sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 24/02/2023

ANO A


Mt 9,14-15

Comentário do Evangelho

O sentido do jejum

O evangelho não nos informa de que jejum se trata. Dos fariseus, Lucas diz que jejuavam duas vezes por semana (Lc 18,12), mas dos discípulos de João nós não temos nenhuma informação. Quanto à prática do jejum, o texto parece associar os discípulos de João aos fariseus. O Levítico recomenda o jejum para o dia do perdão dos pecados (Lv 23,26-32). Havia, de fato, entre os fariseus a tendência de estender, como lei, para a vida cotidiana de todo o povo certa ascese individual ou de grupo. Jesus também, antes de iniciar o seu ministério público, jejuou durante quarenta dias (Mt 4,2; Lc 4,2). Os Profetas Isaías e Zacarias não abolem o jejum, mas o relativizam em face do amor e da misericórdia (Is 58,1-12; Zc 7). Jesus dá à prática do jejum um sentido cristológico: é em relação à ausência (morte) do "noivo" que ele deve ser praticado.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, desejo preparar-me bem para celebrar a Páscoa, tempo de reencontro com o Ressuscitado. Que o jejum me predisponha, do melhor modo possível, para este momento.
Fonte: Paulinas em 15/02/2013

Comentário do Evangelho

O verdadeiro jejum

Nosso texto é uma controvérsia entre os discípulos de João e Jesus acerca do jejum não observado pelos discípulos do Nazareno. Certamente, embora o texto não nos informe, não se trata do jejum prescrito pela Lei de Moisés. Dos fariseus, o próprio Lucas nos informa que eles jejuavam duas vezes por semana (Lc 18,12), mas dos discípulos de João não temos nenhuma notícia quanto a essa prática em todo o Novo Testamento. O único dia de jejum prescrito pela Lei de Moisés é para o dia do perdão (cf. Lv 23,26-32). Os fariseus que consideram a si mesmos como justos queriam impor a todo o povo as suas práticas ascéticas. É bastante provável que é disso que se trate. Jesus, antes de iniciar o seu ministério público, jejuou durante quarenta dias (Mt 4,2; Lc 4,2). Há, no Antigo Testamento, passagens em que um jejum puramente exterior, incapaz de transformar a vida da pessoa, é duramente criticado. Isaías e Zacarias, por exemplo, relativizam o jejum em face do amor e da misericórdia, que são exigências primordiais da Lei (Is 58,1-12; Zc 7). Jesus centra a prática do jejum na cristologia, a saber, é em relação à ausência do “noivo”, uma referência à sua morte, que o jejum deve ser praticado. Seguindo essa linha de raciocínio, a Igreja prescreve para os cristãos católicos o jejum na Sexta-Feira Santa.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, desejo preparar-me bem para celebrar a Páscoa, tempo de reencontro com o Ressuscitado. Que o jejum me predisponha, do melhor modo possível, para este momento.
Fonte: Paulinas em 07/03/2014

Vivendo a Palavra

Jejum significa domínio sobre nós mesmos, ordenamento das prioridades pessoais: os apetites, as paixões e mesmo a busca de conhecimento devem estar subordinados ao espírito, conscientes de que já vivemos, ainda que não em sua plenitude, no Reino do Pai Misericordioso. O nosso jeito de existir refletirá esta disposição interior.
Fonte: Arquidiocese BH em 15/02/2013

VIVENDO A PALAVRA

O jejum que se costumava pedir ao povo era um ato restrito aos sinais externos – rosto triste, roupa de sacos, cinza na cabeça… – e o vazio, a aridez nos corações. Não era a isso que Jesus visava. Ele queria de seu povo e deseja de sua Igreja: Justiça, fraternidade, compaixão e solidariedade; em resumo: Amor a Deus, que se manifesta no cuidado com os irmãos.
Fonte: Arquidiocese BH em 28/02/2020

VIVENDO A PALAVRA

Jesus não ‘fazia’ jejum para cumprir uma norma. O jejum simplesmente acontecia: Ele Se esquecia de Si mesmo, naturalmente… Tudo decorria das prioridades que Ele elegia: a melhor parte do seu tempo era dedicada à oração, encontro pessoal com o Pai. Permanecia em silêncio, enlevado, até que fosse descoberto pela multidão que merecia dele atenção e cuidado. E não lhe restava tempo para cuidar das carências do próprio corpo. Isaías profetizou isso quinhentos anos antes…
Fonte: Arquidiocese BH em 19/02/2021

Reflexão

As práticas religiosas não podem ser simples ritualismos que cumprimos por costume ou tradição. Os fariseus e os discípulos de João faziam jejum, cumprindo os valores tradicionais da religiosidade de sua época, mas o cumprimento desses valores não lhes foi suficiente para que se tornassem capazes de reconhecer o tempo em que estavam vivendo e por quem foram visitados, de modo que não puderam viver a alegria de quem tem o próprio Deus presente em suas vidas e nem puderam usufruir de forma mais plena essa presença de graça. Somente quem viver uma verdadeira religiosidade que seja capaz de estabelecer um relacionamento profundo e maduro com Deus e perceber os seus apelos nos dos sinais dos tempos pode colher os frutos dessa religiosidade.
Fonte: CNBB em 15/02/2013 07/03/2014

Reflexão

Os discípulos de João Batista ainda não perceberam que é tempo de festa, e não de jejum: o Messias, noivo da nova família de Deus, está presente. “Dias virão em que o noivo será tirado deles”. A expressão pode se aplicar tanto à hora da Paixão e morte de Jesus, como ao tempo após sua ressurreição. São os nossos dias. Tempo de disciplina espiritual e prontidão, enquanto “aguardamos a vinda do Cristo Salvador”. Indiretamente, Jesus resgata, a partir de Isaías, o significado do jejum que agrada a Deus: “Romper as amarras da injustiça, desfazer as correntes da canga, pôr em liberdade os oprimidos… repartir o pão com quem passa fome, hospedar em casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu e não se fechar diante daquele que é sua própria carne” (Is 58,6-7).
Oração
Ó Jesus, nosso Mestre e Senhor, ensina-nos o verdadeiro valor do jejum. Para teus discípulos, outrora, jejuar indicava experimentar tua ausência nos dias de tua Paixão e morte. Para nosso conforto, pela tua ressurreição, decidiste permanecer para sempre conosco. Tempo de alegria. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Fonte: Paulus em 28/02/2020

Reflexão

O pequeno texto de hoje trata da questão do jejum. Os discípulos de João Batista estão preocupados e questionam Jesus por que eles jejuam enquanto os discípulos do Mestre não jejuam. Jesus responde que ele é o “noivo da comunidade”, e enquanto ele está presente não há motivo para jejuar. No dia em que ele for tirado da comunidade, talvez haja motivos para jejuar. O tempo da sua presença na vida terrena é uma festa de bodas, e não convém o jejum. O jejum já foi muito mais vivido e valorizado na Igreja; hoje em dia, é exigido apenas na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. O jejum faz sentido se leva aquele que o faz a solidarizar-se com os que jejuam frequentemente por não possuírem comida. Além do jejum de alimento, há muitos outros que podemos assumir, principalmente nestes tempos de consumismo exacerbado.
ORAÇÃO
Ó Jesus, nosso Mestre e Senhor, ensina-nos o verdadeiro valor do jejum. Para teus discípulos, outrora, jejuar indicava experimentar tua ausência nos dias de tua paixão e morte. Para nosso conforto, pela tua ressurreição, decidiste permanecer para sempre conosco. Tempo de alegria. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Fonte: Paulus em 19/02/2021

Reflexão

Jesus se apresenta como o noivo que desposa a comunidade e convida todos a viverem esta festa sublime. E a festa é justamente a presença dele, de suas obras em favor dos menos favorecidos. A festa da renovação de mentalidade. Momento de reconhecer que não é o acúmulo de obras que apressa a vinda do Messias. Jesus já está presente como expressão viva do infinito amor de Deus. É preciso entrar em comunhão com ele. Portanto, nem jejum nem luto, mas festa jubilosa porque Deus está conosco. A resposta de Jesus não desvaloriza nem anula a prática do jejum. Mas é preciso não se deter em ações que desviam o foco do que é mais importante: no centro estão Jesus e seus ensinamentos. Nesta nova realidade, mais importante do que o jejum é acolher Jesus, presente também na vida do outro.
(Dia a Dia com o Evangelho 2023)

Reflexão

«Dias, porém, virão, em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão»

Rev. D. Xavier PAGÉS i Castañer
(Barcelona, Espanha)

Hoje, primeira sexta-feira da Quaresma, tendo feito jejum e a abstinência da quarta-feira de Cinza, procuramos oferecer o jejum e o Santo Rosário pela paz, que é tão urgente no nosso mundo. Nós estamos dispostos a ter cuidado com este exercício quaresmal que a Igreja, Mãe e Mestra, nos pede que observemos e, ao recordar o que o mesmo Senhor disse: «Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar de luto, enquanto o noivo está com eles? Mas chegarão dias em que o noivo será tirado do meio deles. Aí então eles vão jejuar» (Mt 9,15). Temos o desejo de vivê-lo não só como o cumprimento de um critério ao que estamos obrigados, e —sobretudo— procurando chegar a encontrar o espírito que nos conduz a viver esta prática quaresmal e que nos ajudará em nosso progresso espiritual.
Em busca deste sentido profundo, podemos perguntar: qual é o verdadeiro jejum? Já o profeta Isaías, na primeira leitura de hoje, comenta qual é o jejum que Deus aprecia: «Comparte com o faminto teu pão, e aos pobres e peregrinos convida-os a tua casa; quando vires ao desnudo, cobre-lo; não fujas deles, que são teus irmãos. Então tua luz sairá como a manhã, e tua saúde mais rápido nascerá, e tua justiça irá à frente de tua cara, e te acompanhará o Senhor» (Is 58,7-8). Deus gosta e espera de nós tudo aquilo que nos leva ao amor autêntico com nossos irmãos.
Cada ano, o Santo Padre João Paulo II nos escrevia uma mensagem de Quaresma. Em uma dessas mensagens, sob o lema «Faz mais feliz dar que receber» (Hch 20,35), suas palavras nos ajudaram a descobrir esta mesma dimensão caritativa do jejum, que nos dispõe —desde o profundo do nosso coração— a prepararmos para a Páscoa com um esforço para identificarmos, cada vez mais, com o amor de Cristo que o levou até a dar a vida na Cruz. Definitivamente, «o que todo cristão deve fazer em qualquer tempo, agora deve fazê-lo com mais atenção e com mais devoção» (São Leão Magno, Papa).

Pensamentos para o Evangelho de hoje

- «Três são as molas que fazem a fé manter-se firme: a oração, o jejum e a misericórdia. Quem possui só um destes três, não possui nenhum» (São Pedro Crisólogo)

- «As Sagradas Escrituras e toda a tradição cristã ensinam que o jejum é uma grande ajuda para evitar o pecado e tudo o que induze a ele. O verdadeiro jejum, repete o divino Mestre, consiste mais bem e cumprir com a vontade do Pai celestial» (Bento XVI)

- «Como já acontecia com os profetas, o apelo de Jesus à conversão e à penitência não visa primariamente as obras exteriores “o saco e a cinza”, os jejuns e as mortificações, mas a conversão do coração, a penitência interior: Sem ela, as obras de penitência são estéreis e enganadoras(…)» (Catecismo de la Igreja Católica, nº 1.430)

Recadinho

No jejum, deixamos de lado algo que nos agrada, oferecendo este gesto em sacrifício e isto se transformará em bênçãos para nossa vida. Tenho consciência disso? - Ou faço parte do grupo daqueles que jejuam... tão somente porque preciso emagrecer? - Sei me alegrar com Jesus Ressuscitado mas também acompanhá-lo no caminho do calvário? - Apesar de às vezes a vida ser difícil, procuro espelhar-me em Cristo? - Purifico meu coração através da oração?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 07/03/2014

Meditação

Jesus e seus discípulos não jejuavam como os fariseus e os discípulos de João, porque não tinha sentido manifestar tristeza e luto ao mesmo tempo que se anunciava um momento privilegiado de salvação. Se hoje jejuarmos, que não seja nem por luto nem por tristeza, como se o Pai nos tivesse abandonado e Jesus não continuasse vivo entre nós, garantia de salvação e de felicidade. Fazer do jejum uma prática de caridade e de misericórdia é bem do agrado de Deus.
Oração
Ó Deus, assisti com vossa bondade a penitência que iniciamos, para que vivamos interiormente as práticas externas da Quaresma. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Meditando o evangelho

O ESPOSO ESTÁ PARA PARTIR

Os discípulos de João, atrelados aos dos fariseus, ficavam incomodados com o comportamento dos discípulos de Jesus, no tocante à prática do jejum. Ao supervalorizar este ato de piedade, imaginavam estar dando mostras de santidade e de seriedade de vida. Não acontecendo o mesmo com o grupo de Jesus, concluíam faltar-lhes profundidade. Quiçá os considerassem levianos e desregrados.
Estas considerações não chegaram a influenciar a pedagogia de Jesus, no trato com os discípulos. Servindo-se da metáfora da festa de casamento, estabeleceu uma clara distinção entre o tempo de alegrar-se e o tempo de jejuar. O primeiro corresponderia ao tempo de sua presença, qual um noivo, junto dos que escolhera para estar consigo. Seria o tempo de festejar, comemorar, desfrutar de uma presença tão querida. O segundo diz respeito ao tempo de sua ausência, a ser consumada por meio da morte de cruz. Figurativamente, seria o tempo da ausência do noivo, no qual todos se preparam para sua chegada, e se privam de alimentos, em vista do banquete que será oferecido.
Portanto, os discípulos não jejuavam simplesmente pelo fato de terem ainda Jesus junto de si. O tempo em que o esposo lhes seria tirado estava se aproximando. Aí, sim, o jejum seria uma exigência, em vista de preparar-se para acolher a segunda vinda do Senhor.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, desejo preparar-me bem para celebrar a Páscoa, tempo de reencontro com o Ressuscitado. Que o jejum me predisponha, do melhor modo possível, para este momento.
Fonte: Dom Total em 28/02/2020 e 19/02/2021

Comentário ao Evangelho

CADA COISA A SEU TEMPO

A atitude de Jesus em relação aos seus discípulos deixava confundidas certas pessoas. O Mestre orientava-os de forma inusitada; seus ensinamentos não coincidiam com as estritas normas religiosas da época. Ele era suficientemente sensato para não se deixar escravizar por determinadas tradições, nem sempre observadas de maneira conveniente.
O fato de Jesus não exigir dos discípulos a prática do jejum gerava suspeitas em seus opositores. Estes não podiam entender como um rabi passasse por cima de uma tradição tão venerável, e não exigisse dos seus a prática frequente do jejum.
A visão de Jesus projetava o jejum para além da pura ascese pessoal. Ele o relacionava com a presença do Messias na história humana. Durante o tempo da vida terrestre do Messias-esposo, não convinha jejuar, para que se patenteasse a alegria de sua presença. Ao se concluir sua missão terrena e Jesus voltar para o Pai, então, será tempo de jejuar auspiciando sua nova vinda.
A prática cristã do jejum é uma forma de manter-se sempre atento, à espera do Messias que vem. A intemperança no comer e no beber pode levar o cristão a olvidar-se do caminho traçado pelo Senhor, e a buscar uma alegria efêmera. Só vale a pena festejar, quando se tem certeza da presença de Jesus.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. A questão do Jejum
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Está em foco, nesta narrativa, a questão da observância religiosa do jejum, conforme os preceitos da Lei dos fariseus e sacerdotes do templo.
O jejum, no Primeiro Testamento, tinha vários sentidos: sinal de luto e pesar, penitência de arrependimento, reforço da oração para mover a Deus. Os fariseus, com muita piedade, jejuavam duas vezes por semana, apresentando-se assim como intercessores pelo povo junto a Javé. Era uma forma de ostentar ares de piedade e conquistar louvores e submissão dos humildes. São aparências que encobrem a hipocrisia, descartada por Jesus.
Jesus vem trazer alegria e felicidade, e não castigo e punição. A conversão que ele pede, diferentemente de fazer jejum e cobrir a cabeça com cinzas, é o desapego da riqueza, assumindo a prática da justiça, da fraternidade e da solidariedade, partilhando a vida e os bens com os famintos e excluídos, em uma comunhão de vida que alegra o coração.
A convivência de Jesus é como uma festa de núpcias, na qual o noivo está presente, e não falta ao banquete. Os convidados são os discípulos, entre publicanos e pecadores. A imagem do noivo presente entre nós indica a realidade da encarnação do Filho de Deus. A alusão final ao jejum, quando "o noivo lhes será tirado", parece ser um acréscimo tardio justificando a retomada do jejum após a morte de Jesus.
Fonte: NPD Brasil em 15/02/2013

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A essência verdadeira
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Os Discípulos de João e os Fariseus representam aqui os cristãos que na comunidade são metódicos e fazem tudo bem “certinho”, porque o Padre mandou, e se julgam no direito de questionar os outros que não o fazem. O Jejum por aquele tempo fazia parte da prática penitencial e também como sinal da espera Daquele que haveria de vir. E assim, vendo que, enquanto eles se privavam de alimentos, enquanto que o grupo dos seguidores de Jesus se esbaldava em banquetes ou Ceias aonde o Mestre era convidado, certamente sentiram uma “Pontinha” de ciúmes e inveja, e decidiram questionar essa atitude.
A verdade é que, os discípulos de Jesus já estavam comendo e se arregalando em uma festança danada de boa, com a presença entre eles, do próprio Senhor, o Messias esperado por todos enquanto que os de João e os Fariseus ainda estavam á espera, fazendo jejum á espera do noivo e assim perdendo o melhor da festa... Enquanto estes vinham com o milho, os de Jesus já retornavam com o Fubá...
Por que isso acontecia? Não é porque os discípulos de Jesus eram mais espertos ou mais inteligentes, mas sim porque abriram o coração para acolher com alegria o Mestre Jesus que trazia algo de novo e inédito, que a velha religião não tinha para oferecer. Crer em Jesus de Nazaré e tornar-se discípulo exigia um desprendimento de todo pensamento antigo, da tradição religiosa do passado.
E daí, os que se julgavam muito entendidos em religião, os Fariseus, não queriam abrir mão de suas convicções religiosas, era melhor ficar com o legalismo e o religiosamente correto do que correr o risco de perder a salvação.
Hoje o recado é muito válido a todos nós cristãos do segundo, a essência da verdadeira relação com Deus é o amor, a busca da justiça e da igualdade, o respeito e a valorização da vida humana, se não nos abrirmos e nos adequarmos para o método novo de evangelização e de anuncio do Reino na pós-modernidade, ficando fechados em nossas velharias religiosas, com a mente e o coração trancados para os que pensam de forma diferente, estamos pregando retalho de pano novo em roupa velha, o tecido não irá resistir.
A essência do Cristianismo é sempre a mesma, anunciamos Jesus Cristo, o mesmo de Ontem, de hoje e de sempre, mas precisamos usar os novos métodos nessa missão, senão vamos todos "mofar" em nossas igrejas, pastorais e movimentos, com nossas práticas espirituais que não levam a lugar nenhum repetindo assim o comportamento farisaico...

2. Dias virão em que o noivo lhes será tirado, então jejuarão - Mt 9,14-15
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Jesus nos deixou um só mandamento, o do amor fraterno: “Isto é o que vos ordeno, que vos ameis uns aos outros”. Tudo mais será feito, ou não, na medida em que nos ajude a praticar o amor. Jejuaremos ou não se o jejum nos ajudar a viver melhor o amor. O verdadeiro jejum do cristão é estar sem Jesus. Quem tem Jesus tem tudo, quem não o tem, não tem nada. “Sem mim, nada podeis fazer”, disse ele. “Tudo posso naquele que me dá força”, escreveu São Paulo. Por que então jejuar? Diz Santo Tomás de Aquino que jejuamos para reprimir os desejos da carne; para que o espírito possa subir mais livremente à contemplação das coisas mais altas e em reparação dos pecados. É bom jejuar. Faz bem para a saúde. Jejuam os maiores de idade até 60 anos. A abstinência de carne se faz depois dos 14 anos. Na prática, coma bem menos do que costuma, sinta fome e não consuma carne no dia de jejum. Ou não faça nenhuma refeição em 24 horas, ou faça uma só refeição completa, ou coma a metade do que costuma comer em cada refeição. Os católicos jejuam na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, e sempre que acharem necessário para melhorar a prática da caridade fraterna. Jejue com a consciência de que você é fraco e pecador. Não jejue, jamais, achando que você é melhor do que os outros, que você é observante e que os outros não o são. Não se glorie de suas boas ações religiosas. Você acabará achando que Deus é seu empregado, porque você é muito bom!
Fonte: NPD Brasil em 28/02/2020

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Jejuar ou fazer Banquete?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Vamos projetar o evangelho lá no seu tempo real em que foi escrito, cerca de 80 a 90 anos após a morte e ressurreição de Jesus, não nos esqueçamos de que são escritos pós-pascais...
Provavelmente havia alguma comunidade exagerando no Jejum sem saber o seu real significado. Jejum não significa tristeza (a pessoa pode até ficar com cara de triste, se na casa dela, justo no dia em que ele decidiu jejuar a esposa prepara uma bela de uma feijoada bem suculenta). O próprio Jesus exortou que quando se jejuasse, lavasse o rosto e usasse perfume, para não ficar com cara de quem está morrendo de fome.
Jejuar é preparar-se para algo grandioso que vem. Quando jejuamos, nos abstemos de alimento porque cremos que o nosso alimento essencial é a Graça de Deus dada através de Jesus. A Igreja orienta jejum em dois dias do ano: na quarta Feira de cinzas e na sexta Feira da paixão. Mas quem quiser jejuar todo dia, desde que saiba como fazê-lo e qual o seu sentido real, poderá fazê-lo pois é um ótimo exercício espiritual. Só lembrando, principalmente para quem trabalha e estuda, que o nosso organismo precisa de alimento com frequência e o exagero no jejum poderá ter consequências funestas na saúde e essa não é a vontade de Deus.
Mas voltemos ao evangelho, uma comunidade jejuava a outra não. Os discípulos de João e os Fariseus faziam Jejum mas os discípulos de Jesus não faziam. E agora, quem estava certo? Em nossos dias há pessoas que se habituaram a jejuar em um ou dois dias da semana. Depende de cada organismo e de cada espiritualidade. O evangelho não é uma manifestação contra o jejum, mas quer colocá-lo em seu devido lugar para que se possa compreender o seu sentido.
Os discípulos de João e o grupo dos Fariseus não tinham ainda percebido que o Messias esperado, o tempo novo prometido pelas profecias já havia chegado com Jesus. Não sei se os discípulos de Jesus chegaram a jejuar algum dia, mas o fato é que naquele momento, eles não estavam nem aí com as normas religiosas do Judaísmo e a observância da Lei, não porque fossem insensíveis e não respeitassem a tradição de Israel, mas é que em Jesus descobriram algo novo e inédito, que superava toda e qualquer prescrição. O que sentiam era uma imensa alegria por estarem com ele em suas andanças e pregações. Queriam era mais fazer banquetes para beber, comer e extravasarem sua alegria que tinha em Jesus a razão de ser.
A humanidade só ficou sem a presença de Deus encarnado em seu meio, nas horas em que Jesus estava no sepulcro (por esta razão que na igreja não se celebra eucaristia na sexta Feira Santa) Era esse Jejum que Jesus se referia, ao dizer que quando o noivo fosse tirado do meio deles, eles iriam jejuar, isso é, ter que esperar mais uma vez (mais um pouco de tempo e não me vereis, mais um pouco de tempo e tornareis a me ver...)
Nós todos que cremos e professamos nossa Fé em Jesus, vivemos esse "Já, mas não agora" do Reino de Deus, a nossa esperança escatológica nos anima a caminhar pela longa estrada, Jesus caminha conosco em nossa Igreja, sem dúvida nenhuma, entretanto, por causa de nossas fraquezas e limitações às vezes podemos nos desanimar e mudar o foco da nossa atenção. Para que isso não ocorra a Igreja tem o seu tempo forte na liturgia, principalmente na quaresma onde o Jejum, a esmola e a oração, são os elementos essenciais nesta vida, que nos ajuda a preparar melhor para este definitivo encontro com o Senhor, quando acontecer a Páscoa da nossa Vida…

2. Dias virão em que o noivo lhes será tirado - Mt 9,14-15
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

“Por que teus discípulos não jejuam?”. “Jejuarão, diz Jesus, quando o noivo lhes for tirado”. Ficar sem o noivo será o verdadeiro jejum. Para o cristão, estar sem Cristo é jejuar. Na realidade, o noivo não foi tirado. Não desceu da cruz. Fixou-se nela e nela permaneceu. Não se desfez no sepulcro. Ressuscitou antes do quarto dia, que na tradição judaica era o dia da morte definitiva. Subiu ao céu na ascensão e disse: “Estarei com vocês todos os dias até o fim dos tempos”. Por conseguinte, continuamos sem jejuar. Se o fizermos, não será por preceito, será por amor. Segundo o mandamento de Jesus, por amor ao próximo. Oração, esmola e jejum são práticas salutares da Quaresma que perdem o seu valor se nos contrapõem aos outros. O fariseu que pagava o dízimo e jejuava duas vezes por semana jogou fora a sua oração quando se comparou com o pecador que nada disso fazia. Jejue para diminuir o peso do fardo que carrega, lembrado da orientação de Paulo aos gálatas: “Cada um examine sua própria conduta, e então terá de que se gloriar por si só e não por referência ao outro. Porque cada qual carregará o seu próprio fardo”. As práticas externas, cinzas, jejum, necessitam de um correspondente interno, que se chama intenção. A prática externa acontece por alguma razão, e esta razão, oculta dentro de nós, é conhecida pelo Pai. É bom abster-se de alimentos e de outros prazeres para o bem-estar do corpo e do espírito.
Fonte: NPD Brasil em 19/02/2021

HOMILIA DIÁRIA

O essencial que permanece e sustenta o nosso ser e agir

Postado por: homilia
fevereiro 15th, 2013

Estamos na Quaresma, tempo especial para treinarmos aquilo que precisa compor o dia a dia do cristão, como é próprio de cada tempo litúrgico: «A penitência se exprime de formas muito variadas, em particular com o jejum, a oração, a esmola. Essas e muitas outras formas de penitência podem ser praticadas na vida cotidiana do cristão, em particular no tempo da Quaresma e no dia penitencial da sexta-feira» (Compêndio CIC nº 301).
Um treinamento no essencial, que é recordado no Evangelho de Mt 9, 14-15, no qual, perante o questionamento dos discípulos do penitente João Batista, Jesus Cristo indica a presença do Esposo, como Aquele que dá sentido novo a todas as pessoas e práticas. Sinceramente, os judeus e os discípulos do Batista eram “profissionais” das penitências, mas, ao tratar de um sentido radical que pode tudo renovar, aí o Cristianismo tem algo fundamental a acrescentar: «Acaso os convidados do casamento podem estar de luto enquanto o noivo está com ele?» (Mt 9, 15).
Jesus é realmente o Emanuel esperado, a manifestação do Deus conosco (cf. Mt 1, 23), mas, ao mesmo tempo, é o Deus-esposo de Israel, numa linguagem esponsal e reveladora, bem conhecida pelo Antigo Testamento (cf. Is 54, 4-8; Jr 2,2; Os 1-3). Isto porque, no Mistério de Cristo, convergiram as promessas de um Deus fiel e próximo. O mais próximo e presente do que nunca: «Não mais terás o nome de abandonada, nem tua terra será chamada de Lugar Ermo. Ao contrário, serás chamada de Meu Bem e tua terra será chamada de senhora, pois o Senhor se apaixonou por ti, a tua terra estará casada» (Is 62, 4).
Voltemos, no entanto, a atenção para a expressão do Cristo que enfatiza a palavra «convidados» primeiramente, ou seja, não tiranizados nem laçados na rua. O amor próximo de Deus, revelado em Cristo Jesus, atrai e quer conquistar, converter, mas não se impor. Outra característica que precisa marcar todo e qualquer esforço quaresmal está implícito na expressão «o noivo está com ele». Pode-se fazer paralelo à definição de amor, ensinada por João, à Comunidade: «Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como oferenda de expiação pelos nossos pecados» (1Jo 4, 10).
O Pai das Misericórdias é quem quis, primeiramente, esta proximidade do Filho com cada um de nós. Equivale dizer: É da Vontade de Deus que o Esposo, Emanuel e Salvador, esteja conosco no tempo e seja a razão profunda do nosso ser e agir. Por isso, a razão da nossa penitência será sempre – precisa ser – uma resposta de amor que nos aproxima, converte-nos Àquele que, antes de tudo e todos, quis livremente aproximar-se de nós para nos amar e salvar. Nisto somos diferentes dos judeus e de todos os outros religiosos do mundo que fazem penitência, porque tudo para nós é por causa de Jesus! Por causa d’Ele vamos jejuar, dar esmolas e nos empenhar numa vida de oração durante a Quaresma e não só! Por amor tudo submetemos ao Senhorio de Cristo!
E a recompensa para tudo isto? Deus recompensará no oculto e na plenitude. Ele é a motivação mais profunda e o prêmio mais desejado: «E, quando tudo lhe estiver sujeito, então também o próprio Filho renderá homenagem àquele que lhe sujeitou todas as coisas, a fim de que Deus seja tudo em todos» (1Cor 15, 28). Por fim, na perícope que nos propomos meditar também lemos: «Dias virão em que o noivo lhes será tirado. Então jejuarão» (Mt 9, 15).
Como conjugar essa verdade com a garantia do Ressuscitado? «Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos» (Mt 28,20). Primeiramente, não esquecendo que a era apostólica, os responsáveis por acolher e testemunhar a Revelação fundante do Verbo Encarnado e Pascal foi única em sua experiência pessoal e comunitária com o Emanuel. Eles tiveram que realmente jejuar, não somente pela falta de apetite, causado da prisão, julgamento e morte física de Jesus na Cruz, causa de grande angústia e solidão, mas jejuaram naqueles dias do verdadeiro Pão e Alimento dado pelo Pai à humanidade (cf. Jo 6, 30-35). Por ocasião da Ressurreição, aí sim, os últimos versículos do Evangelho de Mateus fundamentam que Jesus Cristo pode ser sempre o mesmo (cf. Hb 13, 8), em múltiplas formas de presença.
Sobre isso o Papa Bento XVI, em sua inesquecível primeira encíclica, quis também recordar: «Na sucessiva história da Igreja, o Senhor não esteve ausente; incessantemente, vem ao nosso encontro por meio de pessoas nas quais Ele se revela; por meio da Palavra, nos Sacramentos, especialmente na Eucaristia. Na liturgia da Igreja, na oração desta, na comunidade viva dos crentes, experimentamos o amor de Deus, sentimos a sua presença e também, deste modo, aprendemos a reconhecê-la na nossa vida cotidiana» (BENTO XVI, Deus caritas est nº 17). Por isto eles jejuaram e nós também podemos jejuar, dar esmolas, intensificarmos a nossa vida de oração e vivermos a Quaresma e toda a nossa vida.
Procuremos, com o auxílio do Espírito Santo, responder com amor o Amor que nos visitou, desposou-nos e quis ficar conosco para sempre no tempo e na eternidade.
Padre Fernando Santamaria – Comunidade Canção Nova
Fonte: Canção Nova em 15/02/2013

HOMILIA DIÁRIA

Qual é o jejum que agrada a Deus?

“Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão” (Mateus 9,15).

Primeira sexta-feira da Quaresma e o jejum é o tema central da nossa meditação e da Liturgia que nos acompanham no dia de hoje. O jejum é uma atividade, e mais do que isso, ele é um elemento essencial da nossa espiritualidade; assim como a caridade e oração fazem parte dela, o jejum também faz. E não é simplesmente o jejum de não comer,  é também, acima de tudo, a capacidade de vencer a si mesmo, de não ser escravo das nossas necessidades, sejam elas das vaidades, da alimentação… O jejum é a capacidade de não colocar as necessidades acima da vontade de superação. O jejum fortalece a alma, o espírito e a vontade.
Existem aqueles que jejuam por outros motivos, pois temos o jejum intermitente, o de três dias, mas esses não são o caso, porque falamos aqui do jejum enquanto elemento de espiritualidade. Por esse motivo, ele nunca pode estar desassociado da conversão interior, ou seja, não é simplesmente deixar de comer, é vencer o ego, o orgulho; é vencer a soberba.
Quando fazemos jejum existem duas coisas que não podem faltar: a primeira é a oração, isto significa que, vamos deixar de comer isso e/ou aquilo, vamos “abrir mão” da refeição para nos colocar na presença do Noivo, de Jesus para orar, adorar; para dizer que não só de pão a nossa natureza vive, mas de toda Palavra que vem da boca de Deus”, então, jejuamos para nos alimentarmos do Senhor.
Depois, o jejum é para alargar o coração; é para abrir as comportas dele, porque nós estamos nos tornando muito egoístas, individualistas, pensamos só em nós, inclusive na hora de comer, pois cada um pensa no seu prato, na sua fome, na sua cobiça; cada um cuida de si e, assim, estamos nos tornando cada vez mas mais egoístas.

O jejum tem de gerar caridade, o jejum tem de quebrar o julgo que há dentro de nós

Então, o jejum tem de quebrar o nosso egoísmo para nos voltarmos para os outros. É, por isso, que o profeta pergunta: “Qual é o jejum que agrada?”, é o jejum que arrebenta as correntes do coração para quebrar essa maneira vaidosa e orgulhosa de ser.
Àqueles que jejuam e querem exibir o corpo perfeito, os quilos que perderam; àqueles que jejuam de acordo com a mentalidade do mundo para viverem as aparências, o jejum é para quebrar essa vaidade ou essas vaidades que os cercam. Pois, o jejum é para nos ajudar a servir a quem nós não servimos, é para lembrar que o outro existe e que  não podemos viver em função de nós mesmos.
Por isso, nada é mais verdadeiro no jejum do que deixar de comer para dar de comer a quem não tem, a quem passa  a vida sem saber o que vai comer naquele dia. O jejum tem de gerar caridade, tem de quebrar o julgo que há dentro de nós e que nos leva a ficarmos sempre brigando, discutindo, nos impondo sobre os outros. O jejum é maravilhoso para quebrar aquela vontade que temos de nos impor sobre os outros, de sobressair entre eles.
O jejum que agrada a Deus é o que quebra as amarras da alma que alimentam o orgulho e a soberba, e não aquele que deixa a pessoa um dia sem comer e com a “cara amarrada, fechada, amarga e azeda” para os outros, pois esse não agrada a Deus; porém, o jejum que O agrada é aquele que nos faz mais fraternos, irmãos, amigos e nos aproxima d’Ele.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 28/02/2020

HOMILIA DIÁRIA

O jejum é a busca da disciplina interior

“Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão” (Mateus 9,15).

Uma das temáticas importantes, neste tempo quaresmal, é a prática do jejum. É importante lembrar de que, aqui, se trata de um jejum como prática religiosa, e não o jejum com outras finalidades, como o cuidado da saúde; e assim por diante. Ainda que o jejum religioso e espiritual nos dê também saúde espiritual, física, emocional e tudo mais, não podemos esquecer qual é a finalidade do jejum que fazemos.
Há muitos jejuns na sociedade, muitas práticas, até modas; tem o jejum intermitente, jejum de água, enfim, não é o caso falar sobre essas práticas, e sim o que é o jejum cristão. O jejum cristão é, acima de tudo, aquele que é conectado com a oração e a caridade.
O jejum cristão não é simplesmente deixarmos de comer, o jejum cristão é, acima de tudo, nos retirarmos para orar, o exemplo nos é dado pelo próprio Jesus que, durante quarenta dias, se retirou para o deserto para se dedicar à oração e por isso durante quarenta dias Ele jejuou.

O jejum é o meio de alcançarmos espiritualmente a purificação interior

Nesta Quaresma, muitos de nós nos propusemos a fazer alguma prática penitencial, mas não basta deixar refrigerante de lado, doce ali, ou sei lá qual foi o jejum que você escolheu para fazer, se não aplicamos isso na dimensão da fé, se não intensificamos, sobretudo, aquilo que deixamos de lado para nos dedicar à oração.
O jejum tem o poder de correção, o jejum tem poder de nos disciplinar. Então, deixei para me corrigir de quê? Sobretudo, para corrigir aquilo que dentro do meu interior precisa ser mudado, a minha têmpera que, muitas vezes, está descontrolada, as minhas emoções que precisam de direção, aquela minha forma agressiva ou aquela forma displicente que muitas vezes tenho de ignorar as pessoas, a minha língua que precisa de autocontrole, o meu uso da internet, dos meios virtuais que muitas vezes é excessivo, enfim, cada um olha para si.
O jejum não é a finalidade, o jejum é o meio de alcançarmos espiritualmente a purificação interior. Então, o jejum cristão é feito com a abstinência de alimentos, deixamos de comer isso pelo menos uma vez na semana ou às sextas-feiras, todas as sextas-feiras da Quaresma é importante (alguém pode fazer mais dias), mas o mais importante é que seja um jejum que nos corrija.
A outra dimensão do jejum é a caridade, tanto que a Palavra de Deus nos diz: do que adianta os vossos jejuns, passar um dia inteiro sem comer, se não corrigimos a opressão em relação ao próximo, se não nos voltamos para corrigir nossas maldades, se não nos revestimos da caridade para ver o outro que está sofrendo e oprimido? (cf. Isaías 58)
O jejum não é uma maratona para ver quanto tempo ficamos sem comer, o jejum é a busca da disciplina interior e da correção daquilo que tanto precisamos mudar dentro de nós.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 19/02/2021

Oração Final
Pai Santo, nós te pedimos que o amor seja a nossa regra de vida. Amor sobretudo a Ti, Pai querido, que manifestaremos no cuidado com os irmãos; amor a esta terra encantada que devemos preservar; e na simplicidade de uma vida sóbria e generosa. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 15/02/2013

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que nesta quaresma meu jejum signifique luta contra as minhas paixões e o esforço para melhorar minha relação comigo mesmo. Que eu reconheça os talentos que Tu, amado Pai, me ofereces; que eu os acolha com gratidão e os desenvolva, para oferecê-los, maduros, no serviço aos irmãos. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 28/02/2020

ORAÇÃO FINAL
Pai amado, a quem devemos honras e louvores, nós cantaremos para Ti um Canto Novo! Liberta-nos da escravidão dos ritos estabelecidos e nos introduz no verdadeiro jejum – aquele que ‘acontece em nós’ quando nos esquecemos de nós mesmos: ou nos momentos de encontro contigo – a nossa Oração – ou para acudir às necessidades dos companheiros da caminhada. Por Jesus, o Cristo, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 19/02/2021

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