domingo, 22 de dezembro de 2013

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 22/12/2013

22 de Dezembro de 2013

ANO A


Mt 1,18-24

Comentário do Evangelho

O Mistério de Deus

Quarto e último domingo do Advento. Estamos às portas de celebrarmos o Natal do Senhor, solenidade para a qual nos preparamos ao longo de quase quatro semanas.
Se Acaz se recusa demagogicamente a pedir ao Senhor um sinal de sua proteção contra o inimigo (cf. Is 7,12), o profeta anuncia um sinal de Deus: “Eis que a jovem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14). A Igreja nascida do mistério pascal de Jesus Cristo, relendo este texto de Isaías, vê nele a promessa do nascimento do Verbo de Deus.
O episódio do evangelho deste domingo apresenta-nos a missão de José. Se, no evangelho de Lucas, o anúncio é feito a Maria, no de Mateus o anúncio do nascimento de Jesus é feito a José em sonho (ver: Gn 37,5-9.19). Maria, prometida em casamento a José, se encontra grávida pelo poder do Espírito Santo (cf. v. 18). A atitude de José nem sempre é compreendida pelo leitor do evangelho, e esta falta de clareza quanto ao texto persiste nas pregações. Não raras vezes se traduz a atitude pretendida de José em relação a Maria como “repúdio”, como se ela tivesse cometido uma falta. A melhor tradução é “deixar ir livremente” (v. 19). José compreende que a gravidez de Maria é habitada pelo Mistério de Deus. Ele não quer tomar para si o que Deus reservou para ele. É exatamente por isso que o narrador diz que ele era “justo” (v. 19). Mas a palavra do anjo a ele permite-lhe compreender que Deus precisa dele. A ele cabe dar uma existência histórica ao Filho de Deus: “... tu lhe porás o nome de Jesus” (v. 21). “... não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (v. 20). A palavra do anjo a José muda, transforma a sua relação com Deus, pois ela encurta a distância entre o divino e o humano. O seu matrimônio com Maria não é incompatível com a consagração dos dois a Deus: “Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa”.
Carlos Alberto Contieri, sj
ORAÇÃO
Pai, teu Filho encarnou-se para salvar a humanidade e reconduzi-la à comunhão contigo. Torna-me solícito para acolher o caminho da salvação aberto por ele.

Vivendo a Palavra

A discreta e indispensável participação de José no Mistério da Encarnação do Verbo Criador do Pai faz dele o nosso modelo de comportamento para que a Igreja de Jesus cumpra o seu papel profético de anunciar aos homens e mulheres desta terra a Boa Notícia de que o Reino de Deus já está entre nós.
http://www.arquidiocesebh.org.br/mdo/pg05.php

Recadinho




Já é Natal em seu coração? - Sua presença é a presença de Cristo em seu mundo?
Você deixa Cristo renascer em sua vida? - O que sua comunidade faz de especial neste tempo? - Que significa José para você? 
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R

Comentário do Evangelho

A OBRA DO ESPÍRITO SANTO

A perícope evangélica da concepção virginal de Jesus tem sido objeto de controvérsia. As interpretações são desencontradas tanto por desconhecermos elementos fundamentais para compreendê-la, o que não acontecia com as comunidades primitivas, quanto por projetarmos nossos preconceitos sobre o texto bíblico.
O Evangelho detém-se na soleira do mistério insondável de Deus, numa atitude de respeito e reverência, sem se importar com especulações de caráter anatômico ou fisiológico. Só lhe interessam os elementos teológico-espirituais deste dado da fé da Igreja.
Jesus não entra na História como resultado do esforço humano de construir a própria salvação. Ele tem sua origem em Deus, em quem toda a sua existência está alicerçada.
Sua origem evoca o relato da criação, no Gênesis, onde tudo existe pela vontade soberana de Deus. Jesus, e com ele a salvação da humanidade, é a derradeira obra divina.
Jesus é o dom de Deus a ser acolhido pela humanidade. Torna-se, portanto, inútil qualquer esforço humano de construir a salvação pelas próprias mãos. O ser humano só pode salvar-se por obra de Deus. Qualquer outro caminho estará fadado ao fracasso.
A referência ao Espírito Santo aponta para um tipo de ação inefável e misteriosa de Deus em relação à mãe do Messias. O mesmo Espírito Santo, instrumento da ação divina desde os primórdios da Criação, fez-se também presente quando do nascimento do Messias Jesus. A esta força divina é que se deve sua presença no mundo.
Oração
Pai, ajuda-me a contemplar sua ação maravilhosa em relação à concepção de teu Filho Jesus. Que eu reconheça nela tua oferta gratuita de salvação para toda a humanidade.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações para que, conhecendo pela mensagem do anjo a encarnação do vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

REFLEXÕES DE HOJE


22 de DEZEMBRO – DOMINGO

Liturgia comentada

Secretamente... (Mt 1,18-24)
É uma boa coisa guardar o segredo do Rei. Maria é portadora de um segredo: o Filho de Deus está sendo gestado em seu seio sem mancha. Ela se cala. Maria é toda silêncio...
Quando Maria voltou de Ain Karim, onde assistira a Isabel em uma gravidez de risco, pois a mãe de João Batista tinha idade avançada, certamente já se percebia que a noiva de José estava grávida...
José percebe a gravidez de sua noiva. Ele “sabe” que ela é fiel. Não tem como avaliar o que seus olhos veem. Ali pulsa um segredo que não lhe cabe desvendar. José é todo silêncio...
Entre os hebreus, noivado é coisa séria. Se o noivo morre, a noiva passa a se vestir como as viúvas e com elas convive. A noiva adúltera é apedrejada após a denúncia feita pelo noivo. Não admira que José, o justo, sem poder conciliar a evidência com a íntima certeza de que sua noiva era pura e fiel, pense em se afastar dela, em silêncio, sem a acusar, intuindo que o dedo de Deus estava ali.
E ocorre a “Anunciação do anjo a José”. Uma experiência profunda, ligada ao inconsciente, tantas vezes usado por Deus para iluminar nosso caminho. E a mensagem do Anjo: “Não temas! É obra do Espírito de Deus...”
Despertando do sono, José põe em prática o que “ouvira” com o ouvido do coração e toma por esposa a noiva grávida de Deus. Pode parecer um detalhe insignificante, mas não. Não basta ouvir a voz de Deus. É preciso “despertar do sono”. Se cochilamos, não entramos em ação conforme a voz de Deus.
Por isso o apóstolo Paulo tantas vezes insiste no mesmo imperativo: “Eis a hora de despertar do vosso sono: hoje, com efeito, a salvação está mais próxima de nós do que no momento em que abraçamos a fé. A noite está adiantada, o dia está bem próximo” (Rm 13, 11-12a) “Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti o Cristo resplandecerá.” (Ef 5, 14)
O Advento traz um insistente convite a sair do marasmo, a despertar da sonolência e ficar de olhos acesos para o Cristo que vem. Rotinas sem alma, anestesias da TV, relacionamentos mornos – tudo isto é incompatível com a expectativa da iminente chegada do Senhor. Se o velhinho de vermelho não me distrair do essencial, talvez eu esteja acordado quando o Menino chegar...
Como assegura a Antífona de Laudes, “o Senhor vai chegar sem demora; trará à luz o oculto nas trevas, vai revelar-se a todos os povos. Aleluia!”
Orai sem cessar: “Jamais deixarei que meus olhos se fechem!” (Sl 132,4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br

22 de dezembro – 4º DOMINGO DO ADVENTO

EM JESUS DEUS REALIZA SUAS PROMESSAS

I. INTRODUÇÃO GERAL

As leituras de hoje estão todas orientadas para o nascimento de Jesus, o Filho de Deus, e para seu papel fundamental na história da salvação que é o poder de ressuscitar os seres humanos, dando-lhes a vida plena.
Além de ser Filho de Deus, Jesus também é verdadeiramente humano, descendente de Davi e em continuidade com os grandes vultos do Antigo Testamento. A fragilidade com que entrou neste mundo foi protegida pela docilidade de José e de Maria, justos e herdeiros das promessas feitas ao povo de Israel.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. Evangelho (Mt 1,18-24): Deus conosco, Emanuel

Mateus descreve o processo do nascimento de Jesus Cristo com ênfase em sua origem divina. Ao empregar a palavra “gênesis”, termo grego que aqui se traduz por nascimento (1,18), o evangelista se refere ao começo de algo radicalmente novo, nunca acontecido antes na história.
Em seu relato do nascimento de Jesus, Mateus estabelece dois fatos de suma importância: “nasceu da virgem Maria” e “foi concebido pelo poder do Espírito Santo”. Tudo isso em cumprimento da profecia das Escrituras (1,22).
A origem divina se estabelece principalmente por duas expressões: concebido do Espírito Santo (1,18. 20b) e Emanuel (1,23). A primeira expressão fala da intervenção e participação direta de Deus na concepção. É uma intervenção única da parte de Deus na história da humanidade. Nenhum outro ser nascido de mulher teve tal relação com Deus.
Esse menino que nasceria de Maria seria chamado Emanuel (v. 23), um termo composto que quer dizer “Deus conosco” (v. 24). Em hebraico, esse título significava que a pessoa era representante do Senhor, ou seja, que através do Emanuel, Deus estava com o povo. Jesus Cristo é a revelação suprema de Deus, que agora se apresenta no meio de seu povo como ser visível, palpável.
O nome de Jesus é o mesmo que o de Josué em hebraico e significa “salvador”. Esse menino será um agente de salvação, como o foi Josué no passado. Porém, a salvação trazida por Jesus não se limita a vencer os inimigos externos, como no caso de Josué. Em Jesus, o povo será salvo de seus pecados e reconduzido a Deus de forma definitiva.
Com o nascimento de Jesus se inicia a era messiânica de salvação na qual se concentrava a expectativa de todo o Antigo Testamento. A era messiânica começa com o nascimento de um menino, e nisso consiste a menção ao texto de Isaías. Jesus realiza a presença de Deus no meio de seu povo de maneira completamente nova.
O dilema de José, para o qual o texto chama a atenção, significa que é difícil compreender a ação de Deus, mas o justo permanece fiel mesmo quando não entende os propósitos divinos por trás dos acontecimentos. A presença de Deus no mundo também depende da colaboração humana. Por meio do sim de José e de Maria, realiza-se a promessa de Deus feita a Davi e aos seus descendentes através do profeta Natan (2Sm 7,12-16).

2. I Leitura (Is 7,10-14): o sinal do Emanuel

A união de dois países, Haram e Israel do Norte, contra o reino de Judá havia colocado Acaz, o rei judaíta, numa situação difícil, pois os adversários pretendiam depô-lo do trono e substituí-lo por um príncipe inimigo. Semelhante acontecimento significaria o cancelamento de uma promessa feita a Davi, antepassado de Acaz, por intermédio do profeta Natan (2Sm 7,12-16).
Isaías foi ao encontro do rei para lhe assegurar que a promessa estava em vigor e, portanto, Acaz não perderia o trono. Um sinal foi oferecido ao rei para assegurá-lo de que a coroa permaneceria com um descendente dele. Um sinal de Deus, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, é um acontecimento que dá ao ser humano a certeza de uma intervenção divina. Nesse caso, o sinal confirmaria a mensagem de Deus a Acaz por intermédio do profeta.
As esperanças de bem-estar para o reino de Judá dependiam de um sucessor davídico no trono. Por isso o sinal dado por Deus é o nascimento de um menino, filho do rei, que herdará o trono. O herdeiro de Acaz foi Ezequias, cujo nascimento foi um sinal da presença de Deus no meio do povo e da renovação das promessas feitas a Davi.
Contudo, a solenidade do título Emanuel, dado ao menino pela profecia de Isaías, despertou a fé de que no futuro surgiria outro descendente de Davi em cuja vida se poderia manifestar completa e definitivamente a presença de Deus entre o povo. Isaías expressou uma esperança que chegou à sua plena realização em Cristo. A Igreja primitiva viu no nascimento de Jesus o pleno cumprimento da profecia sobre o Emanuel.

3. II Leitura (Rm 1,1-7): descendente de Davi e Filho de Deus

Paulo intitula-se como servo de Cristo, assinalando que está a serviço do evangelho. O Antigo Testamento emprega a expressão “servo do Senhor” para descrever as grandes figuras da história da salvação como Abraão (Sl 105,42), Moisés (2Rs 18,12), Josué (Js 2,8) etc. Paulo se situa na mesma linha desses personagens, sublinhando a origem divina de seu apostolado.
Paulo entende seu chamado em continuidade com a vocação daquelas figuras do Antigo Testamento. Conforme a teologia do Apóstolo, profetas seriam todos os personagens do Antigo Testamento cujas palavras ele julgava serem aplicáveis a Cristo.
O evangelho proclamado por Paulo faz parte do propósito eterno de Deus no qual também o Antigo Testamento está incluído. As promessas divinas no passado se referem a Jesus, filho de Davi na ordem da descendência natural, mas que possui uma qualidade muito maior a de ser Filho de Deus.
Ao empregar a expressão “Filho de Deus com poder”, Paulo evoca a relação singular de Jesus com o Pai na história da salvação. Cristo foi investido no poder de vivificar o ser humano, ou seja, de dar à humanidade a vida plena, a ressurreição.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

A liturgia celebra o mistério de Jesus distribuindo-o ao longo do ano litúrgico para que a Igreja possa celebrar esses momentos fortes de sua fé em consonância com a própria dinâmica da vida. Mas não podemos esquecer que a encarnação, morte e ressurreição de Jesus são partes de um mesmo mistério. Natal e Páscoa mutuamente se iluminam. O Filho de Deus entrou no mundo, tocou o ser humano naquilo que tem de mais íntimo: sua orientação fundamental para Aquele que o criou.
Como homem, viveu sua humanidade na radicalidade do amor a Deus, o Pai. Na vivência desse amor, foi perseguido e entregou sua vida por amor. Tal entrega total da vida que culminou na morte, teve uma resposta definitiva de Deus: a ressurreição. Dessa forma, Cristo abriu o caminho da salvação, da vida plena. Com sua ressurreição, cada ser humano é vivificado por Cristo. Então, somente o Natal não basta, é necessário compreender e valorizar a Páscoa.

Aíla Luzia Pinheiro Andrade
Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje - BH), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos. Atualmente, leciona na Faculdade Católica de Fortaleza. É autora do
livro Eis que faço novas todas as coisas – teologia apocalíptica (Paulinas).
E-mail: aylanj@gmail.com.

22 de dezembro: 4º domingo do Advento

A AÇÃO DE DEUS E A COLABORAÇÃO HUMANA

Encontramos no evangelho deste domingo duas personagens humildes – mas fundamentais na história da salvação – que, iluminadas e fortalecidas pela fé e dispostas a renunciar aos próprios desejos e direitos, se põem a serviço do projeto de Deus: Maria e José. Graças a eles, o projeto divino se concretiza.
Maria, confiando na palavra do Senhor e recusando-se a raciocinar em termos de possibilidades humanas, entrega a sua vontade a Deus e se deixa conduzir pela ação do Espírito Santo. É a entrega a uma causa que supera a compreensão humana.
José, homem justo – porque correto, piedoso e conformado à vontade de Deus – , não querendo denunciar publicamente Maria, renuncia aos seus direitos legais e a aceita como esposa e Jesus como seu filho, dando-lhe o nome e a linhagem de Davi. Acreditando no anjo e aceitando com amor a proposta do Senhor, recebe Maria e assim auxilia o projeto divino.
O plano de Deus, encontrando-se com a vontade e a colaboração dessas personagens, realiza-se e concretiza as promessas feitas desde os tempos remotos. A iniciativa de Deus na história da humanidade não anula nem dispensa a participação do ser humano; ao contrário, serve-se dela. Ele quer contar sempre com a ação das pessoas para realizar seus projetos. Tanto acredita e aposta nos seres humanos, que se torna um deles, encarnando-se em Jesus.
Jesus, salvador da humanidade, nascido da ação divina com a cooperação humana, é o Emanuel, o Deus que estabelece sua morada no meio do mundo.
A exemplo de Maria e José, somos chamados a estar sempre atentos à palavra de Deus e em sintonia com a realidade em que vivemos para colaborar com o plano de Deus: a construção do seu reino, iniciado por Jesus. É com nossa prática e nossas atividades cotidianas que conseguimos fazer que Jesus continue nascendo nas famílias e comunidades e na sociedade.
Pe. Nilo Luza, ssp

REFLEXÃO
O Mistério de Deus

Quarto e último domingo do Advento. Estamos às portas de celebrarmos o Natal do Senhor, solenidade para a qual nos preparamos ao longo de quase quatro semanas.
Se Acaz se recusa demagogicamente a pedir ao Senhor um sinal de sua proteção contra o inimigo (cf. Is 7,12), o profeta anuncia um sinal de Deus: “Eis que a jovem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14). A Igreja nascida do mistério pascal de Jesus Cristo, relendo este texto de Isaías, vê nele a promessa do nascimento do Verbo de Deus.
O episódio do evangelho deste domingo apresenta-nos a missão de José. Se, no evangelho de Lucas, o anúncio é feito a Maria, no de Mateus o anúncio do nascimento de Jesus é feito a José em sonho (ver: Gn 37,5-9.19). Maria, prometida em casamento a José, se encontra grávida pelo poder do Espírito Santo (cf. v. 18). A atitude de José nem sempre é compreendida pelo leitor do evangelho, e esta falta de clareza quanto ao texto persiste nas pregações. Não raras vezes se traduz a atitude pretendida de José em relação a Maria como “repúdio”, como se ela tivesse cometido uma falta. A melhor tradução é “deixar ir livremente” (v. 19). José compreende que a gravidez de Maria é habitada pelo Mistério de Deus. Ele não quer tomar para si o que Deus reservou para ele. É exatamente por isso que o narrador diz que ele era “justo” (v. 19). Mas a palavra do anjo a ele permite-lhe compreender que Deus precisa dele. A ele cabe dar uma existência histórica ao Filho de Deus: “... tu lhe porás o nome de Jesus” (v. 21). “... não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (v. 20). A palavra do anjo a José muda, transforma a sua relação com Deus, pois ela encurta a distância entre o divino e o humano. O seu matrimônio com Maria não é incompatível com a consagração dos dois a Deus: “Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa”.
Carlos Alberto Contieri, sj



HOMILIA
JESUS, FILHO DE MARIA ESPOSA DE JOSÉ Mt 1,18-24

Estamos no 4º Domingo do Advento. Dentro de poucos dias nascerá o Sol da Justiça. Como você sabe, o tempo do Advento é o tempo favorável à conversão. É um período muito particular, quando cada homem e mulher são convocados pelo próprio Deus a esperar naquele que há de vir. Jesus Cristo, o Senhor. Contagiados com sua presença salvífica, devemos crer nas promessas do Pai. E, libertos da desesperança, reconheçamos Jesus, não apenas como filho da história, mas como Rei-Messias que vai instaurar o Reino prometido a todos nós. Que neste tempo do Advento nosso coração seja transformado em manjedoura, para que o Rei-Messias nasça e faça morada no meio de nós.
Os evangelhos foram escritos a partir das memórias de Jesus elaboradas e veiculadas pelas primeiras comunidades de discípulos. O evangelho de Marcos, o primeiro a ser escrito, é o que mais se aproxima da realidade de Jesus. Este evangelista segue o roteiro que Lucas, mais tarde, registra em Atos dos Apóstolos em uma fala de Pedro: "É necessário que, dentre estes homens que nos acompanharam todo o tempo em que o Senhor viveu em nosso meio, a começar do batismo de João até o dia em que foi arrancado do nosso meio, um destes se torne testemunha da sua ressurreição" (At 1,21-22). Assim, Marcos inicia seu evangelho com o batismo de João e termina com o túmulo vazio, após a crucificação.
Posteriormente, Mateus e Lucas inserem, no início de seus evangelhos, as narrativas de infância, com a concepção e o nascimento de Jesus. João, por sua vez, elabora o prólogo de seu evangelho a partir do Verbo eterno de Deus que se faz carne. As narrativas de infância em Mateus giram em torno da figura de José, enquanto em Lucas dizem respeito a Maria. Em Mateus, José, e por ele Jesus, é associado à linhagem davídica (filho de Davi). Em Lucas, onde a genealogia de Jesus remonta a Adão e Eva, Jesus é associado a toda a humanidade (filho do homem), sem exclusividades raciais. Paulo, apóstolo, registra esta polaridade: segundo a carne, descendente de Davi, segundo o Espírito de santidade foi declarado Filho de Deus.
Mateus, escrevendo para discípulos oriundos do judaísmo, procura apresentar Jesus como sendo o cumprimento de suas expectativas tradicionais do Primeiro Testamento.
Assim, além da genealogia davídica com a qual inicia seu evangelho, aplica a Jesus um texto de Isaías em que este se refere à concepção de uma jovem esposa do rei Acaz. As narrativas de infância realçam tanto a realidade da condição humana de Jesus como a sua origem divina. Pela encarnação Deus revela que homens e mulheres foram criados para participar de sua vida divina e eterna.
Portanto, não tenhamos medo. Deus vai suscitar para nós um sinal. O Menino que está para nascer é o Deus connosco. Ele é o grande sinal da presença de Deus entre nós. Ele nos quer libertar e instaurar para nós um novo reino, o Reino de amor e de justiça, o Reino da vida eterna.
Postado há 24th December 2007 por Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

A Voz do Pastor
4º Domingo do Advento
22/12/2013
Canal do Youtube: arqrio



HOMÍLIA DIÁRIA
O Todo-poderoso fez maravilhas em Maria
O Todo-poderoso fez em Maria maravilhas, obra que não foi feita em nenhum homem e nenhuma mulher da face da terra!
”Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: ‘Deus está conosco”’ (Mt 1, 23).
Nós estamos nos aproximando do Natal do Senhor e este é o domingo mais próximo dele, o quarto domingo do Advento. Por isso nós hoje ouvimos o relato, segundo São Mateus, da  maneira que aconteceu o nascimento de Jesus. Ele mesmo nos diz que Maria é aquela que foi escolhida para ser a Mãe do Senhor. Ela estava prometida em casamento a José, eles praticamente já eram casados, apenas não viviam na mesma casa. Mas, antes de coabitarem, Aquele, que desde toda a eternidade já a havia escolhido a Bem-aventurada sempre Virgem Maria, entra em ação para que o Seu plano de salvação vá adiante. É Ele que permite, é Ele quem faz acontecer com que a Virgem Maria fique grávida, que ela conceba um Filho pelo poder e pela ação do Espírito Santo.
Maria, a escolhida de Deus, é hoje para nós o presépio, o sacrário mais vivo que nós podemos ter e no ventre dela hoje podemos contemplar o lugar por excelência, escolhido por Deus para que o Seu Filho nascesse.
Pessoas que acham uma montanha sagrada, plantas sagradas, águas abençoadas e tantas coisas mais. Mas, duvido que alguém encontre um lugar mais abençoado e sagrado do que o ventre da Santíssima Virgem Maria; nem um homem tocou nela, porque, antes que José fizesse isso, Deus a pegou para si, a chamou, a selecionou, a escolheu para ser toda d’Ele, Mãe do Seu Filho, Jesus.
Por isso, hoje, nós contemplamos Jesus no ventre de Maria, onde Ele fora concebido. Algumas pessoas podem pensar que nós a exaltamos demais, que nós cometemos até uma idolatria quando a colocamos no pedestal. Não somos nós que a colocamos no pedestal. O único pedestal que ela subiu foi a escada da profunda humildade, fazendo-se toda serva do Senhor. O Todo-poderoso fez nela maravilhas, fez em Maria obra que não foi feita em nenhum homem e nenhuma mulher da face da terra.
Muitos exaltam os profetas, o Antigo Testamento, os patriarcas, os apóstolos; mas a nem um e nenhuma outra foi dado um terreno tão fértil, como foi o ventre de Maria. Este ventre foi fertilizado pelo próprio Espírito Santo de Deus, que, ao entrar nela, fez fecundar Aquele que é o Nosso Senhor e Salvador.
Hoje eu fecho os meus olhos, de maneira mais serena possível, e louvo, agradeço, bendigo e exalto o nome do Senhor, porque escolheu a Bem-aventura Virgem Maria. Porque olhou para o ventre desta mulher e fez dele a Sua morada. Um lugar por excelência, para que o Seu Filho unigênito, o Seu Filho único, Aquele que é o Nosso Senhor e Salvador, fosse concebido no ventre de Maria. É no ventre de Nossa Senhora que Ele habita, que Ele mora, que recebe toda a fecundidade de que uma vida humana precisa: o sangue, a respiração, a vida.
Jesus não foi uma obra, simplesmente pronta e acabada, que veio do Céu, Ele existe desde toda a eternidade como Verbo de Deus. Como Aquele que habita desde sempre com Ele, mas a Sua humanidade só se torna plena no ventre de um outro ser humano, que se chama Maria. Essa figura de mulher e de mãe extraordinária. O presépio, o sacrário para o qual eu me volto para adorar o Senhor, se chama o ventre da Virgem Maria, lugar abençoado da morada de Deus.
Que Deus abençoe você!

LEITURA ORANTE




Preparo-me para a Leitura Orante, rezando:
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
O amor e a paz de Deus nosso Pai,
que em Cristo nos libertou para que permanecêssemos livres,
estejam com todos nós 
e nos mantenham firmes no evangelho de Jesus.
Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.

Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia? 
Leio atentamente o texto: Mt 1,18-24.
O nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, a sua mãe, ia casar com José. Mas antes do casamento ela ficou grávida pelo Espírito Santo. José, com quem Maria ia casar, era um homem que sempre fazia o que era direito. Ele não queria difamar Maria e por isso resolveu desmanchar o contrato de casamento sem ninguém saber. Enquanto José estava pensando nisso, um anjo do Senhor apareceu a ele num sonho e disse:
- José, descendente de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa, pois ela está grávida pelo Espírito Santo. Ela terá um menino, e você porá nele o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos pecados deles.
Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta:
"A virgem ficará grávida e terá um filho que receberá o nome de Emanuel." (Emanuel quer dizer "Deus está conosco".) Quando José acordou, fez o que o anjo do Senhor havia mandado e casou com Maria.

O texto fala do nascimento de Jesus, realçando a figura de José, “homem que fazia sempre o que era direito”. Não só às pessoas com quem se relacionava, como Maria, mas em relação a Deus. Sabia ouvir e se deixar guiar por Deus, mesmo se nem tudo lhe fosse claro. O pedido de Deus era que recebesse Maria como sua esposa. Devia, portanto, assumir Jesus , como filho. Perante a sociedade Jesus deveria ser reconhecido como filho de José, filho do carpinteiro, embora fosse Filho de Deus. José assumiu: “fez tudo o que o anjo do Senhor havia mandado”.

 Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Somos chamados a abrir caminhos para a vida, como fez José. Ajudam-nos a entender isto os bispos na Conferência de Aparecida:
 “Nossa missão, para que nossos povos tenham vida nEle, manifesta nossa convicção de que o sentido, a fecundidade e a dignidade da vida humana se encontra no Deus vivo revelado em Jesus. É urgente a tarefa de entregar a nossos povos a vida plena e feliz que Jesus nos traz, para que cada pessoa humana viva de acordo com a dignidade que Deus lhe deu. Fazemos isso com a consciência de que essa dignidade alcançará sua plenitude quando Deus for tudo em todos. Ele é o Senhor da vida e da história, vencedor do mistério do mal e acontecimento salvífico que nos faz capazes de emitir um juízo verdadeiro sobre a realidade, que salvaguarde a dignidade das pessoas e dos povos (DAp 389).

Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
 
4º domingo do Advento
Acendemos hoje a última vela, 
Pois tão logo o Emanuel vai chegar. 
Com Maria, todos juntos, na espera, 
"Deus-Conosco", pro seu Reino implantar!
Refrão:
Meus irmãos, penitência e oração! 
Arrumemos nossa casa co'alegria! 
Logo a ela, o Senhor vai chegar, 
Pelo ventre imaculado de Maria!

Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
 
Meu novo olhar é o olhar de fé para os Projetos de Deus, com a dignidade e o compromisso de José.
(DA 395).

Bênção
A bênção do Deus de Sara, Abraão e Agar,
a bênção do Filho, nascido de Maria,
a bênção do Espírito Santo de amor,
que cuida com carinho,
qual mãe cuida da gente,
esteja sobre todos nós. Amém!

Ir.Patricia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, dá-nos a humildade, o silêncio, a força e a confiança de José nos teus desígnios – ainda que não penetrando no íntimo de seu significado. Que nos lancemos como filhos muito amados nos teus braços paternais, nós te pedimos pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
http://www.arquidiocesebh.org.br/mdo/pg06.php

Liturgia de 22.12.2013

4º Domingo do Advento

Canal do Youtube: Dermeval Neves




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