria melhor
para essa pessoa que ela fosse jogada no mar, com
uma pedra grande amarrada no pescoço. Se uma das
suas mãos faz com que você peque, corte-a fora! Pois
é melhor você entrar na vida eterna com uma só mão do
que ter as duas e ir para o inferno, onde o fogo nunca se
apaga.Se um dos seus pés faz com que você peque,
corte-o fora! Pois é melhor você entrar na vida eterna
aleijado do que ter os dois pés e ser jogado no
inferno. Se um dos seus olhos faz com que você peque,
arranque-o! Pois é melhor você entrar no Reino de Deus
com um olho só do que ter os dois e ser jogado no
inferno. Ali os vermes que devoram não morrem, e
o fogo nunca se apaga.
Os discípulos estavam preocupados porque uma pessoa
expulsava demônios em nome de Jesus e não era do
seu grupo. Para eles isto era um abuso e devia ser
proibido. A intolerância dos discípulos revelava o
desejo de controlar a missão e evitar qualquer
concorrência. Talvez considerassem a missão
exclusividade deles e não admitissem a participação
de outros. O Mestre expressa uma atitude de profunda
tolerância para com o o homem exorcista. Era lógico:
se o homem expulsou o demônio em nome de Jesus
é porque tinha alguma comunhão com ele. Seria
impossível que em seguida fosse falar mal do Mestre.
Logo, podia livremente fazer o bem em
nome de Jesus.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Qual palavra mais me toca o coração?
Entro em diálogo com o texto. Reflito e atualizo.
A postura de Jesus evitou que a comunidade se fechasse
em si mesma, se transformando numa seita intolerante.
Jesus fez uma orientação ecumênica. Os bispos também
orientam para este diálogo:
“Faz mais de quarenta anos que o
Concílio Vaticano II
reconheceu a ação do Espírito Santo no movimento pela
unidade dos cristãos. Desde então, temos colhido
muitos frutos. Neste campo, necessitamos de
mais agentes de diálogo e melhor qualificados. É bom
tornar mais conhecidas as declarações que a própria
Igreja Católica tem subscrito no campo do ecumenismo
desde o Concílio. Os diálogos bilaterais e multilaterais
têm produzido bons frutos. Também é oportuno estudar
o Diretório ecumênico e suas indicações em relação
a catequese, a liturgia, a formação presbiteral
e a pastoral. A mobilidade humana, característica
do mundo atual, pode ser ocasião propícia para o
diálogo ecumênico da vida.”
reconheceu a ação do Espírito Santo no movimento pela
unidade dos cristãos. Desde então, temos colhido
muitos frutos. Neste campo, necessitamos de
mais agentes de diálogo e melhor qualificados. É bom
tornar mais conhecidas as declarações que a própria
Igreja Católica tem subscrito no campo do ecumenismo
desde o Concílio. Os diálogos bilaterais e multilaterais
têm produzido bons frutos. Também é oportuno estudar
o Diretório ecumênico e suas indicações em relação
a catequese, a liturgia, a formação presbiteral
e a pastoral. A mobilidade humana, característica
do mundo atual, pode ser ocasião propícia para o
diálogo ecumênico da vida.”
(DAp 231).
Como me sinto neste movimento e diálogo ecumênico?
O meu Projeto de vida é o do Mestre Jesus Cristo?
3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo com o bem-aventurado Alberione:
Jesus Mestre, disseste que a vida eterna consiste
em conhecer a ti e ao Pai.
Derrama sobre nós, a abundância
do Espírito Santo!
Que ele nos ilumine, guie e fortaleça no teu seguimento,
porque és o único caminho para o Pai.
Faze-nos crescer no teu amor,
para que sejamos, como o apóstolo Paulo
testemunhas vivas do teu Evangelho.
Com Maria,
Mãe Mestra e Rainha dos Apóstolos,
guardaremos tua Palavra,
meditando-a no coração.
Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, tem piedade de nós.
4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus.
Vou eliminar do meu modo de pensar e agir aquilo
que não vem de Deus, que não é conforme o
Projeto de Jesus Mestre. Vou abrir meu
coração para o diálogo ecumênico.
Escolho uma frase ou palavra para memorizar.
Vou repeti-la durante o dia. Esta Palavra vai f
azendo parte da minha vida...
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde.
Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós.
Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz.
Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso,
- Abençoe-nos Deus misericordioso,
Pai e Filho e Espírito Santo.
Amém.
Setembro - mês da Bíblia 2012
Setembro - mês da Bíblia 2012
O tema é: Discípulos Missionários a partir
do Evangelho de Marcos
e o lema é: Coragem! Levanta-te! Ele te chama!
Oração Final
Pai Santo, faze-nos a compreender que o nosso
corpo é
templo do Espírito e que, por isto, devemos ser testemunhas
para o nosso próximo de que o teu Reino já está em nós.
Dá-nos coragem e força, Pai amado, para seguirmos o
Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo
reina na unidade do Espírito Santo.
templo do Espírito e que, por isto, devemos ser testemunhas
para o nosso próximo de que o teu Reino já está em nós.
Dá-nos coragem e força, Pai amado, para seguirmos o
Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo
reina na unidade do Espírito Santo.

Nenhum comentário:
Postar um comentário