
O que é namorar?
Tempo de conhecer o outro
O namoro é dinâmico como a própria vida das
pessoas. Hoje, a liberdade é enorme quando se fala desse assunto, o que, aliás,
torna-se ocasião para muitos desvirtuamentos nessa área. Coisas que para a
geração anterior era impensável, hoje tornou-se comum entre os jovens, como,
por exemplo, viajar juntos sem os pais; dormirem na mesma casa, entre outros.
Se por um lado essa liberação pode até facilitar a maturidade dos jovens
namorados, não há como negar que é uma oportunidade imensa para que o
relacionamento deles ultrapasse os limites de namorados e os precipite na vida
sexual.
Lamentavelmente tornou-se comum entre os casais de namorados a vida
sexual, inadequada nessa fase. O namoro, como já mostramos, é o tempo de
conhecer o outro, escolher o parceiro com quem a vida será vivida até a morte,
e é o tempo de crescimento a dois. Tudo isso será vivido por meio de um diálogo
rico dos dois, pelo qual cada um vai se revelando ao outro, trocando as suas
experiências e as suas riquezas interiores. Dessa forma, começa a construção
recíproca de cada um, o que continuará após o casamento.
O namoro implica o reconhecimento do outro, a sua aceitação e a
comunicação com ele. É diferente conhecer uma pessoa e conhecer um objeto. O
objeto é frio, a pessoa é um “mistério”; não pode ser entendida só pela
inteligência, pois a sua realidade interior é muito mais rica do que a ideia
que fazemos dela pelas aparências. Você só poderá conhecer a pessoa pelo
coração e pela revelação que ela faz de si mesma a você. No objeto vale a
quantidade, o peso, o tamanho, a forma, o gosto; na pessoa vale a qualidade. O
objeto é um problema a ser resolvido; a pessoa é mistério a ser revelado e
compreendido. Saiba que você está diante de uma pessoa que é única (indivíduo),
insubstituível, original, distinta de todos os outros... Alguém já disse que
cada pessoa é “uma palavra de Deus que não se repete”. Não fomos feitos numa
fôrma.
No namoro você terá de respeitar essa “individualidade” do outro, para
não sufocá-lo. Muitas crises surgem porque ambos não se respeitam como pessoas
e únicos. É por isso que as
comparações e os padrões rígidos podem ser prejudiciais. Você não pode querer
que a sua namorada seja igual àquela moça que você conhece e admira; o seu
namorado não tem que ser igual ao seu pai... Cada um é um. A liberdade é uma
condição essencial da pessoa. Sem liberdade não há pessoa.
É no encontro com o outro que a pessoa se realiza; e aqui está a beleza
do namoro vivido corretamente. Ele leva você a abrir-se ao outro. A partir daí
você deixa de ser criança e começa a tornar-se adulto; porque já não olha só
para si mesmo. O namoro é esse tempo bonito de intercomunicação entre duas
almas. Mas toda revelação implica num comprometimento de ambos e num
engajamento de vidas. “Tu te tornas eternamente responsável por aquele que
cativas”, disse o pequeno príncipe [na obra homônima “O Pequeno Príncipe”].
Você se torna responsável por aquele que se revela a você do mais íntimo
do seu ser. Cuidado, portanto,
para não “coisificar” a sua namorada. Às vezes, essa coisificação do
outro se torna até meio inconsciente hoje. Ela acontece, por exemplo, quando o
noivo proíbe a noiva de usar batom ou a proíbe de cortar os cabelos. O marido
“coisifica” a esposa quando a obriga a ter uma relação sexual com ele, quando
não lhe permite participar das “suas” decisões financeiras e quando a proíbe de
ter alguma atividade na Igreja, entre outros. Da mesma forma, o namorado
“coisifica” a namorada quando faz chantagens emocionais com ela para conseguir
o que quer. Assim como a namorada “coisifica” o namorado quando o sufoca
fazendo-o ficar o tempo todo do seu lado, sem que o rapaz possa fazer outros
programas com os amigos...
Não faça do outro um objeto nem deixe que o relacionamento de vocês se
torne uma “dominação do outro”; mas sim, um “encontro” entre ambos.
Namorar é dialogar! O diálogo é mais do que uma conversa; é um encontro
de almas em busca do conhecimento e do crescimento mútuo. Sem um bom diálogo
não há um namoro feliz e bonito. É pelo diálogo que o casal – seja de namorados
ou cônjuges – aprende a se conhecer, ajuda-se mutuamente a corrigir suas
falhas, vence as dificuldades, cultiva o amor, se aperfeiçoa e se une cada vez
mais.
Os namorados que sabem dialogar sabem escolher bem a pessoa adequada,
fazendo uma escolha com lucidez e conhecimento maduro. Para haver diálogo você
precisa aprender a ouvir o outro; a ter paciência para entender o que ele quer
dizer, e, só depois, concordar ou discordar. Seja paciente, não corte a palavra
do outro antes que ele a complete. Lembre-se: diálogo não é discussão. É
preferível “perder” uma discussão do que dominar o outro.
À medida que o tempo for passando, o diálogo amadurecendo e o namoro se
firmando, então será necessário conversar sobre as coisas do futuro, para se
saber quais as aspirações que cada um traz no coração, e se elas se coadunam
mutuamente. Não se trata de ficar sonhando no vazio sobre o futuro, mas de
começar a escolher e a preparar a vida que ambos vão viver e construir amanhã:
a família, os filhos, entre outros projetos.
Nada de real se faz nesta vida sem um sonho, um projeto, um plano e uma
construção. Se de um lado, sonhar no vazio é uma doce ilusão; por outro,
refletir sobre o que se quer construir no futuro é uma necessidade. É assim que
nasce um lar.

Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com
felipeaquino@cancaonova.com
Prof. Felipe Aquino, casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É
membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de
aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta
dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e
"Trocando Idéias". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br
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