João 6,41-51
Comentário do Evangelho
Discurso sobre o pão
Esta fala de Jesus, no evangelho de João, é, ainda, a continuação do longo discurso sobre o pão, pronunciado em Cafarnaum, após a partilha dos pães com a multidão na montanha no outro lado do mar da Galileia. O evangelho de João se caracteriza pela repetição didática de um tema central, reapresentado sob diversas formas associado a outros temas. Agora, ao pão está associado o dom da vida eterna por Jesus.
Jesus testemunha sua origem divina e seu conhecimento do Pai, sendo então rejeitado pelos judeus que conheciam sua origem humilde e comum. Jesus e sua família são tipos comuns em sua terra, Nazaré, onde já vivem há cerca de trinta anos, sem que nada de extraordinário os destaque dos demais. Os três evangelhos sinóticos registram esta rejeição de Jesus. A tradicional identificação de Deus com o "poder" que age com violência a favor do "povo eleito", característica do Primeiro Testamento, impede que reconheçam a revelação amorosa de Deus nos pequenos e humildes.
A atração pelo Pai é a atração pelo seu ensinamento, comunicado por Jesus. Jesus viu o Pai. Ir a Jesus é o passo seguinte: é crer nele e segui-lo. O crer, que implica a adesão concreta ao projeto de Deus, insere o discípulo na vida eterna.
Deus é o Deus da vida. A palavra "vida" é mencionada onze vezes no capítulo seis. A obra de Deus, fruto do seu amor, é o dom da vida plena para todos. O Pai e o Filho comunicam a Vida. Todos são atraídos a Jesus, que foi enviado pelo Pai. Não há, absolutamente, discriminações nem privilégios nesta atração. Com pleno amor e liberdade, o Pai atrai todos ao seguimento de Jesus. Este universalismo significa que a nova comunidade dos seguidores de Jesus não é continuação nem restauração de Israel. Quem comeu o maná, da tradição do Êxodo de Israel, morreu. Agora se trata da constituição de um povo novo, formado pela comunhão de todos os povos de todas as nações, para o qual o valor supremo é a geração, a restauração e o cultivo da vida. É o povo que crê em Jesus e o segue. A este povo é servido o pão descido do céu que dá a vida eterna. Quem comer deste pão não morrerá. Já está participando da vida eterna, inserido na vida divina pela prática do amor, em comunhão com Jesus.
O pão do céu é o pão que dá a vida aos pequenos e excluídos, aos pobres bem-aventurados que sofrem a opressão. É Jesus, o pão partilhado com as multidões, criando laços de fraternidade, solidariedade e amor, no grande banquete do Reino dos Céus, que já acontece aqui na terra. É a comunidade que vive na harmonia e na paz, na bondade, na compaixão e na reconciliação (segunda leitura). Elias foi alimentado por um anjo e caminhou ao encontro com Deus (primeira leitura). Agora, Jesus, com sua palavra e com sua presença, alimenta os discípulos, ao longo dos tempos, fortalecendo-os no seu seguimento. Quem escuta o ensinamento do Pai crê, vai a Jesus e tem a vida eterna.
José Raimundo oliva
Vivendo a Palavra
O
texto ressalta a centralidade da fé em Jesus Cristo, o pão que desceu do céu.
Ele é o único que viu o Pai; é a porta, o caminho e o alimento que nos sustenta
e nos levará ao abraço eterno e misericordioso. A tentação em que não poucas
vezes nós caímos é nos fixarmos não no centro, mas na periferia da nossa fé.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O PÃO QUE DÁ A VIDA!"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Coisa bonita é quando uma pessoa, que todos julgam importante, se apresenta de maneira simples, sem querer um tratamento especial, que a sua posição ou o cargo lhe conferem.
Certa ocasião, em um encontro em Aparecida, no momento da Santa Missa, os diáconos permanentes adentraram a sacristia da Basílica em horário adiantado, para não causarem transtorno aos demais celebrantes, mas quando começaram a paramentar-se, um funcionário do Santuário informou que o local dos Diáconos estava reservado no sub-solo, de onde entrariam por outro corredor para não atrasar a celebração que seria televisionada, foi quando chegou D. Diógenes, nosso acompanhante do Regional Sul 1, e que iria presidir a Eucaristia, e estranhando não ver os Diáconos se paramentando, foi informado que os mesmos estavam no sub-solo; então pegou seus paramentos e desceu para lá, para descontentamento do cerimoniário que era rigoroso na disciplina com a equipe celebrativa.
O resultado de tal gesto foi que os diáconos acabaram subindo, enquanto ele explicava a um redentorista “Eu também sou um Diácono de Cristo, estou com eles nesse encontro e os quero perto de mim durante a celebração”
Não vai aqui nenhuma crítica à organização e à disciplina, que deve de fato existir nos grandes eventos litúrgicos de uma Diocese, apenas pretendo realçar a postura humilde do nosso Bispo acompanhante, fazendo com que nos sentíssemos um bando de meninos “paparicados” pelo “paizão”.
Jesus gozava de grande estima entre alguns judeus, que viam nele um poderoso profeta, por causa dos seus milagres e prodígios, sempre feitos no Poder de Deus, como os grandes profetas que o povo venerava, mesmo depois de mortos. Mas no momento em que ele afirmou ser o pão vivo descido do céu, a encrenca começou, pois era uma afronta ao Deus Todo Poderoso, que fizera aliança com os seus pais, Aquele que através dos patriarcas conduziu o povo, falou com Moisés, colocando-o como libertador de Israel, derrotou os Faraós do Egito, abriu as águas do mar vermelho, enfim, era inaceitável que esse Deus Grandioso, altíssimo e Santo, estivesse em Jesus de Nazaré, pessoa simples do lugarejo, cuja procedência todos conhecia.
A verdade é que, um Deus na forma humana, era até causa de acusação e condenação á morte, porque ultrajava a todo Israel.
A história daquele povo, e a história da nossa vida, convergem para Jesus, Nele Deus nos atrai, provoca em nós um encanto que nos leva ao desejo de nunca mais nos separar dele, possibilitando a realização da profecia “Todos serão discípulos de Deus”, obviamente tornando-se discípulos de Cristo, quem segue a Jesus, segue ao Pai, quem ouve a Jesus, ouve ao Pai, eles estão em uma comunhão plena, na qual somos inseridos, não por nossos méritos, mas unicamente pela graça.
Os Judeus não acreditavam que o Deus misterioso escondido nos “Sete Véus” do Santo dos Santos, aquele diante do qual Moisés teve de cobrir o rosto, se tornasse assim de repente, alguém comum, que anda com o homem, como no paraíso, fala com ele e torna-se parceiro. Os que se fazem deuses neste mundo, na política, na economia e até mesmo no ambiente religioso, exigem submissão, obediência, adoração e honrarias, ficam sentados nos tronos da imponência, da prepotência, a espera que seus súditos venham lhes beijar os pés.
Divino e humano não podem estar no mesmo espaço, na mesma sala, na mesma mesa, em um mesmo nível. Imagine que o enviado de Deus ia baixar justo na Judéia, na Vilazinha de Nazaré... Como Filho de um carpinteiro, impossível! Entretanto, o Deus portador da Vida, realizador de todas as esperanças do povo, o Libertador por excelência, que tornava eminente o messianismo, estava de fato em Jesus de Nazaré, ele se apresenta como a única alternativa para se chegar ao Pai, como o único que viu o Pai e veio dele, o único que dá aos homens muito mais do que o alimento material, o alimento espiritual que os conduzirá á plenitude da realização humana, e tudo isso requer apenas um ato que é em sua pessoa, aceitar que nele Deus nos estende a mão, caminha conosco, sacia nossa fome, supri todas as nossas necessidades e nos dá a Vida Eterna.
O segundo passo é um pouco mais complicado para a compreensão dos Judeus e também para nós, temos que nos alimentar do seu corpo, do Pão que veio do céu, permitindo assim essa convivência pacífica do divino e humano em nossa vida, acolher a sua carne e sermos uma extensão do seu Ser Divino e Humano, deixando que o seu Espírito comande todas as nossas ações, sem que nos transformemos em super-homens, mas continuando a ser pobres mortais simples e pequenos, porém revestidos da grandeza do Divino, caminhando com ele para uma Vida que é Eterna, e que ultrapassa a qualquer realização humana nesse mundo.
Se não aceitarmos essa Verdade em nosso coração, nunca iremos ver esse novo horizonte descortinado por Jesus de Nazaré, e iremos sucumbir diante da espera inútil, por algo em que não cremos. Que o Senhor sacie nossa fome de Vida Eterna. Amém! (19º. Domingo do Tempo Comum João 6, 41-51)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail cruzsm@uol.com.br
2. Discurso sobre o pão
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
VIDE ACIMA
Oração
Senhor Jesus, quero conhecer-te sempre mais, deixando-me instruir pelo Pai o qual me revela quem, de verdade, tu és.
3. INSTRUÍDOS POR DEUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Apenas o esforço humano para compreender quem é Jesus revela-se inútil, sem a intervenção de Deus. Visto apenas em sua aparência humana, o Messias foi considerado sob dupla vertente. Alguns o tomavam por uma pessoa extraordinária, detentora de um poder jamais visto. Sua sabedoria fazia-o superior aos rabinos, e sua autoridade em muito os superava. Enfim, uma grande figura humana.
Outros, movidos pela inimizade que nutriam por Jesus, consideravam-no blasfemo, eliminador das coisas sagradas da religião. Seus gestos prodigiosos eram interpretados como fruto de pacto com Satanás, e sua presença junto aos pecadores e marginalizados, como expressão de má vida.
Tais considerações são enganosas, por não atingirem o cerne da identidade de Jesus. Só por revelação de Deus é possível conhecer a condição de Filho amado do Pai, enviado como penhor de salvação, portador de vida eterna para a humanidade, e pão da vida, que a alimenta na longa caminhada rumo à casa do Pai.
Por conseguinte, o ser humano não pode conhecer Jesus por iniciativa própria. É o Pai quem coloca, no coração humano, o desejo de conhecer seu Filho. Quem se deixa instruir pelo Pai torna-se discípulo de Jesus.
Oração
Senhor Jesus, quero conhecer-te sempre mais, deixando-me instruir pelo Pai o qual me revela quem, de verdade, tu és.
12.08.2012
19º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – III SEMANA DO SALTÉRIO)
__ "Quem comer deste pão viverá eternamente!" __
Reflexão
AS VITAMINAS DA
CAMINHADA
Ao longo de nossa
caminhada, há momentos em que somos fortemente tentados a jogar-nos debaixo de
uma árvore frondosa e deixar que o mundo se dane.
Queimadas as
reservas da energia e esvaziado o depósito da paciência, parece-nos ter chegado
a hora de reviver em nossa história pessoal o drama do profeta Elias: “Agora,
Senhor, já chega”.
Mas, enquanto a fé e
a esperança continuarem frequentando nosso coração e brilhando em nosso
horizonte, iremos descobrindo que os motivos de nossa corrida terão sentido e
validade. A meta pode estar longe, mas é bem visível a olho nu. Os meios para
alcançá-la são mais que suficientes e estão sempre à nossa disposição.
Contudo, será que
nossa caminhada para Deus precisa de meios poderosos? O amor não precisa desses
meios: ele é forte por si mesmo, é luminoso por si mesmo, é todo-poderoso por
si mesmo e basta a si mesmo.
Um pão assado e um
jarro de água pura – este nutriente elementar – é tudo de quanto precisamos
para nossa viagem. Basta lembrar que, para nós, eles simbolizam a palavra do
evangelho e o sacramento da eucaristia.
Além disso, no fim
da linha, há uma verdade que não podemos ignorar: alguém está à nossa espera.
Essa certeza, pobre e gloriosa ao mesmo tempo, é a certeza da fé.
Quer dizer que nós
não caminhamos rumo ao desconhecido; não andamos rumo ao nada eterno; não
buscamos uma pátria imaginária ou um reino inexistente. Bem sabemos que vamos
aportar nos braços do Pai, no reino do amor e da felicidade.
Tudo isso nos será
possível graças às vitaminas e às energias contidas no alimento da caminhada:
aquele pão e aquele vinho, que são o Corpo e o Sangue do Filho amado de Deus.
Pe. Virgílio, ssp
Reflexão
CRISTO, O PÃO VIVO
DESCIDO DO CÉU
Aíla Luzia Pinheiro
Andrade, nj*
(Texto publicado
originalmente em Revista Vida Pastoral ano 53 - número 285, julho-agosto de
2012).

I. INTRODUÇÃO GERAL
O alimento e a água
dados por Deus ao profeta Elias, que lhe restauram as forças e o sustentam na
longa caminhada até a Montanha de Deus, são transparentes figuras da eucaristia
e do batismo, que dão a vida eterna e sustentam o cristão no caminho para Deus.
A consequência prática disso é que a caminhada do cristão consiste na
configuração da própria vida à vida de Cristo, andando no amor e doando-se a
Deus e ao próximo.
II. COMENTÁRIO DOS
TEXTOS BÍBLICOS
1. Evangelho (Jo
6,41-51): Quem comer deste pão viverá eternamente
Jesus é o pão da
vida, aquele que comer deste pão terá a vida eterna. E vida eterna não é a
mesma coisa que vida pós-morte. Vida eterna significa vida reconciliada com
Deus. Vida essa que já começa aqui, numa existência orientada para Deus, em
profunda união com ele, e se prolonga após a morte.
Nesse sentido, quem
come desse pão não morrerá. Isso não diz respeito à morte física, porque esta
faz parte da realidade humana, da sua condição de ser histórico, finito,
contingente. Não morrer, no sentido cristão da palavra, significa que a morte
como ruptura definitiva com Deus foi abolida. Se, na existência humana
histórica, se pode viver em união com Deus, essa união não termina com a morte.
Esta se transforma em passagem para uma vida plena, em que o filho retorna à
casa do Pai. Se o cristão vive sua vida reconciliada com Deus, então até mesmo
a morte se torna sua aliada, e não uma realidade terrível que o ser humano
tenta desesperadamente evitar. Assim como Jesus enfrentou a morte de cabeça
erguida, nele nós enfrentamos a morte como vencedores, pois temos nossa vida em
Deus.
Quando Jesus afirma:
“E o pão que eu darei é minha carne para a vida do mundo”, refere-se à entrega
que faz de si mesmo na cruz para a vida do mundo. Como a existência integral de
Jesus foi vivida em profunda união com o Pai em prol da humanidade, sua entrega
na cruz não é um evento pontual, mas o resultado de tudo o que ele ensinou e
viveu. Porque ele se entregou à humanidade durante sua vida inteira, pôde
entregar-se finalmente na morte. A existência inteira de Jesus foi oferta
agradável ao Pai em prol do ser humano.
O conhecimento desse
mistério será acolhido por todos os que vieram a Jesus. Porque serão instruídos
pelo Pai, verdadeiros discípulos de Deus, seus seguidores. Ser discípulo de
Jesus é a mesma coisa que ser discípulo de Deus, porque o Filho e o Pai estão
unidos em solidariedade pela salvação do mundo. O ensinamento que os discípulos
aprendem vem do Pai por meio da vida de Jesus.
2. I leitura (1Rs
19,4-8): Come deste pão! Porque o caminho é superior às tuas forças
O profeta Elias
vagava em fuga pelo deserto adentro. A certa altura, encontrava-se cansado por
ter passado longos dias e noites na viagem. Além do cansaço, estava exausto
pelo forte calor do sol; sentia fome e sede e, além disso, oprimia-lhe a
solidão do deserto. Nesse estado de coisas, só lhe restava dizer: “Agora basta,
Senhor!” (v. 4). Ele pediu a morte – embora isso pareça uma contradição, já que
estava fugindo da rainha Jezabel para preservar a própria vida.
Elias está fazendo
um êxodo ao contrário, pois, durante 40 anos, o povo foi do deserto para Israel
e agora o profeta vai da terra prometida à Montanha de Deus. E, assim como
aconteceu aos antepassados, a quem o profeta chama de “pais” (v. 4), Deus
providenciou alimento e água para manter a vida do profeta. O texto menciona
que o alimento era “pão assado na pedra”, ou seja, o alimento cotidiano de
vários povos orientais (cf. Gn 18,6).
Com o alimento e a
água, Elias sentiu-se confortável e quis ficar ali acomodado, dormindo. Mas
recebeu uma ordem para levantar-se (mesmo termo que significa “ressuscitar”) e
dirigir-se até a Montanha de Deus. O texto afirma que o profeta andou 40 dias,
fortalecido pelo alimento e pela água, em clara alusão aos 40 anos que os
hebreus haviam passado no deserto alimentados pelo maná e pela água tirada da
rocha. Elias precisava chegar à Montanha, lugar onde Deus havia confirmado a
aliança feita com os patriarcas e seus descendentes e adotado as tribos de
Israel como povo escolhido (cf. Ex 3,1).
3. II leitura (Ef
4,30-5,2): Cristo por nós se entregou como oferta de suave odor
A exortação “não
contristeis o Espírito Santo” parece estranha. O termo usado também quer dizer
“provocar dor” ou “causar pesar”. Essa expressão simbólica significa que os
cristãos não devem fazer o oposto daquilo para o qual receberam a unção do
Espírito Santo.
O Espírito Santo na
vida do cristão é o selo de Deus. Antigamente se marcava qualquer propriedade
com um emblema que identificava o dono. Um exemplo atual são os objetos da
paróquia, comumente marcados com um carimbo ou etiqueta para indicar a instituição
proprietária. O Espírito Santo assegura que somos propriedade do Senhor e que
devemos ser empregados completamente no serviço de Deus. Até que chegue “o
tempo da redenção”, ou seja, o nosso encontro definitivo com o Senhor, devemos
trilhar nosso caminho com firmeza de propósitos e testemunho de vida, sem nunca
nos cansarmos de fazer o bem.
Como as crianças
gostam de imitar os pais e é assim que aprendem as coisas do dia a dia, da
mesma forma os cristãos deveriam seguir o exemplo de Deus. Mas como é possível
imitar a Deus? O que significa isso? A resposta está no v. 2: “Andai no amor,
como também Cristo nos amou e se entregou por nós a Deus como oferta e
sacrifício de suave odor”.
O termo “oferta”
significa qualquer oferecimento pelo qual se expressa gratidão por tudo (todas
as graças) que se recebe da benevolência de Deus. “Sacrifício” quer dizer
aquilo que se oferece quando se perdem, por causa da ruptura do pecado, as
graças recebidas de Deus. Por fim, a expressão “de suave odor” significa estar
de acordo com o que Deus ordenou, diz-se do sacrifício que agrada a Deus ou que
ele aceitou com prazer.
III. PISTAS PARA
REFLEXÃO
– O pão e a água,
figuras da eucaristia e do batismo, têm o objetivo de levar o cristão a entrar
em aliança com Deus, fazer a experiência da ressurreição. São força e sustento
na caminhada rumo a Deus. Não nos são dados para que fiquemos acomodados na
sombra, mas para enfrentarmos os rigores do deserto. A jornada de Cristo neste
mundo foi vivida no amor. Com esse estilo de vida, ele demonstrou gratidão,
ofereceu-se para superar a ruptura provocada por nosso pecado e agradou a Deus
em tudo. É esse tipo de vida que Cristo nos dá e é assim que devemos viver.
– Neste dia em que
celebramos a vocação de constituir família, no qual homenageamos especialmente
os pais, é bom enfatizar o relacionamento filial que Cristo nos ensinou a ter
com Deus. Os meios visíveis (sacramentos) que nos introduzem nessa filiação e,
principalmente, a ação de Deus para efetivar esse relacionamento filial. O
alimento material é apenas um sinal de tudo o que Deus realizou em nosso favor
como Pai amoroso.
* Graduada em
Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade
Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), onde também cursou mestrado e doutorado
em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos. Atualmente leciona na Faculdade
Católica de Fortaleza e em diversas outras faculdades de Teologia e centros de
formação pastoral.
HOMILIA DIÁRIA
Eis o alimento que devemos procurar com todas as nossas forças!
Postado por: homilia
agosto 12th, 2012
“Eu sou o pão da vida”. Esta afirmação é categórica, direta e conclusiva. Usando de uma metáfora baseada no Antigo Testamento, quando os hebreus estavam no deserto e Deus os alimentava com o maná vindo do Céu, Jesus encerra qualquer dúvida quanto à fonte da vida: Ele próprio é o que dá vida.
O pão, na época, era um dos alimentos mais importantes e consumidos, por isso usado como referencial, mas se trata de qualquer alimento. Ora, se eles estavam acostumados com o pão que os alimentava, dava força para o trabalho, logo, este alimento era imprescindível para o sustento do corpo. Jesus, entretanto, não se referiu ao corpo físico, porque Ele era o que alimentava a vida.
O que é a vida senão nossas ações, nosso coração, nossas intenções? Jesus queria ser alimento nestes aspectos. Quantas vezes procuramos saciar nossa fome de alegria, de amor, de paz, e buscamos em tantos lugares, quando só podemos ser saciados com Jesus. Ele é o único que dá vida em abundância. Com Ele nunca teremos fome ou sede de paz, amor, alegria, justiça e verdade em nossas vidas.
Jesus sabia que o povo estava atrás d’Ele por causa do milagre dos pães. Sabia também que queriam fazê-Lo rei, mas o Seu reino não é deste mundo, e o que Ele lhes propõe é que trabalhem pelo alimento que permanece para a vida eterna. Este trabalho é a obra de Deus, a evangelização que Jesus realiza e que nós devemos continuar. Este trabalho consiste em fazer a vontade do Pai. Consiste em dar a vida para salvar este mundo do pecado para que todos, de preferência, mereçam um dia a vida eterna.
Aqueles homens ainda incrédulos e apegados às suas tradições, pedem, exigindo que Jesus faça milagres, sinais espetaculares, como os milagres de Moisés com o maná no deserto. Contudo, esta tradição do maná (“pão”) caído do Céu está superada. O maná, assim como o nosso feijão com arroz de hoje, é alimento para um só dia, e não salva ninguém da morte. Todos os que comeram o maná, vieram a morrer mais tarde.
O que nós precisamos fazer, segundo a explicação de Jesus hoje, é buscar o verdadeiro pão caído do Céu que é Jesus, aquele que se fez alimento para a nossa salvação e que nos foi dado pelo Pai, porque esse é o alimento que permanece para a vida eterna, esse é o alimento que nos guarda para a vida eterna: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue terá a vida eterna”. E ainda: “Quem come a minha carne viverá em mim e eu nele”.
É esse o alimento que devemos procurar com todas as nossas forças e com todo o nosso empenho, pois é ele que vai nos fazer merecedores da vida no Paraíso preparado para nós por Deus Pai.
É importante que estejamos preparados para receber este alimento da nossa alma, procurando praticar os ensinamentos de Cristo e evitando o pecado. Na verdade, nunca estamos merecendo receber o Corpo e o Sangue de Cristo. O máximo que conseguimos é ficar menos indignos para comungar. Por isso, é sempre indispensável um exame de nossa consciência antes de nos levantar do banco e entrar na fila da comunhão. Pois, para receber o Pão da Vida, é preciso estar em estado de graça e, se não estiver, será preciso fazer uma boa confissão. Caso contrário, receber a hóstia consagrada indignamente é comer a nossa própria condenação. Por isso, é preferível não comungar naquela Missa e depois procurar um sacerdote, para que na próxima Missa estejamos na fila da comunhão com a consciência tranquila.
O pão descido do Céu é Jesus concebido no ventre de Maria, e que viveu, cerca de trinta anos, uma vida comum na Sua cidade de origem; e depois, cerca de três anos em contato com as multidões, revelando-lhes o Pai que O enviou. Doando-se a fim de comunicar a vida, consagrou-Se à libertação de todos das opressões e da morte, levando a esperança de um mundo novo pela prática do amor. Ser atraído por Jesus e crer n’Ele é segui-Lo, na adesão concreta ao projeto de Deus. Alimentar-se de Jesus é contemplá-lo e seguir Seus passos, como na prefiguração de Elias. Na bondade, na compaixão e no perdão, na fraternidade comunitária e na solidariedade social, na busca da justiça e da paz, entra-se em comunhão com Jesus, Pão da vida eterna.
Que neste “Dia dos Pais”, o Espírito Santo – Espírito de docilidade ao Pai – reforce a disposição de todos os pais em acolher os ensinamentos divinos e colocar-se, resolutamente, na busca do Ressuscitado. Com certeza, os filhos serão os grandes beneficiados pela santidade de vida de seus pais.
Desejo um feliz e abençoado “Dia dos Pais”!
Padre Bantu Mendonça
Leitura Orante

Preparo-me para a Leitura Orante, rezando,
com todos os internautas:
Vinde, Espírito Santo,
E dai-nos o dom da sabedoria,
para que possamos avaliar todas as coisas
e ler nos acontecimento da vida
à luz do Evangelho e da eucaristia.
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto:
Jo 6,41-51,
e observo Jesus que fala do pão da vida.
Jesus afirma que quem crê, tem a vida eterna. Volta a dizer que é o pão da vida. Diz ainda "Quem come deste pão tem a vida eterna". Sabemos que este pão de vida nos é dado pela Eucaristia. A Eucaristia, assim como necessitamos de alimentos para viver fisicamente, precisamos marcar o ritmo do nosso quotidiano com o verdadeiro pão da vida. O cardeal Van Thuan dizia: "O que devemos fazer com a nossa vida? "Eucaristizar". Transformar tudo em Eucaristia." E quanto mais formos Eucaristia, menos fome teremos e seremos fortes para a missão que Deus nos confia.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
O que busco como alimento para meu espírito, para minha vida cristã?
De que me nutro para esta missão?
Qual é a fonte que sacia minha sede de vida?
Quanto mais eu for fonte, menos sede terei e poderei ajudar as pessoas que também estão com sede. Os bispos, na Conferência de Aparecida disseram:
"Em sua Palavra e em todos os sacramentos, Jesus nos oferece um alimento para o caminho. A Eucaristia é o centro vital do universo, capaz de saciar a fome de vida e felicidade: "Aquele que se alimenta de mim, viverá por mim" (Jo 6,57). Nesse banquete feliz participamos da vida eterna e, assim, nossa existência cotidiana se converte em Missa prolongada. Porém, todos os dons de Deus requerem disposição adequada para que possam produzir frutos de mudança. Especialmente, exigem de nós espírito comunitário, que abramos os olhos para reconhecê-lo e servi-lo nos mais pobres: "No mais humilde encontramos o próprio Jesus". Por isso, São João Crisóstomo exortava: "Querem em verdade honrar o corpo de Cristo? Não consintam que esteja nu. Não o honrem no templo com mantos de seda enquanto fora o deixam passar frio e nudez". (DAp 354).
3. Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e
concluo com a canção do padre Zezinho, scj:
Esperar contra toda esperança
Partilhar com carinho da mesa
Onde Deus vem nos alimentar
Confiar como simples criança
Que não sabe talvez a resposta
Mas aceita do Pai a proposta
É meu jeito de crer e de amar
Todos os dias na Eucaristia
Minha alma confia
Que acontece um milagre impossível
Deus me alimenta de paz e de luz
No corpo e no sangue do Cristo Jesus
Na tormenta, saber que a bonança
Está perto e seguir confiante
E por mais que pareça distante
Perseguir o lugar que é só meu
Caminhar como quem não se cansa
Olhos fitos na meta escolhida
E apostar nesta meta uma vida
Eis a herança que o Mestre me deu
Todos os dias na Eucaristia
Minha alma confia
Que acontece um milagre impossível
Deus me alimenta de paz e de luz
No corpo e no sangue do Cristo Jesus
CD Cantigas de pão e vinho - Pe. Zezinho, scj
4. Contemplação (Vida e Missão)
Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Buscarei alimentar minha vida com o pão do céu, deixar-me
"eucaristizar" e ver o mundo na ótica de Jesus Mestre.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, nós damos graças pelo Pão Vivo que nos
deste e permanece conosco, como prometido, até o fim dos tempos. Dá-nos, Pai
amado, discernimento, força e perseverança para seguirmos em todos os passos de
nossa vida o Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na
unidade do Espírito Santo.

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